Carlos Moedas vence Autárquicas em Lisboa Foto: ? |
A bipolarização criada pelo perdedor António Costa (atrelando o PS à Geringonça—uma espécie de Frente Popular pós-moderna) começou a virar, como previ a tempo, em direção à maioria sociológica do país, reafirmando, felizmente, o poder das forças empresariais, profissionais e intelectuais que nos deram a independência e a conservaram ao longo dos séculos. É tempo de manter rédea curta nas burocracias palacianas e dos novos velhos do Restelo (representados pela gerontocracia do PCP e do PS).
Não deixa de ser uma ironia constatar como o filho dum comunista, balbuciando ainda a retórica da Política, devolve a capital do país ao espírito liberal que fez de Portugal o primeiro país burguês da história da humanidade.
Quer na liberal Porto, quer em Lisboa, onde em 1383 se fez uma revolução decisiva, vêm aí “novos tempos” (Carlos Moedas). Oxalá!
PS: o rapazola dos Porsches ficou com menos um adversário na sua corrida para colocar a nova geração ‘socialista’ aos comandos do PS.
Morte da Geringonça e sucessão de Costa
António Costa esperava francamente mais de André Ventura. Esperava, sem nunca o dizer (claro!) que o Chega socavasse ainda mais a base eleitoral d PCP, mas sobretudo a do PSD. O seu sinistro desígnio falhou. No entanto, o Chega continuará a subir nas intenções de voto, pois os estragos sociais e económicos causados ao país por décadas de corrupção, burocracia e paternalismo partidário (com responsabilidades repartidas pelo chamado arco da governação, o qual abrangeu também ao PCP) são de tal monta que o horizonte de dor social não desaparecerá tão cedo. Piorará, certamente, se a vitória de Moedas em Lisboa, a par da conquista/manutenção das principais cidades do país (Lisboa, Porto, Cascais, Oeiras, Maia Funchal, Ponta Delgada, etc.) pelas forças liberais, não se traduzir no início de uma verdadeira dinâmica revolucionária pela liberdade económica, pela racionalidade política, pela transparência dos processos e por uma real igualdade de oportunidades e justiça social.
Jerónimo!
Jerónimo de Sousa é uma espécie de Salazar comunista. Também este caiu da cadeira, metaforicamente, claro. Resta saber se na queda arrastará o PCP para o Nada! Jerónimo acredita piamente que depois dele virá o dilúvio. Compete agora aos jovens comunistas fazerem a sua prova de vida. Depois de perderem Beja, Almada, Loures e Santarém, e praticamente todo o resto do Alentejo para o PS, PSD e Chega (Évora cairá nas próximas eleições...), a vida dos comunistas não será fácil de hoje em diante. Já não existem nas ilhas. Não existem nas principais áreas urbanas do país. Em breve perderão também os seus sindicatos. É tempo de lhes retirar o excesso de microfones e holofotes da falida comunicação social que temos.
Bloco à deriva
O Bloco comprovou nestas eleições o falhanço redondo da estratégia trotskista tardia do senhor Louçã. A ideia dele (desde 1973) era convencer o PS a ser finalmente um partido socialista decente. Não deixa de ser extraordinário constatar como esta criatura conseguiu gastar toda uma vida para conseguir parir apenas o Pedro Nuno Santos e uma frente popular pós-moderna desmiolada, arrogante e sem futuro. Tempo de retirar os tachos e os postos de propaganda mediática privilegiados que foram oferecidos a esta força partidária a caminho da sua eterna condição de seita intelectual oportunista.
PS, um partido provinciano com um distribuidor de esmolas em Lisboa
Chega?
A proximidade ao Vox de Espanha não ajuda nada André Ventura... No eleitorado urbano das cidades grandes, médias (por exemplo, Braga) e mesmo pequenas (por exemplo, Viana) o discurso extremista não pega, como não pegou o da extrema-esquerda, a qual, apesar do re-branding (querem um país 'decente', dizem), está em declínio inexorável. Até porque o futuro PS, de Pedro Nuno Santos, agregará boa parte dos temas da agenda do Bloco e ambientalistas. A subida dos extremos será sempre sinal de que algo não vai bem no nosso país... Curiosamente, o PCP, alimentado pela sua nova Juventude Comunista, essencialmente urbana e até cosmopolita, poderá renascer das cinzas—depois da saída do Jerónimo de Sousa.
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