sábado, julho 18, 2015

A opinocracia indígena



Culpado de investir, ou de esconder um conflito de interesses?


Miguel Sousa Tavares tinha 2 milhões investidos no GES mas diz que não sabia
Observador, 17/7/2015 8:46

Escritor terá investido cinco vezes num ano no GES, através do fundo ES Liquidez. No total foram 2 milhões de euros, diz o semanário Sol. Mas Sousa Tavares diz que nunca "soube" nem "nunca autorizou".

Miguel Sousa Tavares dá mais explicações sobre investimentos no GES
Observador, 17/7/2015, 23:53

O escritor diz que se quisesse ter investido no GES, tê-lo-ia feito de forma direta; diz que está a ser "um alvo colateral" e queixa-se de violação de sigilo bancário.

Agora é só compilar o que MST foi dizendo e escrevendo sobre o BES, o GES e a (também) sua família Espírito Santo. Ou ainda sobre o famoso 'TGV', cujo projeto aprovado foi anulado pelo Tribunal de Contas, satisfazendo assim o cartel do NAL em Alcochete.

Se a linha de alta velocidade e bitola europeia Pinhal Novo-Poceirão-Caia tivesse ido para a frente o embuste da cidade aeroportuária de Alcochete-Canha-Rio Frio, ou seja o novo aeroporto de Lisboa na Margem Sul (ex-NAL da Ota) teria caído imediatamente, destruindo toda a estratégia de investimento especulativo imaginada pelo senhor Ricardo Espírito Santo (+ BPN, Cavaco, PSD, PS e PCP) para aquela-sub-região.

Convém lembrar aos investigadores, jornalistas e procuradores, que a compra de 4000ha da Herdade de Rio Frio, por 250 milhões de euros, ocorreu 34 dias antes de José Sócrates ter anunciado, a 10 de janeiro de 2008, o fim do NAL na Ota e o novo NAL de Alcochete.

Um dos testas de ferro da SLN (e de Cavaco), o senhor Fantasia, munido de empréstimos do BPN, BCP, BES, Banif e Banco Popular, foi um dos principais protagonistas das aquisições de terrenos na zona destinada ao futuro mega aeroporto de Lisboa e à correspondente cidade aeroportuária, como lhe chamou o visionário Mateus.

Há também, ao que consta, nesta trapalhada toda, o envolvimento dum fundo financeiro do PS sediado na Holanda. Há, ou não há?

Felizmente, o Memorando, a venda da ANA, e as Low Cost rebentaram com este monumental e previsivelmente ruinoso negócio de piratas, no qual também existiram os interesses do senhor Ho, pois parte do financiamento do NAL da Ota em Alcochete viria da privatização da ANA e da venda dos terrenos da Portela para aí construir uma China Town de luxo!

A Grécia estourou, entre muitos outros motivos, pela ruína e corrupção somadas do novo aeroporto de Atenas e das Olimpíadas.

E no entanto, em Portugal o turismo não parou de crescer desde o Memorando, sem precisar de qualquer novo aeroporto. O aeromoscas de Beja existe, mas não consta que tenha ajudado ao crescimento do turismo no Alentejo! Foi, sim, preciso remover as proteções que durante mais de uma década foram levantadas contra as companhia aéreas Low Cost.

Caímos na pré-bancarrota por causa do roubo sem freio dos recursos e dos empréstimos, mas também pela obstrução criminosa ao crescimento criada pelo Bloco Central da Corrupção, de que a banca portuguesa foi obviamente parte cúmplice e interessada.

Sobre o trovão que opina sem cessar, aqui fica a moral da história: um opinocrata que não declara os seus interesses é um opinocrata destituído de credibilidade. Que tal demitir-se de opinar, ou colocar um carimbo na testa antes de opinar?