sexta-feira, novembro 30, 2012

A carta e as moscas

Mário Soares e o pesadelo do regime.
Imagem derivada de foto de Fernando Veludo/
Público

A austeridade chegou onde os boiardos do regime jamais imaginaram que chegasse. Por isso berram como cordeiros desmamados. 

Soares e 77 personalidades exigem demissão de Passos

Com a acusação de estar a "fazer caminhar o País para o abismo", 78 personalidades exigem ao primeiro-ministro que se demita. Entre as razões está a "aprovação de um Orçamento de Estado iníquo, injusto, socialmente condenável", que consideram que "não será cumprido e que aprofundará em 2013 a recessão" — João Céu e Silva, DN, 29 nov 2012. (Carta Aberta — pdf)

Só não entendo porque precisou Mário Soares, um ex-presidente da república, de convocar uma lista tão previsível de subscritores para a sua vaga missiva, mas em forma de ultimato, ao homem que se candidatou e ganhou democraticamente o cargo que ocupa sabendo que herdaria um país destroçado pelo Bloco Central e em particular pelo partido que é o de Mário Soares, e pela pessoa, José Sócrates, que Mário Soares nunca criticou, nomeadamente em matéria de despesa pública e endividamento criminoso, colapso financeiro, ou sobre as sucessivas patifarias praticadas com descaramento e impunidade totais pela tríade de Macau, de que José Sócrates foi o veículo escolhido.

Será que Mário Soares quer fundar agora um novo partido à sua medida, ou então ajudar a cozinhar a próxima candidatura presidencial?

António Costa não assinou, pelo que a preferência do ex-presidente, que afinal vai fazendo política sempre que lhe apetece, deverá mesmo apontar para o ex-líder estalinista da CGTP, Manuel Carvalho da Silva, que agora assina e fala sempre na qualidade de professor universitário.

António Ramalho, o ex presidente, neste caso, do INATEL, homem no terreno do soarismo, já fala como diretor de campanha. A coisa promete...

Curiosamente, à medida que os devoristas do regime vão sendo atingidos nos seus privilégios fiscais e nos rendimentos extraídos dos orçamentos públicos, bem como nos acessos que julgavam naturais e eternos aos negócios e prendas do poder, as iniciativas, curiosamente anti-sistema, por parte de quem o criou, não deixa de ser uma extrema ironia do colapso em curso.

As sondagens mostram, porém, que a maioria dos eleitores não quer remover o governo saído da coligação, por pior que pareça, antes de ver os resultados finais da aplicação do memorando assinado com os credores oficiais do regime pelo PS, PSD e CDS-PP.

Todos sabemos que iria ser um sufoco. Mas também, cada vez mais, os eleitores reconhecem as duas causas básicas da bancarrota em que nos encontramos, e que, por isso, têm que ser atalhadas sem remédio: consumir alegremente mais do que produzimos durante demasiado tempo, e permitir um Estado acima das nossas possibilidades durante décadas a fio. Esta combinação de comportamentos irresponsáveis é uma receita que conduz inevitavelmente ao desastre.

Ignorar estas duas verdades elementares, confiando que haveria sempre uma árvore das patacas onde ir apanhar dinheiro, foi uma leviandade estratégica sem nome e fatal para o país. Os principais responsáveis desta barbaridade política foram e são quem esteve e continua a estar no poder executivo, legislativo, judicial e representativo de Portugal. Não é a Troika!

Daí que os eleitores rejeitam mais jogos de cadeiras. Agora, queremos mesmo resultados, doa a quem doer.

1 comentário:

Mrzepovinho disse...

Lamento mas não concordo... já há 300 anos o Sr. Amsher Meyer Rotschild disse, e passo a citar:

"Dêem-me o controle financeiro de um País e a emissão de nota desse mesmo país, e eu não quero saber quem faz as leis"

Daí que , na minha opinião, a CULPA é realmente da TROIKA.

Mas tudo começou com o "sr" mário TRAPALHADAS soares que agora reclama, pois a vinda do FMI a Portugal em 1983 teve como consequência a perda do GOLD STANDARD em 1986 do Escudo, trazendo-nos o ESCUDO DE DÍVIDA, que a maioria dos portugueses nem sequer faz ideia que existiu (apesar de o terem utilizado durante quinze anos!).

O pobre "Escudo de dívida" foi de tal maneira ALAVANCADO, que fomos forçados a ingressar no Euro!

Ao entrarmos no Euro, e relendo a afirmação lúcida do Ladrão.. desculpem, Barão Amsher Rotschild, chegamos à conclusão de que o Poder Legislativo entregou em bandeja de OURO ROUBADO o CONTROLE FINANCEIRO e a EMISSÃO DE MOEDA ao Banco Central Europeu.

Ou seja... É efectivamente o BCE quem DITA AS LEIS!

E... o ECB faz parte da TROIKA!

Qualquer fantoche que suba ao "poder" neste recanto vai ser FORÇADO por quem DITA AS LEIS a assumir a Austeridade imposta REALMENTE PELA TROIKA!