Só Marinho Pinto poderá viabilizar um governo de 'esquerda' moderada.
Mas com quem? Com Seguro, ou com Costa?
O Partido Socialista de Seguro tem-se aguentado apesar da hecatombe socratina, como as percentagens seguintes demonstram.
Legislativas 2011, depois da queda de Sócrates [
CNE]: 28,05%
Autárquicas 2013 [
sítio do PS]: 36,26% (150 câmaras municipais em 304)
Europeias 2014 [
MAI]: 31,46% (mais um deputado que o PSD e mais um deputado que em 2009)
Sondagem, Legislativas 2015,
Eurosondagem/Expresso, jun 2014: 33%.
As sondagens de avental valem o que valem, e
normalmente valem pouco. Mas vamos fazer de conta que servem para alguma
coisa, por exemplo, para ver o futuro...
A conclusão essencial que
podemos retirar desta sondagem-propaganda não diz respeito a Seguro, mas
ao PS e à 'esquerda' no seu conjunto, que não convencem apesar da
grave crise social instalada e dos impactos dolorosos da governação PSD-CDS. O eleitorado sabe
perfeitamente que a 'esquerda' não é capaz de unir-se nem para fazer um
pic-nic!
O eleitorado também começou a intuir que, afinal, a conjuntura europeia tem vindo a esvaziar paulatinamente a eficácia das propostas de reestuturação da dívida portuguesa
a que a 'esquerda' se tem agarrado de forma oportunista, na medida em que tem sido o próprio BCE a garantir que nem o euro colapsa, nem os países do euro serão forçados a abandonar a moeda única.
Depois do grito de Mario Draghi —
whatever it takes—, reforçado com as medidas financeiras desta semana e as que conheceremos em breve, o que está efetivamente em curso é um complexo jogo de reestruturação disfarçada das dívidas soberanas, e uma presença crescente do BCE na condução das políticas orçamentais dos estados membros, a par de uma integração cada vez maior do ambiente financeiro e da macroeconomia na zona euro, com destaque para os grandes projetos estratégicos, nomeadamente nos setores da energia, transportes, agricultura, indústria, comércio internacional, ambiente e políticas ativas de educação, formação profissional para o emprego e solidariedade social.
A 'esquerda' indígena e
os seus delegados sindicais no TC têm empurrado o país para uma sangria
fiscal sem precedentes, em nome da manutenção de privilégios inaceitáveis, sabendo-se o que
já toda a gente sabe sobre os efeitos desastrosos do imenso buraco que o
endividamento público e privado trouxe a Portugal.
O que resta de 2014, e provavelmente até 2020, vão ser anos de monetização agressiva das dívidas
públicas europeias e de apoio direto, embora seletivo e comandado a
partir do BCE, aos países do euro em situação crítica. Numa conjuntura em que as
reformas estruturais têm sido sistematicamente boicotadas pelo PS e pela restante 'esquerda', a pressão do BCE, do FMI e de Bruxelas para que as mesmas sejam levadas a cabo ou... irão
acentuar-se nos meses que se seguem, até às próximas eleições —o pau—, a par do próximo envio de fundos comunitários e do investimento financeiro orientado para a economia e o emprego produtivo —a cenoura, que os socratinos querem, por todos os meios, agarrar!
O processo de fragmentação da 'esquerda' ficou patente nas últimas
eleições.
Nesta conjuntura, das duas uma, ou a coligação no poder dá um golpe de
rins e ataca de vez o problema das rendas excessivas da corja rendeira (sucessivamente exigida pelo FMI!),
deixando para a próxima legislatura a revisão constitucional, a
reforma efetiva do mapa autárquico e a redução do aparelho de estado em
função das nossas reais necessidades e de acordo com as nossas reais
possibilidades, e conseguem assim ganhar uma nova maioria, ou então, teremos balbúrdia,
isto é, uma mais do que provável ausência de maioria parlamentar para formar o próximo governo.
A pulverização da 'esquerda' deixa ao PS uma de duas
soluções: coligar-se com o MPT/Marinho Pinto se este for capaz de mais do que duplicar
a sua votação e chegar aos 14 ou 15%, e o PS, por sua vez, subir dos 33% das
últimas Legislativas (curiosamente os mesmos 33% da sondagem-propaganda) para uma percentagem acima dos 37%, ou teremos um governo minoritário sequestrado pela 'esquerda' oportunista e indigente à esquerda do PS, que cairá logo na aprovação do primeiro orçamento!
O governo de um novo Bloco Central alargado (PS+PSD, ou PS+PSD+CDS+MPT) que os socratinos e António Costa desejam, mas sobre o qual nada dizem, ou até negam como São Pedro negou a sua amizade a Cristo, seria uma espécie de compromisso possível no rescaldo de umas eleições sem vencedores, nem vencidos. Mas quanto tempo se aguentaria de pé?
O António Maria é independente, mas vê no plano de 4 pontos anunciado por António José Seguro —
- Primárias abertas aos militantes, simpatizantes e eleitores regulares do PS
- Diminuição do número de deputados para o limite mínimo legalmente previsto: 180
- Aproximação dos eleitores aos eleitos, mudando o método de eleição dos deputados
- Alteração da lei de incompatibilidades de cargos públicos por forma a afastar os lobistas encapotados dos centros de decisão política.
— um passo muito importante para começarmos a reformar a populista e desgraçada democracia que temos. Neste sentido, todos aqueles que se revêm nos princípios básicos do Partido Socialista deveriam acorrer às eleições primárias do PS, emitindo um sinal claro de que querem uma democracia mais participativa e responsável.
Se em vez de Seguro, preferirem o regresso de Sócrates, de Mário Soares e dos aventais da Maçonaria, através de um vigário de nome Costa, é outro problema. O voto é livre, mas depois não se queixem!
Na reunião da Comissão Política Nacional do PS foi decidida a data de 28 de setembro para as eleições primárias, abertas a simpatizantes, que irão decidir o candidato socialista a primeiro-ministro. [...]
Poderão votar nestas eleições primárias os cidadãos inscritos nos ficheiros nacionais do PS e simpatizantes, sendo considerados simpatizantes os cidadãos eleitores que cumpram os requisitos a estabelecer no regulamento eleitoral, entre eles, obrigatoriamente, a assinatura de um compromisso individual de concordância com a Declaração de Princípios do PS.
Para o Secretário-geral, “este é um processo que deixará uma marca histórica na vida do PS. Temos obrigação de desenvolver um processo credível, o mais transparente e participado possível. Um projeto que prestigie o Partido Socialista”. Na hipótese de não vir a ser o candidato eleito, e apenas nessa circunstância, o secretário-geral do PS apresentará a sua demissão.
- Leia a declaração completa do PS