sexta-feira, dezembro 12, 2014

TAP sem dinheiro para salários

O grande estouro da TAP aproxima-se

TAP encerra rotas e vende aviões enquanto ministra das finanças pede socorro em Bruxelas

 

No BES demitiu-se o contabilista, e depois foi o que se viu. Na TAP demitiu-se há dias o diretor financeiro. Que virá a seguir a mais esta vítima do BES e do Bloco Central da Corrupção (+PCP)?

Enquanto as agências de comunicação encharcaram a imprensa e as televisões com a imagem de uma TAP apetitosa com pretendentes a salivarem do céu como verdadeiros príncipes encantados, a verdade é que a companhia viu secar as suas fontes de financiamento depois de a Troika ter terminado o financiamento disfarçado da Parpública e a torneira do BES fechar subitamente!

O modelo da TAP, cujo negócio principal está centrado na Europa não pode competir com as Low Cost (LC) sem uma profunda reestruturação que passa por concorrer efetivamente no segmento LC, pela alienação dos negócios fora do core business, e por uma racionalização drástica da empresa que implicará inevitavelmente uma diminuição do número de trabalhadores.

Não tendo sido reestruturada quando aqui nos fartámos de aconselhar, o negócio da TAP foi sendo literalmente comido pelas LC — primeiro em Faro, depois no Porto e Funchal, e finalmente em Lisboa e Ponta Delgada.

Em breve as LC usarão os Açores para se lançarem nos voos intercontinentais para várias cidades americanas: Lisboa — Ponta Delgada — Newark — Boston — Toronto — Miami — Los Angeles, etc., acabando com a sustentabilidade da SATA, que passará então a dedicar-se sobretudo aos voos inter-ilhas.

Empresas como a Alitália, Sabena e Swissair colapsaram de um dia para outro depois de arrastarem as pernas pelas secretarias do poder. Será que os sindicatos que decretaram a próxima greve da TAP saberão disto? Acreditarão que desta vez será diferente? Que mais uma vez serão socorridos pelos contribuintes depenados? Não repararam ainda que o país está mesmo falido?

Costa diz que é “extremamente perigoso” privatizar a TAP

Porquê? Explode? Não, implode!
António Costa, em vez de andar a dizer que quer um consenso pós-eleitoral, ao mesmo tempo que diz ter outra solução para a TAP, etc., porque não propõe desde já a sua solução para impedir a queda da TAP no buraco negro para que caminha? Ainda não ocorreu à sua cavidade craneana que a TAP em 2015 poderá já não existir?

Post scriptum 1

As companhias de bandeira de todo o mundo deixaram praticamente de voar para Portugal, por não poderem competir com as LC e porque Portugal deixou de ser um destino particularmente interessante para as companhias tradicionais, abraços com a dimuição imparável das suas margens de lucro. Este dado, como refere Hugo Zsolt* de Sousa num oportuno comentário a este post, coloca à TAP especiais responsabilidades. Sem uma companhia de bandeira a diáspora portuguesa (sobretudo nas Américas e em África) ficaria sem garantias de ligações aéreas ao país. Daí a cavilha da privatização a 60%, que poderá depois chegar aos 90%, na condição de a nova companhia privada ter que obrigatoriamente servir a diáspora portuguesa sempre que outras companhias não derem resposta à procura portuguesa, brasileira e africana lusófona.

TAP. Bruxelas diz que injetar dinheiros públicos em companhias aéreas é "questão delicada"

Comissária europeia responsável pela Concorrência diz que, em geral, existem "algumas possibilidades" para recapitalização de companhias aéreas, "dependendo das condições de mercado". Mas que este tipo de decisão sobre ajudas públicas é sempre delicado.

[...]

No passado mês de novembro, aquando da aprovação do relançamento do processo de privatização da TAP, Maria Luís Albuquerque afirmou, invocando as regras europeias, que o Estado não pode colocar capital na TAP e que, por isso, ou é privatizada ou "está condenada a desaparecer".

Expresso. | 13:35 Quinta feira, 11 de dezembro de 2014

TAP vende quatro aviões para preparar a privatização


A TAP está a negociar a venda e aluguer (sale and leaseback) de quatro aviões A340 e a renegociar com a banca contratos financiamento, procurando garantir uma almofada que permita "alguma tranquilidade na tesouraria", evitando a situação que em 2012 obrigou a empresa a recorrer a um empréstimo de 100 milhões de euros junto da Parpública.

"Agora estamos fazendo preventivamente [a renegociação dos contratos] com algumas hipóteses para termos algum tranquilidade de tesouraria", afirmou ontem Fernando Pinto, num encontro com jornalistas.

Económico, 10 dez 2014


António Costa. "É extremamente perigoso" privatizar a TAP


À saída da sua primeira audiência oficial com o primeiro-ministro, o secretário-geral do PS falou sobre a greve de pessoal da TAP e sublinhou que "há alternativas" à privatização da transportadora aérea nacional.

Expresso. Cristina Figueiredo | 17:25 Quinta feira, 11 de dezembro de 2014

Madeira critica TAP por suspender rota Funchal/Londres

A ligação entre Funchal e Londres será "suspensa temporariamente devido à fraca procura".

A secretária do Turismo e Transportes da Madeira criticou hoje a decisão da TAP de suspender a ligação direta entre a região e Londres, declarando não ver motivos para esta medida.

DN, 10 nov 2014

Post scriptum 2

Ler o resto deste oportuno comentário de Hugo Zsolt de Sousa a este post  (embora discorde do seu raciocínio estratégico):

“Não estivesse o país completamente absorvido nos casos judiciais actuais e a questão da TAP seria muito mais discutida de tão grave que é. O que está a acontecer começa a ser muito preocupante e o silêncio impera.  Parece que ninguém fala do facto que das empresas de bandeira que há, quase nenhuma viaja para o Porto (nem Air France, nem KLM, nem Alitalia só para falar de algumas).  Relativamente a Lisboa, voam quase todas, mas reduziram frequências.  A Alitalia nem vem. A Air France tem 4 voos no inverno, a KLM apenas 2 pasme-se.  Das grandes empresas mundiais só temos a Emirates.  Devemos ter das poucas capitais Europeias sem um voo para Atlanta.  Aliás, das empresas Norte Americanas, só mesmo a United continua a operar durante o inverno de Lisboa para NYC e nem tem um voo diário.  A Delta prefere operar rotas para Malaga ao invés de operar para Lisboa.  A importância da TAP é assim enorme. É à TAP que se deve o acesso ao nosso mercado e ao nosso país.”

*— Hugo Zsolt de Sousa é licenciado em Economia pela Universidade de Southampton, Reino Unido e com pós-graduação em economia Europeia no Colégio da Europa em Bruges, Bélgica. Trabalhou na Associação Notre Europe em Paris com Jacques Delors, ex-Presidente da Comissão Europeia e com Pascal Lamy, ex-Comissário Europeu para o Comércio. Foi conselheiro do ex-Primeiro Ministro Dinamarquês Poul Nyrup Rasmussen e é actualmente Director Residente na Mauritânia do Instituto Nacional Democrata para os Assuntos Internacionais.

Discordo da posição do Hugo Zsolt de Sousa basicamente por defender a empresa de bandeira a todo o custo, permitindo que a TAP continue a acumular alegremente um passivo insustentável.

Já não há estado para alimentar tantos erros e corrupção.

A Parpública deixou, graças à Troika, de poder fazer o financiamento escondido e ruinoso das empresas que a nomenclatura que conduziu o país à pré-bancarrota geriu sempre com os pés (e ‘bypasses’ para os seus bolsos fundos...). O BES, que era o banco oficial e o banco sombra da TAP, colapsou e está sentado no banco dos réus. Talvez a CE possa ‘in extremis’ dar uma ajuda pontual para evitar o colapso iminente da TAP — a qual, avisa a nova comissária europeia, não poderá ser repetida. Mas se assim for, a CE imporá condições drásticas. Reestruturar a TAP no prazo máximo de 3 meses será o mínimo, exigindo obviamente menos pessoal, redefinição estratégica e focalização da empresa no seu core business, e ainda um plano de viabilidade financeira fora do perímetro orçamental do estado.

Mas também pode acontecer à TAP o que aconteceu à Sabena, à Swissair ou à Alitalia...

Post anterior sobre a TAP

Atualização: 12 dez 2014, 11:02 WET

2 comentários:

Anónimo disse...

http://assuntoseuropeus.blogspot.pt/2014/12/ainda-tap-e-sua-privatizacao-gestao.html?m=1

António Maria disse...

Comentário oportuno de Hugo Zsolt, embora discorde da sua posção: defender a empresa de bandeira a todo o custo, ou seja, permitir que continue a acumular alegremente um passivo insustentável. Já não há estado para alimentar tantos erros e corrupção. A Parpública deixou, graças à Troika, de poder fazer o financiamento escondido e ruinoso das empresas que a nomenclatura que arruinou o país geriu sempre com os pés (e 'bypasses' para os seus bolsos fundos...). Talvez a CE possa 'in extremis' dar uma ajuda pontual e irreptível ao colapso iminente da TAP. Mas se assim for, fa-loà com condições: reestruturar a TAP no prazo máximo de 3 meses, será o mínimo. Mas também pode acontecer À TAP o que aconteceu à Sabena, à Swissair ou à Alitalia...