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Draghi é dragão, o símbolo máximo do poder na China. Capice? |
O euro venceu a sua primeira grande batalha
Mario Draghi: “Give a different composition to this fiscal consolidation!”
A intervenção de Mario Draghi em Davos, além do reconhecimento de uma batalha ganha contra quem quis destruir a moeda única europeia, e foram muitos, é antes de mais uma pauta completa para o que aí vem: continuação dos processos de consolidação das contas nacionais na zona euro, união bancária através da instituição de um único regulador e de um único supervisor bancário (atenção ao AQR —Asset Quality Review— banquinhos indígenas...), e deslocação do esforço da austeridade, dos cortes, da recessão e do desemprego jovem para o emagrecimento dos estados e a retoma do investimento em infraestruturas de acordo com os programas estratégicos comunitários e não segundo as prioridades dos rendeiros que prejudicam o crescimento saudável. Os bancos em demasiado mau estado deixarão de contar com dinheiro público e irão por água abaixo. Ponto final.
Vale a pena ouvir toda a entrevista (ver coluna à direita/ ou esta
nota do Zero Hedge), mas sobretudo estes pouco mais de cinco minutos: 8'10''-14'50''.
Já agora, ainda a propósito da falência completa do cenário de resposta à crise, supostamente alternativo, montado no partido que conduziu o país à bancarrota, o PS, aqui vai uma sugestão de leitura igualmente instrutiva, da qual concluo o seguinte:
— a austeridade, que na realidade corresponde a uma desvalorização interna da moeda, está a ser aplicada em Portugal para diminuir o peso astronómico das dívidas, recorrendo a 3 dos 7 cenários sucintamente descritos por Philipp Bagus. É esta a combinação da AUSTERIDADE PORTUGUESA: 2+4+5.
O resto é ruído de araras para entreter o povo.
2. Default on Entitlements. Governments can improve their financial positions by simply not fulfilling their promises. Governments may, for instance, drastically cut public pensions, social security and unemployment benefits to eliminate deficits and pay down accumulated debts. Many entitlements, that people have planned upon, will prove to be worthless.
[...]
4. Financial Repression. Another way to get out of the debt trap is financial repression. Financial repression is a way of channeling more funds to the government thereby facilitating public debt liquidation. Financial repression may consist of legislation making investment alternatives less attractive or more directly in regulation inducing investors to buy government bonds. Together with real growth and spending cuts, financial repression may work to actually reduce government debt loads.
5. Pay Off Debt. The problem of overindebtedness can also be solved through fiscal measures. The idea is to eliminate debts of governments and recapitalize banks through taxation. By reducing overindebtedness, the need for the central bank to keep interest low and to continue printing money is alleviated. The currency could be put on a sounder base again. To achieve this purpose, the government expropriates wealth on a massive scale to pay back government debts. The government simply increases existing tax rates or may employ one-time confiscatory expropriations of wealth. It uses these receipts to pay down its debts and recapitalize banks. Indeed the IMF has recently proposed a one-time 10-percent wealth tax in Europe in order to reduce the high levels of public debts. Large scale cuts in spending could also be employed to pay off debts. After WWII, the US managed to reduce its debt-to-GDP ratio from 130 percent in 1946 to 80 percent in 1952. However, it seems unlikely that such a debt reduction through spending cuts could work again. This time the US does not stand at the end of a successful war. Government spending was cut in half from $118 billion in 1945 to $58 billion in 1947, mostly through cuts in military spending. Similar spending cuts today do not seem likely without leading to massive political resistance and bankruptcies of overindebted agents depending on government spending.
“How the Paper Money Experiment Will End”. Philipp Bagus, Mises Daily, December 13, 2013.
POST SCRIPTUM
O meu sentimento face a 2014 é oscilante e parecido com o dos mercados, ou seja, um misto de otimismo reservado e de ansiedade pelo que poderá acontecer se a inércia partidária das democracias populistas europeias continuar a resistir à necessária racionalização e transparência das instituições, e continuar a preferir o fascismo fiscal e a repressão social da juventude a um renascimento da economia. O mundo terá que aprender a viver com crescimentos médios na ordem dos 1-2%, sem que tal signifique perda de qualidade de vida mas antes o início de uma nova era de equilíbrio e criatividade, como lhe chama David Hackett Fischer em
The Great Wave—Price Revolution and the Rhythm of History. De momento, porém, parece que estamos todos numa corrida de lémures em direção ao precipício: buraco negro dos derivados tóxicos, explosão de bolhas especulativas por toda a parte, falsificação sistemática dos balanços e das estatísticas, endividamento público insustentável, colapso empresarial maciço, por efeito da repressão do crédito bancário, desemprego em massa, perda generalizada de rendimentos, sobretudo entre as classes médias, sobre-exploração do trabalho intelectual e criativo, guerras vicariantes (
proxy wars) pelos recursos naturais em declínio, capitalismo de estado e reforço das guardas pretorianas dos regimes. O futuro imediato não parece brilhante.
Última atualização: 26/1/2014 11:20 WET