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sexta-feira, outubro 01, 2010

O que nos espera - 4

O luto de Outubro

No dia 5 de Outubro de 2010 comemora-se a terceira bancarrota de Portugal gerada por sistemas parlamentares populistas que em nada mudaram ao longo dos últimos 100 anos. Assassinaram a Monarquia, colocaram a Primeira República ao colo da uma Ditadura, e preparam-se agora para mergulhar Portugal numa espiral de empobrecimento e descalabro social sem precedentes. A corja não mudou nada desde Eça Queiroz!

Há, porém, um pormenor que deve ser destacado desta vez:
  • quem levou Portugal à bancarrota? Foi o Partido Socialista;
  • quem começou a demolir de forma imparável o Estado Social? Foi o Partido Socialista;
  • quem permitiu a captura do Estado Português por organizações mafiosas de todas as cores e feitios? Foi o Partido Socialista;
  • quem transformou a Justiça Portuguesa numa anedota trágica? Foi o Partido Socialista.
  • quem instituiu a prática sistemática da falsificação de estatísticas e manipulação da imprensa? Foi o Partido Socialista.
Tudo isto aconteceu nos últimos quinze anos, sendo desprezível o impacto que Durão Barroso e Santana Lopes tiveram na acelerada e irremediável degradação do regime. É, de facto, o Partido Socialista, pela mão de quem o desfigurou e dele abusou sem pudor, à boa maneira de uma autêntica Cosa Nostra, o principal responsável do colapso ontem finalmente reconhecido pelo boneco que lá colocaram na pose de primeiro-ministro, depois do ultimato mais do que óbvio lançado ao governo pela Comissão Europeia.

As medidas anunciadas (1) foram vagas e deixaram de fora dois temas essenciais:
  • a diminuição do Estado paquidérmico, indolente, corporativo e corrupto que temos —há 13.740 entidades sem rosto que recebem silenciosamente centenas de milhões de euros dos nossos impostos todos os anos! (2);
  • e os grandes investimentos públicos associados ao Bloco Central do Betão e da Corrupção, com especial destaque para as criminosas Parcerias Público Privadas encavalitadas em verdadeiros desastres programados pelos piratas que há décadas saqueiam o país — tais como: a falência e posterior nacionalização fraudulentas do BPN, a tentativa de fazer um aeroporto desnecessário em Alcochete, a igualmente desnecessária e monstruosa Ponte Chelas-Barreiro, e as novas autoestradas, cujos contratos implicam uma sangria fiscal na ordem dos 2 mil milhões de euros anuais a partir de 2014 (ou seja, o mesmo que pagar anualmente aos concessionários o equivalente a duas Pontes Vasco da Gama!)
Presume-se que o desalmado Teixeira dos Santos tenha ido a Bruxelas, na manhã seguinte à da conferência realizada no dia 29 de Setembro, trocar por miúdos as vacuidades, desta vez tristes, anunciadas pela criatura sem emenda que os portugueses por duas vezes elegeram primeiro-ministro (não se queixem!)

Os floreados retóricos que decorreram hoje na Assembleia da República, no meio da mais grave crise de sempre das nossas finanças públicas, mostraram à saciedade que não temos parlamento, mas uma câmara corporativa e sindical dominada por professores (i.e. funcionários públicos) e advogados da corrupção. Na realidade, o parlamento português revelou-se não só um instrumento completamente inútil no regime democrático devolvido aos portugueses por um golpe de Estado militar, mas também um dos principais factores de irresponsabilidade política, compadrio por detrás das divergências televisivas, e egoísmo partidário. Se temos hoje uma democracia degenerada —e temos!—a causa desta triste realidade reside em boa parte no imprestável parlamento que temos vindo a eleger sem nos darmos conta de que criámos um monstro muito caro e patético.

Temer por uma crise política nestas alturas do campeonato é como ter medo da chuva depois de uma carga-de-água tropical. O papão da crise política, alimentado pelas tríades e máfias instaladas, e papagueado pelos bonecos que se agitam sob o seu comando, não passa de mais uma maquinação mediática para impedir que se faça o que tem que ser feito: demitir o actual governo, e convocar eleições legislativas antecipadas, assim que o novo presidente da república tenha sido eleito.

Como é também evidente, o maior aliado de José Sócrates, Aníbal Cavaco Silva —que ainda não explicou ao país porque meteu o senhor Dias Loureiro no Conselho de Estado—, é parte inteira do problema político, e não da sua solução. Aliás, só poderá agravá-lo, se se recandidatar e for reeleito!

Daí que Passos de Coelho, o actual líder do PSD, se quiser sobreviver politicamente, tenha que usar a "bomba atómica" que tem na mão. Isto é, anunciar duas coisas:
  1. que votará contra a proposta de orçamento do actual governo, na medida em que será mais um cheque sem provimento endossado aos portugueses, desta vez com demolição do Estado Social incluída, por um partido que é de facto o principal responsável pela bancarrota de Portugal;
  2. e que não apoiará a recandidatura de Cavaco Silva. Na realidade, bastará anunciar a primeira decisão para que o actual presidente, manifestamente incapaz de lidar com problemas pesados, desista de se candidatar a um segundo mandato.
O PS, como bem se disse já, que aprove o orçamento de Estado com os partidos que vão juntar-se no apoio eleitoral a Manuel Alegre. Basta de hipocrisias!

Por menos do que isto, teremos uma gangrena muito perigosa do regime.


NOTAS
  1. O Governo apresentou as 19 medidas que pretende implementar para reduzir o défice deste ano e de 2011. Entre as 19 medidas apresentadas, 15 são do lado da despesa e as restantes quatro do lado da receita.

    Despesa

    1 – Reduzir os salários dos órgãos de soberania e da Administração Pública, incluindo institutos públicos, entidades reguladoras e empresas públicas. Esta redução é progressiva e abrangerá apenas as remunerações totais acima de 1500 euros/mês. Incidirá sobre o total de salários e todas as remunerações acessórias dos trabalhadores, independentemente da natureza do seu vínculo. Com a aplicação de um sistema progressivo de taxas de redução a partir daquele limiar, obter-se-á uma redução global de 5% nas remunerações;
    2 - Congelar as pensões;
    3 - Congelar as promoções e progressões na função pública;
    4 -Congelar as admissões e reduzir o número de contratados;
    5 - Reduzir as ajudas de custo, horas extraordinárias e acumulação de funções, eliminando a acumulação de vencimentos públicos com pensões do sistema público de aposentação;
    6 - Reduzir as despesas no âmbito do Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente com medicamentos e meios complementares de diagnóstico;
    7 - Reduzir os encargos da ADSE;
    8 - Reduzir em 20% as despesas com o Rendimento Social de Inserção;
    9 - Eliminar o aumento extraordinário de 25% do abono de família nos 1º e 2º escalões e eliminar os 4º e 5º escalões desta prestação;
    10 - Reduzir as transferências do Estado para o Ensino e sub-sectores da Administração: Autarquias e Regiões Autónomas, Serviços e Fundos Autónomos;
    11 - Reduzir as despesas no âmbito do Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC);
    12 - Reduzir as despesas com indemnizações compensatórias e subsídios às empresas;
    13 - Reduzir em 20% as despesas com a frota automóvel do Estado;
    14 - Extinguir/fundir organismos da Administração Pública directa e indirecta;
    15 - Reorganizar e racionalizar o Sector Empresarial do Estado reduzindo o número de entidades e o número de cargos dirigentes.

    Receita

    1 - Redução da despesa fiscal
    ·                     Revisão das deduções à colecta do IRS (já previsto no PEC);
    ·                     Revisão dos benefícios fiscais para pessoas colectivas;
    ·                     Convergência da tributação dos rendimentos da categoria H com regime de tributação da categoria A (já previsto no PEC);

    2 - Aumento da receita fiscal
    ·                     Aumento da taxa normal do IVA em 2pp.;
    ·                     Revisão das tabelas anexas ao Código do IVA;
    ·                     Imposição de uma contribuição ao sistema financeiro em linha com a iniciativa em curso no seio da União Europeia;

    3 - Aumento da receita contributiva
    ·                     Aumento em 1 pp da contribuição dos trabalhadores para a CGA, alinhando com a taxa de contribuição para a Segurança Social.
    ·                     Código contributivo (já previsto no PEC).
    4 - Aumento de outra receita não fiscal
    ·                     Revisão geral do sistema de taxas, multas e penalidades no sentido da actualização dos seus valores e do reforço da sua fundamentação jurídico-económica.
    ·                     Outras receitas não fiscais previsíveis resultantes de concessões várias: jogos, explorações hídricas e telecomunicações.
  2.  O estado português dá emprego efectivo a cerca de 700 mil funcionários públicos (i, 18-05-2010) e contrata a recibos verdes quase 5 mil prestadores de serviços (Económico, 24-08-2010). No entanto, a diminuição dos agentes efectivos e provisórios do Estado não se traduziu na eliminação de serviços inúteis ou redundantes, mas antes na sua contínua proliferação, embora disfarçada pela criação de empresas municipais e regionais de capitais 100% públicos, e pela contratação de prestações de serviços permanentes a empresas privadas, boa parte delas na órbita empresarial dos partidos!

quinta-feira, março 25, 2010

Portugal 174

Uma oportunidade para a Eurolândia

Anything that is too big to fail is too big to exist (Simon Johnson).

Vou começar por atacar Cavaco Silva. Ao contrário do que poderíamos pensar, nas actuais circunstâncias, nem a queda do actual governo e um cenário de eleições antecipadas poderão reforçar o anjo caído em que se transformou a velha estrela do PSD. Entre ataques de pânico e uma espécie de máscara de optimismo sedado, as aparições do actual presidente da república tornaram-se um sintoma mais da crise de regime que se precipitou —como previmos— e se prolongará ao longo de toda a presente década.

Vamos precisar de reorganizar a sociedade de alto a baixo, e de fazer algum sangue para o conseguir. Cavaco Silva, espécie de rainha de Inglaterra sem paraísos fiscais, não está à altura de liderar o desafio de mudança que temos pela frente. Daí que a invectiva que a ele dirijo seja esta: anuncie quanto antes, antes do Verão —amanhã!— se pretende ou não recandidatar-se ao lugar onde até agora não fez o que de si qualquer português inteligente esperava: impedir o descalabro, sem precedentes nos últimos setenta e quatro anos, em que estamos. Se anunciar a recandidatura, opor-lhe-hei os meus melhores argumentos. Se desistir já, como deveria, aplaudirei. O que não é tolerável é que continue nessa atitude de obstipação intelectual oportunista, como se o pais fosse uma aldeia de parvos. Decida-se!

Portugal substitui Grécia nos pesadelos dos investidores

O euro cai mais de 1%, a Europa fechou em queda ligeira e Wall Street também protagoniza perdas. Tudo por causa de Portugal.

Portugal substituiu hoje a Grécia no ‘top' das preocupações dos investidores quando, por volta das 10 horas, a Fitch comunicou ao mercado que reduziu a classificação da dívida portuguesa para ‘AA-'. Foi o primeiro ‘downgrade' em 12 anos. — in Económico.

O PEC, em toda sua violência, é ao mesmo tempo a primeira e principal —porventura única— oportunidade que se nos depara para limpar o regime do lixo institucional, corporativo e cultural acumulado ao longo de trinta e cinco anos de democracia populista e corrupção político-partidária. Os partidos parlamentares vagueiam, como o governo vagueia, ao sabor das notícias, incapazes de pensar, de acertar uma ideia que seja, enfim de falar verdade. Vamos ter que os remexer!

A crise não é apenas portuguesa (1). Pois não! Mas a crise mundial da globalização precipitou (facto da maior importância) uma crise histórica portuguesa própria que larva desde a independência do Brasil. O que agora desaba com estrondo é um longo ciclo de 600 anos de colonialismo, é o vício autoritário da exploração permanente e sem remorso do próprio povo (nomeadamente através da recorrente válvula migratória), são nomenclaturas endogâmicas, indolentes e ignaras, é, em suma, a hipertrofia burocrática de um Estado bronco. É por isto tudo que, ao contrário do que afirma o optimista moderado Luís Campos e Cunha, estamos mesmo falidos! E fodidos também!!

Vamos todos, menos os banqueiros e o bando de piratas que nos governa, apertar o cinto. É uma realidade que nenhum debate parlamentar, nem nenhum sindicalista obtuso, conseguirá travar. Mas ao contrário do que se alardeia, os portugueses estão preparados para o saque, até porque sentem ter também alguma culpa no cartório, quanto mais não seja, pela circunstância de terem aproveitado sem crítica a abundância inusitada de dinheiro forte e crédito quase ilimitado e a custo desprezível que lhes foi sendo oferecido após a entrada no euro. Mas atenção: depois de consumada a sangria de vampiros que se prepara contra os bolsos contribuintes, o país nunca mais será o mesmo. E mais de um político estouvado, manhoso ou corrupto, acreditem, será engolido pela enxurrada que nascerá do colapso fiscal em curso.

Precisamos, como de pão para boca, de deixar renascer a iniciativa privada produtiva e a criatividade. Temos que corrigir o Estado —tornando-o forte, fiável e transparente onde é preciso que esteja (energia, água, saúde, supervisão financeira e justiça), aliviando-o ao mesmo tempo dos sectores onde está a mais. É, por outro lado, fundamental quebrarmos a santa e corrupta aliança entre os aristocratas financeiros, os governantes de turno e os prostitutos que medram nos apartamentos clandestinos a que chamam gabinetes de estudo.

The Quiet Coup
May 2009 ATLANTIC MAGAZINE
By Simon Johnson

The crash has laid bare many unpleasant truths about the United States. One of the most alarming, says a former chief economist of the International Monetary Fund, is that the finance industry has effectively captured our government—a state of affairs that more typically describes emerging markets, and is at the center of many emerging-market crises. If the IMF’s staff could speak freely about the U.S., it would tell us what it tells all countries in this situation: recovery will fail unless we break the financial oligarchy that is blocking essential reform. And if we are to prevent a true depression, we’re running out of time.

...

Cleaning up the megabanks will be complex. And it will be expensive for the taxpayer; according to the latest IMF numbers, the cleanup of the banking system would probably cost close to $1.5 trillion (or 10 percent of our GDP) in the long term. But only decisive government action—exposing the full extent of the financial rot and restoring some set of banks to publicly verifiable health—can cure the financial sector as a whole.

This may seem like strong medicine. But in fact, while necessary, it is insufficient. The second problem the U.S. faces—the power of the oligarchy—is just as important as the immediate crisis of lending. And the advice from the IMF on this front would again be simple: break the oligarchy.

...

The conventional wisdom among the elite is still that the current slump “cannot be as bad as the Great Depression.” This view is wrong. What we face now could, in fact, be worse than the Great Depression—because the world is now so much more interconnected and because the banking sector is now so big. We face a synchronized downturn in almost all countries, a weakening of confidence among individuals and firms, and major problems for government finances. If our leadership wakes up to the potential consequences, we may yet see dramatic action on the banking system and a breaking of the old elite. Let us hope it is not then too late. 

Vale a pena ler todo este clarificador testemunho sobre a perversão financeira que tomou de assalto a economia capitalista mundial, à excepção, claro, da China. O que hoje estamos a assistir nos Estados Unidos e na Europa é à escandalosa tentativa de especular com as dívidas soberanas por parte dos mesmíssimos especuladores, da mesmíssima estirpe de Wall Street —Goldman Sachs, JP Morgan e afins— que engendrou a economia de casino dos últimos trinta anos, parindo a ilusão de que as empresas, os estados e as famílias podiam endividar-se à mesa de um interminável banquete. Percebemos agora aquilo que no fundo já sabíamos: não há almoços grátis!

É por isso que uma amiga minha canadiana, que o meu país não soube acolher como devia, me aconselhava: não se deixem enredar nos mecanismos perversos da inveja (se os pilotos da TAP ganham muito ou não, se os automóveis adquiridos pela Assembleia da República são de luxo ou não, etc.) O importante é atacar a rede que a aristocracia financeira lançou sobre a sociedade portuguesa no seu conjunto, auxiliada pelos lacaios político-partidários, com o objectivo de controlar de forma sanguínea todo o tecido produtivo, social e cultural do país. É esta aliança fatal que tem que ser rompida! E para isso haverá que expor publicamente os neoliberais caninos que falam indistintamente em nome do socialismo e da democracia. E haverá que reunir os profissionais sérios deste país, estejam onde estiverem, em nome de uma verdadeira restauração do regime democrático, onde a ética da transparência, da responsabilidade pública e da liberdade criativa substituam a canga autoritária do estalinismo capitalista dominante, a cobardia burocrática e a subsidio-dependência.

As administrações políticas e incompetentes da NAER, da Refer, da TAP, da CP, do Metro de Lisboa, etc., devem ser substituídas por gente séria, independente e liberta de imposições político-partidárias. As SCUT e as corrompidas parcerias público privadas devem pura e simplesmente acabar. O Serviço Nacional de Saúde deve ser mantido como um direito universal e gratuito ("tendencialmente" gratuito é um sofisma), assegurando-se ao mesmo tempo a eficiência e responsabilidade económica de todos e cada um dos seus sectores económicos e profissionais nele envolvidos (2). Os bancos têm que pagar impostos e ser vigiados, não apenas pelos governos nacionais, mas também pelo BCE e por um Fundo Monetário Europeu a criar. Têm que ser implementadas regras exigentes no domínio do tráfico de influências e das incompatibilidade deontológicas. Os cidadãos têm direito de exigir do Estado um banco público que não funcione como saco azul dos partidos no governo, nem se envolva em manobras de gangues político-financeiros, nem muito menos comprometa o dinheiro dos contribuintes e dos depositantes, em operações com produtos financeiros especulativos ou mesmo fraudulentos. Ou seja, temos que exigir a refundação da Caixa Geral de Depósitos nos termos da sua vocação original. Ao mesmo tempo, os portugueses deverão poder promover a constituição de novas cooperativas independentes de depósitos isentos de IRS e IRC, com o objectivo público bem delimitado de fazer regressar a poupança ao país.

Há toda uma agenda nova para discutir. Sobretudo depois da cimeira europeia deste fim-de-semana, de onde se espera que saia algum fumo vermelho capaz de sustar a ofensiva anglo-americana contra o euro (3), bem como a criação de uma instância de coordenação económica efectiva da zona euro. A janela de oportunidade da União Europeia pode encerrar temporariamente para obras. Mas isso significaria o colapso instantâneo da Grécia, e atrás de semelhante desastre seguir-se-iam inevitavelmente Portugal e Espanha.

Gaps in the eurozone 'football league'

By Wolfgang Münchau from the Financial Times
March 21 2010

At last we are heading towards a resolution, albeit a bad one. After weeks of pledges of political and financial support, Angela Merkel appears ready to send Greece crawling to the International Monetary Fund.

Germany cites legal reasons for its position. In past rulings, its constitutional court has interpreted the stability clauses in European law in the strictest possible sense. These rulings have left a deep impression among government officials. It is hard to say whether this argument is for real or is just an excuse not to sanction a bail-out that would be politically unpopular. It is probably a combination of the two.

I have heard suggestions that a deal may still be possible at this week's European summit, but only if everybody were to agree to Germany's gruesome agenda to reform the stability pact. That would have to include stricter rules and the dreaded exit clause, under which a country could be forced to leave the eurozone against its will. I am not holding my breath.

But either outcome will mark the beginning of the end of Europe's economic and monetary union as we know it. This is the true historical significance of Ms Merkel's decision.

While Greece faces the most acute difficulties, it is not the only member in trouble. There are at least four - Greece, Spain, Portugal and Ireland - that are probably not in a position to maintain a monetary union with Germany under current policies indefinitely. There may be several more, where the problems are not yet quite so evident. In the presence of extreme current account imbalances and a lack of bail-out or fiscal redistribution mechanisms, a monetary union among such a diverse group of countries is probably not sustainable.

A crise financeira actual decorre do rebentamento consecutivo de pelo menos quatro bolhas especulativas: a primeira delas, e a mais importante, resultou da especulação cambial promovida pelo Japão ao longo de décadas com vista a financiar as suas exportações (o chamado Yen Carry Trade), na senda da qual se montou a grande bolha imobiliária das hipotecas Subprime. Por sua vez a Goldman Sachs, com o objectivo de ultrapassar o crescimento medíocre das economias ocidentais, inventou um conjunto de produtos financeiros opacos destinados a escalar de forma piramidal o endividamento das pessoas, empresas e governos muito para além do imaginável, criando-se assim o maior buraco negro financeiro de sempre, conhecido por mercado de derivados financeiros (ou derivatives) cujo valor nocional de 684 biliões de USD (em Junho de 2008) corresponde a qualquer coisa como 10x o PIB mundial. Para este buraco se precipitaram bancos, fortunas pessoais, milhões de casas hipotecadas cujas hipotecas foram executadas pelos bancos, e agora estados inteiros, como a Islândia, e quem sabe, dentro em breve, a Irlanda, a Grécia, Espanha e Portugal. Mas os grandes colapsos que gigantescas forças tectónicas neste momento abalam ocorrerá muito provavelmente em Inglaterra e nos Estados Unidos da América. A Grécia e Portugal podem não passar, efectivamente, de manobras de diversão!

E aqui chegados volto uma vez mais a insistir no fundamental: tudo isto é resultado de uma mudança tectónica do principal eixo do poder estratégico mundial, o qual vem sofrendo uma irremediável deslocação do Ocidente para o Oriente.

In April 2009 China became Brazil’s largest trading partner, a position which, for centuries, has correctly anticipated major scissions in world leadership. Since, two hundred years ago, the United Kingdom brought an end to three centuries of Portuguese hegemony, it is only the second occasion that this has happened (the United States indeed replaced the United Kingdom at the beginning of the 1930’s as Brazil’s major trading partner) — in GEAB Nº43.

Depois do fracasso da Cimeira de Copenhaga, onde a Europa e os Estados Unidos tentaram meter todo o mundo e em particular os países emergentes dentro de uma bolha verde especulativa —manobra que foi expeditamente impedida pela China, Brasil e  Índia— era inevitável assistirmos ao rebentamento da bolha especulativa das chamadas dívidas soberanas. Tal como os cidadãos empobrecidos compraram casas sem terem condições para tal, também largas dezenas de governos em todo o mundo se entretiveram numa competição de obras públicas mais ou menos faraónicas, que agora têm que pagar, mas não podem... pois a pirâmide especulativa dos empréstimos em cadeia quebrou. Quem deve ir preso? Muita gente!

The China Brazil food bridge
By Marcos Fava Neves (chinadaily.com.cn)
Updated: 2009-08-31 18:12

Brazil has become much more important to China in the last 10 years. The flows of trade between China and Latin American countries rose from US$10 billion in 2000 to US$140 billion in 2008. Fifteen percent of Brazil's exports goes to China in 2009, up from eight percent just a year ago.

… In the coming years Brazil has an opportunity to be the most important partner to supply food and biofuels. Soybeans exports from Brazil to China grew 27 percent in 2009 from a year ago.

Na China 7% da terra arável do planeta alimenta parcialmente 22% da população mundial, com todos os graves inconvenientes que desta desproporção insustentável resultam, nomeadamente no que respeita a dois fenómenos que preocupam em extremo os chineses: a contaminação ambiental por via das quantidades astronómicas de adubos utilizados, e a desertificação provocada pelo pastoreio intensivo que levou já ao avanço catastrófico do deserto de Gobi sobre a região de Pequim. Percebe-se, pois, o valor estratégico de países como o Brasil (o maior produtor potencial de alimentos do planeta), mas também do Médio Oriente (Arábia Saudita, Iraque e Irão) e África (nomeadamente o corredor entre Angola e Moçambique) para o abastecimento de energia, matérias primas e alimentos.

Enquanto os países ocidentais têm sobretudo que regressar à economia real, destruindo sem hesitação a letal aristocracia financeira que os colocou no aperto em que estão, a China e o Brasil, acompanhados pela OPEP, têm um problema bem mais interessante pela frente: começar a dar as cartas do novo jogo de estratégia mundial.


POST SCRIPTUM

Um leitor atento e crítico deste blogue chamou a minha atenção para o crony capitalism (uma espécie de capitalismo tradicional entre nós, essencialmente baseado nas relações familiares —endogamia—, na cunha e na opacidade burocrática dos processos de gestão). Este é um problema geral do capitalismo tardio, nomeadamente na área financeira, onde se reúnem hoje os aristocratas do estalinismo capitalista que desde 1974 predomina no Ocidente (Wall Street, Clube Bielderberg, G7, Reserva Federal, Goldman Sachs, J.P. Morgan, etc.) Na realidade, temos dois problemas por atacar: o do capitalismo endogâmico, que ameaça destruir suavemente as democracias ocidentais, sob o manto protector de regimes parlamentares populistas; e o da captura do capitalismo produtivo e da liberdade criativa pela mancha corrupta e insaciável do capitalismo financeiro fraudulento, assente em modelos Ponzi de especulação e roubo, complexos e de difícil detecção, solidamente protegidos pela meia centena de paraísos fiscais na posse, entre outros, da rainha de Inglaterra. Esta espécie de tenaz é hoje o principal inimigo da liberdade e a mais poderosa ameaça à sustentabilidade das sociedades humanas. O buraco negro dos chamados derivados financeiros é o resultado tenebroso desta forma decadente de capitalismo. Se a não travarmos agora poderemos caminhar rapidamente para o colapso geral das sociedades, à semelhança do qe ocorreu na ilha da Páscoa (ler a propósito o excepcional livro de Jared Diamond, Collapse).

Há, porém, outro problema igualmente geral, do qual somos todos —pelo menos no mundo Ocidental— parcialmente responsáveis, chamado consumismo. A receita keynesiana para resolver o problema social resultante do aumento da produtividade humana (que induz a queda tendencial da taxa de lucro, a inflação, o desemprego, as crises de sobre-produção, a deterioração dos termos de troca mundial, favorecendo a exportação da economia real para os países de mão-de-obra barata, e os colapsos financeiros resultantes da especulação nos mercados) falhou. Expandir o consumo interno das sociedades levou-nos a uma crise de recursos e ambiental sem precedentes!

A minha amiga canadiana, que deu origem a este escrito, recomendou-me a leitura de um economista americano de origem norueguesa e do século 19, que muito antes da crise de 29 (aliás viria a morrer nesse ano) denunciou os perigos do que ele chamou o consumo conspícuo. Esse economista foi Thortein Veblen, e o seu mais famoso livro —Theory of the Leisure Class (1899)— deveria ser efectivamente relido por quem tencionar escrever um verdadeiro programa para a saída da presente crise do capitalismo ocidental.



NOTAS

  1. Has Germany just killed the dream of a European superstate? 

    By Ambrose Evans-Pritchard from the Telegraph

    A Greek default would alone be twice the size of the combined defaults by Argentina and Russia. Contagion across Club Med would instantly set off a second banking crisis.



    So, it is not enough for the EU to impose a fiscal squeeze of 10pc of GDP on Greece, 8pc on Spain, and 6pc on Portugal, and 5pc on France over three years, we need a dose of 1930s monetary policy as well to make sure life is Hell for everybody.

    Be that as it may, Greece's George Papandreou says his country is in the worst of both worlds, suffering IMF-style austerity without receiving IMF money - which comes cheap at around 3.25pc. So why allow his country to be used as a "guinea pig" - as he put it - by EU factions pursuing conflicting agendas?

    The IMF option has its limits too. The maximum ever lent by the Fund is 12 times quota, or €15bn for Greece, not enough to nurse the country through to June. The standard IMF cure of devaluation is blocked by euro membership. So Greece will have to sweat it out with a public debt spiralling to 135pc of GDP next year, stuck in slump with no exit route.

    The deeper truth that few care to face is that under the current EMU structure Berlin will have to do for Greece and Club Med what it has done for East Germany, pay vast subsidies for decades. Events of the last week have made it clear that no such money will ever be forthcoming.

    Let me be clear. I do not blame Greece, Ireland, Italy, or Spain for what has happened. No central bank could have tried more heroically than the Banco d'España to counter the effects of negative real interest rates, but the macro-policy error of monetary union washed over its efforts.

    Nor do I blame Germany, which generously agreed to give up the D-Mark to keep the political peace. It was the price that France demanded in exchange for tolerating reunification after the Berlin Wall came down.

    I blame the EU elites that charged ahead with this project for the wrong reasons - some cynically, mostly out of Hegelian absolutism - ignoring the economic anthropology of Europe and the rules of basic common sense. They must answer for a depression.

  2. Não deixa de ser uma ironia que no preciso momento em que Barack Obama consegue fazer aprovar a implementação do Serviço Nacional de Saúde nos Estados Unidos, em Portugal, a turma de piratas e oportunistas capitaneada pelo "socialista" José Sócrates continue alegremente a destruir o SNS criado pelo próprio PS quando ainda havia socialistas na sua direcção.

  3. ... a global monetary war has started, with Washington and London trying to defend their currencies against the new kids on the block such as the Euro and the Yuan.

    … in the coming years the Eurozone needs to create a kind of 'Rapid Financial Deployment Force', such as a European Monetary Fund, dedicated to the sole Eurozone interests. One reason being that the Eurozone can no longer trust the IMF (in Washington's hands) to respect its own interests rather than those of the Dollar. — in Eurozone needs a Economic Governance: Let's transform the Greek tragedy into the first Eurozone epic, by Franck Biancheri, Marianne Ranke-Cormier, Veronique Swinkels, Margit Reiser-Schob Newropeans.

OAM 674—25 Mar 2010 1:39

sexta-feira, março 19, 2010

Portugal 173

Depois dos PECs



Ou fazemos da cura de emagrecimento que aí vem uma oportunidade de saneamento e correcção da nossa maneira de trabalhar, imaginar e conviver, ou não faltarão tumultos e aflição por toda a parte.

Barroso: ‘No country can be expelled from euro zone’

19 March 2010 - In an interview to be broadcast ahead of an EU summit next week, European Commission President José Manuel Barroso says expelling a country from the euro zone, as suggested by German Chancellor Merkel, would be against EU treaty rules. — in EurActiv.

A Eurolândia tem uma moeda forte. Chama-se Euro. Esta nova e revolucionária divisa financeira de sucesso —a primeira das futuras moedas regionais em germinação (haverá uma moeda asiática, e outra pan-americana, pelo menos)— é, por enquanto, um euro-marco, quer dizer, uma moeda cuja robustez depende sobretudo das exportações e da saúde económico-financeira da Alemanha.

Apesar da locomotiva industrial e técnico-científica alemã continuar a precisar de estabelecer o seu "espaço vital" (Lebensraum) a Leste, a verdade é que duas devastadoras e horríveis guerras mundiais com origem na Alemanha convenceram aquele país e o continente (o reino inglês ainda não aprendeu) a optar por uma via pacífica em direcção a uma espécie de Estados Unidos da Europa. Sendo a Alemanha quem mais perderá com uma sempre possível implosão do espaço vital alargado que é a União Europeia actualmente em construção, Berlim, ou melhor Frankfurt, decidiu abrir os cordões à bolsa para financiar os mais atrasados, de Dresden a Lisboa, passando por Atenas e Madrid. O preço foi gigantesco e pesa hoje de forma visível na degradação material do estilo de vida alemão, a começar pelas cicatrizes urbanas que não param de aumentar. Pior: boa parte da poupança europeia esvaiu-se, ao longo dos últimos vinte anos, no consumismo hedonista, no narcisismo burocrático e na corrupção. A crise aguda das chamadas dívidas soberanas em países como a Islândia, Irlanda, Grécia, Portugal, Itália e Espanha, não atingiu ainda a sua fase realmente crítica. Alguns analistas falam de Junho e em todo o caso deste próximo Verão como uma prova de fogo. Veremos até lá se os PIIGs ficam ou saem da Eurolândia!

É por isto que a chanceler Angela Merckel tem vindo a dar sinais sucessivos da sua preocupação perante a leviandade com que os políticos corruptos ou simplesmente irresponsáveis de Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha parecem querer prosseguir com os banquetes orçamentais. A Alemanha tem ela própria sérios problemas económico-financeiros e sociais, tal como a França e o Reino Unido. A situação é explosiva. E o que ninguém quer é que a Grécia ou Portugal, ou sobretudo a Espanha, se transformem de repente nas cavilhas soltas de uma bomba-relógio. O endividamento público e privado que o Ocidente democrático e rico deixou crescer no meio do seu frenético consumismo está mesmo prestes a rebentar!

German Politicians Want Greece to Sell Islands, Bild Reports

 March 4 (Bloomberg) -- German politicians say Greece must sell property, companies and uninhabited islands to raise money for debt payments, the newspaper Bild  reported.

“A bankrupt party must use everything he has to make money and serve his creditors,” said Josef Schlarmann, a member of Chancellor Angela Merkel’s Christian Democratic Union, who heads a lobby representing 40,000 business owners and managers allied to the party. “Greece owns buildings, companies and several uninhabited islands, which can now be used to repay debt.”

Greece must “radically part with company shares and also sell property, for example uninhabited islands,” said Frank Schaeffler, financial expert of Germany’s Free Democratic Party.

Mas o problema dos PIIGS é ainda mais sério no Reino Unido, no Japão ou sobretudo nos Estados Unidos.

Taking On China, by Paul Krugman

March 14, 2010 — Tensions are rising over Chinese economic policy, and rightly so: China’s policy of keeping its currency, the renminbi, undervalued has become a significant drag on global economic recovery. Something must be done.

To give you a sense of the problem: Widespread complaints that China was manipulating its currency — selling renminbi and buying foreign currencies, so as to keep the renminbi weak and China’s exports artificially competitive — began around 2003. At that point China was adding about $10 billion a month to its reserves, and in 2003 it ran an overall surplus on its current account — a broad measure of the trade balance — of $46 billion. — in New York Times.

Talvez por isso os economistas ocidentais, mesmo os mais prestigiados, procurem bodes expiatórios. Erram, porém, o alvo! Quem transformou a economia mundial num gigantesco casino Dona Branca não foram os chineses, mas sim os americanos, ingleses e japoneses, arrastando para esta pirâmide Ponzi boa parte da economia mundial, e certamente todos os especuladores financeiros deste mundo.

US Wants ONLY China To Stop Using FOREX Holdings As Currency Tool, by Elaine Meinel Supkis.

For years and years, I have pointed out the dangers of JAPAN doing this.  Japan invented doing this as a means for keeping the value of the yen cheap so they could infiltrate and destroy US native industries while keeping the US locked nearly totally out of Japan’s domestic markets.  The US struggled for years to force Japan to raise the value of the yen but once Japan began its ZIRP lending coupled with an immense FOREX hoard, all attempts at making the yen ceased.

This was wrecked by China in August, 2007.  After Japan joined the US and EU in demanding China cease holding US dollars and euros, China snapped back that Japan was doing this, how dare they order China to stop doing what Japan was doing!  Japan then sneered at China, saying, ‘We can do whatever we want because we are allies of NATO countries, HAHAHA.’  China then retaliated by forcing the Japanese to pay China in yen, not dollars.  Then, China began hoarding yen and this drove up the value of the yen against the dollar and this killed the Japanese carry trade which caused all that free ZIRP Japanese credit to suddenly vanish and this is the true trigger of the banking collapse, not US homeowners defaulting on loans. - in Culture of Life News.

Apesar da crise de fundo —que deriva da exportação continuada da capacidade produtiva dos países outrora ricos do Ocidente para a China e outros países de mão de obra e moeda baratas— os países endividados, em vez de arrepiarem caminho pelo único lado possível —que é o do regresso à produção de coisas úteis, da eficiência energética, da penalização dos consumos não essenciais, da eliminação do pseudo-emprego e da moralização do serviço público e da política— prosseguem alegremente no caminho da estalinização do Capitalismo especulativo, da manutenção e reforço dum funcionalismo público desorganizado e hipertrofiado, e na especulação desenfreada, desta vez com as dívidas soberanas dos povos!

Para isto especulam com as moedas nesse casino super aquecido chamado FOREX.

A última colocação de dívida pública portuguesa (soberana) a um ano, no mercado especulativo mundial, pagará uma taxa de juro de 1,73%. Mas a taxa directora actual do BCE é de 1%, e poderá baixar! Imagine-se agora que os compradores da nossa dívida se financiam em mercados ainda mais baratos do que o do BCE, por exemplo estes:

Taxas directoras de alguns bancos centrais que seguem a chamada política ZIRP:
  • Banco do Japão = 0,1%
  • Reserva Federal (E.U.A.) = 0,25%
  • Suécia = 0,25%
  • Suíça = 0,25%
  • Banco de Inglaterra = 0,5%
  • Banco do Chile = 0,5%

O negócio não poderia ser mais apetecível, sobretudo porque os reformados, os trabalhadores produtivos e as classes médias cá estarão para pagar. Negócio melhor do que este não há nas presentes circunstâncias.

A menos que surja por aí uma revolução que estrague tudo, os bancos, os grandes grupos económicos e os especuladores a tempo inteiro não querem outra coisa. Melhor do que isto só mesmo empresas públicas privatizadas ao desbarato por governos falidos, corruptos e traidores.


OAM 672—19 Mar 2010 19:39 (última actualização: 22:43)