Porto-Faro: 1 milhão de voos a €6!
Os criadores de aeromoscas deveriam meditar bem neste quadro,
que passei a manhã a desenhar. OAM.
Porto-Faro por €30! Bilhetes esgotados.
- A TAP cobra pelo mesmo voo €179 :-(
- O turismo algarvio está em pulgas :-)
- Menos carros para o Algarve :-)
- Menos emissões de CO2 :-)
- Menos negócio para a Brisa :-(
- Um grande empurrão para as economias regionais do Norte e do Algarve :-)
- 30% do mercado da TAP já passou para as Low Cost :-(
- A TAP caminha rapidamente para o precipício — como há muito a blogosfera avisou :-(
- Um xeque-mate às ideias peregrinas da Tríade de Macau e do Bloco Central do Betão!
A futura Eurocidade de Elvas-Badajoz, depois de ver construída a estação ferroviária do Caia (2013? 2015?), destinada ao serviço de Alta Velocidade /Velocidade Elevada (1), que levará pessoas e mercadorias até ao Pinhal Novo, para dali seguirem para o Campo Grande (via Fertagus e Ponte 25 de Abril) ou para Sines e Setúbal (via linhas complementares em bitola europeia), poderá muito bem ser a futura base para voos de Baixo Custo que, como se compreende, deixarão Lisboa no dia em que ficarem sem a Portela e forem convidados a pagar altas taxas aeroportuárias no prometido aeromoscas intercontinental da Ota-em-Alcochete. O aeromoscas de Beja, do genial Augusto Mateus está aí para nos ensinar o preço da ignorância, da leviandade, da irresponsabilidade, da ganância e da... corrupção!
As novas prospectivas relativas ao comércio mundial, ao transporte aéreo e ao turismo aconselham o máximo de prudência (2). O endividamento do Ocidente (EUA e Europa), por sua vez, não recomenda outra coisa! Daí, não nos cansamos de insistir, que a decisão prudente em matéria de aeroportos, até que o estado crítico global da economia dê lugar a novos paradigmas, passe por:
- manter operacional o aeroporto da Portela, fazendo as obras que nunca foram feitas —prolongamento do taxyway, modernização radical do sistema de gestão e transporte de bagagens e utilização pela TAP das inúmeras mangas disponíveis (3);
- substituir os seus incompetentes gestores por gente nova, profissional e séria;
- melhorar o aeroporto de Tires para os voos executivos;
- adaptar a Base Aérea do Montijo para servir as companhias Low Cost;
- fechar a TAP e criar uma nova companhia, numa lógica de reforço da Star Alliance, e porventura sob administração da Lufthansa (numa lógica semelhante à que presidiu à passagem da KLM para uma companhia nova chamada Air France-KLM), ainda que previamente a TAP possa ter que engordar por via de uma fusão intercontinental qualquer (Angola+Brasil+China?)
- 86% do mercado aeroportuário de Lisboa está circunscrito ao espaço comunitário (tal como 60-70% das nossas trocas comerciais se fazem também com a União Europeia) e esta realidade não vai mudar nas próximas décadas. Antes pelo contrário...
- É por isso que 92% dos aviões da TAP são da classe Narrow Body — i.e. não transportam mais de 200 passageiros.
- Não se troca de aeronaves como quem troca de camisa, até porque as da TAP estão, em boa medida, por pagar!
- O grupo TAP tem cerca de 10 mil trabalhadores, tantos como a easyJet, a Ryanair e a Air Berlin juntas!
- Nenhum angolano, nem mesmo brasileiro, estará na disposição de alimentar este inacreditável grau de ineficiência e desperdício a Pão de Ló.
- Só mesmo o Estado mafioso que temos pode fazê-lo. Ou melhor, podia, até que o peso acumulado e incontrolado da dívida externa, dívida pública, défice orçamental e défice comercial chegou ao ponto a que chegou.
- A margem de manobra da tríade de Macau e do Bloco Central da Corrupção chegou ao fim!
Post scriptum — ouvi, horas depois de publicar este post, o Prof. Luís Campos e Cunha no Jornal das Nove (SIC) comentando com a sua sensatez e sobriedade habituais as expectativas que rodeiam o governo Sócrates 2. Retive dois pontos que interessam ao conteúdo do que aqui escrevo. 1 — Adiar o novo aeroporto até ver foi, se bem entendi, a sua posição. Se entendi bem, aplaudo. 2 — Depois, pareceu-me ouvi-lo dizer que era contra o TGV. Assim, sem mais, invocando o péssimo exemplo norte-americano nesta matéria. Defendeu, no entanto, o comboio pendular (uma variante optimizada do "nosso" enviesado Alfa Pendular —da FIAT/Alstom, do Pendolino italiano e do muito eficiente Talgo espanhol), sobretudo por uma questão de eficiência energética e de custos, e por cumprir expectativas razoáveis de velocidade numa economia cuja performance não é propriamente supersónica.
Estou de acordo que a velocidade não precisa de ir além dos 250Km/h, que os 350Km/h deixaram de fazer qualquer sentido, quanto mais não seja porque Espanha reduziu recentemente o limite máximo da AV para 300Km/h. Mas o ponto essencial não é este! A opção não é entre comboios, mas entre manter a actual rede de bitola ibérica ou substitui-la progressivamente por uma rede de bitola internacional. O que importa ressaltar é a necessidade absoluta de meter Portugal na rede europeia de bitola internacional (dita europeia), substituindo de forma planeada e faseada toda a sua a actual rede de bitola ibérica, a qual, a partir de 2020, deixará pura e simplesmente de poder ligar-se à rede AV/VE nacional, bem como a qualquer ponto da rede ferroviária espanhola — e portanto ao resto da União Europeia!
É isto que está em causa. E se virmos bem, a dimensão gigantesca deste desafio daria para colocar a economia portuguesa num ritmo completamente diverso do actual marasmo especulativo das actividades de import/export, de subsídio-dependência canina e de assalto nepotista e partidário às Finanças Públicas. Diferente para melhor, sobretudo se regressasse a Portugal a indústria ferroviária (como propõe Gabriel Órfão Gonçalves). Uma indústria não apenas focada no hardware, mas também no software, no desenho e nas ideias!
O mais recente livro de Jeff Rubin, Why Your World Is About to Get a Whole Lot Smaller, fala de um virar da esquina energética. O petróleo acima dos 100 euros regressará em breve (2011-12), e com esse regresso, sem comboios eléctricos ficaremos muito provavelmente atolados no betão que enriqueceu os bolsos dos crápulas que nos têm governado nos últimos 30 anos.
"We will see triple digit oil prices very early into an economic recovery"
"I expect we will be there within 12 months."
"By 2012, we will either be in a world of $200 per barrel oil or we will be back in another oil-induced recession."
"West Texas Intermediate (the North American benchmark crude) is trading over $70 per barrel in the shadow of the American economy's deepest post-war recession when there is little evidence yet of a concrete economic recovery; yet only two and a half years ago, today's post-recession oil price was an all-time record high."
NOTAS
- AV: Governo avança com mais duas linhas
Afinal, não serão três mas cinco as linhas de Alta Velocidade que o novo Governo se proporá concretizar. Aveiro-Vilar Formoso e Évora-Faro-Huelva também deverão avançar. [...]
O Aveiro – Viseu – Vilar Formoso é defendido por todos quantos entendem que essa será a forma mais directa de chegar à Europa trans-pirenaica sem passar por Madrid. E também em função de ser o corredor da actual A25 a principal via para o tráfego de mercadorias à saída de Portugal. Transportes&Negócios.
AV: Privados “obrigados” a reduzir riscos do Estado
As propostas concorrentes à concessão do troço Poceirão-Caia da linha de AV Lisboa-Madrid implicavam demasiados riscos para o Estado, considerou a comissão de avaliação. Os privados corrigiram-nas e em meados de Novembro deverá ser confirmado o vencedor anunciado: o consórcio Elos (Brisa/Soares da Costa).
“Medíocres” terá dito a comissão de avaliação das propostas apresentadas pelos concorrentes à primeira PPP da Alta Velocidade nacional, quanto aos riscos técnico-financeiros, avança hoje o “JdN”. Em causa condições que aumentariam “o risco do Estado de forma que o júri entende ser inaceitável na contratação da parceria, não podendo ser recomendado ao Governo que as aceite, quaisquer que sejam as circunstâncias”.
Um exemplo: ambos os concorrentes finalistas pretenderiam que o Estado avalizasse por 20 anos o empréstimo de 300 milhões de euros que será contratado pelo futuro concessionário junto do BEI. O júri entende que essa exposição só será aceitável durante o tempo de construção, e não pelo período de manutenção da linha.
Ao que o “JdN” avança, ambos os consórcios terão aceite emendar as suas propostas até à passada sexta-feira, último dia possível. E assim tudo se encaminha para que a concessão seja entregue ao consórcio Elos.
O agrupamento liderado pela Brisa e Soares da Costa propõe um custo de construção de 1 359 milhões de euros e um encargo anual de manutenção de 12,2 milhões de euros. Já o consórcio Altavia, liderado pela Mota-Engil, propõe 1 334,2 milhões e 18,8 milhões de euros, respectivamente. Transportes&Negócios.
- Aeroportos perdem 1 milhão de passageiros em 2009
Dados da ANA mostram que os aeroportos portugueses continuam a sentir os efeitos da crise. Nos primeiros nove meses do ano passaram por Lisboa, Faro, Porto e Açores menos 1 milhão de passageiros. Económico (26-10-2009)
- O não uso pela TAP das mangas disponíveis (que ligam directamente os aviões, passageiros e bagagens aos terminais) é um dos maiores e mais incompreensíveis constrangimentos à boa gestão do aeroporto da Portela. A verdadeira razão da não utilização das mangas na Portela deve-se ao conflito de interesses entre a ANA, a Groundforce e a TAP! E o grave deste bloqueio é que tem trazido água ao moinho mentiroso dos defensores da Ota em Alcochete, em nome do falacioso, ou melhor, completamente falso argumento do esgotamento da Portela. Ler a propósito este elucidativo PDF de Rui Rodrigues.
OAM 642 26-10-2009 18:33 (última actualização: 28-10-2009 11:31)
10 comentários:
«A futura Eurocidade de Elvas-Badajoz, depois de ver construída a estação ferroviária do Caia (2013? 2015?), destinada ao serviço de Alta Velocidade»
Você continua com a mania dos HUBs e dos TGVs!
Eurocidade de Elvas-Badajoz? Badajoz é uma cidade média-pequena e Elvas é uma aldeia.
Um HUB de quê? Os low cost são precisamente o fim do paradigma dos HUB. O futuro e o presente são o peer-to-peer, por barco, por estrada, por comboio e por avião.
António, vamos apostar que o Mário Lino daqui a uns dias aparece num emprego muito jeitoso? Um passarinho disse-me...
Diogo,
O boneco que fiz serve precisamente para demonstrar q n há "hub" possível em Lisboa. Porque Portugal vive na e da Europa, e porque é fisicamente periférico relativamente ao seu mercado dominante. Quanto à Eurocidade, o problema não é de escala, mas propriamente estratégico. Mas esta é outra conversa de q falarei mais adiante...
Gabriel,
não me digas vai tomar o lugar do gaúcho?!
maario lino nas águas ou redondezas
Já repararam que para o lugar deste ex-sargento estalinista foi um ex-aspirante estalinista? Porque será que os renegados do PCP — José Luís Judas, Pina Moura, Mário Lino, José Magalhães, etc., dão sempre criaturas políticos desprezíveis?
António,
Algumas notas:
Não basta apenas a opção pelo Alfa-Pendular em vez do TGV; Não basta a questão da bitola europeia em vez de ibérica. É também necessário optar por fazer o upgrade de traçados existentes para bitola europeia e eventualmente alisamento das curvas e declives ou criação de variantes. Isto é bem mais barato do que expropriações de terrenos e construção de novos canais. Não se esqueça que as linhas/canais existentes já estão amortizados. Não se esqueça que foi o fontismo do século XIX, a construção especulativa de ferrovias que levou à falência a Monarquia, cuja 1ª República não resoulveu e que criou o ambiente para uma ditadura de 48 anos. O «fontismo TGV» vai fazer o mesmo daqui por 50 anos...
Sabe qual é a melhor empresa europeia de software ferroviário e que exporta tecnologia há mais de 20 anos ? É a SISCOG. Sabe onde está instalada ? Var ao respectivo site. Vai ter um surpresa. Dica: não está instalada no Norte...
O petroleo está caro por causa da queda do USD e das ameaças de ataque ao Irão que as comunidades de espionagem online waynemadsenreport.com e Debka.com já reportaram há mais de 1 mês. A recente descoberta de petroleo abaixo dos 10km no México pela BP ou Shell, faz-me novamente acreditar na teoria abiotica e que o peak oil pode ser minorado apesar de inevitável... Calma...
Jose,
Tem razão no primeiro comentário. Há muito por fazer e é uma grande oportunidade para a indústria, para o trabalho e para a criatividade residentes em Portugal.
Não conhecia a SISGOG! Fico feliz pela sua performance
O petróleo abaixo dos 3000 metros de profundidade oceânica, bem como os betumes e óleos pesados do Canadá e da Venezuela serão sempre produtos caros. Ou seja, o petróleo barato acabou — e em breve o preço por barril estabilizará num patamar de três dígitos. Em 2013, 2015, 2017 (só para mencionar algumas datas alvo das Grandes Obras Lusitanas) o consumo de petróleo será inevitavelmente menor e o seu preço muito mais caro. A causa deste declínio chama-se EROI.
sim o peak oil pelo lado dos custos de exploração é inevitável. poderá quando muito ser minorado.
tenho um familiar bracarense que trabalha em petroleos há anos, que sempre foi de esquerda, que diz agora que o «nuclear não obrigado» foi uma conspiração do mundo do petroleo... quando era jovem entrou nessa onda...
1 — O único perigo real é o da deflagração em cadeia de uma guerra nuclear.
Quanto mais arsenais nucleares militares existiram, e quanto maior for a acumulação de armas nucleares, menor será a probabilidade de uma guerra nuclear, mas quando e se esta ocorrer, terá um efeito destruidor proporcional à raridade da ocorrência e à dimensão do poder destruidor acumulado. Ler Mark Buchanan, Ubiquity (2000).
2 — Quanto à utilidade de uma alternativa nuclear para resolver o estado crítico do actual paradigma energético mundial, duas obs.:
a) como bem refere Bernard L. Cohen, o problema não está no eventual perigo representado pelas centrais nucleares, ainda que a questão dos resíduos continue, de facto, por resolver...
...a reactor meltdown would have to occur every two weeks to make nuclear power as deadly as the routine emissions from coal-fired power, from which we get about half of our electric power in the United States.
Contrary to the impression created by the media, every scientific study -- more than 25 of them -- has found that coal burning, now the source of most of our electricity, is many times more harmful to our health than nuclear power. -- Bernard L. Cohen (2002).
a) o problema é, de facto, outro: não temos combustível nuclear que chegue para as encomendas! Nem o dito substitui a função dos combustíveis líquidos (petróleo e gás natural)
Voodoo economics dooms nuclear renaissance
One should point out here that it appears impossible to have new nuclear build in the United States even with extremely generous public subsidy. In the UK, there is already extensive hidden subsidy to the industry.
Brown’s report exposes how badly the nuclear industry has performed over the entire 50 years of unfulfilled promises, and the escalating bill to the taxpayer.
The UK nuclear industry, like that in the US, has never completed any project on time or on budget and has saddled the nation with a mammoth nuclear fuel reprocessing complex at Sellafield that’s a financial as well as safety nightmare.
British Energy, the commercial company privatised in 1996, soon ran into serious financial trouble, and had to be taken over by the government. That meant the taxpayer has essentially underwritten all its debts and liabilities so the company can never go bankrupt. -- in Nuclear Industry’s Financial and Safety Nightmare, i-sis.
World leaders sign up to “nuclear renaissance”
... In late December 2007, Warren Buffett (...) turned his back on nuclear power. His MidAmerican Nuclear Energy Company scrapped plans to build a plant in Payette, Idaho, because no matter how many times the managers ran the numbers, and they have already spent $13 million doing so, they found they could not balance the books. -- in Nuclear Renaissance, i-sis.
Deconstructing the Nuclear Power Myths
... Today’s reactors, totalling 350 GW and providing about 3 per cent of the total energy used in the world, consume 60 000 tonnes of equivalent natural uranium, prior to enrichment. At that rate, economically recoverable reserves of uranium — about 10 million tonnes — would last less than 100 years. A worldwide nuclear programme of 1 000 nuclear reactors would consume the uranium within 50 years, and if all the world’s electricity, currently 60 exajoules (1018Joules) were generated by nuclear reactors, the uranium would last three years. The prospect that the amount of economically recoverable uranium would limit a worldwide nuclear power programme was certainly appreciated by the United Kingdom Atomic Energy in its advocacy for the fast breeder reactor, which theoretically could increase the quantity of energy to be derived from uranium by a factor of 70 through converting non-fissile uranium-238 into plutonium-239. -- in Deconstructing the Nuclear Power Myths, i-sis.
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