quinta-feira, agosto 23, 2018

Turismo, sim, ou não?

Livraria Lello, Porto

“Há, mas são verdes. As maduras comi-as eu.”


Porto entre os paraísos que os turistas estão a destruir
O Porto está em destaque num extenso artigo da revista alemã “Der Spiegel” intitulado “Paraísos perdidos: Como os turistas estão a destruir os locais que amam”, no qual também se lê sobre cidades como Barcelona (Espanha) e Veneza (Itália). 
A “Der Spiegel” conclui que “os residentes (...) são talvez os maiores perdedores” e em algumas cidades europeias já começam a sentir-se ameaçados pela invasão de turistas e como parecem estar a controlar tudo. Em Maiorca (Espanha) ativistas escreveram “vão para casa” em muitos locais frequentados por turistas. Em Palma até lhes atiraram excrementos de cavalo. Em Barcelona empurraram ciclistas em passeio e insultaram estrangeiros nos cafés. Na cidade de Veneza (Itália), autoproclamados piratas impediram a entrada de navios de cruzeiro no porto local. 
“O turismo é um fenómeno que gera muitos lucros privados mas também muitas perdas sociais”, defende Christian Laesser, professor de turismo na Universidade de St. Gallen, na Suíça. 
— in Jornal de Notícias, “Porto entre os paraísos que os turistas estão a destruir”

O turismo de massas modifica os lugares por onde passa, mas o fenómeno é passageiro, se o medirmos na escala temporal das cidades. Tem enormes benefícios: gera economia, trabalho, civilização e cultura, agindo como um choque de energias em cidades e lugares por vezes moribundos, como era o caso das baixas de Lisboa e Porto antes de a easyJet e a Ryanair chegarem ao nosso país.

Todos ganham (os políticos da treta, em primeiro lugar), menos quem dispõe de um bem único e não soube valorizá-lo, ou não tem, agora que o boom chegou, rendimentos suficientes para pagar as rendas que naturalmente sobem, e devem subir.

O turismo, nomeadamente sénior, veio para durar talvez até 2050, ou mesmo até ao fim deste século, pois as pessoas com mais de 65 anos compõem o único segmento demográfico em expansão a nível mundial e aquele que menos gasta no dia a dia, conseguindo no entanto dispor das poupanças necessárias para comer em restaurantes baratos e viajar... antes da grande viagem :)

Em suma, não digam baboseiras sobre o único fator que nos tirou da depressão, desde 2014: o turismo e o investimento externo na reconstrução do património degradado das cidades. Os baby boomers, por outro lado, são os grandes beneficiários dos estados sociais e dos seguros de velhice onde os haja e quem mais viaja. Aprendam a a tratá-los bem.

On The Precipice Of Secular Decline...Population, Demographics, Income, & Consumption 
Many look at global population growth as a given to greater consumption... and looking at the chart below of total global population set to hit 7.8 billion by 2020, one might be forgiven for this viewpoint.  However, the reality, when one looks into the numbers, is that growth in global consumption has ended, as I recently detailed, Investing for the “Long Run”? You May Want to Consider This.

This article explains why this population growth will no longer equate to economic or consumptive growth.

Recomendo a este propósito a leitura deste texto algo gongórico,mas que mostra um fenómeno demográfico importante, sobretudo se atendermos que a taxa de crescimento da população mundial parou de crescer em 1964. A crescimento da população continua, mas está a abrandar, sobretudo na Europa, Ásia e Américas. Na realidade, o único continente em verdadeira expansão demográfica é África. Daí que Portugal, Reino Unido, França, Bélgica, Itália devam abrir rapidamente os olhos para esta realidade, assumindo as suas responsabilidades históricas, e os seus interesses futuros, não deixando à China e aos Estados Unidos à tarefa de uma neo-colonização bem mais violenta que a nossa, que os pode beneficiar, mas que prejudicará enormemente todo o continente europeu.

Authored by Chris Hamilton via Economica blog, in Zero Hedge


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