Lá se vai o hub da Portela para Madrid :(
Airbus A330 da TAP (Foto: Airliners.net) |
British Airways e a Ibéria confirmam interesse na privatização da TAP
O presidente executivo da International Consolidated Airlines Group (IAG), empresa que resultou da fusão entre a British Airways e a Ibéria, confirmou hoje que está interessado na privatização da transportadora aérea portuguesa TAP.
Em entrevista à Bloomberg, Willie Walsh, diz que o interessa na TAP deve-se sobretudo à rede que a empresa portuguesa tem no Brasil.
“Queremos assegurar que teremos uma forte posição naquela que será uma economia chave no futuro”, disse o CEO da IAG, numa entrevista concedida à agência de notícias em São Paulo.
A British Airways e a Ibéria voam actualmente para quatro cidades brasileiras, metade dos destinos da TAP, que é líder da rota entre o Brasil e a Europa — in Jornal de Negócios, 10-08-2011.
Depois da Lufthansa ter aparentemente desistido de entrar na privatização da TAP as opções para a privatização da companhia aérea de bandeira portuguesa reduziram-se drasticamente. Por motivos que falta esclarecer, mas que podem estar relacionados com a indecisão governamental portuguesa relativamente à dívida acumulada da empresa (a qual não estará completamente expressa nos relatórios e nas informações prestadas aos governos...), e ainda com o destino a dar às empresas não lucrativas do grupo, ao excesso óbvio de pessoal, e aos administradores a mais, a estratégia da Star Alliance falhou.
O que a notícia relatada pelo Jornal de Negócios, oportunamente plantada na Bloomberg, insinua, não é nada bom, ou seja, a iberização da TAP levará não só o centro de decisão da Portela para Barajas (talvez contratando o mesmo gaúcho que conduziu a TAP a este triste fim), como acabará com a fantasia do mini hub da Portela, e com todos os voos de ligação entre a Europa e o Brasil passando por Lisboa. Madrid será a nova placa giratória! Mais, não tardaremos a ter que passar pela capital espanhola sempre que quisermos voar para fora de Portugal —como aliás acontece a boa parte de nuestros hermanos, vivam eles em Ibiza, na Corunha, em Badajoz ou nas Canárias.
A Lufthansa tem, ao que parece, uma nova estratégia, assente sobretudo nos A380, especialmente indicados para ligar a sério os principais hubs aeroportuários do planeta entre si, lançando ainda pontes para cidades importantes. Frankfurt ligar-se-à assim a São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Brasília, Bombaim, Nova Dehli, Pequim, Xangai, Luanda, Sidney e Tóquio, entre outras, usando preferencialmente, senão exclusivamente, os chamados wide-bodies. Nesta estratégia, a endividada TAP deixou obviamente de ser particularmente atractiva.
Mas haverá ainda alguma alternativa à espanholização da TAP?
Sim, há! Temo-la defendido há meses: fazer um spin off bem feito da companhia, largando o seu lastro mais ruinoso (aqui o Estado teria que intervir, suportando custos de indemnizações por cessação de postos de trabalho) e criando três novas companhias dentro do grupo:
- a TAP Europa, baseada no modelo Low Cost;
- a TAP Atlântica, destinada a segurar o mini hub das ligações Europa-Brasil-Angola, ampliando-o aos continentes americano e a África;
- e finalmente a TAP Oriente, destinada a conferir autonomia nas ligações aéreas de Portugal ao Médio Oriente (Turquia, Irão, emiratos Árabes, Iraque, etc.), repúblicas do Mar Cáspio, Índia, Indonésia, Austrália, China e Japão.
Para aqui chegar, no entanto, são precisas alianças estratégicas que, por assim dizer, dividam o Atlântico em dois: norte e sul. Os aliados potenciais para o Atlântico sul são óbvios: Brasil, Angola, China e, por exemplo, o Qatar.
Esta opção, além de revelar visão de futuro, permitiria não só manter a Portela, e se for o caso, daqui a uma década, um NAL algures na Margem Sul (1), como plataforma aeroportuária independente do incorrigível hegemonismo da Moncloa e da Zarzuela, mas também a entrada no negócio de grupos portugueses que têm que mudar rapidamente de vida. Refiro-me, entre outros, ao grupo Mello (da Brisa, etc.), e ao senhor da GALP e das cortiças.
Estive ontem a ler um relatório muito interessante sobre o modus operandi chinês na sua estratégia de alargamento de influências aos vários continentes, no caso particular, África e muito especialmente Angola e Tanzânia. Ao ver a cronologia publicada pelo documento Sonangol The 88 Queensway Group — A Case Study in Chinese Investors’ Operations in Angola and Beyond produzido pela U.S.-China Economic and Security Review Commission, encontrei estas ocorrências deveras interessantes e especialmente oportunas para a discussão em curso sobre o futuro da TAP:
[...]
Feb. 1, 2009—Tanzanian oil company grants China Sonangol 3 licenses for oil exploration after it purchases 49 percent of Aur Tanzania.
Feb. 16, 2009—Hu Jintao visits Tanzania
March 12, 2009—China Developmet bank offers Angola $1 billion non-oil backed loan for...
March 26, 2009—China Sonangol acquires $200 million stake in CEPU oil and gas field in Indonesia
[...]
China Sonangol’s purchase of airplanes has not been limited to Tanzania. In addition to these purchases and the services agreement with Sonair in Angola, the 88 Queensway Group has purchased airplanes from France’s Airbus and Brazil’s Embraer. In February 2007, China Sonangol ordered three Airbus Corporate Jetliners and, in August 2007, purchased two Legacy 600 Executive Jets from Brazilian aircraft manufacturer Embraer.99 These jets may have been purchased in order to facilitate the activities of China Sonangol and its executives.
ÚLTIMA HORA! (12-08-2011 19:13 ; da msg do António Maria no Facebook)
Fusão TAM+LAN. Já agora, irrrmãos Brazileiros (a minha avó Martina era de Belém do Pará ;) alinhem no spin off da TAP! Bom, o spin off da TAP é ideia da Blogosfera, e resume-se a manter a companhia centrada na Portela (Lisboa), com uma estratégia própria, concorrente da liga BA-Iberia-American Airlines. TAP Europa+TAP Oriente+TAP Atlântica é o spin off proposto.
Angola, Brasil, China e alguma monarquia petrolífera deveriam compor o consórcio com a Caixa Geral de Depósitos e algum grupo português em metamorfose (Brisa...). Entregar a TAP ao rei de Espanha e à rainha pirata Isabel II seria um acto de traição!
NOTAS
- O aeromoscas de Ciudad Real, com "TGV" à porta e tudo, está para Espanha como o aeromoscas de Beja, do genial Augusto Mateus, está para Portugal. Dois exemplos de corrupção em dois países entretanto falidos. Ler esta reportagem do Le Monde: Ciudad Real, terminal fantôme (PDF). Não creio que alguém com juízo se atreva a lançar a primeira pedra do embuste da Ota em Alcochete tão cedo.
El aeropuerto fantasma from Markus Böhnisch on Vimeo.
8 comentários:
Viva António.
Parabéns (mais uma vez) pela tua oportunidade e pelo teu post.
Cuidad Real representa uma afectação de recursos espanhóis independentemente de serem privados ou não, e de que os mesmos terão de ser obrigatoriamente rentabilizados.
Nesse aspecto a passagem da TAP para a esfera da IB (e não da BA) vem potenciar a rentabiliazação de Cuidad Real, se não directamente, indirectamente com a passagem de outros operadores (ex. LowCost e Low Fare) para Cuidad Real.
Inglaterra, basta ver a ocupação dos slots está positivamente rebentar pelas costuras - Gatwick está em obras para aumentar capacidade.
Dai chegar-se à obvia conclusão da gestão de capacidade entre a BI e a IB, sendo imputado o problema da TAP à IB.
Será pois de se pedir contas ao amigo Gaúcho pelo facto de nestes últimos anos se ter portado como agente da Ota na Ota, ou na Ota em Alcochete.
Sendo da "Marinha", pode-se concluir que, apesar de Portugal ter Marinha Mercante desde os anos 70, as mercadorias chegam a Portugal.Também não é pelo facto da TAP passar o seu centro de operações para Barajas que os clientes irão deixar de chegar e partir de Lisboa.
A
Rui
Olá Antínio.
Das noticias que hoje têm saído nos jornais da "especialidade", pode-se concluir que todos andam a "picar" n'O António Maria.
Não há mais material para "publicação"? Olha que para a semana os ditos "da especialidade" têm de publicar alguma coisa.
A
Rui
PS: Apenas para "os (entendedores) da especialidade" :http://www.youtube.com/watch?v=sBksHaTQCbU
O António Maria é um serviço público, por enquanto inteiramente gratuito e sem receitas próprias. Ou seja, sai-me do pelo! Quando chegar ao post 1000, lá para Outubro, das duas uma: ou parto para outras escritas (sinal de que o país faliu de vez), ou ponho o seguinte anúncio: VENDE-SE, MAS NÃO A QUALQUER PREÇO!
AHAHAHAHAHAHAHAHAH!!!
Vai ser e apreço de saldo, falido já está!!!
Caro António Maria
Porque lhe chama "Rainha Pirata"?
Porque é proprietária de várias paraísos fiscais, cujas principais fontes de rendimento são a especulação financeira e a protecção (guarida) dos especuladores :(
AHHH!!!
Será l´que está o meu e ela nem sabe, António Maria?
British Crown dependencies: Channel Islands, Jersey, Guernsey, Isle of Man. Being independently administered jurisdictions, none forms part of the United Kingdom or of the European Union. Ou seja, são propriedade pessoal da coroa britânica: verdadeiros paraísos financeiros, frequentados pelos maiores piratas do planeta e onde se protegem fortunas (nomeadamente fruto dos mais descarados roubos em massa) de todo o planeta! O seu dinheiro estará muito provavelmente numa destas ilhas ;)
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