sábado, outubro 16, 2010

Bancarrota

Parem as autoestradas e as barragens assassinas!
in "Parcerias Públicos Privadas e Concessões, Relatório de 2009". Ministério das Finanças e da Administração Pública. Valores em milhoes de euros.
2030 é, desde o Relatório do Clube de Roma, Limits to Growth, publicado em 1972, o ano comummente aceite como o do grande colapso do actual modelo de crescimento mundial. A principal causa deste colapso civilizacional global é o declínio inexorável das reservas de petróleo barato. Sem este poderoso concentrado energético facilmente manuseável e facilmente transportável não se teria assistido ao crescimento exponencial, embora assimétrico, da população mundial, não teríamos conhecido as sociedades de consumo, não teríamos depauperado de modo tão rápido (200 anos de carvão e apenas 100 anos de petróleo) as fontes energéticas que possibilitaram a industrialização em massa das economias e a urbanização (e sub-urbanização) à escala global dos aglomerados humanos, com consequências a prazo catastróficas. Não teríamos, em suma, exaurido de forma egoísta e suicida os recursos e as condições ambientais imprescindíveis ao equilíbrio e continuidade da vida à face da Terra. Até as abelhas estão ameaçadas. Nada parece salvar-se, salvo as bactérias e os fungos!

Se olharmos para o gráfico acima, verificamos imediatamente que a nomenclatura e os piratas que tomaram de assalto a democracia portuguesa, além de vorazes, corruptos, insensíveis às questões sociais e ao sofrimento humano, são tremendamente burros!

Enquanto o resto da Europa, embora talvez demasiado tarde, acordou e prepara um conjunto de planos de emergência para diminuir a sua pegada ecológica, substituindo nomeadamente os transportes movidos a petróleo e similares por sistemas de "car-sharing" eléctricos, e pelo uso de transportes colectivos movidos também a energia eléctrica (eléctricos, trolleys e comboios)—, Portugal passou a última década a levar até ao paroxismo a política do betão — isto é, um modelo de crescimento próprio de países com burguesias fracas, incultas, corruptas e burocráticas, que dependem estruturalmente do Estado que por sua vez capturam através do financiamento ilegal dos partidos, da esquerda à direita.

A contratação das mais recentes PPPs, para a construção de autoestradas no deserto, quando o colapso financeiro mundial e o endividamento extremo de Portugal eram já uma evidência, bem como a insistência dos imbecis burocratas que vivem das memórias da Esquerda, para que se fizessem mais pontes absurdas (entre Chelas e o Barreiro), nunca se opondo frontalmente às ditas auto-estradas, com medo de perder votos, tem forçosamente que ser considerada crime. Um crime, desde logo, contra a independência do país e contra a riqueza acumulada dos portugueses que pouparam, em vez de gastar à tripa forra, endividando-se alegremente ao som das televisões e da publicidade de rua. Portugal entrou em bancarrota desde Maio deste ano e é, para todos os efeitos, um protectorado encoberto da União Europeia.

A dívida pública, isto é, contraída pela burocracia partidária que degenerou a nossa democracia e levou o pais à falência, é insustentável. Daí que a política orçamental de Portugal seja agora definida em Bruxelas, enquanto a corja partidária continua alegremente a cuspir retórica no patético parlamento em que se tornou a casa da democracia.

Do intelectual desonesto chamado Francisco Louçã (desafio-o a demonstrar-me que não é!), aos seminaristas órfãos de Estaline, passando pelos piratas do Bloco Central (os que o não são, nem  foram, têm já pouco tempo para saírem das suas tocas de cobardia), todos querem que Passos de Coelho aprove, ou no mínimo, se abstenha, na votação do documento fraudulento a que todos chamam pateticamente "orçamento de Estado". Pois bem, já disse e repito: se não chumbar, como deve e tem obrigação, a vigarice com que o Sócrates Pinto de Sousa, e o Aníbal Cavaco Silva, o querem embrulhar e despachar, será o seu suicídio político. O cantar interessado das sereias da Quadratura do Círculo e sinecuras afins, não passam de encomendas bem pagas!

O mundo poderá estar à beira de uma conflito mundial sem precedentes. Se não arrumarmos a casa a tempo e horas, seremos pura e simplesmente ocupados pela Espanha — o nosso maior credor!

Não está pois em causa coisa pequena.


POST SCRIPTUM

Plano Inclinado, 16 outubro 2010
O súbito conformismo de Medina Carreira
Quando todo o historial permitia presumir uma oposição frontal de Medina Carreira à aprovação da aldrabice a que a nomenclatura do regime insiste em chamar Orçamento de Estado, fomos hoje reiteradamente surpreendidos pela capitulação do fiscalista perante a chantagem de José Sócrates Pinto de Sousa. Ai, ai, ai que vem aí o FMI! — clama Medina Carreira. Mas não era ele mesmo que reclamava a vinda daqueles senhores para salvar o país?! E se eles não vierem, o país salva-se, continuando nas mãos da santa aliança entre Cavaco e Sócrates? A contradição é insanável. Algo de muito estranho deve ter convencido Medina Carreira a deitar ao lixo toda a sua pregação anti-sistema.


Expresso, 16 outubro 2010
A capitulação de um jornal de referência face à pressão de quem o alimenta!
Nota da Direção  do Expresso:
"O OE para 2011 é uma terrível notícia para os cidadãos e para as empresas. É a consequência lógica de anos de políticas erradas e impõe medidas duríssimas que decorrem de um estranho período de negação em que este Governo se enredou. Não obstante, chumbá-lo é dar um passo na direção do abismo, tanto no plano financeiro como no plano social. Haveria melhores alternativas ao OE, mas o tempo está infelizmente esgotado. Agora, trata-se de salvar um doente, não de fazer um simpósio. To- dos os esforços para aprovar o Orçamento não são, por isso mesmo, a favor ou contra o Governo, mas algo que se impõe a quem coloca o país em primeiro lugar. Como o Expresso defendeu desde a primeira hora."
 Das duas uma: ou o que escreve no Editorial é irracional (aprovar de olhos vendados o que não conhece, mas foi cozinhado por uma comprovada turma de aldrabões), ou acha que se não capitular desta maneira vergonhosa, vai perder o apoio da banca, do governo e dos oligopólios público-privados que se preparam para o assalto final à bolsa dos portugueses. Como é óbvio, não tenciono gastar mais um cêntimo que seja neste pasquim!

4 comentários:

Força Emergente disse...

Caro amigo

Excelente artigo, tal como tudo o que aqui costuma publicar.
Esta classe politica merece o nosso total repúdio, em conjunto com todos os apêndices que se alimentam dela.
Temos que fazer alguma coisa que incomode pelo menos esta gente.
Estamos na disposição de vir para a rua enfrentá-los nos locais em que se acoitam.
Pensamos que poderemos ter o apoio de alguma comunicação social.
Não será certamente muito de inicio mas irá certamente provocar reacções.
Se tiver ideias faça-nos chegar pelo nosso mail.
Um abraço

António Maria disse...

Sendo o vosso presidente um advogado, creio que deveriam estudar a possibilidade de levar o actual primeiro-ministro à barra dos tribunais, com duas acusações fundamentais: mentir reiteradamente ao país, e ter conduzido Portugal à bancarrota. São dois factos objectivos. A gestão danosa da riqueza públicas constitui ou deveria constituir crime público grave. O orçamento de estado para 2011 comprova a intenção de proceder a um verdadeiro assalto à pouca poupança privada existente. De ponto de vista político, está na hora de estudar e desencadear movimentos de indignação, protesto e desobediência civil sucessiva — nomeadamente entre a classe média, os pequenos e médios empresários, e entre as centenas de milhar de micro-proprietários urbanos, agrícolas e florestais deste país, cujo património e capacidade de acção produtiva se encontram seriamente ameaçados pela voragem da cleptocracia que se apropriou da democracia portuguesa. Todos os partidos com assento parlamentar são co-responsáveis pela actual crise, e como tal devem igualmente ser responsabilizados, exigindo-se, para obviar o prolongamento desta situação escandalosa, uma alteração constitucional do regime, e que traga, entre coisas, o fim da cleptocracia instalada, a clareza e simplificação das regras constitucionais, e uma clara aproximação entre eleitores e eleitos.

Força Emergente disse...

O seu comentário vai na nossa linha de pensamento e também entendemos que deveria ser possivel acusar j.socrates de crimes de natureza publica.
Já abordámos isso, mas o Sistema de Encobrimento de Politicos Corruptos, ardilosamente construído, parece que dificulta essa possibilidade.
No entanto e se houver alguma abertura, gostariamos bastante de "encurralar a besta".
A prisão seria o lugar natural para esta gente que tem devastado o erário publico.

Karocha disse...

Qual Justiça António Maria?
Estão todos mancomunados!!!