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sexta-feira, janeiro 13, 2017

Rendimento Básico Incondicional, já!

Robot pelo Rendimento Básico Incondicional - WEF16

Quem diria...


Lembram-se quando, em fevereiro de 2016, mencionei no programa da RTP3, Política Sueca, a necessidade de um Rendimento Básico Incondicional para atacar de frente a deterioração do Estado Social? Pois vejam lá, ontem, dia 12 de janeiro de 2017, os deputados europeus reclamaram isto mesmo!

Meps Want 'Free Cash' To Address Job-Killer Robots Threat 
By Jorge Valero | EurActiv.com  
Pre-Davos report calls for reforming capitalism to survive global backlash. 
A World Economic Forum study warns that democracy is in “deeper crisis” and champions more ‘inclusive’ growth, amid growing inequality fuelled by technological disruption.
The mood will be rather gloomy (again) this year when at least 50 heads of state and government and hundreds of business leaders meet next week (17-20 January) in Davos Switzerland.

MEPs want ‘free cash’ to address job-killer robots threat 
By Jorge Valero | EurActiv.com 
EU legislators today (12 January) called for a universal basic income to combat the looming risk of job loss by the onward march of robots, as well as concerns about European welfare systems. 
Technological progress is no longer seen as safe path toward prosperity. A new generation of robots and the development of artificial intelligence may improve how we manufacture goods or how we spend our leisure time. 
But this new wave of intelligent gadgets and autonomous robots could also destroy thousands of jobs without creating new ones in the same proportion, warned a non-legislative report adopted by the European Parliament’s Legal Affairs Committee (JURI).
The development of robotics and AI has raised “concerns about the future of employment, the viability of social welfare and security systems” and, ultimately, is “creating the potential for increased inequality in the distribution of wealth and influence”. 
MEPs have, as a result, told member states that a universal basic income should be “seriously considered”.

Para seguir o debate pelo Rendimento Básico, que outros chamam de Cidadania, aqui vai um link útil.

sexta-feira, fevereiro 19, 2016

Que tal um QE for the People?



Rendimento Básico Incondicional (RBI)


Experiências multiplicam-se na Holanda, Finlândia, Índia, Namíbia e Canadá. E em Portugal?

Em vez de um estado social falido, hipócrita, assistencial, prepotente e que humilha os cidadãos, precisamos de uma cidadania responsável que contemple o rendimento básico incondicional (RBI) como um ponto de partida realista para a cada vez urgente reforma social.

Em vez de derreter milhões de milhões de euros no sistema bancário e especulativo e nas burocracias insaciáveis. que tal criar e entregar diretamente o dinheiro às pessoas? Que tal um Quantitative Easing for the People — como propõe, ainda que com uma distorção burocrática indesejável no modo de implementação, Jeremy Corbyn, o novo líder trabalhista inglês?

Can the ECB create money for a universal basic income? 
Guest post by Teemu Muhonen, originally posted on taloussanomat.fi
Translation by Petri Flander, in BIEN—Basic Income  Earth Network 
[extract] 
The ECB to the rescue 
In recent years, the European Central Bank (ECB) has tried to support the eurozone’s lagging inflation through “quantitative easing” (QE), a measure used by other central banks as well. The ECB has been buying securities from institutional investors such as banks, using large amounts of fresh money. 
So far, national economies have not responded as hoped: despite the increase in the value of securities, consumer prices have stagnated. 
Last year the leader of the British Labour Party Jeremy Corbyn promoted the idea of ​​”People’s QE” in which the Bank of England would channel money directly to citizens, not banks. 
The proposal received wide support, and many people believe the ECB should follow suit. Even former IMF chief economist Olivier Blanchard praised the idea. 
The expression that Corbyn used is misleading, however, because in his proposal the money is not channeled directly to the public, but to government, which then uses it to stimulate the economy through infrastructure projects and other measures. 
Another model was suggested by a group of 19 economists, who signed a letter published in the Financial Times (FT) in March last year. They proposed that the money should be given directly to citizens of the eurozone countries. The idea was to use ECB money to give 175 euros per month to each citizen for 19 months. 
Economist Milton Friedman once called this kind of payments “helicopter money”: it is as if the money is just thrown at people from the sky, with no strings attached. 
Effectively, what the FT letter proposed was a eurozone-wide unconditional basic income paid by the ECB.

sábado, fevereiro 27, 2010

Portugal 166



Mudar de paradigma

Financial Crisis: What if Carnage Is Structural, Not Cyclical?
February 21, 2010
Michael Panzner

Throughout the financial crisis, policymakers have focused on keeping things afloat until the storm passes. They've spent vast sums of taxpayer funds trying to jumpstart growth until the economy is back on track. They've encouraged people to keep the faith until businesses start hiring again.

But what happens if all those "untils" turn out to be wide of the mark? What if the carnage we've experienced so far is structural, not cyclical? If that's the case, then Americans are going to find that instead of experiencing better times ahead, they are going to be much worse off than they were -- or are. — in Seeking Alpha.

A Revolução Industrial tirou e continua a tirar dos campos (agora sobretudo na Ásia) milhares de milhões de agricultores e camponeses, provocando o aparecimento de uma malha cada vez mais densa de sociedades urbanas por todo o planeta. A invenção dos aparelhos mecânicos e electromecânicos, movidos a água, vapor, electricidade, ou por efeito da explosão de gases comprimidos, alimentado-se todos eles de energia maioritariamente oriunda do carvão, petróleo, gás natural, barragens (e mais recentemente, do álcool, do biogás, do vento e do Sol) conduziu a um aumento exponencial da produtividade, nomeadamente no crítico sector da produção e segurança alimentares. O regresso a uma agricultura baseada no esforço físico humano e em animais de transporte, carga e tracção, parece-nos hoje impensável. Só mesmo no quadro de um esgotamento irremediável das fontes energéticas abundantes que o homem vem utilizando intensamente e transformando desde finais do século 18, poderíamos antever a perspectiva enigmática de um tal retrocesso.

Mas este mesmo avanço tecnológico, com os sempre almejados ganhos de produtividade que marcaram simultaneamente a evolução das máquinas e das formas de organização do trabalho industrial, a par da procura de uma maior proximidade das matérias primas e de contingentes de mão-de-obra assalariada socialmente menos exigente e mais barata, conduziu-nos, porém, a uma nova vaga de desertificação profissional — desta vez, nas cidades, e sobretudo nas imensas cinturas industriais que foram crescendo como cogumelos e rizomas em toda a Europa, nos Estados Unidos e em outras partes do mundo. A crise social daqui resultante provocou, a partir do início da década de 70 do século passado, o crescimento de uma vasta burocracia letrada, associada a um crescimento exponencial do sector de serviços, por sua vez envolvido na expansão e diversificação do consumo. O consumo cultural e os sistemas de bem-estar social, onde predominam as áreas da educação, saúde e protecção social (na doença, no desemprego e na velhice), fizeram dos serviços públicos e privados o grande herdeiro, em termos de emprego e crescimento, das economias camponesa e industrial.

The Long-Term Employment Bust
Feb 18, 2010
David P. Goldman

High levels of unemployment may last indefinitely. A number of economists (including this writer) have been warning about permanent joblessness, and the idea is now seeping into popular magazines.

More than 8 million American jobs were lost since 2007, based on the most recent revision of the overall job count of U.S. establishments. But that is not the worst of it, because the establishment survey fails to capture smaller businesses and the self-employed. By the Bureau of Labor Statistics’ broadest measure of unemployment, including the forced part-time workers and so-called discouraged workers, the unemployment rate rose to 17 percent from 8 percent before the recession. — in First Things.

Os agricultores, camponeses e pescadores transformaram-se em patrões de indústria e operários, e estes, no ciclo seguinte, em especuladores financeiros, burocratas (funcionários públicos e operadores de serviços), e consumidores (cinéfilos, turistas, etc.) A transformação subsequente, que começou na década de 1980 e atinge agora uma fase de aceleração dramática, levou já a um novo e espectacular aumento da produtividade tecnológica do trabalho, com a consequente libertação de energia humana.

Até agora, este tipo de libertação social do trabalho deu origem a períodos dramáticos de desemprego, a que se seguiram períodos de criação em larga escala de novas formas de trabalho humano tecnologicamente assistido, e melhores condições de vida. A prova disto mesmo é o crescimento demográfico e o aumento da esperança de vida dos humanos ao longo de todo o século 20, apesar das mortíferas guerras que, por outro lado, caracterizaram a economia industrial ao longo dos últimos 200 anos — na sequência das revoluções políticas, sociais e tecnológicas desencadeadas pela criação dos Estados Unidos da América (1776), pela Revolução Francesa (1789) e pela invenção da máquina a vapor (1790.)

Até ao aparecimento e disseminação do computador pessoal (início da década de 1980) e da Internet (início da década de 1990) a humanidade concentrou-se sobretudo na evolução e expansão das suas capacidades físicas de transformação material da realidade, de mobilidade e de projecção de forças. As tecnologias resultantes da imaginação científica e da criatividade narrativa e formal serviram pois para modelar um super-homem essencialmente metálico. Esta evolução teve, porém, várias consequências desastrosas: exaustão de recursos naturais não renováveis; destruição progressiva de ecossistemas essenciais à manutenção da vida terrestre (que, sabemos hoje, é em si mesma um grande organismo simbiótico); e transformação do animal humano num consumidor insaciável de bens que cada vez menos produz directamente e sobre os quais foi perdendo o direito de propriedade (o crédito universal tornou-se no mais invasivo, pernicioso e eficaz estratagema de expropriação maciça dos povos.)

Os cenários sombrios que prevêem o prolongamento da civilização humana através de um paradigma radicalmente novo e inesperado —a eliminação programada de uma parte substancial da humanidade— derivam das próprias projecções económicas do esgotamento dos modelos de sociedade baseados no trabalho humano. Uma debulhadora mecânica expulsa o camponês dos campos, tal como o robô expulsa o operário da fábrica, tal como os computadores em rede dispensarão progressivamente boa parte dos burocratas, médicos e enfermeiros, professores e investigadores actuais.

Ao exteriorizarmos em máquinas e redes interactivas crescentemente sofisticadas a realização dos movimentos físicos, transformações e operações mentais necessários aos sistemas de suporte de vida adequados à nossa espécie e ao respectivo estado cultural, ficamos basicamente com tempo livre que, no Capitalismo conhecido, ninguém quer comprar! Dito doutro modo: um número reduzido de humanos poderá, num futuro próximo (30 a 100 anos), concentrar nas suas mãos o controlo neural, à escala planetária, da totalidade dos meios de produção e das regras de sociedade.

Que se fará então do tempo humano disponível, mesmo tendo em conta que a seguir ao actual pico demográfico se seguirá uma contração brutal do número de humanos à face da Terra? O ajustamento demográfico, nomeadamente em nome de novos e radicais patamares de sustentabilidade  —como prevê a chamada Teoria de Olduvai— que preço terá?

 
Dados referentes aos EUA.

Enquanto a lógica do Capitalismo assentou no crescimento do PIB mundial —para o que foi necessário inventar a globalização e virtualização dos mercados financeiros, e a liberalização do comércio mundial—, ocorreu um fenómeno curioso: os países mais ricos começaram a crescer sobretudo pelo lado do consumo (e do endividamento), à medida que os países mais pobres cresciam por importação dos modelos produtivos e de exploração do trabalho humano entretanto esgotados nos países mais desenvolvidos, fazendo a sua própria transição económica (da agricultura para indústria, e desta para os serviços...) A deterioração das balanças comerciais entre consumidores e produtores foi crescendo silenciosamente ao longo dos últimos 40 anos, até atingir o actual ponto de ruptura. Quando a China exige —como acaba de exigir— a transferência de patentes, de marcas, de conhecimento e da própria investigação, para o seu território, em troca do prolongamento da aquisição maciça da dívida americana, e assistimos, por outro lado, ao esvaziamento da gigantesca bolha de endividamento privado e público dos Estados Unidos, Canadá e Europa, percebe-se facilmente que, muito possivelmente, a civilização humana se encontra à beira de uma dramática mudança de paradigma.

US Companies Required to move Research Centers to China
Feb 18, 2010 01:14 AM
Howard Richman

On January 29, nineteen trade groups including the U.S. Chamber of Commerce and the National Association of Manufacturers sent a letter to U.S. Government officials about China's new requirement that they move their research and development centers to China as a condition for doing business with the Chinese government. — in Seeking Alpha.

A expansão do conhecimento, combinada com uma desmaterialização progressiva dos processos de felicidade e a concentração/expropriação radical da propriedade privada, permite antever uma redução em massa dos activos humanos improdutivos e economicamente insuportáveis — não necessariamente através do extermínio violento das populações, mas antes recorrendo a processos indirectos e suaves de redução demográfica selectiva. A automação inteligente dos processos produtivos levada ao extremo dispensará boa parte da mão de obra humana actual. Mantê-la apenas como destino final da produção foi o modelo experimentado ao longo dos últimos 40 anos. Os limites deste modelo, chamado erradamente pós-industrial, estão agora à vista, sobretudo pela evidência da destruição de recursos e alterações nocivas aos equilíbrios ambientais do planeta que causou.

The End of Work

In 1995, Rifkin contended that worldwide unemployment would increase as information technology eliminates tens of millions of jobs in the manufacturing, agricultural and service sectors. He traced the devastating impact of automation on blue-collar, retail and wholesale employees. While a small elite of corporate managers and knowledge workers reap the benefits of the high-tech world economy, the American middle class continues to shrink and the workplace becomes ever more stressful. — in Wikipedia.

A indecisão que actualmente paralisa governos, partidos políticos e decisores em geral —bem à vista, por exemplo, na incapacidade revelada pelos directórios da União Europeia na resolução do problema do endividamento soberano de países como a Grécia, Irlanda, Espanha e Portugal — é a prova provada de que o que está em causa não é uma qualquer crise cíclica do Capitalismo, mas uma verdadeira avaria sistémica deste modo de exploração. O simples facto de a 26 de Fevereiro não termos ainda em Portugal um Orçamento de Estado aprovado, nem se vislumbrar o que vai ser o famoso Programa de Estabilidade e Crescimento, mostra até que ponto vai a impotência e o medo populista dos principais protagonistas do exausto regime político que temos desde 1975. Os decisores financeiros e políticos meteram, pura e simplesmente, a cabeça debaixo da areia, e esperam que a crise passe. Mas não vai passar. Ou não vai passar sem a adopção de medidas extremas. Ou irá levar duas décadas a atenuar o impacto destruidor do buraco negro criado pelo mercado de derivados financeiros — o qual tem um valor nocional equivalente a 4x a riqueza total produzida no mundo, e 9x o PIB mundial. Quando esta e a próxima década tiverem passado, o mundo será certamente outro.

Em 1516 Tomás Moro escreveu a Utopia, num mundo que iniciava então profundas mudanças tecnológicas, económicas, sociais e culturais. Todos sabemos o que lhe custou o silêncio perante as dúvidas e interrogações insistentes de Henrique VIII. Mas pouco saberão, ou se lembrarão, que o personagem chave de um dos principais tratados da modernidade (a par da Divina Comédia, de Dante, e do Elogio da Loucura, de Erasmo de Roterdão) é um viajante lusitano, de nome Raphael Hythlodaeus. Como era costume à época (1), os sub-textos eram frequentemente tão ou mais importantes do que os textos. No caso, Utopia significa simultaneamente um não-lugar (Οὐτοπία) e um lugar afortunado (Εὐτοπία), ao passo que o nome do viajante português —culto no Latim, mas excelso na língua Grega—, por sua vez, mistura o apelido Hythlodaeus —que em grego [Υθλοδαιος] significa pessoa que diz coisas sem sentido (2)— com o nome Raphael, que na tradição hebraica é o mensageiro de Deus, e significa literalmente "Deus cura". Esta ambiguidade permite uma multiplicidade de derivas e interpretações de uma obra que é sobretudo uma crítica da Política, na sua dupla face, pragmática e populista. "Deus fala por linhas tortas" é uma maneira de afirmar que a Razão, para tê-la, necessita de contraditório, de risco e de uma ponta de imaginação e loucura! Em especial quando as metamorfoses se aproximam, é preciso mostrar o que pode existir para lá da realidade gasta dos dias. Um passo no desconhecido? Sim.

A evocação da Utopia de Tomás Moro tem aqui uma dupla intenção: recordar a nossa velha condição de emigrantes e aventureiros —que a crise profunda actual voltará a incentivar—, e retomar, ainda que de passagem, dois pontos especialmente interessantes e actuais na perspectiva da gestão da crise social que se aproxima como verdadeira tempestade, mas também da necessidade de fundar e promover uma aproximação criativa a mais uma metamorfose cultural da espécie humana, que já começou, mas que ainda não encontrou um novo paradigma de futuro.

As duas citações da edição de Harvard da Utopia, que a seguir transcrevo, correspondem sucessivamente à descrição do personagem Raphael e da sua breve aventura, e a uma parte do discurso deste contra a pena de morte por delitos menores (no caso o roubo a que os pobres e miseráveis se dedicam quando lhes falta o pão.)

Sir Thomas More (1478–1535).  Utopia.
The Harvard Classics.  1909–14.

The First Book

The First Book of the Communication of Raphael Hythloday, Concerning the Best State of a Commonwealth

Upon a certain day when I had heard the divine service in our Lady’s church, which is the fairest, the most gorgeous and curious church of building in all the city and also most frequented of people, and, the service being done, was ready to go home to my lodging, I chanced to espy this foresaid Peter talking with a certain stranger, a man well stricken in age, with a black sunburned face, a long beard, and a cloak cast homely about his shoulders, whom by his favour and apparel forthwith I judged to be a mariner. But when this Peter saw me, he cometh to me and saluteth me.

He should have been very welcome to me, said I, for your sake.
Nay (quoth he) for his own sake, if you knew him: for there is no man this day living, that can tell you of so many strange and unknown peoples, and countries, as this man can. And I know well that you be very desirous to hear of such news.

Then I conjectured not far amiss (quoth I) for even at the first sight I judged him to be a mariner.

Nay (quoth he) there ye were greatly deceived: he hath sailed indeed, not as the mariner Palinure, but as the expert and prudent prince Ulysses: yea, rather as the ancient and sage philosopher Plato. For this same Raphael Hythloday (for this is his name) is very well learned in the Latin tongue: but profound and excellent in the Greek tongue. Wherein he ever bestowed more study than in the Latin, because he had given himself wholly to the study of philosophy. Whereof he knew that there is nothing extant in the Latin tongue that is to any purpose, saving a few of Seneca’s, and Cicero’s doings. His patrimony that he was born unto, he left to his brethren (for he is a Portugal born) and for the desire that he had to see, and know the far countries of the world, he joined himself in company with Amerigo Vespucci, and in the three last voyages of those four that be now in print and abroad in every man’s hands, he continued still in his company, saving that in the last voyage he came not home again with him. For he made such means and shift, what by entreatance, and what by importune suit, that he got licence of master Amerigo (though it were sore against his will) to be one of the twenty-four which in the end of the last voyage were left in the country of Gulike. He was therefore left behind for his mind sake, as one that took more thought and care for travelling than dying: having customably in his mouth these sayings: he that hath no grave, is covered with the sky: and, the way to heaven out of all places is of like length and distance. Which fantasy of his (if God had not been his better friend) he had surely bought full dear. But after the departing of master Vespucci, when he had travelled through and about many countries with five of his companions Gulikians, at the last by marvellous chance he arrived in Taprobane, from whence he went to Caliquit, where he chanced to find certain of his country ships, wherein he returned again into his country, nothing less than looked for.

...

It chanced on a certain day, when I sat at his table, there was also a certain layman cunning in the laws of your realm. Which, I cannot tell whereof taking occasion, began diligently and busily to praise that strait and rigorous justice, which at that time was there executed upon felons, who, as he said, were for the most part twenty hanged together upon one gallows. And, seeing so few escaped punishment, he said he could not choose, but greatly wonder and marvel, how and by what evil luck it should so come to pass, that thieves nevertheless were in every place so rife and rank. Nay, sir, quoth I (for I durst boldly speak my mind before the Cardinal), marvel nothing hereat: for this punishment of thieves passeth the limits [of] justice, and is also very hurtful to the weal public. For it is too extreme and cruel a punishment for theft, and yet not sufficient to refrain men from theft. For simple theft is not so great an offence, that it ought to be punished with death. Neither there is any punishment so horrible, that it can keep them from stealing, which have no other craft, whereby to get their living. Therefore in this point, not you only, but also the most part of the world, be like evil schoolmasters, which be readier to beat, than to teach their scholars. For great and horrible punishments be appointed for thieves, whereas much rather provision should have been made, that there were some means, whereby they might get their living, so that no man should be driven to this extreme necessity, first to steal, and then to die.

Edição de 1909-14 - The Harvard classics, edited by Charles W. Eliot. Published by New York: P.F. Collier & Son, 1909–14. (Link) Edição em Latim aqui.

Reler este clássico, cruzando as suas ideias impensáveis com, por exemplo, as propostas e estudos recentes em volta da criação e generalização de um Rendimento Básico Universal (Basic Income), bem mais avançadas do que as versões tímidas e sem visão dos nossos Rendimento Mínimo Garantido e Rendimento de Reinserção Social, será certamente um bom exercício de preparação para uma abordagem visionária e estruturante dos inúmeros bloqueios que agora mesmo afligem todos os decisores políticos responsáveis, e uma boa parte dos intelectuais mais atentos.

Termino pelo ponto de partida deste artigo, que só agora exponho, e que foi este: imaginar o que sucederia se todas os 10 627 250 pessoas que constituem a população portuguesa (INE 2008) recebessem um Rendimento Básico Universal, independentemente da sua idade, sexo, situação laboral e nível de riqueza, na ordem dos 150 euros/mês — ou seja, 5 euros/dia. A despesa orçamental seria de 15.940.875.000 euros, ou seja, qualquer coisa como 1/5 da despesa total prevista para este ano (81.216.000.000/ OE2010), quase 3 mil milhões de euros menos do que a despesa prevista com o pessoal das Administrações Públicas (18.680.000.000), e menos de metade do dinheiro que o Estado português tenciona pedir emprestado este ano ao estrangeiro (sob a forma de emissões de títulos de dívida altamente onerados) para financiar o descontrolado endividamento do país (3). Que sucederia?

É certo que um cenário como este iria colocar inúmeros problemas. Mas será que tais problemas seriam menos virtuosos e estrategicamente menos interessantes do que os movimentos browniano das baratas tontas que actualmente deveriam dar respostas credíveis aos problemas —e não dão


Post scriptum — A brilhante palestra de Ken Robinson vem na linha do pensamento lateral que temos que por em marcha se quisermos atacar frontalmente e com alguma probabilidade de êxito o impasse sistémico a que chegámos. Por maior que seja a blasfémia, a verdade é que o edifício educativo ocidental está a ruir por dentro e vai ser preciso reformar profundamente o conceito de educação, começando por um novo entendimento da sua natureza e aplicação nas sociedades tecnologicamente avançadas. Ao contrário do que afirma Medina Carreira, o problema da Educação não é de disciplina, mas de excesso de despesa e estatização bolchevique.


NOTAS
  1. Recorri a esta transcrição de C.A. Patrides para melhor situar as características da personagem central da Utopia, cuja traduções apressadas por vezes simplificam em demasia:
    "Raphael Hytlhloday" is among the most elaborate scholarly jokes of the Renaissance. The Hebraic "Raphael" represents the messenger of God and literally means "God heals", while "Hythloday" transliterates the Greek [Υθλοδαιος] or "speaker of nonsense". In effect, then, the full name could be said to suggest one who is meant to heal but, incapable of doing so, dispenses nonsense instead. But an even more remarkable pun, this time trilingual, would reverse the judgment in Hythloday's favor: "God heals [Hebr., Raphael] through the nonsense [Gr., hythlos] of God [Lat., dei]". Whether actual or presumed, etymological expertise of this order underlines that we are to credit the existence of No-place as related by a man essentially called No-sense. But it underlines More's achievement too, in that w are soon embroiled in the nonexistent political and social structure of No-place, and allow more sense to No-sense than even common sense aloows we should. in "The ills of the body politic", Figures in a Renaissance context, By C.A. Patrides.
  2. Ou vendedor de sonhos, contador de rábulas, vendedor ambulante, mexeriqueiro, bufarinheiro, mascate.
  3. Uma contração instantânea da despesa pública nos sectores das Finanças e Administração Pública (OE2010/ 1.282.800.000), Educação (OE2010/ 7.344.000.000) e Saúde (OE2010/ 9.183.000.000) na ordem dos 30% permitiria libertar 8.806.500.000 de euros para o Rendimento Básico Universal (RBU). Levar a cabo um verdadeiro e urgente programa de eficiência energética à escala nacional, não só criaria emprego durante uma década e meia, como permitiria uma poupança de 30% da nossa factura energética, que foi em 2008 (DGEG) de 6.484.000.000 de euros, parte substancial da qual poderia ser aplicada no RBU. E assim por diante. Será sempre um exercício orçamental, e sobretudo político, complexo, mas não impossível. Como propõe Lester R. Brown, o ponto de partida é aplicar à actual emergência económica. financeira e social, regras semelhantes às de uma economia de guerra.


 OAM 691 — 26 Fev 201002:18 (última actualização: 01 Mar 2001 01:38)

quarta-feira, julho 01, 2009

Crise Global 68

Quem disse que a crise acabou?!

A Auto-Europa pode mesmo fechar, no Outono ou no Inverno deste ano. Por isso anda José Sócrates que nem uma barata a falar de carros eléctricos! A partir de Agosto vamos assistir a novos e preocupantes sinais de que a crise veio para durar — talvez uns vinte anos!!

A crise e as eleições

01/07/09 00:03 | Vital Moreira — Os recentes indícios, tanto lá fora como internamente, de que a crise económica global pode ter passado o seu pior e que o início da recuperação pode estar próximo, é um dado novo que vai ter seguramente impacto nas eleições parlamentares de Setembro. — in Económico.


Governo: Optimismo face a indicadores divulgados pelo INE
. Ministro decreta o fim da crise

"...como os indicadores têm vindo a acentuar, a crise está a atenuar-se" — Teixeira dos Santos, ministro das finanças de Portugal.

De acordo com os Inquéritos de Conjuntura às Empresas e aos Consumidores, ontem apresentados pelo INE, o indicador de clima económico aumentou nos últimos dois meses, interrompendo o acentuado movimento descendente que se registava desde Maio de 2008.

Segundo o INE, em Junho deste ano, os indicadores de confiança apresentaram uma evolução positiva na construção e obras públicas, comércio e serviços, e um 'ligeiro abrandamento' na indústria transformadora. O mesmo documento revela que o indicador de confiança dos consumidores 'continuou o movimento ascendente iniciado em Abril'. — in Correio da Manhã (30-06-2009).

Alguns bons artigos (1) vêm desmontando a euforia artificial dos analistas a soldo, governos e sobretudo especuladores que não só foram incapazes de prever a crise provocada pelo gigantesco esquema piramidal (Ponzi) da especulação bolsista —nos mercados imobiliários, nas moedas (FOREX) e sobretudo nesse monumental e longe de ser abafado buraco negro conhecido por Mercado de Derivados (Derivatives) (2)—, como se afundaram nela em grandes e espectaculares mergulhos suicidas! Os casos dramáticos abundam e vão continuar a brotar do lamaçal em que o Capitalismo neoliberal se transformou.

A crise do até agora sub-avaliado endividamento excessivo norte-americano, japonês e europeu, que deu lugar a uma economia criminosa de casino —onde o declínio da produção material e a deterioração das balanças comerciais pariram uma economia virtual de liquidez aparente e globalização do crime económico—, está longe de ter chegado ao fim. De facto, apenas começou a revelar as suas ameaçadoras entranhas! O que aí vem será bem pior, e atormentará os países ocidentais pelo menos até 2020, ou mesmo 2030.

Endividados até ao tutano, os países desenvolvidos (EUA, União Europeia, Japão, etc.) dificilmente encontrarão o capital e as energias para proceder à —por sua vez inadiável— mudança dos paradigmas energético e social das suas economias. Foi este simples facto, e não as divergências manifestas entre as araras do governo debilmente socialista de José Sócrates e a actual liderança do PSD, que acabou com o TGV, o NAL da Ota em Alcochete e a Terceira Travessia sobre o Tejo. Mais, duvido até que as anunciadas novas autoestradas e as barragens assassinas da EDP (capitaneada pelo fátuo Mexia) cheguem a ver a luz do dia nas próximas décadas.

Dentro em breve os cofres do Estado português estarão vazios, e nenhum banqueiro, por mais corrupto que seja, ou serviçal a soldo da maioria de momento, se atreverá a emprestar um euro que seja a um país falido. Os spreads entre os juros negativos do BCE e os juros punitivos que os PIGS já estão a pagar por qualquer novo euro que entre em Portugal, Itália, Grécia e Espanha, tornar-se-ão rapidamente insuportáveis. Ou seja, a hiper-inflação vem a caminho e desaguará em breve nas nossas economias — ainda que sob um disfarce até agora desconhecido.

Adeus, portanto, grandes investimentos públicos cujo impacto dominante seja aumentar apenas e mais o nosso já descomunal endividamento. Adeus empresários chulos, adeus burguesia burocrática, adeus construtoras preguiçosas e cada vez mais inúteis ao futuro da economia portuguesa. Adeus José Sócrates. Cuidado PS!

Há dois ou três anos que insisto nesta tecla, mas só agora a prova provada começou a ganhar forma. Mais vale tarde que nunca.

A próxima bomba da actual crise irá começar a deflagrar a partir de Agosto e ao longo de todo o ano de 2010. Trata-se da quase inevitável crise social que o fim dos prazos de vigência dos subsídios de desemprego causará à já pré-catastrófica situação de desemprego e falta de emprego na generalidade dos países europeus. O Welfare State que tantos admiradores criou em todo o mundo está gravemente doente. Sobreviverá a esta crise?

Uma medida que vem sendo proposta e poderá tornar-se inevitável no futuro —como meio expedito de aliviar os estados europeus da pressão política explosiva exercida pelo colapso económico-financeiro e social em curso— é a criação em toda a Europa (aliás, em todo o Mundo!) de um Rendimento Pessoal Garantido (Basic Income), abrangendo todas as pessoas maiores de idade, sem emprego, desempregadas ou condenadas ao regime intolerável do trabalho temporário. Ou seja, é preciso, primeiro, estancar a hemorragia social. E só depois lançar novas estratégias de reestruturação das economias, i.e. dos seus sistemas de produção, troca e consumo.


NOTAS

  1. O pior já passou? Um "sim" ecoa afoito no mundo dos negócios

    O endividamento em que vem se enredando os Estados Unidos e os outros países do centro e da periferia, na ilusão de assim driblarem a crise, é a bolha do momento. O que são as bolhas se não a geração de capital sem substância, seja pelo mercado, pelo Estado ou simultaneamente pelos dois pólos da sociedade da mercadoria? Isso mostra a impossibilidade do capitalismo em crise terminal desde os anos 80, sustentar-se sem produzir montanha de capital fictício. A expansão monetária global que ora assistimos para segurar a economia, à custa do endividamento dos estados e sem precedente na história do capitalismo, jamais será paga com parcelas de mais valia futura transformada em impostos.

    ...Quando o peso da dívida aumentar o risco de colapso dos estados sem condições fiscais de resolverem o problema do déficit orçamentário, as emissões fiduciárias continuam e a inflação surgirá galopante para infringir a sociedade, principalmente às populações desprotegidas, a fúria do "terceiro cavaleiro do apocalipse". Por enquanto este se mantém a espreita, esperando o momento oportuno para cavalgar cuspindo fogo em todas as direções. — in Rumores da Crise.


    Global systemic crisis in summer 2009 — the cumulative impact of three «rogue waves»


    As anticipated by LEAP/E2020 as early as October 2008, on the eve of summer 2009, the question of the US and UK capacity to finance their unbridled public deficits has become the central question of international debates, thus paving the way for these two countries to default on their debt by the end of this summer.

    At this stage of the global systemic crisis’ process of development, contrary to the dominant political and media stance today, the LEAP/E2020 team does not foresee any economic upsurge after summer 2009 (nor in the following 12 months). On the contrary, because the origins of the crisis remain unaddressed, we estimate that the summer 2009 will be marked by the converging of three very destructive « rogue waves », illustrating the aggravation of the crisis and entailing major upheaval by September/October 2009. As always since this crisis started, each region of the world will be affected neither at the same moment, nor in the same way. However, according to our researchers, all of them will be concerned by a significant deterioration in their situation by the end of summer 20094.

    This evolution is likely to catch large numbers of economic and financial players on the wrong foot who decided to believe in today’s mainstream media operation of “euphorisation”.

    LEAP/E2020 believes that, instead of « green shoots » (those which international media, experts and the politicians who listen to them kept perceiving in every statistical chart6 in the past two months), what will appear on the horizon is a group of three destructive waves of the social and economic fabric expected to converge in the course of summer 2009, illustrating the aggravation of the crisis and entailing major changes by the end of summer 2009... more specifically, debt default events in the US and UK, both countries at the centre of the global system in crisis. These waves appear as follows: 1. Wave of massive unemployment: Three different dates of impact according to the countries in America, Europe, Asia, the Middle East and Africa 2. Wave of serial corporate bankruptcies: companies, banks, housing, states, counties, towns 3. Wave of terminal crisis for the US Dollar, US T-Bond and GBP, and the return of inflation. — in Global European Anticipation Bulletin/ GEAB.


    John Mauldin's Outside the Box on The Casey Report's "A 20-Year Bear Market?"

    A roughly 80 year cycle has been repeating itself for centuries in the Anglophile world, broken up into four generations or turnings. We have begun what Howe called many years ago The Fourth Turning. — John Maulding.


    A 20-Year Bear Market?
    By David Galland, Casey Research

    In November of 1997, my partner and co-editor of The Casey Report, Doug Casey, wrote an article titled "Foundations of Crisis," which leaned heavily on the research of Neil Howe and the late William Strauss.

    Howe and Strauss have written many books on how generations determine the course of history and how they will shape America's future. Their forecasts on a wide variety of indicators have turned out to be amazingly accurate. They were among the first to predict (back in the late 1980s) the rise of Boomer-driven culture wars and the simultaneous rise of Gen-X-driven free agency and distrust of government. And they were completely alone back then in predicting, for the post-X "Millennial Generation" (a label they coined), a decline in youth crime and risk taking and an increase in youth civic engagement that would first become apparent around the year 2000. Guess what? For the last ten years, everyone has been noticing exactly these trends among teens and 20somethings.

    Howe and Strauss also made extensive predictions, based on generational aging, on how America's entire social mood would likely change, in dramatic fashion, during our current 2000-2010 decade. To quote Doug's prescient 1997 article, which was reprinted in Outside the Box late last year...

    "... an excellent case can be made the U.S. is approaching another time of secular crisis, a Fourth Turning, with an expected due date of 2005 – seven years from now – plus or minus a few years in either direction.

    The Stamp Acts catalyzed the American Revolution, the election of Lincoln catalyzed the Civil War, the Crash of '29 catalyzed the Depression/WW II era. What might precipitate the elements now floating in solution? The answer is practically any random event that's sufficiently traumatic. Any of the theses of current disaster/action novels and movies will do nicely. Perhaps the accidental or intentional release of a super plague vector. The crashing of an airliner into the Capitol during a joint session. An all-out assault on the IRS computers by an armed group – or perhaps the computers just melting down due to the Year 2000 Problem. Perhaps a financial disaster that cascades into the Greater Depression. In any of these, or a hundred other scenarios, the federal government would almost certainly act precipitously and with a heavy hand, which would bring on a whole other set of consequences.

    There's no way of telling where the Crisis will lead, or how it will end. That's going to depend not only on exactly who's in control, but what they do, who they're up against, and a hundred other variables we can't even anticipate.

    One thing that seems certain is that real crisis brings out strong leadership. Because of its age and size, it will come from the Boomer generation, and it will be in the mold of Roosevelt or Lincoln – both very dangerous precedents. The boomers in elderhood will be dogmatic, harsh, puritanical, and quite willing to burn down the barn in order to destroy whatever rats they see. Admix that attitude to a time resembling the Revolution, the Civil War, or WW II, overlain with today's ethnic strife, urbanization, financial overextension, and powerful, compact new weaponry in the hands of foreign fanatics out to teach the Great Satan a lesson and it's a real witch's brew.

    As eye-opening as Doug's predictions were, they brought us only to the onset of the current crisis. Consequently, we thought it both timely and important to check back with the source of much of the research he relied on. And so it was that I spent several hours talking with Neil Howe, co-author of the seminal work on generational cycles, The Fourth Turning, and, just recently, the subject of the DVD "The Winter of History." Howe is not just an historian, but also a Washington DC-based economist and demographer. While our conversation covered a great many topics, the overriding focus was on how things are likely to unfold from here.

    Many bullish readers won't be thrilled to hear Howe's latest findings about the future, but given his predictive track record, dismissing them out of hand could be a costly mistake.

    The summary outlook, according to Howe, is that we are in the very early stages of a 20-year period of economic and institutional upheaval – an era denominated by a crisis during which we'll likely witness the tearing down and reconstruction of many aspects of society as we know it. — in John Mauldin's Outside the Box.


    Green Shoots or Green Observers?
    By Ann Pettifor.

    (...) The latest cliché off the economic jargon production line is “Green Shoots of Recovery”. With governments having laid liberal amounts of fertiliser – in the forms of handouts, budget deficits, slashed interest rates and “quantitative easing” (another new piece of jargon for giving good money to bad lenders in return for bad assets) – they now report signs of economic recovery sprouting like alfalfa everywhere. — in Debtonation.


    No, the Recession is Not Over
    . By Ann Pettifor - 11th June 2009 - For the Guardian Online.

    A banker, Alan Clarke of BNP Paribas, citing a NIESR report, confidently tells the Guardian that the recession is over. Should we take the word of any banker – especially one that claims to be an economist – seriously?

    Given that the economics profession was blind-sided by the ‘debtonation’ of 9th August, 2007, I am deeply sceptical. Second, given that this is a banker-induced recession; that reckless and often fraudulent behaviour by bankers led to a loss of $60 trillion of yours and my wealth (in the form of pensions, equities, lost interest on savings, and lost income from job losses) last year, should we believe a banker’s particular spin on the crisis?

    (...) So, while it must be accepted that the economy seems to have slowed its freefall into the abyss; that there are now fewer jobs to lose and fewer businesses to go bust – there is no real cause for confidence in sustained, or even halting recovery. The real economic outlook remains grim.

    All G-7 economies will report negative growth in 2009 for the first time in 100 years, according to the Economist Intelligence Unit’s Senior Vice-president, Dr. Daniel Thorniley in a report to the EIU’s corporate network.

    (...) Foreign direct investment could fall globally by 45% this year, according to the same report, and corporate profits will decline by 20-25%. Global trade is down 25%, and the EIU predicts trade will be down by 10-15% by year end – the worst figure since 1945. — in Debtonation.


    Ignore the scaremongers... Watch out for the truly scary. By Ann Pettifor — 9th June 2009.

    (...) First: 23.6 million Americans out of work, or forced into part-time work. That is truly scary. 23.6 million Americans short of cash, unable to pay off debts; and unable to finance mortgages. 23.6 million Americans citizens that do not participate in the nation’s economic life, and are disillusioned and angry. Many will be devastated, prepared to self-medicate with alcohol or drugs, and many thousands will act out their rage and humiliation. These citizens do not pose a threat just to themselves, to their families and to society. They also pose a threat to the finance sector — because they will default on debts. The Mortgage Bankers Association’s report of record increases in delinquencies and foreclosures by those with prime mortgages is but one example of the impact of unemployment on the banks. To all those bankers celebrating their taxpayer-funded profits that must be truly scary.

    Second: a 40% rise in business bankruptcy filings in May. Small, medium and large businesses destroyed, economic capacity wasted, hopes destroyed, jobs lost. That’s scary.

    Third: a collapse in investment in the first quarter of 2009. According to Global Insight “real spending on equipment and software plummeted 33.8%, the largest percentage drop since the first quarter of 1958.” Green shoots when investment plummets furthest in 50 years? Without investment, there is no future for new economic activity, for green technology, for an end to job losses — for economic hope. — in Debtonation.


    Talk to the Fabian Forum: The Global Financial Crisis: How bad will it get? By Steve Keen. Debtwatch, Money dynamics, RBA. Published in April 13th, 2009.


    Eurozone Meltdown - Eight Scenarios how the unthinkable might happen. Euro Intelligence
    , Briefing Note Nº1, 3, April 2009.

    We have long dismissed the probability of a breakup of the euro area as idle talk among the chattering classes and speculators. Anyone who would have placed a bet on this proposition would have lost heavily during the first ten years of the euro’s existence. The financial crisis and the way European governments responded to it have changed the odds in our view. We still believe a breakup of the euro area to be unlikely, but the probability is no longer trivial. This is still true after the stock market rally in March 2009 and the ensuing temporary fall in risk aversion among investors. The danger is not over. The aim of this briefing note is to assess this probability in some detail.


    A Tale of Two Depressions

    ... the world is currently undergoing an economic shock every bit as big as the Great Depression shock of 1929-30. Looking just at the US leads one to overlook how alarming the current situation is even in comparison with 1929-30. — in Voxeau.


  2. The $700 trillion elephant. By Thomas Kostigen. MarketWatch. Published in March 6, 2009.

    SANTA MONICA, Calif. (MarketWatch) -- There's a $700 trillion elephant in the room and it's time we found out how much it really weighs on the economy.

    Derivative contracts total about three-quarters of a quadrillion dollars in "notional" amounts, according to the Bank for International Settlements. These contracts are tallied in notional values because no one really can say how much they are worth.


    Banks brace for derivatives 'big bang'
    Credit default swap dealers are cleaning up a dark corner of the derivatives market, but the risk of a blowup remains. By Colin Barr, senior writer. Last Updated: April 8, 2009: 3:45 AM ET (CNNMoney.com)

    U.S. commercial banks' net current credit exposure -- a measure used by regulators to estimate possible losses on outstanding derivatives contracts -- more than doubled last year, to $800 billion, the Office of the Comptroller of the Currency said last month. Total credit exposure, which reflects how derivatives exposure could rise over time, hit $1.58 trillion - up 50% from 2007 levels and in line with the 2006 all-time high.

OAM 596 01-07-2009 18:00