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quinta-feira, novembro 13, 2014

No Barreiro?!



Cheira-me que o esturro tem nome: Parpública!


Quando é que o ministro das taxas e taxinhas acorda e chama a si a pasta dos transportes, em vez de continuar a permitir ao Sérgio das PPP que continue a fazer fretes, neste caso... à Parpública?

Adaptado de um email chegado à nossa caixa de correio:

...o Barreiro e a Trafaria não são opções alternativas do mesmo campeonato.

A primeira opção é entre um terminal de contentores de águas profundas, permitindo a concorrência com o Terminal XXI de Sines (se houver interessados, se crê que haverá) e um terminalzeco para pequenos calados.

No 1º caso, a alternativa ao Terminal XXI poderá ser, ou a Cova do Vapor/Trafaria, no estuário do Tejo, ou o futuro Terminal Vasco da Gama, em Sines, se a APSines resolver o problema do monopólio da PSA.

No 2º caso, tratando-se de um "pequeno" terminal, orientado para servir a Grande Lisboal, região que já dispõe de 2 bons terminais na margem direita do Tejo, ambos ampliáveis, como se viu na sessão do passado dia 4 na OE (e que contou com a sábia deserção do SET Sérgio Monteiro, para não ser confrontado com a realidade, o que é uma forma inédita de ouvir a sociedade civil), já existe o porto de Setúbal, que tem boas acessibilidades rodo e ferroviária, para servir toda a península de Setúbal.

O Barreiro tem, de facto, dois problemas sérios para resolver: o desemprego e os terrenos da Quimiparque/Parpública. Mas estes problemas, por mais sérios (desemprego no Barreio), ou obscuros (buraco criado pelo regime na Parpública) que sejam, não se devem resolver carregando ainda mais no lombo dos contribuintes.

O estender da bitola europeia do Poceirão até ao Barreiro seria extremamente fácil e barato de fazer, e permitiria ressuscitar o Grupo Oficinal do Barreiro, fazendo aí a manutenção e a adaptação do material circulante da nova bitola, em vez de ter de o fazer em Espanha. 

Mas, como já percebemos, o Poceirão-Caia ainda não entrou na mente do Sérgio Monteiro, que não parece pertencer ao mesmo Governo que lançou o "Compromisso Verde", onde consta claramente a prioridade para a ferrovia nos transportes de médio e longo curso.

E como não temos ministro da economia, mas apenas um ventríloquo de Paulo Portas, vamos mesmo ter que esperar pela nova maioria, seja ela qual for, para regressar a este tema.

Quanto aos 20 e tal mil milhões de euros do QREN 2014-2020, único investimento externo que poderemos ambicionar nos próximos tempos, esperemos, em suma, que seja mesmo Bruxelas a dizer para e como vai a massa. Pois dos indígenas já sabemos o que esperar: estado central e autarquias semi insolventes, bancos e capitalistas rendeiros sobre endividados, ou seja, sem capital e com ações a rastejar nos cêntimos, e uma cleptocracia partidária e neocorporativa em guerra civil pelos últimos orçamentos públicos de miséria e cardumes de carapaus que se avistam no horizonte comunitário.

Quem fala de crescimento não sabe do que fala, mas lá que anda à caça de votos, anda!

sábado, maio 10, 2014

E agora, Caparica?

Caparica sem areia é o resultado do populismo desmiolado dos partidos

Os autarcas exigem areia, centenas de milhões de euros de areia, para tapar décadas de gestão danosa do território. E também querem encalhar navios no lodo do Barreiro! Que tal sentar governantes e autarcas no banco dos réus?


Eventual terminal de contentores no Barreiro pode chegar aos 14 metros de calado
- Cargo News, 07.05.2014

Não é novidade que o Governo estuda a hipótese de instalar o novo terminal de contentores da Área Metropolitana de Lisboa no Barreiro. Carlos Humberto, presidente da Câmara do Barreiro, afirmou que os estudos demonstram que o Barreiro pode receber um terminal para barcos com 14 metros de calado, referindo que o projecto pode impulsionar novas ligações rodoviárias na região.

O autarca do Barreiro disse que a hipótese Barreiro é, neste momento, a única que está a ser estudada na Área Metropolitana de Lisboa para receber o novo terminal de contentores, apesar de salientar que a decisão final é do Governo.

Ouvimos a autarca de Almada aos gritos contra um investimento de centenas de milhões de euros que o governo queria aplicar na Trafaria, concelho que chefiou por encargo do PCP durante vinte seis anos. O terminal de contentores para navios de grande porte e calado foi assim rejeitado em nome duns surfistas e da manipulação partidária comunista, para quem crescimento económico e desenvolvimento são, no fundo, ameaças evidentes à sua religião sem Deus.

Há muitos anos que se vem defendendo o fecho da Golada (1) como obra de grande impacto na pacificação do estuário do Tejo, com benefícios claros tanto para a margem sul, como para a margem norte do rio. Só fechando a Golada, isto é, só unindo o Farol do Bugio à Cova do Vapor, construindo um dique, e já agora um Terminal de Contentores de águas profundas que crie emprego na zona, se garante a proteção da Caparica — e não só dos surfistas!

Em vez de discutirmos seriamente esta questão de fundo, temos mais uma montagem mediática eleitoral promovida pelo PCP e um seu autarca. Desta vez, lançaram um balão de ar quente, mas sem neurónios, sobre o terminal de contentores que o Barreiro poderia receber, já que não se fez a tão famosa quanto idiota TTT Chelas-Barreiro.

Querem meter Lisboa na Rua da Betesga. O tique é bem indígena e bem antigo. Revela, como sempre revelou, o paroquialismo caciqueiro de boa parte da nossa indigente classe política. O povo, por sua vez, é analfabeto funcional, vê telenovelas, futebol e 'reality shows' e, de vez em quando, como o cão de Pavlov, é despertado por um sininho, e vai votar. Menos mal que o país está nas mãos dos credores!

Para os curiosos, cito e adapto livremente um email recebido sobre a desmiolada ideia de construir um terminal de águas profundas no charco do Barreiro.

Levar para o Barreiro grandes navios - com mais de 200 m de comprimento, 50 m de boca e 15 m de calado - através dum canal com 60 metros de largura e 7 a 8 de fundo, mesmo dragando para garantir que os navios não encalhem, é problemático. Por outro lado, se estiverem apenas em causa pequenos navios, ninguém ali investirá os largos milhões de euros necessários ao novo terminal de que Lisboa precisa.

Duvido que algum comandante meta um navio de grande porte num canal pouco mais largo do que boca do navio, mesmo dragado mais meio metro abaixo da quilha, em direção a um cais sem área suficiente para manobar com rebocadores à popa e à proa do navio.

Nenhum armador estará disposto a deslocar grandes navios nas águas paradas do Barreiro - preia mar -, e não irá certamente fazê-lo a meia altura de água, com correntes fortes de través, canal abaixo. As inúmeras horas de sobre-estadia aguardando o momento das marés... desencorajarão qualquer armador.

Quanto às questões das dragagens, só sei que sempre que fui responsável pelo terminal da Matinha, para os petroleiros, a SOPONATA gastava mensalmente largos milhares de contos (já lá vão largas décadads) em dragagens do canal que lhe dava acesso, rio acima.

O material dragado, por sua vez, era composto de lodos na sua maior parte altamente contaminados, e já então de difícil remoção, destruição e depósito. Não faço ideia quantos milhões de m3 seria preciso remover para alargar e aprofundar o canal e a área de manobra no Barreiro; mas que não são areias, não são não senhor...

Resumindo: a área do porto de Lisboa precisa de ser enriquecida com um terminal para grandes navios.

Penso, porém, que não há opção mais viável e com menores custos, monetários e ambientais, do que fazer o novo terminal sobre a Golada reposta.

O local permite amplo espaço para manobra dos grandes navios, águas profundas e muito menores custos de tempo de estadia e consumo nas suas movimentações.

E é tudo o que sei.

JFS

NOTAS
  1. «A Ampliação do Terminal de Contentores em Alcântara». Artigo da autoria do Sr. Eng. José Manuel Cerejeira, publicado na Revista de Marinha. anmpa, 2008.10.2

    A Revista de Marinha, na sua Edição 946 de Outubro/Novembro de 2008, traz um artigo sobre a Ampliação do Terminal de Contentores, obra que foi apresentada à sociedade sem ser precedida de qualquer discussão pública nem de estudo técnico que a fundamente, e, ainda por cima, ao arrepio dos Planos Estratégicos de evolução para o Porto de Lisboa, quer o elaborado em 1990/1992, quer, mais recentemente, o de 2006/2007.

    Agradecemos ao Sr. Cte Lobo Fialho, Digmo. Editor e Director da Revista de Marinha a autorização concedida para fazer eco deste excelente artigo no nosso site.

    Leia também a Nota da Direcção da ANMPN - "Lisboa Emparedada" que se segue à reprodução do artigo do Sr. Eng. José Manuel Cerejeira, onde se dá conta das diferentes intervenções que têm vindo a ser efectuadas na frente ribeirinha de Lisboa, limitando e condicionado cada vez mais o acesso da cidade ao rio que lhe deu a alma.

    [...]

    O FECHO DA GOLADA COMO GARANTE DA VIDA FUTURA DO PORTO DE LISBOA

    Em Agosto de 1990 (1), A. Conceição Rodrigues, Presidente da Administração do Porto de Lisboa nessa época, escreveu “...definiram-se linhas de força de progresso do Porto de Lisboa num documento que constitui o seu 1º Plano Estratégico de Desenvolvimento (1990/1992). Dessas linhas de força avulta como essencial a que diz respeito ao fecho da Golada do Bugio, obra que, com toda a determinação, se terá que levar a cabo, por ser a mais importante deste século como garante da vida futura do porto de Lisboa”.

    Nesse sentido, para a melhoria das condições de acesso marítimo ao porto através do Canal da Barra Sul e poder permitir receber, sem restrições, os navios porta-contentores da 4ª geração, a APL havia contratado serviços especializados de engenharia, cuja responsabilidade e coordenação estiveram a cargo da HP - Hidrotécnica Portuguesa e tiveram intervenções fundamentais do LNEC - Laboratório Nacional de Engenharia Civil e do IH - Instituto Hidrográfico.

    Dos estudos realizados (2), que envolveram ensaios em modelos físico e matemático, concluiu-se, em síntese o seguinte:

    1—Que o canal de navegação deveria ter a cota de fundo de -16,0m (ZH) e a largura de rasto de 300m.

    2—Que entre 1939 e 1985 foram acumulados na vertente Norte do banco do Bugio cerca de 35 milhões de metros cúbicos de areia, o que se traduziu no avanço dessa vertente para norte de cerca de 700m; que durante o mesmo período, a extremidade Sul do Cachopo Norte designada por Cabeça de Pato avançou perto de 800m para Sul, assoreando constantemente o Canal da Barra Sul (figura 1).

    3—Que, para combater o agravamento do assoreamento devido, principalmente, ao avanço para Sul da Cabeça de Pato, deveria ser realizada a obra do fecho da Golada, por meio de um dique de areia ligando a Cova do Vapor ao Bugio, para o que seriam aproveitadas, em grande parte, as areias provenientes da dragagem de abertura do referido canal (figura 2).

    4—Que, além da vantagem anterior, a execução dessa obra teria ainda outras igualmente valiosas, nomeadamente as seguintes:

    • A redução da agitação marítima na margem direita do rio e, consequentemente, a melhoria do comportamento das obras de protecção marginal existentes e do custo de outras, a realizar;
    • A melhoria das condições de exploração das instalações portuárias existentes e da concretização futura de outras;
    • O robustecimento da faixa do areal da praia da Caparica;
    • A protecção natural do Farol do Bugio.


    Atualizado: 10/5/2014 11:28 WET