Bjork canta Declare Independence, em Xangai. |
Tibete! Tibete! pode comprometer estreia chinesa nas Olimpíadas deste verão
Björk: "I have been asked by many for a statement after dedicating my song 'Declare Independence' to both Kosovo and Tibet on different occasions. I would like to put importance on that I am not a politician, I am first and last a musician and as such I feel my duty to try to express the whole range of human emotions. The urge for declaring independence is just one of them but an important one we all feel at some times in our lives. This song was written more with the personal in mind but the fact that it has translated to its broadest meaning, the struggle of a suppressed nation, gives me much pleasure. I would like to wish all individuals and nations good luck in their battle for independence. Justice!" -- in Pitchfork.
Uma semana antes dos acontecimentos violentos que voltaram a colocar na ordem do dia e das preocupações chinesas a questão da independência do Tibete, a cantora islandesa Björk encerrou o seu espectáculo em Xangai com a canção Declare Independence, originalmente dedicada à Gronelândia e às Ilhas Faroé, mas que em espectáculos subsequentes Björk viria a dedicar ao Kosovo e, agora, ao Tibete.
Apesar de o sentido declarado da canção corresponder ao sentimento independentista em sentido lato, a verdade é que as circunstâncias políticas actuais têm permitido localizar esta particular performance artística em terrenos imediatamente explosivos da política mundial. Björk não tem obviamente consciência das implicações geo-estratégicas das suas declarações. Mas a verdade é que toca num ponto sensível do problema ideológico e político das independências nacionais.
Certos povos, regiões e nações adquirem por vezes sentimentos de pertença territorial e comunidade ao longo de séculos de maturação psíquica e sociológica cujo horizonte de realização tende inevitavelmente para o desejo de independência. Se a oportunidade surge, geralmente aproveitam-na para se libertarem de tutelas e domínios que aprenderam historicamente a repudiar. As derrotas de tais ambições no campo da batalha política, por mais trágicas que sejam, não são geralmente suficientes para matar os sonhos longamente amadurecidos. Mas, por outro lado, questões territoriais objectivas acabam frequentemente por reconduzir tais sentimentos profundos a uniões políticas, de jure e de facto, fora das quais a sobrevivência dos povos se vê constantemente ameaçada -- seja pela pequenez do território, seja pela frágil demografia, seja pela escassez de recursos, seja ainda pelas ameaças externas de outros povos cuja vitalidade e necessidades de expansão frequentemente põem em causa aquilo que no dia a dia dos povos frequentemente parece ser uma imutabilidade histórica e cultural.
Num certo sentido podemos dizer que a União Europeia, ao procurar ser uma Europa das regiões, pretende atingir esse difícil ponto de equilíbrio entre o sentimento de pertença nacional e a necessidade absoluta de integrar tais sentimentos em unidades cosmopolitas com uma amplitude territorial, económica e cultural duradouras e sustentáveis. A experiência terrível das guerras europeias nacionalistas é um aviso que não devemos subestimar, mesmo ouvindo com atenção e entusiasmo a voz dos poetas cantando as insondáveis contradições da alma humana.
Post scriptum -- 23-03-2008. Escutei ontem na CNN um argumento bastante cínico sobre a improbabilidade de um boicote ocidental, ou mesmo de actos simbólicos inesperados por parte dos atletas. As cláusulas minuciosas dos contratos celebrados entre os patrocinadores das várias delegações e atletas incluem invariavelmente interdições explícitas relativamente a actos extra-desportivos que possam ofender o anfitrião, ou simplesmente desviar o "ideal olímpico" para temas estranhos e inoportunos como, por exemplo, as várias querelas políticas mundiais actualmente em curso. Assim se vê a força de quem realmente manda!
REFERÊNCIAS
Declare Independence! (video clip original)
Olympics Boycott Chatter Grows as Tibet Unravels: William Pesek
March 21 (Bloomberg) -- It has been a rough year so far for conventional wisdom on China.
One supposedly irrefutable truth was that China wouldn't allow stocks to plunge. Tell that to investors watching shares slump to eight-month lows. The CSI 300 index is down 25 percent this year, and it's only March.
Another is that China won't overheat. Tell that to economists analyzing what the biggest inflation increases in 11 years mean for stability in a nation of 1.3 billion people.
The latest bit of conventional wisdom to be challenged is that the Aug. 8-24 Olympics would proceed with the precision of a referee's stopwatch. Tell that to a world getting antsy about events in Tibet, which are compounding China's already festering wound from its support of the regime in Sudan, where the government is accused of aiding genocide in the Darfur region.
Björk's "Tibet, Tibet" caught on Youtube
We've been looking around all day for a video of Björk's final song Declare Independence at her Shanghai concert and here it is! [Click here for another alternative video] Björk chanted "Tibet, Tibet" not once, but thrice, before yelling out "Raise your flag" again and again in a crescendo that made the crowd completely ecstatic (presumably because half of them didn't understand what she was saying?) -- Shanghaiist.
The fallout from Björk's "Tibet" call
It looks like the news embargo on Bjork's "Tibet" incident has finally been lifted and the fallout has begun. We have not found many traces of it, however, in the Chinese mainstream media. -- Shanghaiist.
Bjork's Shanghai surprise: a cry of 'Tibet!'
Singer under fire after shouting 'Tibet! Tibet!' after performing her song Declare Independence at Shanghai concert.
The Icelandic singer initially dedicated Declare independence to Greenland
and the Faroe Islands, which still have formal links to Denmark. The video for the song shows her in clothing bearing their flags. Its lyrics include: "Don't let them do that to you. Raise your flag!"
While performing in Japan last month, she dedicated the song to Kosovo. Bjork also played at several fundraising concerts supporting Tibetan independence in the US in the 1990s. -- Guardian.
China posts wanted list for Tibet
Chinese authorities have issued a list of 21 people wanted for their alleged role in anti-China riots in the Tibetan city of Lhasa last week. -- BBC News.
OAM 340 23-03-2008, 02:59