Portugal: uma ilha ferroviária |
A UE não cortou nada. A UE ficou à espera dos projetos do governo... que nunca chegaram!
UE corta €24 milhões em apoios ferroviários que demorou mais de quatro anos a aprovar—Expresso.Este governo, por atavismo e corrupção (sim, corrupção), está a ponto de transformar Portugal numa ilha ferroviária.
Deitou ao lixo mais de 800 milhões de euros que a UE tinha reservado —comparticipando com 85% dos custos— para Portugal construir a linha ferroviária de bitola europeia entre o Poceirão e Caia, parte da futura e prevista ligação ferroviária de Alta Velocidade, sobre bitola europeia, para passageiros e mercadorias, entre Lisboa, Madrid e o resto da península, aproveitando aquela que já é a segunda maior rede de alta velocidade ferroviária do mundo (depois da China).
O triângulo Lisboa-Madrid-Sevilha representa um universo de 11 milhões de pessoas com um PIB superior a 300 mil milhões de euros.
Prevista em Bruxelas, em Madrid e em Lisboa, prevista em acordos sucessivamente assinados em sucessivas cimeiras ibéricas, a ligação de Portugal à rede europeia interoperável de transportes, está neste momento comprometida pelas decisões desastrosas, para não dizer criminosas, do governo em funções.
Basta olhar para o mapa acima para se perceber uma coisa muito simples: a Espanha está a mudar todas as suas linhas ferroviárias que se dirigem a Portugal: largura entre carris diferente (normas UIC), novo sistema de alimentação elétrica, novo sistema de sinalização, novo sistema de prevenção de acidentes, e material circulante com as características adequadas à nova norma europeia e internacional (UIC). Ou seja, se Portugal não fizer o óbvio e previamente acordado, isto é, aderir aos objetivos da UIC, os comboios portugueses deixarão de poder cruzar a fronteira, e enquanto semelhante enormidade não for corrigida, Portugal será uma ilha ferroviária!
No entanto, este mesmo governo de lémures gastou MIL MILHÕES DE EUROS (ouviram bem?) na imprestável e dispensável RTP.
Porque será que nenhum jornalista faz uma simples pergunta ao Governo: onde estão os projectos de execução de tudo aquilo que têm vindo a propagandear, quer sobre a linha ferroviária Sines-Évora, quer sobre a fantasia do Barreiro?
Portugal poderá transformar-se numa espécie de Berlengas Ferroviárias, por culpa exclusiva deste governo, do lóbi que continua a puxar pelo novo aeroporto da Ota em Alcochete, e do dito Tribunal de Contas, uma das muitas sinecuras partidárias deste regime falido e sem vergonha.
Provavelmente, em menos de uma década, haverá racionamento da gasolina através do preço, continuando-se a favorecer o transporte aéreo por razões óbvias, mas penalizando fortemente o transporte rodoviário alimentado a combustíveis fósseis, e em particular gasolinas e gasóleos. O transporte elétrico e o transporte coletivo serão privilegiados pela via do preço e da fiscalidade.
Se, então, tivermos deixado morrer a ferrovia, a competitividade da economia portuguesa, que já é pouca, cairá a pique. E a sua balança de pagamentos, por via da importação excessivas de gasolinas e gasóleos, nunca mais poderá endireitar-se.
Esperemos pois que este governo emende a mão antes das próximas eleições. Mas se não emendar, pelo menos faça uma coisa: NÃO FAÇA NADA!
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