sexta-feira, janeiro 01, 2016

Que mudou de 2015 para 2016?

Catarina Martins
Foto: Miguel Manso/ Público (2015)

Um ano que abalou Portugal


2015: os cinco colapsos
  1. Uma Banca cada vez menos portuguesa, dominada pelo BCE e por duas mulheres: Isabel dos Santos (BCP, BPI) e Ana Botin (dona do Santander/Santander-Totta/Banif). Teorias da conspiração à parte, o Santander detinha, em 2015, 4,6% do Grupo Prisa (Media Capital/TVI);
  2. O fim da bolha imobiliária fez enormes estragos na banca e nos grandes grupos económicos indígenas, sobretudo nos da construção civil;
  3. O Bloco Central, como se previa, desapareceu. Falta saber o que virá a seguir; dois casos de estudo: Bloco de Esquerda e CDS/PP;
  4. A indústria jornalística (Sol, i, Diário Económico, Público...) sofreu um tombo provavelmente irrecuperável; 
  5. A personalidade portuguesa do ano é: Catarina Martins.

2016
  1. Marcelo Rebelo de Sousa será eleito à primeira volta;
  2. A banca portuguesa continuará com graves problemas, nomeadamente no BCP e no Montepio (e a Caixa, a ver vamos). A soberania bancária continuará a perder graus de liberdade para o BCE e para a União Bancária (Fundo Único de Resolução, Mecanismo Único de Resolução e Sistema Único de Supervisão);
  3. O crescimento será anémico, quer o OE 2016 tente, ou não, estimular o PIB através do consumo (i..e de mais importações/ endividamento externo);
  4. A crise do estado social agravar-se-à entre episódios jornalísticos mais ou menos recorrentes, e muito ruído partidário, ou seja, a austeridade do tempo novo, a austeridade de esquerda, não será muito diferente da que a precedeu, nem menos escandalosa — a resolução do Banif e o Orçamento Retificativo deram o tom nos últimos dias de 2015;
  5. O Bloco de Esquerda poderá, em breve, exigir ao PS a sua entrada no Governo, deixando o PCP entalado entre a sua necessidade de sobreviver e o pânico de mudar o seu obsoleto registo ideológico, programático e estratégico.
  6. Todo o sistema partidário que nos conduziu à desgraça está em estado de choque, pelo que ou muda ou morre. O pontapé de saída foi dado por Catarina Martins, seguido pelo PCP e por António Costa. Pedo Passos Coelho despediu o CDS/PP, e Paulo Portas sai cautelosamente de cena, abrindo as portas a (espera-se) Assunção Cristas. Aggiornamento!