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domingo, agosto 16, 2015

Uma surpresa chamada Nós, cidadãos!

Símbolo do partido Nós, Cidadãos!

O que diz a mais recente micro-sondagem do António Maria


  • PSD-CDS: 39,2% [34,8%*] [38%**]
  • PS: 3,1% [36,3%*] [37%**]
  • PCP-PEV: 6,1% [10,0%*] [10%**]
  • BE: 7,7% [5,0%*] [8%**]
  • NÓS, Cidadãos!: 32,3%
  • PDR: 0,8% [2,3%*] 
  • Livre: 5,4% [1,7%*] 
  • Outros: 5,4% [9,9%*] [3%**]
  • Abstenções: 10% 
  • Total de respostas obtidas: 145
  • Total de intenções de voto em partidos: 130 
*—resultados do Barómetro Eurosondagem Agosto 2015
**—resultados da sondagem da Universidade Católica para o DN, 19/06/2015

Uma sondagem propriamente dita obedece a regras extraídas da experiência e sobretudo de uma conjugação metódica de indicadores acumulados ao longo de sucessivos eventos similares ao que se pretende sondar. Desde logo é preciso identificar, classificar, segmentar e quantificar adequadamente as amostras a colher, para assim garantir uma razoável representatividade e fiabilidade das informações colhidas durante a sondagem. É igualmente necessário definir a maneira de chegar aos campos de sondagem de molde a não danificar ou diminuir a qualidade dos resultados (por exemplo, se faço sondagens de opinião usando exclusivamente o telefone fixo corro sérios riscos de obter maus resultados, pois a maioria das pessoas utiliza hoje telefones móveis). Finalmente, precisamos de boas fórmulas de compilação da informação e dedução de resultados.

Nada disto foi tido em conta na micro-sondagem deste blogue. O seu valor é, pois, meramente heurístico, e representa, em primeiro lugar, o universo de leitores deste blogue entre 8 e 14 de agosto de 2015.

O nosso inquérito sobre as próximas eleições legislativas é claro, embora pudesse incluir, e não incluiu, todos os partidos concorrentes. Mas a amostra considerada (145 respostas) é, por um lado, circunscrita aos leitores eventuais deste blogue e das página que O António Maria publica regularmente no Facebook e no Twitter e, por outro, aleatória, pois não considera a representatividade própria dos círculos eleitorais na organização das amostras.

Não deixa, no entanto, de ser extraordinária a sobre-representação das intenções de voto no Nós, Cidadãos!, em contraste com a humilhante sub-representação das intenções de voto no PS.

Este 'disparate' estatístico é tanto mais intrigante e sedutor quanto os 'resultados' da coligação PSD-CDS, do PCP e do Bloco estão perfeitamente em linha com o Barómetro Eurosondagem Agosto 2015 sobre o mesmo assunto.

De onde vêm as explosivas intenções de voto no Nós. Cidadãos!?

Vêm do próprio movimento, claro. Mas a quase ausência de intenções de voto no PS também tem algum significado, ou não?

Vai ser lindo comparar esta perlaboração estatística com os resultados de 4 de outubro!


POST SCRIPTUM

Na sondagem da Universidade Católica para o JN publicada em 19 de junho de 2015, o PS continua a cair aos trambolhões, embora não tão catastroficamente como opinam os leitores deste blogue, a coligação continua a recuperar, para um valor muito próximo da nossa sondagem de algibeira, nos dois inquéritos o Bloco sobe significativamente relativamente aos resultados da última Eurosondagem, os comunistas, por sua vez, parecem estabilizados nos 10%, 3,9% acima das respostas dadas ao António Maria. Por fim, os novos partidos continuam invisíveis, mais parecendo uma ocultação do que uma sondagem honesta das intenções de voto do eleitorado.

PSD/CDS-PP: 38%
PS: 37%
PCP-PEV: 10%
BE: 8%
Branco/nulo: 4%
Outros: 3%

Atualizado em 18/8/2015 16:28 WET

terça-feira, abril 28, 2015

O regresso da sensatez

Albert Rivera, líder do Movimento Ciudadanos

Se os novos partidos não arrancam, é preciso renovar os velhos!


Espanha dividida em quatro (fim do bipartidarismo à vista)

PP: 22%
PSOE: 21%
Ciudadanos: 19,4% (subiu mais de 14 pp desde janeiro)
Podemos: 17,9% (caiu 10 pp desde janeiro)

(sondagem da Cadena Ser/Myword, de abril 2015)

Ciudadanos, a alternativa viável e sensata para transformar Espanha.

Também em Portugal esperamos por um partido sensato que proponha uma alternativa de mudança viável no país. Um partido que, como o Ciudadanos, atraia gente nova e competente, nomeadamente nas áreas financeira, económica, social e cultural.

Precisamos de mudar a geração que está no poder há quarenta anos, que não quer sair, como Salazar não queria, e que se tornou um lastro insuportável de iniquidade, corrupção e falta de ideias que ajudem Portugal a sair do buraco e renascer.

É natural que os mais velhos que não se revêm nem contribuíram para o descalabro, desiludidos com as perversões que arruinaram a nossa democracia, queiram lançar novos movimentos e partidos para alterar o lamentável estado das coisas em Portugal. Mas se querem ter êxito, o primeiro que devem procurar é atrair os mais jovens, e dar voz e protagonismo aos melhores dos mais jovens no esforço hercúleo necessário para travar o declínio acelerado do nosso país, e relançar a esperança.

Foi isso que fez o Ciudadanos, uma alternativa criativa, jovem e sensata ao oportunismo terceiro-mundista do Podemos.

Em janeiro deste ano, o partido nascido na Catalunha em 2006, liderado por Albert Rivas, contava apenas com intenções de voto entre 5 e 8%. Em fevereiro já ultrapassava os 12%, e este mês superou a casa dos 19%. Uma subida, pois, fulgurante, que tem beneficiado da queda de popularidade do Podemos, cujo radicalismo populista e terceiro-mundista, somado aos escândalos que começaram a rebentar no interior da organização, e à impotência crescente revelada pelo Syriza uma vez chegado ao poder, acabará por atirar este movimento 'revolucionário' para o colo do PSOE se, entretanto, não começar a desagregar-se sob o impacto de dissidências ideológicas internas, muito típicas neste género de formações pequeno-burguesas.

Em Portugal, que fazer?

Do que se vislumbra na paisagem eleitoral, percebemos que os partidos tradicionais mantêm as suas posições relativas, apesar de uma pré-bancarrota e de quatro anos de brutal austeridade. Os novos partidos, em geral formados por iniciativa de cidadãos reformados ou à beira da reforma, com muita vontade de recuperar o tempo perdido, não perceberam ainda que a falta de juventude nas suas fileiras é uma limitação fatal.

O Nós, Cidadãos, em Portugal, o Ciudadanos, em Espanha, e o MODEM, em França, poderão dar um contributo decisivo ao renascimento equilibrado da Política na Europa. Tudo dependerá da consistência e maturidade das suas teses, e dos exemplos práticos que forem dando à medida que assumirem posições de poder. No caso específico do Nós, Cidadãos, ou procuram o elixir da longa vida na ligação natural às gerações mais jovens —de economistas, sociólogos, antropólogos, urbanistas, artistas, advogados, comerciantes, empresários, estudantes, professores, etc.— ou terão crescentes dificuldades de afirmação. Uma relacionamento público mais evidente com as organizações gémeas espanhola e francesa daria certamente um empurrão. Aguardemos pela legalização do movimento, para ver no que dá.

Em Portugal, a presença das esquerdas de origem marxista no parlamento e à frente de municípios, confunde-se com a idade do regime. Talvez por isso os portugueses tivessem aprendido a serem mais pragmáticos no escrutínio das forças políticas, relativamente às quais aprenderam a distinguir a retórica ideológica dos comportamentos no terreno. Talvez por isso qualquer nova formação ou movimento que se apoie no ruído da propaganda ideológica e na exploração da ansiedade dos mais fracos ou atingidos pela crise, sem demonstrar consistência e razoabilidade nas propostas concretas que apresenta, tenha os dias contados. Talvez por esta circunstância, em suma, certamente única na Europa, haja mais lugar para um renascimento partidário a partir do interior dos partidos existentes, do que propriamente uma revolução na paisagem partidária.

Há sinais deste aggiornamento no PSD (com Pedro Passos Coelho, Maria Luís Albuquerque, Paulo Macedo, Rui Moreira da Silva, Paulo Rangel, Miguel Poiares Maduro, etc.) Tudo indicaria que os sinais de juventude introduzidos no Partido Socialista por José Sócrates não acabariam por ter o fim triste que parece anunciar-se no horizonte, como se a derrocada pessoal do líder arrastasse para o mesmo precipício todo o rebanho de jovens turcos do partido. No CDS/PP, tudo permanece ainda debaixo da asa frenética de Paulo Portas. No PCP a mudança vai a passo de caracol. E no Bloco, por fim, depois da quase implosão deste pequeno movimento, que goza, no entanto, de uma ampla caixa de ressonância mediática (ainda bem!), há sinais de mudança muito estimulantes, assim a maturidade de um dos seus mais jovens elementos, Mariana Mortágua —uma verdadeira estrela política— faça o seu caminho e estabeleça novos paradigmas de pragmática e praxis numa minúscula seita atolada nas aporias dos herdeiros degenerados do marxismo.


Neste mesmo blogue


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sábado, julho 26, 2014

Nós podemos

Mendo Castro Henriques, um dos fundadores do Nós, cidadãos

“Nós, cidadãos” - novo partido político chega em setembro, mas precisa da sua assinatura :)


Parecem coisa pouca estas novas ou renovadas formações partidárias —Nós, Livre, MPT, etc.—, mas se o regime continuar a tombar em dominó como tem vindo a acontecer, se a prisão de Ricardo Espírito Santo e o colapso do BES expuserem como têm a obrigação de expor o vale de corrupção que engoliu o país, se o PS se partir ao meio por causa disto e das tropelias desesperadas das tropas socratinas que entopem a mérdia indigente que temos, por causa dos empedernidos soaristas e por causa dos aventais velhos, se o Bloco desaparecer de vez, e o partido de Paulo Portas for na enxurrada do BES, então estes iniciáticos projetos partidários poderão crescer num ápice. Até às próximas eleições legislativas!

Basta pensar nos casos grego, italiano e espanhol...

E nós, que há muito defendemos uma refundação do regime, dizemos que o momento da metamorfose chegou. Dizemos que é preciso atingir tão rapidamente quanto possível cinco inadiáveis objetivos:
  1. um sistema partidário renovado e o fim da partidocracia,
  2. uma profunda revisão constitucional,
  3. um estado eficiente mas reduzido às suas funções essenciais, deixando de canibalizar, pela via burocrática, fiscal e partidária, as empresas e os cidadãos,
  4. o fim da burguesia rendeira e dos monopólios e cartéis, e  ainda
  5. a renovação dos nossos votos pela democracia e pela liberdade individual e coletiva.

Público, 24/7/2014:

“Nós, cidadãos”, a plataforma política que em 15 de Setembro próximo entrega no Tribunal Constitucional (TC) a documentação necessária para se transformar em partido, tem previsto realizar o seu congresso constitutivo em Dezembro.

Mendo Castro Henriques, coordenador nacional daquela formação, adiantou ao PÚBLICO que, até ao momento, em 80 cidades e localidades, já foram recolhidas cerca de quatro mil assinaturas.

“Dar a voz à cidadania é o nosso lema e este é o momento da cidadania chegar à área política”, indicou Castro Henriques, um dos promotores da homenagem a Ramalho Eanes em 25 de Novembro do ano passado. “O general Eanes é, para nós, uma referência moral”, precisou, afirmando que o antigo Presidente da República não está envolvido na plataforma.

 “A cultura política dos portugueses é a social-democracia, mas estamos no século XXI e tem de ser actualizada pela cidadania”, continuou. “Era uma cultura política em que o Estado se encarregava, a partir de agora deve ser uma social-democracia que tem de ser tomada em mãos pela cidadania”, destacou.

[...]

Desde que, há seis meses, deram a conhecer a intenção de avançar para um novo partido, os seus promotores garantem “ter feito um conjunto de estudos que fazem a diferença”. Será, afirma Mendo Castro Henriques, “um conjunto de programas, medidas e ideias.” Entre as quais destaca a criminalização da gestão danosa dos titulares de cargos públicos por considerarem que a actual legislação é insuficiente.

Do mesmo modo, pretendem uma política de resgate da dívida das famílias e das empresas pela introdução da banca social. Quanto ao financiamento da segurança social, querem seguir o exemplo brasileiro. “Substituir progressivamente as contribuições sobre o trabalho pela taxação sobre a facturação das empresas”, explicou o actual coordenador nacional.

“Queremos combater o abate do interior do país que está em curso pelo actual Governo, com uma concentração de escala dos municípios, através de um duplo movimento de mais descentralização de competências e mais concentração de meios”, anunciou. No pacote que preparam para o sector da Justiça, a medida que reputam como mais inovadora passa pela obrigatoriedade de, anualmente, o poder judicial prestar contas à Assembleia da República.

No âmbito da reforma do sistema político, “Nós, cidadãos” propõe a diminuição de deputados para 180, círculos uninominais e um regime de incompatibilidades “que separe a actividade política do mundo dos negócios.”

A estrutura da nova formação promete ser original. Haverá um directório com um número ímpar de membros, com rotatividade, semestral ou anual, na presidência.

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