segunda-feira, julho 06, 2015

O regresso ao dracma

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Grécia, ilusões de uma noite de verão


Os gregos votaram OXI num referendo populista à austeridade. Na realidade, votaram NÃO à sua continuidade na Eurolândia. Não interessa que gostem muito da Europa, ou do euro. A verdade é que, cercados pela austeridade e pelo desemprego, se precipitaram para um beco sem saída.

O estado grego moderno é uma  economia atrasada, corrupta e sempre endividada, que desde 1821-1829 (libertação do multissecular domínio turco) acumula bancarrotas: 1826, 1843, 1860, 1893, 1932, 2015.

A Grécia tem sido liderada por famílias de piratas sem escrúpulos, incluindo a família 'socialista' lá do sítio. Uma estranha coligação de esquerda e direita radicais liderada por Alexis Tsipras pretende, uma vez mais, não pagar, insultando os credores ao mesmo tempo que lhes pede mais dinheiro!


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Pelo que percebi das entrelinhas deste dia, o Plano B de Tsipras/Varoufakis é mesmo regressar ao dracma, proclamando eventualmente as dívidas astronómicas acumuladas como dívidas odiosas, de acordo, aliás, com um documento produzido no parlamento grego e divulgado a semana passada.

Por outro lado, da declaração do presidente do parlamento europeu, Martin Schulz, a Grécia, além de se ter colocado numa posição negocial insustentável, não terá liquidez do BCE na semana que hoje começa e nos tempos mais próximos, pelo que a Grécia entrará numa fase de emergência humanitária aguda.

Statement by Martin SCHULZ, EP President on the situation in Greece following the Referendum

“The ‘no’ side has won the referendum with an overwhelming majority and we have to respect the vote of the Greek people. In full sovereignty they expressed a clear ‘no’ to the proposals on the table in the eurozone. This is a difficult day: there’s a broad majority in Greece and the promise of Prime Minister Tsipras to the Greek people that with the ‘no’ the position of Greece for negotiating a better deal would become better is, in my eyes, not true...

“...We are in a difficult situation, the Greek people said no, but eighty other states of the eurozone agreed about the proposals to which the Greek people said ‘no’. But this is democracy in Greece and democratic governments and parliaments in other countries had another view a different view. It is now up to the Greek government to make proposals which could convince the eighteen other member states of the eurozone and the institutions in Brussels that it is necessary, possible and even effective to renegotiate, but this depends now on the proposals coming from Greece...”

“... But, nevertheless we have to respect the sovereignty and the will that the greek people expressed today in the referendum. The promise of the minister of finance that the banks will open tomorrow and that money will be available for tomorrow and tuesday seems to me very difficult and dangerous. And, therefore, because I believe that the Greek people will be, during the week and even every day in a more difficult situation, I think we should tomorrow, at the latest on Tuesday for the eurozone summit discuss about a humanitarian aid programme for Greece...”

“...Ordinary citizens, pensioners, sick people or children in the kindergarten should not pay a price for the dramatic situation in which the country and the government brought the country now. Therefore a humanitarian programme is needed immediately and I hope that the Greek government will make in the next coming hours meaningful and constructive proposals allowing that it is meaningful and possible te renegotiate. If not, we are entering a very difficult and even dramatic time.”

Link

A Grécia tornou-se um abcesso que é preciso lancetar, sob pena de contaminar toda a União Europeia. Não há alternativa ao Grexit. No entanto (ouvir esta crónica de Max Keiser), a saída da Grécia do euro e a renúncia ao pagamento das suas dívidas ao FMI e à UE poderá desencadear o colapso da própria zona euro, e mesmo da União Europeia. A menos que a tia Merkel esteja disposta a fazer ao Deutsche Bank o mesmo que Bush deixou fazer ao Lehman Brothers...

Atualizado em 6/7/2015 11:23

2 comentários:

vazelios disse...

Isto ainda não acabou.

Mas o desfecho é inevitável (Assumindo que o Syriza mantém a sua posição extremista e legitima, pois ganhou eleições para fazer isto mesmo).

Mas os custos finananceiros e sociais para a Europa (ou zona euro) de um Grexit são menores do que um alastrar de perdões de divida e facilitismos pela Europa fora.

Perpetuar defaults dentro da Zona euro, primeiro na grecia depois em Portugal e por aí fora, seria o fim do Euro. Nesta situação de grexit o fim do Euro também é uma hipotese, mas a meu ver bastante pequena.

Em termos de custos portanto o grexit é menor.
Em termos de ganhos a médio-longo prazo, estes poderão ser incontornavelmente maiores com uma grexit, do que mante-los cá a contaminar a zona euro.

Se acontecer o grexit, o elo mais fraco sairá, os restantes países terão de continuar a desalavancar e agora será "ligeiramente" mais facil do que nos anos anteriores, visto que o panorama está "ligeiramente" melhor e não teremos o fantasma da grecia para denegrir a zona euro como um todo.

Aliás, eu vejo isto de forma simples: Devemos fazer exactamente o oposto do que Russos Americanos e Chineses nos aconselharem a fazer.

Gosto de ver a sua opinião, que tanto prezo, mais moderada neste ponto - E no da TAP, já agora, só para o picar ;)

Abraço

António Maria disse...

Parece que a Grécia vai começar por usar IOU enquanto espera q os ingleses lhes imprimam os novos dracmas...

A TAP era já um caso perdido. Veremos o q acontece com o negócio em curso.