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terça-feira, fevereiro 01, 2022

Em suma...


O país é de esquerda (moderada)

Votaram, segundo a CNE, mais de 50% dos eleitores recenseados... e (contas minhas) o conjunto centro-direita+direita+extrema direita tem menos votos que o conjunto centro-esquerda+esquerda+extrema esquerda. A diferença é de mais de 600 mil eleitores (faltam ainda os votos dos emigrantes).

Se nos vamos suicidar coletivamente ou não, continua a ser um tema controverso. Outra coisa é o método de Hondt e as táticas partidárias. Por aqui diria que, depois de recompostas as lideranças do PSD e do CDS, bem como do BE e do PCP, Portugal mantém intactas as possibilidades de alternância democrática. Tudo dependerá da credibilidade das lideranças, à esquerda e à direita, e da capacidade de irmos pagando a dívida descomunal que acumulámos, de travarmos o ritmo de endividamento, e de boas políticas de crescimento sustentado e sustentável, nos domínios da produção e criação de riqueza em geral, da solidariedade social e do desenvolvimento cognitivo e cultural dos portugueses. Vamos precisar de abrir as portas à imigração, com políticas migratórias transparentes, justas e pragmáticas.

Enquanto o pau vai e vem, vigiem o Costa e a sua turma de piratas!

segunda-feira, janeiro 31, 2022

Prognóstico depois dos resultados

 



30.01.2022 20:18

IL e Chega comeram o PSD...


20:19

PS enxotou as esquerdas marxistas para fora do tabuleiro.


20:20

PNS em queda livre


20:57

Abstenção diminuiu


21:25

Eleitores (2022): 10.821.244

População (2021): 10.344.802

Mais eleitores que população. Muito eleitores zombies.

É preciso comparar o número de votantes com estas duas estatísticas...


21:32

Parece-me claro que a grande novidade destas eleições é mesmo o fim deste regime parlamentar, e o início de outro, cuja configuração vai ser um grande desafio para as gerações mais jovens do país.


21:58

O Rio, se se mantiver à frente do PSD, será uma alavanca poderosa para o crescimento rápido do Chega e da IL. Vendo a coisa por este lado, a inércia do homem é uma ajuda objetiva para acabar de vez com o Bloco Central.


22:00

Os trastes Matos Fernandes e o Galambinha parecem umas bailarinas em pontas a correr de canal em canal. Querem o lugar do PNS. Está visto!


22:11

O PEV (sabem o que é?) está fora do parlamento.


22:17

Nova consigna do PCP: A LUTA CONTINUA! Interessante...


22:35

Louçã quadrado=Catarina quadrada=Bloco quadrado...


22:50

A vitória do PS e um governo com as mãos livres é bom para ajudar a acabar com este regime parlamentar. Será, no entanto, o PS que arcará com o preço da crise internacional, mas também da crise que ao longo de décadas criou em parceria com o resto dos partidos tradicionais do regime.


22:52

Quando é que o Rio será corrido do PSD? Quanto mais tarde, melhor para a IL e para o Chega. Mas já me estou a repetir...


23:00

Costa, com maioria absoluta, vai talvez poder fazer algumas reformas fora e dentro do partido, e desafiar o PSD para uma revisão constitucional quando começarem a rebentar petardos pelo país fora. O PSD não poderá dizer não a um convite destes. E Rui Rio é o rapaz escolhido para a tarefa. Ao que parece o centrão vai sair reforçado desta eleição...mas, desta vez, com um número grande de portugueses fodidos, mas representados!


31.01.2022 00:04

Maioria absoluta confirmada.


08:03

A estratégia do Costa vingou. Deixou crescer no parlamento o Chega e a IL, usou o papão Ventura para gerar o voto útil. Em suma, venceu. Os russos vai retirar da fronteira com a Ucrânia. A nossa bolha imobiliária, e a americana, vão continuar a inchar. O desemprego continuará a cair. Em suma, o Costa venceu em toda a linha, abrindo caminho a um parlamento que deixa finalmente para trás os dentes do siso marxista.


08:45

O bom povo português percebeu que o Rio tinha uma estratégia meramente subsidiária do PS, mas com o inconveniente de antecipar austeridade. Perceberam que o crescimento do Chega era real. Perceberam que o PCP, o Bloco e o PNS eram ameaças de instabilidade e de deriva esquerdista no regime. O Costa serviu-lhe a solução!


09:05

As pessoas não votam nos ideais. Votam, geralmente, com a carteira. Mas também votam onde sentem que está o poder.


09:10

A cara do Costa (espalhada em cartazes por esse país fora) transmitiu a mensagem subliminar sobre quem é o líder do rebanho. Os rebanhos precisam de se rever na imagem dos pais da pátria. Ou seja, AC apresentou-se como a alternativa necessária e útil a um Rio invertebrado que prometia austeridade, ao papão Ventura (que o Costa deixou rabiar à vontade fora e dentro do parlamento), e ao puto reguila dos Porsches que estimulou a Geringonça e a deriva esquerdista dentro do PS. Está tudo nos livros...


09:56

RESULTADOS in Observador (faltam os deputados da emigração)


NOTAS SOBRE UM VOLTE-FACE SURPREENDENTE


(clique na img para ampliar)

NUNO SECO pergunta-me: Mas afinal, qual a mudança de dinâmica que houve entre a primeira e a segunda semana que permitem explicar isto? Acabei por não compreender e ficar curioso.

RESPOSTA: Há quem diga que houve uma clara manipulação mediática das sondagens. Se houve, foi esta: o PS conseguiu assustar o eleitorado das esquerdas com a possibilidade de uma maioria de direita dominada por um líder fraco (Rui Rio) e dois partidos novos que ameaçaram cortar benefícios a 60% da população.

[...]

No Portugal 'socialista' há uma perigosa dependência do Estado de uma parte crescente da sua população. Por esta mesma razão (a dependência do Estado), este país poderá virar, de uma eleição para a seguinte, violentamente à direita. Bastará, para tal, que o país deixe de poder pagar, ou de rolar, a sua astronómica dívida pública (segura por pinças pelo BCE e pela CE). Outro fator invisível desta permanência da 'esquerda' no poder é a sangria migratória. Os mais jovens não votam, nem contribuem para a renovação da gerontocracia partidária instalada, sobretudo no PCP e no PSD.

[...]

Outra maneira ainda de olhar para este enigma aparente

Dos municípios dotados de universidades, 8 são governadas por autarcas do PSD, independentes e, ou, coligações de centro-direita, e apenas 4 pelo PS ou PCP

Dos municípios com mais de 100 mil habitantes, 12 são governados por autarcas do PSD, independentes e, ou, coligações de centro-direita, enquanto 11 são lideradas pelo PS ou PCP

PSD, PSD+CDS, independentes, outros

Aveiro (tem Universidade)

Barcelos * (tem ensino superior)

Braga * (tem Universidade)

Bragança (tem ensino superior)

Cascais * (tem ensino universitário)

Coimbra * (tem Universidade)

Funchal * (tem Universidade)

Leiria * (tem ensino universitário)

Lisboa * (tem Universidade)

Maia * (tem Universidade)

Oeiras * (tem ensino universitário)

Ponta Delgada (tem Universidade)

Porto * (tem Universidade)

Santa Maria da Feira * (tem ensino superior)

Vila Nova de Famalicão *

Viseu (tem ensino universitário)


* 12 cidades com mais de 100 mil habitantes

(8 cidades com universidades)


PS, PCP

Almada * (tem ensino universitário)

Amadora *

Angra do Heroísmo (tem ensino universitário)

Beja

Castelo Branco

Covilhã (tem Universidade)

Évora (tem Universidade)

Faro (tem Universidade)

Gondomar *

Guimarães *

Lagos

Loures *

Matosinhos * (tem ensino superior)

Odivelas *

Portimão (tem ensino universitário)

Santarém (tem ensino superior)

Seixal *

Setúbal * (tem ensino superior)

Sintra *

Tavira

Viana do Castelo

Vila Franca de Xira

Vila Nova de Gaia * (tem ensino superior)

Vila Real (tem Universidade)


* 11 cidades com mais de 100 mil habitantes

(4 cidades com universidades)

sábado, janeiro 29, 2022

A liberdade é o oxigénio da democracia

O lugar, e não o sangue, define a democracia

É em nome da liberdade que o poder exagerado das elites económicas e financeiras, assim como das castas e burocracias associadas — em suma, a propriedade privada — é ciclicamente questionada, matizada e, em última instância expropriada, umas vezes em nome da lei, outras em nome da revolução.

A liberdade, ou melhor dizendo, o impulso libertário, enquanto força dinâmica de emancipação e evolução cultural das civilizações, precede as leis e as democracias, as quais mais não são do que representações do território/propriedade — privado (pessoal, familiar, associativo, societário) e comunitário (povoados, aldeias, vilas, cidades, nações). 

O desejo de liberdade é um impulso anterior à família, à educação, à tribo e à democracia, e existe como condição de individuação e autonomia, tanto nas tribos nómadas, como nas tribos sedentárias, tanto nas sociedades esclavagistas como nas de servidão, tanto na democracia ateniense, como nas democracias modernas, e por maioria de razão em todas as modalidades de despotismo e ditadura.

Assim, a democracia, enquanto poder da propriedade representada (monte de pastorícia ou de caça, leira de centeio, quinta, pomar, casa, oficina, fábrica, foice, martelo, herança, poupança, ativo financeiro, profissão, escritura, palavra), tem uma origem intrinsecamente libertária, assente no instinto individual da autonomia e da posse. A democracia não existe sem liberdade. E esta, por sua vez, encontra na democracia enquanto sistema de cooperação e partilha dos poderes e responsabilidades, nomeadamente perante a ameaça permanente que impende sobre o território e a autonomia, quaisquer que sejam, a sua melhor forma de desenvolvimento e proteção.

À pergunta sobre o que é mais importante na vida humana, se a democracia, se a liberdade, respondo sem hesitação: a liberdade. Mas que esta sirva para estabelecer a democracia!

Há uma década...

Tim Tim nunca saiu da Belgica, mas percebeu o português aventureiro ;)

Será desta vez?

Em 2012 apontei no blog chamado Partido Democrata os termos de uma conversa sobre a necessidade de mudar o regime. Foi, por assim, dizer, um bloco de notas que acompanhou uma série de almoços com amigos descontentes com o rumo do país.

A necessidade de enterrar o regime gasto e corrompido saído da Constituinte de 1976 era então evidente. Que fazer? Gerar as condições instelectuais e psicológicas para a emergência de novos partidos democráticos com mensagens novas e claramente indispostos para continuar a suportar os partidos parlamentares nascidos do colapso da ditadura. Desde então, estes não só não cumpriram muito do que Abril prometeu, como empurraram lentamente o país para uma democracia cada vez mais empobrecida, desigual, centrada no Estado e nos diretórios partidários, burocrática, corrupta e populista. Esta deriva autoritária foi e é ainda uma consequência da alienação patrimonial, da perda de soberania económica e financeira subsequente, do endividamento galopante do Estado e, finalmente, do colapso do nosso sistema financeiro, incapaz de acompanhar a concorrência decorrente da criação de uma moeda europeia a que aderimos sem pensar mais no assunto.

Amanhã, dia 30 de janeiro, iremos uma vez mais a votos. Mas desta vez será diferente. A importância desta eleição reside não tanto no vencedor das mesmas, precipitadas pela falência económica, financeira, política e moral da frente popular conhecida por Geringonça, mas na emergência de novas forças partidárias no parlamento como potencial de alterar a curto prazo a face da nossa democracia.

Ao contrário da histeria das esquerdas, o que aí vem não é radicalismo de direita, e muito menos fascismo. Em primeiro lugar, porque o povo conservador e iletrado que temos não gosta de revoluções, salvo se estiver com a corda na garganta. Ainda não está. Em segundo, porque tanto a Iniciativa Liberal, como o Chega, aspiram a ser governo, ou seja, querem conquistar o tal povo moderado que apenas espera, e bem, que alguém lhe resolva os problemas e o atraso que volta a aumentar. Querem salários e pensões de reforma que sejam dignas. Querem trabalho com direitos, como no resto da Europa rica e civilizada. Querem uma classe média que agite económica e culturalmente a sociedade, ajudando-a a crescer de modo simultaneamente competitivo e solidário. Não querem emigrar em massa, como nos tempos da ditadura e da guerra colonial. Não querem ser humilhados diariamente com escândalos de enriquecimento ilícito e corrupção. Não querem uma justiça, uma educação e uma saúde para ricos, e outras para pobres. Querem (coisa simples de perceber) uma democracia liberal como as que na Europa e na América continuam a atrair milhões de imigrantes fugidos de regimes nepotistas ou despóticos.

Em suma, ganhe Rio ou ganhe Costa (um perdedor traiçoeiro), quem já ganhou é a democracia que começa a sair de uma escravatura partidária de quase meio século!

PS: sobre as ideias utópicas que alimentaram a retórica das esquerdas (onde, aliás, me fiz intelectualmente) limito-me a constatar as minhas próprias dúvidas e perplexidade sobre esta espécie de implosão ideológica, e ainda um facto: o desvanecimento das ideias tradicionais da esquerda entre as gerações mais jovens, traduzido na ausência ou inconsistência pueril dos neo-marxismos que andam por aí.