quinta-feira, agosto 06, 2009

Mobilidade 3

Hub da Portela ao fundo, Alcochete adiado...

Ryanair Pour Toutes Les Occasions
Publicidade polémica da Ryanair:
"Ryanair pour toutes les occasions, 100.000 billets"; "Avec Ryanair, toute ma famille peut venir assister à mon mariage" (Le Parisien.) — notícia Reuters no NouvelObs.


Um milhão de bilhetes a 1 euro de e para o aeroporto Sá Carneiro. A Ryanair teve um crescimento em Portugal de 10 por cento entre Janeiro e Maio de 2009, ao passo que a TAP, segundo dados apresentados pela companhia irlandesa, apresentou uma quebra de sete por cento no mesmo período!

A companhia aérea de baixo custo Ryanair anunciou ontem o lançamento de três novas rotas a partir do Aeroporto Francisco Sá Carneiro e uma delas - Porto-Faro - representa a sua primeira ligação doméstica em Portugal. Os outros dois novos destinos são Baden Baden e Düsseldorf Weeze, na Alemanha. Para os promover, a Ryanair vai vender um milhão de lugares a 1 euro, para viajar em Outubro e Novembro, que incluem as três novas rotas e "a maioria dos destinos" da companhia. O milhão de bilhetes encontra-se acessível na Internet até à meia-noite de amanhã. — in "Ryanair começa a voar entre o Porto e Faro". Público - 06.08.2009, Aníbal Rodrigues.

Só mesmo o dromedário das obras públicas portuguesas e a indolente indústria de construção e respectivos bancos lusitanos ainda não entenderam que o paradigma do transporte aéreo de passageiros mudou. 84% dos voos que partem e chegam ao aeroporto da Portela são voos europeus. Logo, não se pode criar uma infraestrutura de raiz para 16% do tráfego restante, a menos que os voos de médio curso, nacionais e de/para o resto da Europa, prometam esgotar o potencial efectivo da Portela. Ora já toda a gente sabe que haveria slots para dar e vender em horas nobres e fora delas ao mercado, se o gaúcho que apostou em afundar a TAP não tapasse artificialmente milhares de slots potencialmente disponíveis, com aviões da TAP e do fantasma do BES, chamado Portugália Airlines, vazios. A nossa esperança é que a duplicação dos preços do Jet Fuel, ao longo de 2010, ou então o agravamento da depressão/deflação em curso, acabe por colocar a nu a política criminosa do actual governo em matéria de transportes.

O futuro da aviação civil chama-se aviação de massas e aviação de luxo. Não há mais lugar para companhias de bandeira ruinosas ao serviço das burocracias político-partidárias! As pessoas querem viajar de avião, e para isso, precisam de ofertas de baixo custo, o mais dispersas possível em termos de distribuição territorial. Ou seja, muitos aeroportos, com taxas de utilização e preços de voo baixos, com a comodidade que se justifique, e não mais — eis o actual paradigma do transporte aéreo de massas. O modelo ANA/TAP, como bem percebeu Ricardo Salgado (do BES) morreu de velho. E quem continua a vender semelhante cadáver, ou é burro que nem uma porta, ou serviçal, ou corrupto.

Entretanto, enquanto por cá se continua a falar da cidade aeroportuária de Alcochete, em vez de um verdadeiro Grande Estuário, imaginado como uma cidade-região à volta dos estuários do Tejo e do Sado, com 5 milhões de habitantes, cosmopolita, culturalmente inigualável, e fortalecida economicamente por um poderoso cluster marítimo — um porto de águas profundas na Trafaria, um grande complexo portuário de mercadorias alternativo a Roterdão (hoje saturado, e que antes do final deste século poderá afundar — oxalá que não!) situado no grande canal que deveria ser aberto entre os estuários do Tejo e do Sado, ligações ferroviárias em bitola europeia entre os principais portos portugueses, a Espanha e o resto da Europa (Sines, Setúbal-Lisboa, Aveiro, Matosinhos), a potenciação enérgica da Agência Marítima Europeia, já localizada no Cais do Sodré, etc.— as companhias Low Cost fazem o seu caminho. Rebentar de vez com o modelo ultrapassado da ANA/TAP, eis o que vem acontecendo nas barbas da incompetência governamental, e da nossa atrasada burguesia imobiliária e financeira.

Ryanair quer efectuar voos entre Lisboa e o Funchal

A Ryanair voltou a manifestar interesse em operar na linha Lisboa - Funchal. Numa conferência de imprensa realizada, na manhã de quinta-feira no Porto, a companhia aérea irlandesa de baixo custo manifestou a intenção de fazer ligações domésticos em Portugal e efectuar voos entre Lisboa - Porto - Faro e também com o Funchal.

De referir que actualmente, e com excepção da ligação Lisboa - Funchal, todos os voos domésticos são operados pela SATA e pela TAP. — in NetMadeira.

Na ligação Lisboa - Funchal opera já uma 'low-cost', a Easyjet.

Uma pena! Que pena!


OAM 613 06-08-2009 16:30

1 comentário:

Diogo disse...

Quanto aos aeroportos, absolutamente de acordo.

Quando ao poderoso cluster marítimo, para quê? O cluster tem se ser proporcional às necessidades, mais nada.

Há portos por toda a Europa que estão muito mais próximos dos centros europeus do que Lisboa. Para quê obrigar as mercadorias que chegam de barco a viajar milhares de quilómetros de comboio (para o centro da Europa), quando há portos muito mais bem situados? Não é absurdo?