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terça-feira, janeiro 24, 2023

Turismo, emigração e estrangeiros salvam contas de 2022

 

Duane Hanson/Gregory Crewdson: Uncanny realities
no museu Frieder Burda (vista da instalação)

Ministro da Economia antecipa receitas de 22 MM€ no turismo em 2022

“Portugal terminou o ano de 2022 com 22.000 milhões de euros, o que é absolutamente extraordinário porque, num ano, não só recuperámos aquilo que fizemos em 2019, como superámos os resultados em mais 20%”, disse o ministro da Economia e do Mar, António Costa e Silva.

Publituris


Há dias em que até eu acordo bem disposto!

Mas levando esta notícia mais a sério, diria o seguinte: o turismo é uma atividade económica como outra qualquer, com vantagens e desvantagens. 

Vantagens: 

1) é uma exportação em que os custos de exportação são suportados pelo próprios clientes; 2) a principal matéria prima é intangível: sol, mar, poucos vestígios das duas primeiras revoluções industriais, simpatia dos indígenas, paz pública (apesar da vozearia dos intelectuais e dos média) 3) tem um grande efeito multiplicador, i.e. puxa pelas outras atividades, nomeadamente nos setores da construção/requalificação de edifícios e cidades, vias e sistemas de transportes, serviços de hotelaria, restauração&bebidas, e outros propriamente turísticos, eventos culturais, serviços de saúde, etc. 4) tem tido, no nosso caso, um crescimento muito acima do crescimento do PIB; 5) olhando para leste, mas também para sul e oeste, diria que este filão está longe de esgotar-se, embora tenda a segmentar-se cada vez mais (com o setor do turismo de luxo a crescer exponencialmente).

Desvantagens:

1) gentrificação geral: cidades, campo e praias (embora, na realidade, seja meia desvantagem, pois as nossas cidades, campo e praias estavam, ou a cair aos bocados, ou muito mal cuidadas, antes do impulso turístico, fruto do miserabilismo social fascista do Salazar que a esquerda herdou muito satisfeita e prolongou até onde foi possível; 2) inflação dos custos nos setores imobiliário, comércio e serviços nos 'hotspots' turísticos (Sintra é um claro exemplo do preço da alienação turística do espaço e do património); 3) maior discriminação social no acesso ao bom que o país tem...

Dito isto, bom bom seria desenvolver em cima desta mina as nossas ciências, tecnologias e artes. Aí sim, poderíamos ser uma espécie de Califórnia da Europa. Por exemplo, especializada em novas indústrias do mar e do espaço.

Nota: o ano de 2022 foi salvo pelo turismo, mas também pelos dois milhões de emigrantes (que em 2021 enviaram para Portugal uns 3,7 mil milhões de euros) e pelo crescimento sucessivo, nos últimos sete anos, do número de estrangeiros a viver no nosso país—757 252 (SEF, 2023/1).

sábado, junho 18, 2022

As almofadas do regime

O destino Porto e Norte de Portugal nunca teve tantos turistas em abril como este ano. «É um bom presságio. A recuperação está a revelar-se rápida, tal como esperávamos”, diz Luís Pedro Martins, presidente do Turismo do Porto e Norte ao Expresso depois de ver os números do quarto mês do ano baterem 2019, até agora o melhor ano de sempre do sector—Expresso.

O regime partidário e o rotativismo eleitoral indolente que temos sobrevivem em cima de uma almofada chamada Balança do Turismo, isto é, a diferença entre o que os turistas estrangeiros deixam em Portugal e o que os turistas portugueses deixam fora do país. 

Foram 13 mil milhões de euros em 2019. Esta almofada é ainda insuflada pelos 3 mil milhões de investimentos em imobiliário no nosso país ao abrigo dos Vistos Gold. Ou seja, 16 mil milhões de euros em 2019, a que acresce ainda o superavit da emigração em 2019, de 3,1 mil milhões. Ou seja, 19,1 mil milhões de euros que entram no país, através dos saldos largamente positivos do turismo e da emigração, e do investimento imobiliário ao abrigo os Visa Gold.

Foi isto, e ainda as taxas de juro negativas e o preço médio do barril do petróleo em volta dos 56 USD (nov 2015- jan 2022), que amamentou a Geringonça, e é isto que amamenta o governo de António Costa de maioria absoluta. Ou amamentava, já que os preços da energia e a inflação vieram agora bater à porta dum país sobreendividado, gerido por ideólogos e oportunistas.

Percebe-se, assim, a indecisão sobre o buraco negro da TAP e sobre a necessidade de ampliar a capacidade aeroportuária de Lisboa e do Porto. O buraco negro da TAP está agora sob controlo de Bruxelas. Ou seja, vão mijar menos fora do penico. Resta saber quando regressará a privatização da companhia, e com quem será celebrado novo casamento. David Neeleman ainda é a minha aposta, mas para tal é preciso correr com o Costa.

PS: A alternativa bancária dos emigrantes remediados sempre foi e é a Caixa. Estes emigrantes são a maioria que, ainda hoje, trabalha e poupa para construir uma casa em Portugal, ao mesmo tempo que vai trabalhado o tempo necessário para obter uma reforma decente dos países onde dão o corpo ao manifesto. Os emigrantes mais qualificados e cosmopolitas, saídos frequentemente das classes médias, também investem no imobiliário português, mas não como opção principal. Muitos deles optaram por viver o resto das suas vidas no estrangeiro, em vários países estrangeiros até, onde frequentemente adquirem as suas casas. Em Portugal esperam herdar as casas dos pais, e visitam o país mais de uma vez por ano (coisa que a Ryanair e a Low Cost rapidamente perceberam..), para estar com a família e/ou em gozo de férias. Quando podem, e há poupança suficiente, adquirem habitações secundárias em Portugal, para uso próprio, AL, e/ou como refúgio possível para o período da reforma.


ACP/RR

quinta-feira, agosto 23, 2018

Turismo, sim, ou não?

Livraria Lello, Porto

“Há, mas são verdes. As maduras comi-as eu.”


Porto entre os paraísos que os turistas estão a destruir
O Porto está em destaque num extenso artigo da revista alemã “Der Spiegel” intitulado “Paraísos perdidos: Como os turistas estão a destruir os locais que amam”, no qual também se lê sobre cidades como Barcelona (Espanha) e Veneza (Itália). 
A “Der Spiegel” conclui que “os residentes (...) são talvez os maiores perdedores” e em algumas cidades europeias já começam a sentir-se ameaçados pela invasão de turistas e como parecem estar a controlar tudo. Em Maiorca (Espanha) ativistas escreveram “vão para casa” em muitos locais frequentados por turistas. Em Palma até lhes atiraram excrementos de cavalo. Em Barcelona empurraram ciclistas em passeio e insultaram estrangeiros nos cafés. Na cidade de Veneza (Itália), autoproclamados piratas impediram a entrada de navios de cruzeiro no porto local. 
“O turismo é um fenómeno que gera muitos lucros privados mas também muitas perdas sociais”, defende Christian Laesser, professor de turismo na Universidade de St. Gallen, na Suíça. 
— in Jornal de Notícias, “Porto entre os paraísos que os turistas estão a destruir”

O turismo de massas modifica os lugares por onde passa, mas o fenómeno é passageiro, se o medirmos na escala temporal das cidades. Tem enormes benefícios: gera economia, trabalho, civilização e cultura, agindo como um choque de energias em cidades e lugares por vezes moribundos, como era o caso das baixas de Lisboa e Porto antes de a easyJet e a Ryanair chegarem ao nosso país.

Todos ganham (os políticos da treta, em primeiro lugar), menos quem dispõe de um bem único e não soube valorizá-lo, ou não tem, agora que o boom chegou, rendimentos suficientes para pagar as rendas que naturalmente sobem, e devem subir.

O turismo, nomeadamente sénior, veio para durar talvez até 2050, ou mesmo até ao fim deste século, pois as pessoas com mais de 65 anos compõem o único segmento demográfico em expansão a nível mundial e aquele que menos gasta no dia a dia, conseguindo no entanto dispor das poupanças necessárias para comer em restaurantes baratos e viajar... antes da grande viagem :)

Em suma, não digam baboseiras sobre o único fator que nos tirou da depressão, desde 2014: o turismo e o investimento externo na reconstrução do património degradado das cidades. Os baby boomers, por outro lado, são os grandes beneficiários dos estados sociais e dos seguros de velhice onde os haja e quem mais viaja. Aprendam a a tratá-los bem.

On The Precipice Of Secular Decline...Population, Demographics, Income, & Consumption 
Many look at global population growth as a given to greater consumption... and looking at the chart below of total global population set to hit 7.8 billion by 2020, one might be forgiven for this viewpoint.  However, the reality, when one looks into the numbers, is that growth in global consumption has ended, as I recently detailed, Investing for the “Long Run”? You May Want to Consider This.

This article explains why this population growth will no longer equate to economic or consumptive growth.

Recomendo a este propósito a leitura deste texto algo gongórico,mas que mostra um fenómeno demográfico importante, sobretudo se atendermos que a taxa de crescimento da população mundial parou de crescer em 1964. A crescimento da população continua, mas está a abrandar, sobretudo na Europa, Ásia e Américas. Na realidade, o único continente em verdadeira expansão demográfica é África. Daí que Portugal, Reino Unido, França, Bélgica, Itália devam abrir rapidamente os olhos para esta realidade, assumindo as suas responsabilidades históricas, e os seus interesses futuros, não deixando à China e aos Estados Unidos à tarefa de uma neo-colonização bem mais violenta que a nossa, que os pode beneficiar, mas que prejudicará enormemente todo o continente europeu.

Authored by Chris Hamilton via Economica blog, in Zero Hedge


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terça-feira, maio 16, 2017

A propaganda do crescimento

Trading Demographics

Os ventos sopram a favor da Geringonça até 2018...


Desde que a Geringonça apareceu, fui dizendo (nomeadamente num programa de televisão entretanto extinto—Política Sueca) que a mesma beneficiava de uma conjuntura nacional (fim do momento mais áspero da austeridade) e internacional (queda dos preços do petróleo, crise na Síria e no Médio Oriente, e crise na União Europeia) favorável. Que António Costa, a Geringonça e o cesarismo bicéfalo instalado na sequência da derrota do PSD e da substituição de Cavaco Silva, tinham possibilidades objetivas e subjetivas de fazer um, ou até dois mandatos. Também sublinhei várias vezes que ou o PCP e o Bloco aproveitavam rapidamente o início da legislatura para forçarem uma coligação a sério, ou seriam forçados a engolir, com o tempo, todos os sapos que António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa lhes servissem numa bandeja de encómios.

Dito isto, o crescimento homólogo do primeiro trimestre de 2017 (2,8%), que aliás se vê no turismo, nas exportações e no boom de requalificação e especulação urbanas em curso, sendo de saudar (e também fruto de uma austeridade de esquerda evidente) pode não passar duma euforia temporária. O temporário pode, no entanto, durar até 2018 ou mesmo 2019.

Por outro lado, se olharmos para as tendências de médio-longo prazo,, a situação portuguesa continua a ser muito frágil. Basta reparar no gráfico do crescimento anual do país desde 1996 (Trading Economics), e na média desse crescimento (1,2%), ou nos valores (130%) e preço da dívida pública (3,33%), ou na relação entre as taxas de juro de referência do BCE (0%) e a inflação em Portugal (2%), ou na balança comercial (-821 milhões de euros), para percebermos que o comentador presidente tem razão: não é preciso embandeirar em arco. Nem muito menos ir atrás dos parasitas do orçamento.

POST SCRIPTUM

Como me referiu um amigo atento, e li no ECO, Dinheiro Vivo, e Jornal Económico, as receitas líquidas do Turismo em 2016 subiram para 12,6 mil milhões de euros. Por sua vez, as despesas dos portugueses no estrangeiro andaram pelos 3,82 mil milhões, no mesmo ano. Ou seja, as receitas líquidas geradas pelo turismo em 2016 devem ter rondado 8,78 mil milhões. Por comparação, no mesmo ano de 2016, a despesa pública em Educação foi da ordem dos 6 mil milhões, e o serviço da dívida pública custou cerca de 8,4 mil milhões. Já em termos líquidos, o aumento da receita do turismo terá sido da ordem dos 1,2 mil milhões de euros.

Por sua vez, no imobiliário, o investimento externo disparou para cerca de 4 mil milhões de euros em 2016 (3,3 em 2015). A subida foi, portanto, da ordem dos 1,1 mil milhões de euros.

Somando imobiliário e turismo (embora não saiba se posso fazer esta soma tão simplesmente) o montante é da ordem dos 16,6 mil milhões de euros.

Já no que se refere ao saldo da balança comercial, embora tenha melhorado, continua negativo e acima dos 900 milhões euros.

À pergunta sobre o que realmente contribuiu para o desempenho favorável da economia portuguesa em 2014, 2015 e 2016, e sobretudo para o otimismo que reina nalguns setores da sociedade desde 2015, a resposta é clara: foi o investimento externo. E este deve-se, em primeiro lugar, à conjuntura decorrente da queda dos preços do petróleo, e da disputa pelo fornecimento de gás natural à Europa entre a Rússia e vários paises do Médio Oriente. Os governos portugueses, de Pedro Passos Coelho, como de António Costa, tiverem nesta matéria um comportamento comum, procurando atrair pessoas e capitais para um país que, como sabemos, foi completamente descapitalizado pela estupidez e pela corrupção indígenas.

TURISMO UM CASO DE ESTUDO

“O Turismo de Portugal está a incentivar a parceria financeira entre o sistema público e a indústria privada de turismo. Eu gostaria muito de ouvir que isto acontece nos outros países e que é comum, mas não é, e Portugal mostra que é possível.” Dinheiro Vivo, 19/05/2017
O seu a seu dono, e neste caso chama-se Adolfo Mesquita Nunes, do governo 'da direita', de Passos Coelho e Paulo Portas. Cometeram um erro: deveriam ter anunciado o fim da austeridade e das medidas mais gravosas da mesma na campanha eleitoral que lhes retirou a maioria absoluta. A recuperação económica já tinha começado, nomeadamente nas exportações, no turismo e no investimento externo. Lembram-se dos Vistos Gold?


Atualizado em 19 maio 2017 08:20 WET

quarta-feira, julho 22, 2015

Porque cresce o turismo em Portugal e Espanha?

Photo: ruispotter.blogspot.com

O mérito dos políticos, neste caso, é nulo


Há oito causas essenciais para o crescimento do turismo em Portugal e Espanha, muito acima das suas economias, e nenhuma delas é mérito dos governos e políticos de turno, nem da sua propaganda:
  1. a queda do preço do petróleo;
  2. a queda continuada das taxas de juro;
  3. as guerras que assolam praticamente todos os destinos turísticos do Mediterrâneo oriental e os países do Magrebe; 
  4. o avanço das companhias aéreas Low Cost na Europa; 
  5. o aumento exponencial da emigração em Portugal e Espanha; 
  6. a deflação, que torna as estadias economicamente mais convenientes;
  7. o impacto da austeridade europeia e mundial nos bolsos dos viajantes (a Ásia e o Pacífico ficam mais longe);
  8. and last but not least, o colapso da Grécia :(

Aviso

A economia do turismo só não é sazonal e sujeita a contingências como as crises na Tunísia, Síria, Líbano, Egito, Turquia ou Grécia, se os países que recebem turistas forem económica e culturalmente fortes e diversificados, e não assentarem em regimes extrativos, nomenclaturas rentistas, estados devoristas e burocráticos, nem em setores económicos protegidos pelo corporativismo e pela corrupção político-partidária. Capiche?

Prova disto mesmo: a queda abrupta do turismo na Grécia ( Forget  Greece, We're Going to Spain, by Henrique Almeida, Maria Tadeo and Elco Van Groningen. Bloomberg Business, July 3, 2015)

terça-feira, janeiro 20, 2015

O boom turístico

Governantes e autarcas, a mesma casta de oportunistas


"Os dados [...] revelados pelo INE [Instituto Nacional de Estatística] confirmam que 2014 foi o melhor ano de sempre do turismo em Portugal, com crescimentos superiores a 10% face ao ano recorde, quer se considere o número de dormidas, o número de hóspedes ou os proveitos da hotelaria. E confirmam que estamos a crescer mais do triplo de Espanha em termos de dormidas", afirmou Adolfo Mesquita Nunes à agência Lusa, numa declaração escrita.

in Diário de Notícias, 19 jan 2015

O 'boom' turístico, ao contrário da ridícula polémica entretanto estalada em volta dos números do INE, não é mérito, nem do governo, nem dos autarcas, pois ocorreu exatamente o mesmo em Portugal, Espanha e Grécia. 

O mérito da coisa tem antes origem na austeridade geral que atravessa a Europa (menos dinheiro para viajar para longe e menos dinheiro para gastar), na instabilidade política dos destinos atingidos pela Primavera Árabe, incluindo a Turquia, no 'value for money' proporcionado pelas viagens aéreas Low Cost, no custo de vida atrativo dos países atingidos mais duramente pela crise (Portugal, Espanha, Grécia,...) e, finalmente, no aumento muito acentuado das migrações no interior da Europa. 

Os mais de 800 mil portugueses que emigraram desde 2008, somados ao resto da diáspora portuguesa, fizeram obviamente uma grande diferença no trânsito de passageiros pelos aeroportos de Lisboa e Porto. Escusam, pois, os imprestáveis políticos que temos de tentar sacar votos à custa do mérito alheio, e sobretudo, à custa das dificuldades de centenas de milhar de compatriotas que fazem pela vida fora de um país há demasiado tempo dominado por corruptos, incompetentes e indigentes de toda a espécie!

quarta-feira, junho 04, 2014

Turismo até quando?



Enquanto o devorismo fiscal permitir...


Os utilizadores do TripAdvisor, megaportal internacional de viagens, voltaram a distinguir Lisboa pela hospitalidade e pelos preços. No estudo Cities Survey by TripAdvisor, em que participaram "mais de 54 mil pessoas", a capital portuguesa mantém-se no top 3 das categorias que analisam os "cidadãos prestáveis" e a relação qualidade-preço.

A cidade — a única no país que foi sujeita a análise — já liderou, noutras edições, esta última categoria mas, desta vez, foi ultrapassada por Budapeste, ficando em 2.º lugar, logo seguida de Hanói (Vietname). No campo da simpatia, continua a ser a capital europeia mais considerada pelos turistas, já que, tendo conquistado o 3.º lugar mundial, só é ultrapassada pela Cidade do Cabo (2.ª) e Tóquio (1.ª) — in Público, 29/5/2014.

Enquanto o terrorismo fiscal não invadir as nossas casas com os sindicalistas, perdão, juízes do Tribunal Constitucional à frente, o turismo formal e informal será uma válvula de escape para a nossa espoliada economia — espoliada em grande parte pelos bansksters, rendeiros, devoristas e burocratas que capturaram o regime. E será, sobretudo, uma escapatória ao desemprego estrutural que só muito lentamente será superado à escala global.

Mas se não acabarmos rapidamente com o Tribunal Constitucional, transformando-o numa secção do Supremo Tribunal de Justiça, que por algum motivo se chama Supremo, através duma revisão constitucional, claro, o virus destrutivo que tomou conta do aparelho de estado acabará por lançar Portugal num caos parecido com muito do que vemos diariamente nas televisões e nas redes sociais em países e cleptocracias cujos povos se deixarem perder ao permitirem que as suas insttuições públicas se transformassem em covis de endogamia, nepotismo, ladroagem e descarada impunidade.

Que diz a menina constitucionalista do PS à ideia de acabar com o invasivo e incompetente TC? Já leu o parecer do seu colega Vital Moreira?

Recordemo-lo:

“Ultra vires”
A decisão do Tribunal Constitucional sobre a inconstitucionalidade da redução de remunerações na função pública -- de novo baseada num princípio e não em nenhuma norma constitucional -- levanta novamente a questão dos limites da justiça constitucional, ou seja, da sua fronteira com a esfera da política.

Ora, a “repartição dos encargos públicos” pertence seguramente ao núcleo duro da política, sendo justamente um dos principais fatores da distinção entre visões e propostas políticas alternativas. Ressalvados os casos-limite de manifesta iniquidade, é de questionar a interferência do juiz constitucional na limitação da incontornável discrionariedade política nessa matéria. Nem tudo o que é politicamente censurável é inconstitucional. À política o que releva sobretudo da política.

Vital Moreira

domingo, abril 13, 2014

Douro Azul aponta o caminho

Amavida, navio da Douro Azul


Novo paradigma de crescimento é uma questão de vida ou de morte deste regime


Aos Estaleiros de Viana do Castelo
Douro Azul quer encomendar 4 navios no valor de 100M€
Transportes, 11-04-2014.


A Douro Azul pretende encomendar quatro navios-hotel, no valor de 100 milhões de euros aos Estaleiros de Viana do Castelo. O presidente da Douro Azul, Mário Ferreira, revelou hoje à Lusa que a encomenda será oficializada assim que o financiamento estiver garantido, o que deve ficar definido na próxima semana, após a aprovação de um banco com o qual negociou.
O cliente é o Grupo Viking Cruises que tem sede operacional em Basileia, na Suíça, e que opera essencialmente, nas bacias do Reno e do Danúbio, mas também no Nilo, no Volga e nos grandes rios da China. Mário Ferreira terá referido, relativamente ao seu cliente, que vai “fazer o trabalho de entregar, chave na mão, um navio para o estrangeiro, é esse serviço que eles querem. Por isso é que me encomendam a mim e não ao estaleiro, senão teriam de fazer toda a gestão do processo”.

É por aqui. O Estado deve sair de onde só empata, e deve reforçar a sua ação onde é preciso: infraestruturas essenciais, proteção social e dos recursos, saúde, justiça, supervisão financeira, defesa e segurança, e diplomacia. O resto da atividade deve ser libertada da influência predadora, ineficiente e autoritária da santa aliança entre burocracias, rendeiros e devoristas que tomou de assalto o regime e o conduziu à bancarrota. Ou conseguimos aproveitar esta crise para limpar a democracia dos seus parasitas, ou em breve não haverá democracia. Só não percebo porque continua a faltar uma esquerda capaz de defender e promover esta via de sustentabilidade e de liberdade.

Precisamos de um estado solidário, mas não paternalista, nem despesista, nem sobretudo ao serviço da sufocante baba burocrática que entupiu o país.

Precisamos de eficiência energética imediata, pois não só temos uma das energias mais caras da Europa (cortesia da EDP e da corja rendeira e devorista do regime), como a intensidade energética da nossa economia é absolutamente insustentável e terá efeitos catastróficos no quadro do cada vez mais visível pico petrolífero, se não mudarmos imediatamente de agulha do atual transporte rodoviário baseado em combustíveis líquidos, no betão e no betume asfáltico, para o transporte elétrico, por ferrovia ou em trolleys, em todas as distâncias até 800Km, ou seja, no transporte internacional, intercidades, urbano e suburbano.

A fusão da Refer com a Estradas de Portugal é uma tentativa rasca de continuar a alimentar o lóbi das PPP rodoviárias, do betão, do asfalto, dos automóveis e da GALP, procurando esconder através de uma nova empresa pública, de apoio aos rendeiros do regime, dívidas escandalosas e crimes sem castigo e, pasme-se, desviar fundos comunitários para onde a UE disse e reiterou que não haveria mais fundos comunitários: as autoestradas.

Precisamos de regressar à produção de alimentos criando as condições legais propícias a uma agro-indústria dinâmica e de base orgânica, mas também a novas formas avançadas de agricultura familiar e comunitária, ao mesmo tempo que devemos exigir novas condições favoráveis à recuperação das pescas e da produção de alimentos oriundos do mar e dos rios sob rigorosos regimes de proteção ambiental e sustentabilidade, cuja definição deverá contar com a sabedoria e coragem dos nossos técnicos e políticos nas instâncias comunitárias e internacionais.

Precisamos de reindustrializar o país, mas sabendo à partida que uma nova industrialização só será possível se assentar em novos paradigmas de sustentabilidade energética e ambiental e em novos modelos estratégicos de financiamento, fiscalidade, produção, comercialização e consumo de bens e serviços. O Business as usual morreu!

Ao contrário do embuste da bolha verde especulativa, que o atual ministro do ambiente promove alegremente, o nosso problema fundamental não é climático, nem se resolve com novas barragens, mas é, sim, um problema de eficiência energética, que exige a redução imediata da escandalosa intensidade energética da nossa economia. Temos que nos preparar para o crescimento zero, ou entre 0 e 2%, pois a alternativa, se andarmos mal, será crescimento negativo, deflação, e depois, crises catastróficas de hiperinflação.

A propósito do futuro que temos pela frente, recomendo este excelente post, do qual replico este trecho sintomático...

Estimate of future energy production by author. Historical data based on BP adjusted to IEA groupings.

Oil Limits and Climate Change – How They Fit Together
Our Finite World, Posted on April 11, 2014

The Likely Effect of Oil Limits

The likely effect of oil limits–one way or the other–is to bring down the economy, and because of this bring an end to pretty much all carbon emissions (not just oil) very quickly. There are several ways this could happen:

High oil prices – we saw what these could do in 2008.  They nearly sank the financial system. If they return, central banks have already done most of what they can to “fix” the situation. They are likely to be short of ammunition the next time around.

Low oil prices – this is the current problem. Oil companies are cutting back on new expenditures because they cannot make money on a cash flow basis on shale plays and on other new oil drilling. Oil companies can’t just keep adding debt, so they are doing less investment. I talked about this in Beginning of the End? Oil Companies Cut Back on Spending. Less oil means either a rebound in prices or not enough oil produced to go around. Either way, we are likely to see massive recession and falling world GDP.

Huge credit problems, such as happened in 2008, only worse. Oil drilling would stop within a few years, because oil prices would drop too low, and stay too low, without lots of credit to prop up prices of commodities of all types.

Rapidly rising interest rates, as QE reaches its limits. (QE for the United States was put in place at the time of the 2008 crisis, and has been continued since then.) Rising interest rates lead to higher needed tax rates and high monthly payments for homes and cars. The current QE-induced bubble in stock, land, and home prices is also likely to break, sending prices down again.

End of globalization, as countries form new alliances, such as Russia-China-Iran. The US is making false claims that we can get along without some parts of the world, because we have so much natural gas and oil. This is nonsense. Once groups of countries start pulling in opposite directions, the countries that have been using a disproportionate share of oil (particularly Europe, the United States, and Japan) will find themselves in deep trouble.

Electric grid failures, because subsidies for renewables leave companies that sell fossil-fuel powered electricity with too little profit. The current payment system for renewables needs to be fixed to be fair to companies that generate electricity using fossil fuels. We cannot operate our economy on renewables alone, in part, because the quantity is far too small. Creation of new renewables and maintenance of such renewables is also fossil fuel dependent.

If any of these scenarios takes place and snowballs to a collapse of today’s economy, I expect that a rapid decline in fossil fuel consumption of all kinds will take place. This decline is likely to be more rapid than modeled in the RCP2.6 Scenario. The RCP2.6 Scenario assumes that anthropogenic carbon emissions will still be at 84% of 2010 levels in 2030. In comparison, my expectation (Figure 3, below) is that fossil fuel use (and thus anthropogenic carbon emissions) will be at a little less than 40% of 2010 levels in 2030.

Summary global average surface temperature change exhibit from new IPCC Report.

quinta-feira, março 27, 2014

Turismo agradece às Low Cost

A TAP que todos pagamos perde mercado dia a dia.

Turismo cresce, mas não graças aos burocratas e rendeiros indígenas!

Se a TAP não fosse uma 'mala diplomática', há muito que teria sido reestruturada, e teríamos hoje uma TAP Europa, low cost, focada no espaço da União Europeia, norte de África e Médio Oriente.

Crescimento da ocupação hoteleira em Lisboa vai ser o maior da Europa em 2015

Em 2014, Lisboa fica-se pelo terceiro lugar na taxa de crescimento da ocupação hoteleira, sendo ultrapassada por cidades como Edimburgo e Milão

A capital portuguesa vai ter um crescimento de 2,7% na ocupação hoteleira no próximo ano, sendo a cidade europeia com um acréscimo mais visível, revela um estudo da PricewaterhouseCoopers (PwC) apresentado hoje em Lisboa.

Susana Benjamim, uma das autoras da investigação, explicou à agência Lusa que “as novas rotas aéreas de Lisboa para cidades europeias, nomeadamente da easyJet, Ryanair e TAP, conjugadas com toda a visibilidade” do turismo nacional, estão por detrás deste aumento. i online

A prolongada crise no norte de África e Médio Oriente, a queda dos preços e dos salários em Portugal, o efeito das companhias de aviação low cost, e a alteração da lei do arrendamento, tudo junto, trouxeram um boom de turismo a Portugal, com especial destaque para as cidades servidas por serviços aéreos low cost (Lisboa e Porto). Não fora isto, a par do aumento das exportações e das remessas dos portugueses forçados a emigrar, e a nossa tragédia teria sido bem pior. Esta mitigação objetiva da crise mantém, curiosamente, o inútil PS longe de um regresso apressado ao poder.

As low cost, a par do Skype, dois exemplos de adaptação tecnológica e de gestão à crise de recursos, aproximam os portugueses que emigram, ou simplesmente alargam o seu espaço de atividade, como nunca ocorreu na nossa longa história de emigração.

As low cost, mas também o modernizado aeroporto Sá Carneiro, ao qual falta, ainda, instalar instrumentos de apoio à aproximação mais segura das aeronaves e um taxiway decente (atenção Vinci aos capatazes locais), aproximam os negócios e melhoraram francamente a internacionalização da economia nacional.

Basta ver o dinamismo renovado do Porto-Norte desde que os seus empresários viajam semanalmente para Milão, Bruxelas, Londres, Paris, etc., sem depender duma morosa viagem até Lisboa, e sem a travagem devorista e rendeira da TAP e outras empresas do regime corrupto e falido que temos (CP, etc...)

A não reestruturação atempada da TAP e a demora criminosa da sua privatização, total ou parcial, são duas ocorrências politicamente determinadas por um regime corrupto que tem que ser mudado rapidamente. Ao contrário do que dizem os caricatos propagandistas de serviço da TAP, a empresa tem vindo a perder competitividade dia a dia, tem uma frota envelhecida, está sobre endividada, e sobrevive à custa de transferências orçamentais por baixo da mesa, a que Bruxelas, e sobretudo a Alemanha tem fechado os olhos, até ao dia em que decidirem aplicar um golpe de coelho a esta 'mala diplomática' com asas.

REFERÊNCIAS
  • Vueling liga Porto a Barcelona, Bruxelas e Paris a partir de Abril - 26/03/2014, 11:44 | Jornal de Negócios 
  • Low cost da Air Canada chega a Lisboa a partir de Junho [de 2014] - 29/01/2014, 19:13 | Público
ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO: 27/3/2014, 11:48 WET

domingo, fevereiro 16, 2014

Where Europeans go on vacation, once they leave their country - Quartz

Turismo: da fantasia à realidade


Enquanto a grande porca do orçamento e os porcos, porquinhos e leitões continuam viciados no leite grátis que sai das tetas fiscais que asfixiam milhões de portugueses e conspiram novos embustes para roubar os euros da comunidade destinados ao progresso do país —distribuindo ciosamente o mal pelas aldeias da nomenclatura corrupta e indolente que desgraçou Portugal—, ora em nome do mar, ora em nome do turismo, e sempre, sempre, em nome da lenga lenga mentirosa da criação de empregos, a realidade, essa, entra pelos olhos dentro de quem quiser vê-la.

Por exemplo, o mapa recentemente publicado por um estudo da União Europeia prova à saciedade que a única medida estratégica em matéria de transportes que Portugal precisa urgentemente de encetar é a recuperação da sua ferrovia, para mercadorias e para passageiros. Uma ferrovia que não existe, que tem que ser erguida quase do zero, para ligar em rede capilar todas as capitais de distrito do país entre si, e a rede, por sua vez, a Espanha-França-Itália, etc.

Criação de emprego? Aqui sim, há uma oportunidade de criação de emprego sustentável e durável. Portugueses, acordem e sacudam do vosso bolso a sarna que vem devorando a vossa carne e que se aproxima perigosamente dos vossos ossos!

O turismo europeu move-se assim, e não como anunciam as carraças indígenas
Many people’s dream vacations involve travel to distant, exotic lands. But the reality is that most people take their holidays close to home. Europeans, for example, tend not to stray very far, generally seeking out the nearest sunny spot at home or in the near abroad.

A new survey by the European Commission found that EU residents generally stay in their home country during their time off—57% of people in the EU last year took a trip within their own country. More than 80% of Greeks, Croatians, and Italians took time off close to home in 2013, while Maltese, Belgians, and Luxembourgers were much more keen to go abroad, with fewer than 30% reporting that they took a domestic holiday last year. 

Where Europeans go on vacation, once they leave their country - Quartz

domingo, setembro 04, 2011

Menos burocracia, e mais emprego!

Aposto no IVA a 25% em 2012!


Vejam como da Europa se vê a Alta Velocidade em Portugal!


Palpita-me que teremos o IVA principal a 25% a partir de Abril de 2012. Talvez com novas medidas de protecção aos mais pobres, mas sem por isso deixar de por os cabelos da classe média em pé, e de enfurecer ainda mais a nomenclatura até agora refastelada nos sofás do orçamento.

Os cortes na despesa vão doer e agitar as corporações e a nomenclatura, que aliás já criaram uma Frente Popular (presidida por Mário Soares e Cavaco Silva) contra o actual governo de estrangeirados (pensam os dois, mas ainda não dizem...)

A verdadeira solução, porém, está em compensar o desemprego público que aí vem, com a criação de novos empregos de iniciativa pública e novos apoios à infância (regresso do abono de família, cheque-nascimento, etc.) Os novos empregos criados directamente pelo Estado, com carácter temporário, deverão ser expressamente destinados à realização de tarefas úteis ao país que exijam, por natureza, o uso de mão-de-obra e massa cinzenta intensivas — preparando-se assim o país para o período pós-crise.


Toyota Prius, adoptado pela polícia de trânsito de Nova Iorque. O Estado e as autarquias devem dar o exemplo...


Seis áreas de crescimento potencial (imediato) do emprego:
  1. turismo urbano (não toquem na competitividade das nossas tascas!) 
  2. requalificação nacional da floresta, reaproximação urbana ao cultivo familiar e comunal de alimentos e criação dum forte sector agrícola orientado para a produção orgânica
  3. requalificação e sustentabilidade urbanas (eficiência energética)
  4. lançamento da nova rede nacional ferroviária de bitola europeia 
  5. formação, certificação e exportação de competências no sector da construção civil e militar.
  6. criação de uma indústria marítima ligeira de tecnologia intensiva

A este tipo de acção responsável e estratégica dos governos, Minsky chamou Employer of Last Resort — ou seja, um Estado como Empregador de Último Recurso. Os governos deixaram de poder desempenhar como antes a função de para-quedas financeiro de último recurso (pois também estão falidos, como todos nós). Ou seja, é preciso emagrecer a burocracia (e calar com argumentos certeiros a Esquerda Empalhada) para criar, de facto, o novo emprego produtivo que permitirá o país sair da crise (não sem antes engavetar, claro está, alguns piratas).

A despesa em percentagem do PIB irá diminuir todos os anos, até passar de 50,6% em 2010 para 43,5 em 2015”, adiantou [Passos Coelho] 
Perante a insistência dos jornalistas sobre se ainda há margem para numa situação excepcional agravar a carga fiscal, Passos Coelho assegurou que, perante um país “tão cansado e tão extenuado com os aumentos” que já ocorreram, não lhe iriam “arrancar a ideia de que se calhar ainda vamos ter que aumentar mais impostos” — Jornal de Negócios.

A despesa pública total era nos EUA, em 1950, de 14,3% do GNP, 23,8% em 1975, e 39,97% do GDP em 2010. Em Portugal, o governo gastou em 2010, por baixo, 46% (ou 50,6%, segundo Passos de Coelho) da riqueza produzida dentro do país (PIB)

É esta tendência, detectada por Hyman Minsky, que tem que ser corrigida e não pode continuar a agravar-se, pelo simples facto de ter dado origem a um facto novo na história económica: uma epidemia de Dívidas Soberanas que poderá atirar o Ocidente para um movimento de empobrecimento caótico, muito perigoso do ponto de vista social e político.


ÚLTIMA ACTUALIZAÇÃO: 05 SET 2011 10:45

sábado, janeiro 08, 2011

Carris de Lisboa odeia turistas

Eléctrico 28. Foto @ Marcelo Almeida (LINK)
Um país de salteadores

Os bilhetes de Eléctrico comprados ao condutor subiram de 1,20€ para 2,50€. Ou seja, uma ida-e-volta entre o Cais do Sodré e a Graça fica mais cara (5€) do que uma ida-e-volta entre a Graça e a Praia de Carcavelos num BMW. Que tal exportar o Pinóquio Sócrates e os administradores da Carris para a Sibéria?

Deve ser assim que o autarca António Costa quer menos carros na cidade!

Alguém me disse, entretanto, para ter calma, porque "este preço é apenas praticado na tarifa de bordo. Os turistas provocam atrasos gigantes por comprarem os bilhetes a bordo. Nos pré-comprados os preços não diferem dos restantes meios da Carris".

O dinheiro dos turistas é, porém, melhor do que o nosso (na sua maioria importado e emprestado), porque é uma exportação de serviços sem sair de casa. Como tal, devemos atrai-lo com carinho e sabedoria, não com taxas de inflação anuais superiores a 100%. Seja como for, os outros bilhetes terão subido 15%, muito acima da inflação... Mas não foram reduzidas, que saibamos, algumas despesas muito desnecessárias, com comissários políticos e outra criadagem de luxo :(

E já agora, terá o Alegre ou algum dos demais colegas de hemiciclo comprado algum dos novos, verdes e extraordinários bilhetes pré-comprados da Carris, da CP ou do Metro? Um por cada meio de transporte, claro! Experimentem alçar o traseiro dos Mercedes que vos oferecemos, e provem, nem que seja por um dia, a realidade inconcebível da vossa administração!

Por fim: será constitucional criar um regime de excepção para o bilhete comprado a bordo com dinheiro, impondo-lhe um regime criminoso de hiperinflação? Quem disse que um estado, mesmo falhado, pode penalizar desta forma o dinheiro vivo? Quem disse que um estado, mesmo falhado, pode exigir dum viajante ocasional, por exemplo vindo do Porto, ou de Barcelona, que pague por adiantado viagens que não irá fazer? Ou mesmo que as venha a fazer, quem disse que um estado, mesmo falhado, como o nosso manifestamente é, pode forçar os cidadãos a fazerem compras antecipadas de títulos de transporte, sob pena de, se se atreverem a comprar um bilhete a bordo, lhes espetarem com uma tarifa assassina?

Não sei, em suma, com que sonham os advogados desempregados. Há tanto que fazer, para endireitar este falhado país!