Alexis Tsipras prova o amargo sabor do realismo político |
Não sei se já repararam, mas a Grécia está neste momento fora do euro, e o regresso pleno à moeda única poderá levar mais de dois anos a ter lugar.
A Grécia está em plena bancarrota e isolada da zona euro, apesar de manter formalmente a moeda. De uma maneira ou doutra a sua permanência na União Europeia e na zona euro terá que passar por uma reestruturação da sua gigantesca dívida pública, a caminho dos 200% do PIB, incluindo um perdão parcial da dívida (com perdas inevitáveis para as várias classes de credores, incluindo os detentores de depósitos bancários acima dos 100 mil euros), um alongamento das maturidades dos empréstimos com período de carência para o stock da dívida europeia que poderia chegar aos trinta anos, juros retroativos mais favoráveis nos empréstimos já concedidos, uma nova troca de obrigações do tesouro grego (haircut/ PSI) com perdas avultadas (75% em 2012) para quem investiu ou especulou com a dívida grega.
Afirmar, como afirmam as araras populistas do PS, do PCP e do Bloco, que estes sucessivos resgates são uma humilhação desferida contra os gregos, é ver a realidade de pernas para o ar.
A Grécia continua a ser uma plutocracia amparada por uma igreja omnipresente e por uma nomenclatura corporativa, burocrática e partidária corrupta e oportunista. A Grécia é um país sem verdadeiras instituições democráticas, apesar dos hinos a uma história há muito interrompida. Fazem cada vez mais lembrar essas famílias romenas que percorrem a Europa a pedir esmola, como se todos nós lhes devêssemos alguma coisa.
O clube europeu tem regras. Ninguém é obrigado a entrar, mas uma vez dentro, aldrabar os restantes sócios do clube é um comportamento inadmissível que terá sempre um custo a pagar.
Talvez seja o momento de Portugal também cumprir parte do memorando do resgate que até agora aldrabou ou diferiu para as calendas gregas:
- plafonamento das pensões públicas,
- cortes drásticos nas rendas excessivas,
- nomeadamente no setor energético,
- renegociação das PPPs ruinosas,
- diminuição do número de governos municipais,
- eliminação das redundâncias burocráticas do aparelho de estado,
- e fim das inúmeras isenções fiscais e privilégios de que gozam partidos políticos, sindicatos, corporações várias, IPSSs, advogados, juízes, gestores públicos, etc...
Ou será que só quando chegarmos ao estádio grego é que iremos acordar, e implorar à Virgem de Fátima que nos salve?
Atualizado: 15/7/2015, 00:39
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