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domingo, agosto 09, 2015

Tudo na mesma depois de 4 de outubro?


Desta vez vou votar


Resta saber o que determinará o comportamento dos portugueses depois de uma bancarrota ainda suspensa por fios e quatro anos de austeridade, se a indignação pelo castigo, se o medo de que o regresso à corrupção sem freio e ao desvario 'socialista' relance o país na ladeira do colapso.

Há quatro sinais que favorecem a renovação da coligação liderada por Pedro Passos Coelho:
  1. conseguiu travar o descalabro das contas públicas, ainda que à custa de uma enorme austeridade e repressão fiscal, 
  2. conseguiu melhorar substancialmente as contas externas, por via do aumento das exportações e do turismo, das remessas dos emigrantes, da queda do consumo privado e ainda do regresso tímido do investimento, nomeadamente através dos processos de privatização e reprivatização,
  3. conseguiu travar a subida empinada do desemprego, criando algum emprego novo, embora precário e mal pago, e finalmente, 
  4. levou um governo de coligação até ao fim, sinal de que houve estabilidade política apesar da gravidade da situação económica, financeira e social.
Do lado do Partido Socialista, pelo contrário, há vários indicadores que desaconselham os mais prudentes, ainda que com o coração à esquerda, a votar no PS de António Costa:
  1. O PS que quer chegar ao poder a 4 de outubro é a mesma maioria soarista e socratina que conduziu o país a três situações de bancarrota, resgatadas in extremis por três violentos programas de austeridade impostos pelos credores (1977, 1983, 2011);
  2. O PS que quer chegar ao poder prometeu atacar a propriedade privada, nomeadamente através da reintrodução do imposto sucessório, e prometeu, pasme-se, atingir uma taxa de desemprego em 2015 e 2016 superior à que hoje temos (O Insurgente);
  3. O PS que quer chegar ao poder prometeu diminuir as receitas do estado, aumentar as despesas do mesmo estado, estimular o consumo e empurrar com a barriga a diferença (i.e. mais dívidas públicas e privadas) até às gerações futuras—tudo em nome, claro, dos direitos da nomenclatura estabelecida (não mais do que 1% da população), que vê naturalmente com maus olhos qualquer perda de rendimento, mesmo se proveniente de um rol interminável de privilégios;
  4. O PS que quer chegar ao poder sabe que tem escassas hipóteses de o conseguir, pois ou sofrerá uma derrota humilhante nas eleições de 4 de outubro, apesar das sondagens, ou ficará por décimas à frente da coligação, sem possibilidade alguma de formar uma maioria parlamentar estável, empurrando assim o país (e o PS!) para a instabilidade num período que continuará particularmente crítico para a economia, para as finanças, para o emprego e para a solidariedade social.
O PCP, por sua vez, poderá subir a sua votação e até aumentar o número de deputados se, até 4 de outubro, conseguir atrair alguns milhares de eleitores habituados a votar 'à esquerda' e que deixaram de se reconhecer ou estão desiludidos com o populismo radical do Bloco, e a falsa e desastrosa esquerda protagonizada pelo PS. Há quem preveja mesmo uma subida extraordinária deste partido. A previsível substituição de Jerónimo de Sousa por uma geração que mal conheceu Cunhal e não sabe o que foi a Rússia estalinista poderá criar um quadro favorável à substituição do decadente PS, por um partido de esquerda bem organizado, experiente, ancorado em bases sociais amplas e estáveis, firme nos princípios, mas muito mais flexível na linguagem e nas causas, e sobretudo disposto a promover uma plataforma eleitoral democrática aberta capaz de ganhar eleições e governar 'à esquerda'.

A crise sistémica do capitalismo, que decorre estruturalmente dos picos energético e de matérias primas essenciais, vai prolongar-se por mais de uma década, e depois tudo será diferente. A primeira metade do século 21 tem-se revelado como um doloroso período de transição e metamorfose. Cada vez menos decisões dependerão dos partidos políticos, mas os que souberem promover e/ou integrar-se em plataformas de cidadania cognitiva culturalmente abertas sobreviverão, podendo mesmo contribuir para o desenho de uma nova pólis global.

Neste ponto não é de excluir o contributo que um Bloco de Esquerda renovado, sobretudo na lógica de competência argumentativa inaugurada por Mariana Mortágua, poderá dar à inadiável metamorfose do nosso esgotado sistema partidário. O Bloco poderá servir de ponte entre a desagregação do PS e o reforço do PCP, lançando ideias e iniciativas inteligentes com vista a uma reorganização da esquerda que sirva quem trabalha, mas sirva também o país no seu conjunto.

Os novos partidos, de que destacamos o Nós-Cidadãos, o Livre e o Partido Democrático Republicanos, poderão ter, ou não, a sorte dos outros grupinhos mais antigos e mais ou menos familiares que não conseguiram até hoje sair das suas cascas narcisistas. Tudo dependerá das suas ideias, do modo como falarem e agirem, do tempo necessário para se darem a conhecer, e da geometria da decomposição partidária que acompanhará a metamorfose do regime. Se conseguirem entusiastas de todas as idades, que nunca votaram ou que estão fartos de passar cheques em branco a partidos que nada fizerem, ou mal fizeram, terão futuro; mas se permanecerem fechados nos seus embriões fundadores, acabarão perdidos no limbo onde vegetam há décadas muitas outras siglas partidárias sem partido.

Precisamos de atacar em conjunto o fenómeno corrosivo da corrupção, precisamos de simplificar o texto constitucional e de lhe dar uma ambição utópica menos marcada pelo credo marxista degenerado que nada provou em parte nenhuma, precisamos de uma democracia mais justa e mais partilhada e participada, mais direta, melhor distribuída, mais compósita, mas também mais económica e eficiente. Este desiderato não deveria dividir a sociedade, e por isso pode e deve ser o eixo da renovação constitucional.

Um parlamento com mais partidos é uma coisa boa, e não uma coisa má. Os que lá estão vão continuar, mas é preciso abater o Bloco Central, que é uma intolerável argamassa de interesses e mordomias moldada por uma endogamia de tipo feudal. A entrada de novos partidos com pragmáticas políticas mais inovadoras, de que o Nós-Cidadãos será porventura o melhor exemplo, ajudará a promover soluções governativas menos atacadas de previsibilidade à nascença. Será bom para o CDS/PP, para PCP e para o Bloco, e será bom para toda a democracia na medida em que der cabo do terceiro-mundista Bloco Central que nos trouxe até à desgraça em que estamos.

Os partidos não são a solução. 

Mas continuamos a precisar deles para promover com prudência a metamorfose para que as sociedades pós-contemporâneas caminham a passo rápido. Vamos a caminho de uma sociedade global pautada por um modelo de crescimento material lento, mas onde poderá produzir-se um novo modelo de crescimento, imaterial e cultural, muito rápido, complexo e surpreendente, onde a humanidade, em vez de desaparecer, poderá inaugurar uma espécie de novo Renascimento, fortemente marcado pelo conhecimento, pelo desenvolvimento integral das emergentes redes sociais, pela solidariedade ecológica, pela exigência civilizacional partilhada, e por novos paradigmas de colaboração competitiva.

Desta vez vou votar, e convido os mais céticos a fazerem o mesmo.

Atualizado em 16/8/2015, 00:57 WET

terça-feira, julho 28, 2015

Da transexualidade à transpolítica

Júlia Mendes Pereira, candidata do BE à Assembleia da República

Duas opções para 4 de outubro: PSD ou Bloco de Esquerda


Júlia Mendes Pereira poderá vir a ser a primeira deputada transexual eleita em Portugal
dezanove, Seg, 27/07/15

Júlia Mendes Pereira pode estar a caminho do Parlamento pelo Bloco de Esquerda (BE). O currículo é invejável: feminista, activista dos direitos das pessoas transexuais e intersexo, co-fundadora e co-directora da associação API - Ação Pela Identidade, organização não-governamental para a defesa e o estudo da diversidade de género e de características sexuais, é membro do Steering Committee da TGEU – Transgender Europe, organização europeia de defesa dos direitos das pessoas trans, foi também coordenadora do GRIT – Grupo de Reflexão e Intervenção sobre Transexualidade da associação ILGA Portugal.

Ora aqui está um sinal que poderá levar-me a votar no Bloco!
As agendas populistas dos partidos, em geral, apodreceram. Só dois dos que têm assento parlamentar parecem estar a mudar: o PSD de Passos Coelho e o Bloco de Mariana Mortágua—uma voz que se pode ouvir, sobretudo quando fala do que sabe (economia e finanças), e não mais um realejo.

Os tempos que correm são convulsos, trágicos para muita gente, mas interessantes quando percebemos a charneira de uma grande mudança, ou melhor ainda, o rompimento do casulo da autêntica metamorfose económica, social e cultural que aí vem.

Estamos numa espécie de PREC judiciário,
cujas consequências serão porventura mais profundas que o PREC dos capitães que não queriam perder privilégios para os milicianos. O topo simbólico da velha política corrupta está na prisão. O topo simbólico da casta financeira corrupta está na prisão. E as castas corporativas e nepotistas que proliferaram e incharam desde a queda da ditadura, começam a estar cercadas por uma opinião pública que paga impostos sem perceber para onde vai o dinheiro.

Neste contexto, a maior ameaça à democracia que apesar de tudo temos é deixarmos que a gangrena do regime vá comendo os partidos por dentro até à sua implosão. Como tenho repetido ao longo dos últimos anos, é preciso rejuvenescer os partidos parlamentares que temos, são precisos novos partidos e redes de cidadania capazes de dar a conhecer a realidade que se esconde por baixo das fantasias, da hipocrisia, e das mentiras, e de agir sobre a realidade com novas agendas culturais.

Os realejos maniqueístas tomam os eleitores por burros, ou por oportunistas.

O PS, o CDS/PP e o PCP/PEV continuam a olhar para trás sem perceberem que esse olhar os vai transformando em estátuas de sal.

Pelo contrário, o PSD de Pedro Passos Coelho tem vindo a promover uma rotura sistémica positiva no regime, que nada tem que ver com a política de austeridade imposta pelos credores cada vez mais impacientes.

Mariana Mortágua, por sua vez, é uma luz de esperança para o Bloco de Esquerda, sobretudo pela revolução linguística que começou a introduzir no albergue marxista que deu origem ao Bloco. É verdade que foi Francisco Louçã e a sua agenda tipicamente franco-trotsquista que permitiu o Bloco sair da Rua da Quintinha e chegar a São Bento. É verdade que Miguel Portas foi uma voz decisiva na urgência de substituir a geração dirigente. Falta agora promover um verdadeiro caleidoscópio de novas causas, que movem potencialmente milhares de pessoas, como é o caso das agendas da liberdade e da tolerância moral, como é o caso das agendas da justiça social e dos direitos individuais, ou como é o caso das novas agendas sexuais, de que a candidatura de Júlia Mendes Pereira é um testemunho oportuno.

Acredito que no interior do PSD e do Bloco existem forças magnéticas de tipo novo, ideológicas, mas informadas, radicais, mas pragmáticas. Precisamos todos de abandonar a biopolítica, e passar à transpolítica, dando cada vez mais espaço aos inúmeros atores-rede que estão a mudar o mundo.

Já ninguém ouve os realejos maniqueístas.

Se tem a cabeça ao centro, a puxar um bocadinho para a direita, já sabe onde votar.

Mas se o coração palpita à esquerda, não desespere, pois há um quadradinho onde a sua cruz poderá melhorar a nossa democracia.

sábado, junho 20, 2015

Costa não convence

Foto: José Sena Goulão/ LUSA

O radicalismo suspeito do PS golpista assusta qualquer um


A cada dia que passa, o Partido Socialista assemelha-se cada vez mais a um filme negro barato protagonizado por moribundos e criaturas estranhas, como o zombie Ferro Rodrigues, ou a gelatina tatuada Isabel Moreira. Como se isto não bastasse, o imprestável Costa dá tiros no pé dia sim, dia não.

A ideia peregrina de atacar simultaneamente em duas frentes —São Bento e Belém, isto é, Passos e Cavaco—, ao mesmo tempo que se saúda o Siryza e se abusa do tipo de retórica populista proprietária do PCP, não poderia deixar de acelerar a inversão da opinião dos portugueses sobre o PS depois da clique liderada por Sócrates e Mário Soares ter apeado rudemente António José Seguro.

Pelo caminho que o PS de Mário Soares e José Sócrates, entregue a António Costa, leva, a probabilidade de se extinguir até às eleições é real.

Por outro lado, a emergência fulgurante de Mariana Mortágua, no decurso da comissão de inquérito ao colapso do GES-BES, não só está a desfazer as anunciadas alternativas endogâmicas do Bloco, como ameaça as expectativas eleitorais de Marinho Pinto e de António Costa.

A duplicação da percentagem das intenções de voto no Bloco de Esquerda (de 4 para 8%), a par da queda de 8% do PS, e da subida de 6% na coligação no poder, são indicadores claros de algumas verdades que convém reter:
  1. o eleitorado não é estúpido, e por isso não trocará a austeridade conhecida (e que não poderá ser muito mais esticada) pelas aventuras que o PS de Mário Soares, Almeida Santos e José Sócrates, recauchutado por António Costa, promete;
  2. o radicalismo populista de António Costa é desastroso;
  3. o fenómeno Mariana Mortágua (os vídeos das suas intervenções, publicados no YouTube, têm chegado a centenas de milhar de portugueses) poderá fazer renascer o Bloco de Esquerda como uma alternativa ao cadáver adiado que é o Partido Socialista, sobretudo se Catarina Martins sair de cena e der lugar a uma Mariana Mortágua pragmática e decidida a transformar o antigo bordel marxista-leninista, revisionista e trotskysta numa verdadeira força eleitoral.
Aguardemos a próxima sondagem da Católica.

Post scriptum — António Costa: “Os portugueses olham para o PS com ansiedade”.

Enquanto lia a Carta a Um Bom Povo Português, de José Gomes Ferreira, ao deparar-me com a citação da frase de um ex-deputado do PS, Ricardo Gonçalves —“O problema do PS é que foi concebido para distribuir riqueza, mas agora não há riqueza para distribuir. É preciso criá-la primeiro”— anotei:

— as esquerdas já só cuidam das suas clientelas, na sua esmagadora maioria dependentes do estado pelo lado da redistribuição burocrática, partidária e clientelar da receita fiscal, mas também do endividamento público! As esquerdas em crise que todos conhecemos defendem, assim, o prejuízo público em nome da sua própria vitalidade, e mais recentemente, em nome da sua ameaçada sobrevivência nas acrópoles do poder. O comportamento uniforme do PCP, PS e Bloco 'em defesa' dos elites proletárias do BES, como da TAP, Portugal Telecom, Carris, etc., e em última análise do status quo, defendendo implicitamente a própria manutenção dos grupos capitalistas até 2014 hegemónicos, mostra-nos até que ponto estamos na presença de grupos de interesses politicamente desfasados da realidade e da cidadania, decorados com uma cobertura de ideologia pasteleira indigesta e protegidos pela falsa credibilidade institucional que a representação parlamentar confere a estes lóbis partidários. O caciquismo eleitoral ainda lhes permite distorcer a representação da democracia. Mas já não será por muito mais tempo.

Última atualização: 20/6/2015 10:44

quinta-feira, fevereiro 05, 2015

Costa endireita o discurso

É um político cor-de-rosa, pois claro!
Foto de origem: Enric Vives-Rubio (v.d.: OAM)

António Costa foi apertado e... desembuchou: alianças à esquerda, ná!


Que candidato presidencial apoiará Costa?

Todos menos o sindicalistas universitário, o universitário presidenciável e o Louçã, claro!

Ou seja: Guterres (o provável), Vitorino (o dadaísta), Carlos César (mais um sargento, não!), Marcelo (o melhor é continuar a montar a sua biblioteca minhota e a intrigar aos Domingos), Rio (o 'cadavre exquis'), Santana (só contaram pra Você!), ou Artur Santos Silva —o atual chairman da Gulbenkian que há muito sonha com o cargo— se Guterres não avançar e se o entendimento da nomenclatura for o de que é preciso um homem sem notoriedade partidária e sossegado em Belém. O tempo não está, apesar das aparências, para presidencialismos, até porque em Portugal, um verdadeiro presidencialismo só seria possível depois de um golpe de estado e num cenário de regresso a uma qualquer ditadura.

Se o PSD renovar a maioria relativa, Guterres avança.
Se o PS ganhar tangencialmente, precisando de se agarrar ao Marinho e Pinto e a um dos estilhaços do Bloco de Migalhas, então a balbúrdia recomendará que um candidato como Artur Santos Silva avance.

Se o realismo, embora tenso, acabar por vingar na Grécia e em Espanha, mesmo com o Syriza no poder, e o Podemos como segunda ou terceira força partidária espanhola (as sondagens mais recentes mostram que a onda favorável ao aventureirismo populista de Pablo Iglesia está a reverter), haverá menos espaço em Portugal para partidos unipessoais e para candidatos presidenciais fora de órbita.

Finalmente, António Costa, continua igual a si mesmo: uma nulidade política, mas que como as que o antecederam, apenas precisa de fazer o que lhe mandam. Basta ler a entrevista dada ao Público para percebermos que a mesma serviu um único propósito: fechar as portas à esquerda radical e aos trânsfugas do PCP.

Quanto às ideias para Portugal, cada cavadela, uma minhoca, morta...
António Costa: “Sempre recusei que a renegociação da dívida fosse a única e a necessária solução”

Pedro Sousa Carvalho e São José Almeida
Público, 05/02/2015 - 07:02

Líder do PS defende que a saída para a crise europeia passa pela solidariedade e pelo reforço da coesão entre os 28 Estados-membros. Não se compromete com a ideia de perdão ou renegociação da dívida. E pugna pelo fim da austeridade, pelo combate à crise social e pela aposta em investimentos estruturantes.

[...]

Costa: Em Portugal o que é prioritário para melhorar a nossa competitividade é investir na formação, na educação, na inovação, no apoio às indústrias exportadoras.

Quais as prioridades (perguntam os jornalistas)?

[...]

Costa: A necessidade de travar a austeridade, combater a crise social e apostar nos investimentos estruturantes da competitividade da nossa economia.

Solidariedade e reforço da coesão da UE, mas sem renegociação da dívida, diz a criatura, esquecendo que a renegociação há muito está em curso.

Depois, envia-nos um soubdbyte novo: “investimentos estruturantes”.

Alguém sabe o que seja?

Mais autoestradas, rotundas, piscinas, comissões e estudos? A reanimação do aeromoscas cor-de-rosa de Beja? O regresso à lenga lenga do novo aeroporto da Ota em Alcochete, e da TTT Chelas-Barreiro? Mais uns milhares de milhões para a RTP do Silva, e para a TAP do gaúcho Pinto, e para a renovação do escandaloso parque automóvel da corja que capturou o Estado, ao mesmo tempo que a mérdia grita que o Paulo Macedo está a deixar morrer os doentes de Hepatite C? Mais rendas para o cabotino Mexia fazer mais barragens que não levarão água a mais nenhuma ventoinha? Ora diga-nos lá o que significa a palavra estruturante.

Costa propõe-se mehorar a competitividade... e para isso quer mais dinheiro para a educação, a formação, a inovação (ou seja, mais impostos e captura dos fundos comunitários para os professores e o interminável lóbi que os ampara), e ainda para o apoio às exportações. Mas exportar mais para onde, criatura? Desconhece o sargento Costa que a economia mundial tem vindo a arrefecer, nomeadamente nos Estados Unidos, na Europa e na China, já para não mencionar o Canadá, Angola, Brasil ou a Venezuela?

Está bom de ver que António Costa, para além de transmitir o recado do Constâncio e de sossegar o que resta da banca indígena, repete o receituário do costume: pescar nas águas turvas do eleitorado.

É por isto que, do mal o menos, entre um governo aconselhado pelo Matthieu Pigasse (Lazard Bank), que parece estar a ter grandes dificuldades na Grécia, e um governo teleguiado pelos Rothschild, ou seja, um novo governo comandado pelo PSD, de preferência, com Maria Luís ao leme, prefiro este último!

04/06/2012
€6.6bn recapitalisation of Portuguese banks

Rothschild has acted as the sole financial adviser to the Portuguese Ministry of Finance on the injection of €6.6 billion of core tier 1 capital into three major Portuguese banks.

Rothschild provided advice in relation to the design and implementation of the recapitalisation scheme.

Rothschild has been involved in a number of landmark transactions in Portugal during the past 20 years. Most recently the firm advised Energias de Portugal SA (EDP) on the €2.7 billion sale of a 21.35% stake by the Portuguese state and its Strategic Partnership with the acquirer China Three Gorges.

ROTHSCHILD

quinta-feira, março 21, 2013

O Sócrates Parte II

Olá! Já tinham saudades, não?

O meu vaticínio: governo PS+CDS em 2014

Já repararam? José Sócrates regressou e tem a sua poderosa máquina a trabalhar, ou não fossem Jorge Coelho e Pedro Silva Pereira duas lagartas imparáveis. Cuidem-se!

Quanto ao zero à esquerda do PS, mais conhecido por Tó Zé, tem o destino traçado: ou aceita ser figura de retórica e decorativa do regresso do PS ao poder, ou terá que ser despachado pela Grande Tríade de Almeida Santos. Democraticamente, claro!

Tudo começou quando o príncipe das trevas mandou o António Costa pisar os calos ao infeliz líder que sucedeu a José Sócrates. A ideia era mesmo tomar de assalto o próximo congresso do PS, mas com a anuência cordata de António José Seguro. Este reagiu indignado (dizem que é bom rapaz, mas não muito brilhante), deixando o cardeal do partido bastante aborrecido e obrigado a avançar com um qualquer Plano B.

Ora o Plano B está em marcha, e a praia lusitana desprotegida!

Um governo perdido entre o monumental caso de corrupção do BPN (um banco pirata criado pelos piratas do PSD), um presidente à beira da demência, e um governo de raparigas e raparigos universitários que nunca plantaram uma couve, ainda por cima chefiado por um troglodita da Jota S Dê (eu apostei no Paulo Rangel, mas perdi...), e que falhou todas as previsões e já não diz coisa com coisa, vai necessariamente cair antes do Natal.

É preciso não esquecer que o Conselho de Estado já virou o polegar para baixo, mesmo sem ir ao quintal de Belém. Idem no que toca às chefias militares. E idem, é bom de ver, da parte dos sindicatos, confederações patronais, burguesia rendeira e banqueiros. Todos, embora aflitos, querem um governo forte dentro e fora do país. Ou seja, capaz de maior agilidade negocial perante os credores e o governo não eleito de Bruxelas, e sobretudo com o pragmatismo suficiente para, se necessário for, tomar medidas drásticas, buscando previamente as necessárias alianças internacionais — financeiras, económicas e... militares.

Está bem de ver que os mimados garotos das juventudes partidárias não estão aptos para estas tarefas. E como o tempo urge, é preciso, desde já, tratar das autárquicas e preparar o governo pós-Gaspar.

Estou convencido de que, nas atuais circunstâncias, o Tribunal Constitucional irá chumbar as cláusulas confiscatórias do Orçamento. E se assim for, não vejo como poderá Passos Coelho manter-se onde está. No mínimo, alguém terá que explicar ao quase demente presidente da república —que não deveria ter sido eleito, mas foi— que o senhor primeiro ministro terá que se demitir, por incapacidade manifesta de governar, por incumprimento escandaloso do programa eleitoral pelo qual foi eleito, e para salvaguarda do regular funcionamento das instituições.

E depois? 

O PSD será naturalmente chamado a formar novo governo. Mas se não conseguir renovar a coligação, então não haverá outro caminho se não novas eleições, mantendo-se o governo em funções a cozer em lume vivo!

Será em tal momento crítico que o pragmatismo outrora demonstrado por Mário Soares baterá de novo à porta da governação lusitana. Paulo Portas e... José Sócrates apresentar-se-ão então ao país como a última oportunidade de enfrentar a besta germânica, começando por renovar alianças atlânticas de longa data.

Não me perguntem se gosto do Sócrates. Têm centenas de textos neste blogue para ler!


POST SCRIPTUM

Para que conste:

1) o Pinóquio não foi acusado, não foi julgado e não foi condenado, a não ser eleitoralmente. Logo é um cidadão como outro qualquer e goza dos plenos direitos que a cidadania lhe confere.

2) a RTP goza de independência editorial (pelo menos no papel), e por conseguinte tem todo o direito de contratar o Pinóquio para roubar audiência aos 'comentadores' Marcelo, Mendes, Leite, Santana, Ângelo e Pacheco, mais ou menos cor-de-laranja, que saltitam pelos canais da nossa indigente média.

3) por fim, aquilo que nós, portugueses, deveríamos exigir é a privatização imediata e a 100% da RTP, em vez de andarmos para aqui com irritações hipócritas.

A vinda do Pinóquio, aliás, significa uma coisa muito simples: que a coligação no governo está morta, que não se vislumbra nada no horizonte em termos de alternativa, e que, portanto, a perspetiva de um regresso do PS, desta vez em coligação com o CDS, está na cara!

E já agora: 

Como toda a gente já deveria saber, o PCP e o Bloco são esqueletos sem qualquer utilidade em matéria de governo do país. E os Indignados, por sua vez, ainda não perceberam que não estão a lutar contra uma ditadura, mas contra uma democracia. Um cenário não contemplado nos manuais do velho Gene Sharp :(

Última atualização: 22 mar 2013, 15:23 WET

quinta-feira, setembro 20, 2012

Novo governo?

Gémeas desavindas. Braga.
Foto©Dear Ze


Governo PSD-CDS/PP: REMODELAÇÃO A CAMINHO !

Menos do que isto entalaria o CDS/PP, pois se Paulo Portas tem que desdizer o que disse, em que ficamos? É ou não contra as mudanças anunciadas na TSU? Houve ajustamentos na medida? Mas sempre estiveram previstas! Recua, portanto no que disse, não é senhor Portas? E aqui, das duas uma, ou há remodelação do elenco governamental, ou o governo cai, né?