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quinta-feira, fevereiro 05, 2015

Costa endireita o discurso

É um político cor-de-rosa, pois claro!
Foto de origem: Enric Vives-Rubio (v.d.: OAM)

António Costa foi apertado e... desembuchou: alianças à esquerda, ná!


Que candidato presidencial apoiará Costa?

Todos menos o sindicalistas universitário, o universitário presidenciável e o Louçã, claro!

Ou seja: Guterres (o provável), Vitorino (o dadaísta), Carlos César (mais um sargento, não!), Marcelo (o melhor é continuar a montar a sua biblioteca minhota e a intrigar aos Domingos), Rio (o 'cadavre exquis'), Santana (só contaram pra Você!), ou Artur Santos Silva —o atual chairman da Gulbenkian que há muito sonha com o cargo— se Guterres não avançar e se o entendimento da nomenclatura for o de que é preciso um homem sem notoriedade partidária e sossegado em Belém. O tempo não está, apesar das aparências, para presidencialismos, até porque em Portugal, um verdadeiro presidencialismo só seria possível depois de um golpe de estado e num cenário de regresso a uma qualquer ditadura.

Se o PSD renovar a maioria relativa, Guterres avança.
Se o PS ganhar tangencialmente, precisando de se agarrar ao Marinho e Pinto e a um dos estilhaços do Bloco de Migalhas, então a balbúrdia recomendará que um candidato como Artur Santos Silva avance.

Se o realismo, embora tenso, acabar por vingar na Grécia e em Espanha, mesmo com o Syriza no poder, e o Podemos como segunda ou terceira força partidária espanhola (as sondagens mais recentes mostram que a onda favorável ao aventureirismo populista de Pablo Iglesia está a reverter), haverá menos espaço em Portugal para partidos unipessoais e para candidatos presidenciais fora de órbita.

Finalmente, António Costa, continua igual a si mesmo: uma nulidade política, mas que como as que o antecederam, apenas precisa de fazer o que lhe mandam. Basta ler a entrevista dada ao Público para percebermos que a mesma serviu um único propósito: fechar as portas à esquerda radical e aos trânsfugas do PCP.

Quanto às ideias para Portugal, cada cavadela, uma minhoca, morta...
António Costa: “Sempre recusei que a renegociação da dívida fosse a única e a necessária solução”

Pedro Sousa Carvalho e São José Almeida
Público, 05/02/2015 - 07:02

Líder do PS defende que a saída para a crise europeia passa pela solidariedade e pelo reforço da coesão entre os 28 Estados-membros. Não se compromete com a ideia de perdão ou renegociação da dívida. E pugna pelo fim da austeridade, pelo combate à crise social e pela aposta em investimentos estruturantes.

[...]

Costa: Em Portugal o que é prioritário para melhorar a nossa competitividade é investir na formação, na educação, na inovação, no apoio às indústrias exportadoras.

Quais as prioridades (perguntam os jornalistas)?

[...]

Costa: A necessidade de travar a austeridade, combater a crise social e apostar nos investimentos estruturantes da competitividade da nossa economia.

Solidariedade e reforço da coesão da UE, mas sem renegociação da dívida, diz a criatura, esquecendo que a renegociação há muito está em curso.

Depois, envia-nos um soubdbyte novo: “investimentos estruturantes”.

Alguém sabe o que seja?

Mais autoestradas, rotundas, piscinas, comissões e estudos? A reanimação do aeromoscas cor-de-rosa de Beja? O regresso à lenga lenga do novo aeroporto da Ota em Alcochete, e da TTT Chelas-Barreiro? Mais uns milhares de milhões para a RTP do Silva, e para a TAP do gaúcho Pinto, e para a renovação do escandaloso parque automóvel da corja que capturou o Estado, ao mesmo tempo que a mérdia grita que o Paulo Macedo está a deixar morrer os doentes de Hepatite C? Mais rendas para o cabotino Mexia fazer mais barragens que não levarão água a mais nenhuma ventoinha? Ora diga-nos lá o que significa a palavra estruturante.

Costa propõe-se mehorar a competitividade... e para isso quer mais dinheiro para a educação, a formação, a inovação (ou seja, mais impostos e captura dos fundos comunitários para os professores e o interminável lóbi que os ampara), e ainda para o apoio às exportações. Mas exportar mais para onde, criatura? Desconhece o sargento Costa que a economia mundial tem vindo a arrefecer, nomeadamente nos Estados Unidos, na Europa e na China, já para não mencionar o Canadá, Angola, Brasil ou a Venezuela?

Está bom de ver que António Costa, para além de transmitir o recado do Constâncio e de sossegar o que resta da banca indígena, repete o receituário do costume: pescar nas águas turvas do eleitorado.

É por isto que, do mal o menos, entre um governo aconselhado pelo Matthieu Pigasse (Lazard Bank), que parece estar a ter grandes dificuldades na Grécia, e um governo teleguiado pelos Rothschild, ou seja, um novo governo comandado pelo PSD, de preferência, com Maria Luís ao leme, prefiro este último!

04/06/2012
€6.6bn recapitalisation of Portuguese banks

Rothschild has acted as the sole financial adviser to the Portuguese Ministry of Finance on the injection of €6.6 billion of core tier 1 capital into three major Portuguese banks.

Rothschild provided advice in relation to the design and implementation of the recapitalisation scheme.

Rothschild has been involved in a number of landmark transactions in Portugal during the past 20 years. Most recently the firm advised Energias de Portugal SA (EDP) on the €2.7 billion sale of a 21.35% stake by the Portuguese state and its Strategic Partnership with the acquirer China Three Gorges.

ROTHSCHILD

Grexit?

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BCE tirou o tapete à Grécia, mas não é a primeira vez...


Grexit? Aparentemente o BCE fez xeque-mate ao Syriza, i.e. a um governo democraticamente eleito, retirando-lhe o tapete de acesso às garantias até hoje dadas pelo BCE aos tomadores de dívida pública grega, i.e. os bancos e fundos privados gregos e de outros países. Será que o Syriza continuará em frente, ou vai desviar-se da colisão? Se não se desviar, quem sofrerá mais com a colisão? A Grécia, que já pouco tem a perder, ou a desnorteada e subserviente Europa, que se arrisca a ver uma desintegração do euro em menos de um ano?

BCE deixa de aceitar dívida pública grega como garantia nos empréstimos aos bancos
Observador

O Banco Central Europeu suspendeu hoje a dispensa das regras de rating mínimo no uso da dívida pública grega como garantia nos empréstimos do BCE à banca comercial, dizendo que “não é possivel esperar-se nesta altura que a revisão do programa seja concluída com sucesso”. A decisão faz com que os bancos que têm dívida grega deixem de a poder dar como garantia ao BCE quando lhe pedem dinheiro emprestado. Falta de financiamento dos bancos gregos terá agora de ser compensada pelo Banco Central da Grécia.

Será que Matthieu Pigasse (Lazard Bank), contratado por Yanis Varoufakis para desenhar soluções digeríveis para a bancarrota grega, falou, ou deixou falar, antes de tempo? Calculou mal a jogada? Ou será que a reação de Draghi e dos demais bancos centrais europeus constava dos seus cenários—aliás tornados públicos, nomeadamente, pela Bloomberg, no dia 1 de fevereiro? Amanhã saberemos.

What’s Going On with Greece and the ECB?
Bull Markethttps://medium.com/bull-market/whats-going-on-with-the-ecb-and-greece-3821de717625

Rules Require Cutting Off Greek Government Bonds?

[...]

“There will be no surprises if we find out that a country is below that rating and there’s no longer a program that that waiver disappears,” ECB Vice President Vitor Constancio said at an event in Cambridge, England, on Saturday.

If Vice President Constancio is referring to cutting off eligibility of specific bonds as collateral, that argues against the ECB’s’s current “official” approach being one of threatening a full cut-off of funds. Still, the idea of “junk-rated bonds are only eligible if a country is in a program” being part of “the ECB’s rules” is an over-statement. In truth, the ECB makes up these rules as it goes along and the “in again, out again” routine with Greek government bond eligibility is a long-standing one at this point.

Se repararmos bem no mapa dos gasodutos existentes, parcialmente construídos, ou em projeto, destinados a levar gás natural à Europa, perceberemos claramente que a Ucrânia e a Grécia são dois dos peões da estratégia de tensão em curso. A Alemanha, tal como a generalidade dos países do centro e norte da Europa, precisam de gás para não morrerem de frio no inverno.

Acontece que os Estados Unidos, seguindo a teoria estratégica de Halford Backinder, e do seu seguidor fiel, Zbigniew Brzeziński —consultor estratégico de Barak Obama—, consideram o controlo da Rússia essencial para impedir a supremacia da China, e de caminho também acham que quem controlar as reservas de petróleo e de gás natural, controla o mundo. Foi assim ao longo de todo o século 20. Será assim durante o século 21.

Depois da queda da União Soviética, os Estados Unidos montaram um apertado cerco militar à Rússia, através de alianças e da promoção de guerras regionais. A gota de água para a Rússia foi a tentativa de absorver a Ucrânia, berço da Rússia, na NATO. Perante a passividade dos europeus, e o oportunismo alemão, a Rússia respondeu à provocação, mostrando o que sucederia se o gás fornecido à Europa através da Ucrânia fosse interrompido. Daqui à escalada económico-financeira e militar foi um passo.

À medida que a Europa assustada procurava uma alternativa ao gás russo, lançando o fracassado projeto do gasoduto conhecido por Nabucco pipeline, que ficou no papel depois da desistência da Áustria, outros potenciais fornecedores de gás natural (Qatar-Irão, Iraque, Arábia Saudita, Israel, Turquemenistão) posicionaram-se no que passaria a ser uma corrida com implicações tremendas na região. O terrorismo, como exemplo típico de conflito assimétrico, a par de uma série de guerras vicariantes (proxy wars) em teatros localizados nas zonas de passagem dos vários potenciais gasodutos que querem concorrer com a Rússia no fornecimento de gás à Europa, passaram a entupir a paisagem mediática global com propaganda e imagens terríveis de ação psicológica.

Basta olhar para a importância que países como a Ucrânia e a Grécia têm nos acessos principais de gás natural à Europa para perceber que as discussões sobre as economias e os regimes políticos destes países não passam de pretextos que escondem jogos estratégicos fundamentais.

A recente descida abrupta do preço do petróleo esteve, afinal, relacionada com uma ofensiva dos Estados Unidos e da Arábia Saudita destinada a pressionar a Rússia a deixar cair Bashar al-Assad. Se Putin não ceder, arrisca-se a ver o seu país mergulhar numa crise financeira, económica e social que lhe pode ser fatal. Mas se ceder ao garrote dos preços baixos do petróleo, a quase exclusividade da Rússia no fornecimento de gás à Europa central, do norte e de leste, ficará comprometida.

A decisão do BCE, certamente determinada pela Alemanha, mas também pelos Estados Unidos, apesar das palavras carinhosas de Obama para com o novo poder grego, de aumentar a tensão na Grécia, tem mais que ver com a hipótese de uma aproximação entre a Grécia, a Turquia e a Rússia, do que com o problema da renegociação da dívida.


POST SCRITUM

É de notar que o mensageiro da decisão de o BCE tirar o tapete à Grécia foi o nosso querido e mui socialista Victor Constâncio. Que diz o sargento Costa e a nossa indigente Esquerda a isto?


RESPOSTA À PERGUNTA “TEM A CERTEZA QUE O EURO DESAPARECE?”

Não. Na realidade, o dólar quer apenas capturar o euro e fazer dele uma moeda subsidiária.

Ou seja, os Estados Unidos querem, compreensivelmente, manter a supremacia atlântica sobre a Eurásia, e para tal precisam de uma estratégia de pau e cenoura para com os alemães (euro sim, mas menos germanófilo).

Por exemplo, retirar à Rússia o monopólio de fornecimento de gás ao centro-norte-leste da União Europeia é um objetivo estratégico, que serve a Alemanha, a UE no seu conjunto, e os aliados da América no Médio Oriente: Arábia Saudita, Qatar, Israel...

No entanto, creio que os EUA querem mesmo enfraquecer a Rússia, para assim atingirem a China.

O perigo da situação vem daqui. E é neste sentido que a atuação do BCE e da senhora Merkel poderão, se o senhor Draghi não for pondo água na fervura, precipitar um choque frontal na Grécia (Grexit), de consequências imprevisíveis.

O colapso do euro, precedido de uma saída da Grécia, lançaria toda a Europa, a começar por Portugal, Espanha, Itália, França... numa situação particularmente complicada no que toca à reestruturação dissimulada (e em curso) das suas impagáveis dívidas (pública e privada).

Se em cima disto a Rússia, a Turquia e a China vierem em auxílio da Grécia, e em geral dos países europeus do Mediterâneo, teremos o caldo entornado.

Num cenário destes, a Rússia poderia mesmo fechar as torneiras à Ucrânia, i.e. à Alemanha; e poderia reforçar o apoio à Síria, bloqueando os gasodutos islâmico e árabe a favor dos gasodutos que vêm de Baku, do Turquemenistão e da Rússia, com passagem apenas pela Turquia, até chegar à Grécia.

A Europa precisará sempre de muito gás para se aquecer, não é verdade?

Resumindo, a questão financeira, e o problema grego, são muito mais do que o que aparentam.

As duas últimas guerras mundiais estiveram intimamente ligadas ao controlo das rotas do petróleo. A próxima grande guerra poderá acontecer por causa do controlo das rotas do gás.

A Alemanha já provou duas vezes que é incapaz de perceber os ventos da História, e que é suficientemente quadrada para se meter em armadilhas de onde depois não consegue sair.

É por isto que uma saída da Grécia do euro (Grexit), precipitada por comportamentos radicais do BCE e da Alemanaha, pode vir a rebentar com o euro, uma moeda demasiado atrelada ao invisível marco alemão!

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Atualização: 5/2/2015, 12:28 WET