sábado, novembro 08, 2008

Portugal 51

Também eu quero um Obama!

Ainda sem sabermos até que ponto Barack Obama corresponderá às expectativas nascidas em tantos lugares do mundo, interessa, para já, gozar este intervalo de esperança. Creio que o sentimento se encontra amplamente difundido entre as pessoas de bem e será seguramente estimulante para muitos de nós.

Neste enlevo, e respondendo às preocupações de uma cara amiga e excelente colaboradora desta bitagora (bit agora!), ocorreu-me escrever o que segue:

Temos que regressar à realidade!
Defender quem trabalha, quem produz, quem poupa e quem cria....

Temos que ultrapassar o impasse político do regime.
A cada vez mais caricata, corrupta e exangue democracia portuguesa é um caso sério de deterioração cultural do regime instaurado em 25 de Abril de 1974. Digo "caso sério", por ser aparentemente insusceptível de auto-reforma.

Precisamos, creio, de um novo partido político, pois não vejo nenhum Obama no PS.

Não acredito nem no PCP, nem no BE para uma saída da actual crise. São ambos partidos do sistema, mas meramente retóricos, vocacionados para um tipo de Oposição sem nenhuma vocação de projecção positiva de ideias, nem capacidade de governo.

Por outro lado, a Direita continua num limbo troglodita, sem nenhuma possibilidade de responder à crise institucional que vai ganhando paulatinamente o seu momento de ruptura. A própria MF Leite tem-se vindo a revelar uma decepção. Por um lado, porque é politicamente torpe, e por outro, porque está rodeada de gente contaminada. António Borges (ex-Goldman Sachs) e a sinistra personagem que dá pelo nome de José Luís Arnaut são suficientes para liquidar, em duas penadas, a alternativa PSD à captura do PS pela tríade de Macau.

E quanto a Cavaco.... uma incógnita que não me inspira, apesar das invectivas que lhe venho dirigindo para existir, nenhuma confiança. Estamos, pois, num aparente beco sem saída!

Vou continuar a acompanhar de perto as tendências subterrâneas da actual situação.... com a ajuda de alguns amigos atentos que me têm ajudado a ler mais rapidamente a presente situação nacional e internacional. Estamos, creio, numa corrida feia em direcção a algumas ravinas perigosas... e francamente não sei se teremos tempo de mitigar a tempo os problemas e atacar criativamente a actual crise.

Um Obama entre nós? Onde?


OAM 473 08-11-2008 11:49

quinta-feira, novembro 06, 2008

Portugal 50

Legislativas, já! (II)
Lapso do Expresso envolve Estado e empresas nacionais no caldeirão dos CDS

Esta mensagem serve menos para reiterar e esmiuçar as razões que, na minha opinião, fundamentam a necessidade de uma intervenção do Presidente da República, lancetando o pus da actual crise sistémica na economia, nas finanças e no próprio regime, mas para corrigir uma notícia do Expresso online desta manhã, que estava mal redigida, e misteriosamente desapareceu por volta do meio-dia, reaparecendo sob a forma de uma correcção, mas não de um pedido de desculpas, às 18:04.

A notícia publicada afirmava que Estado português e empresas nacionais esbracejavam no caldeirão dos Credit Default Swap (CDS), levando-me a transcrever um erro, e a causar inadvertidamente algum pânico. Na realidade, Portugal, por via das gigantescas e má notadas dívidas do Estado e de vários bancos e grandes empresas portuguesas, aparece na recente lista de contratos e entidades envolvidas nos (ou a que se referem os) famigerados CDS, cuja divulgação pública teve início este mês e é da responsabilidade da Depository Trust and Clearing Corp (DTCC), empresa de serviços financeiros pós-venda, sediada em Nova Iorque e responsável pelo registo de quase 90% dos contratos de seguros financeiros realizados em todo o mundo.

A notícia, como surgiu, às 10:09 da manhã, colocava o país na rota do mais tóxico dos produtos financeiros actuais e o responsável mais imediato da gigantesca reacção em cadeia que fez explodir o mercado de derivados, arrastando atrás de si bancos, países e toda a economia mundial. Só para termos uma ideia do que estamos a falar, pensemos nestes dois números:
  1. valor nocional do mercado de derivados de crédito (CDS): entre 45 e 62,2 biliões de USD;
  2. valor do PIB mundial: à volta de 54,5 biliões de USD.
A notícia do Expresso desapareceu pouco tempo depois do meu postal Legislativas, já! No respectivo URL, como ainda se pode verificar, ficou um buraco branco! Quando regressei a casa, por volta das 21h00, tinha várias mensagens no Gmail avisando-me sobre o desaparecimento da notícia do Expresso. Jantei calmamente, ouvi o rescaldo da triunfal eleição de Obama, dando comigo a pensar nas tremendas expectativas criadas, nomeadamente junto da população afro-americana. Sob a protecção dum Sauternes Chãteau Rayne Vigneau de 2001, comecei então à procura da notícia apagada pelo Expresso. A primeira, publicada às 10:09, fora para o lixo. A segunda, publicada às 18:04, corrigia humildamente a primeira, mantendo-se contudo numa zona de castigada penumbra mediática! Para que conste, e os políticos do Bloco Central, do PCP e do Bloco de Esquerda, não façam vista grossa, aqui ficam as duas:

15 mil milhões de dólares em CDS
Portugal na lista dos derivados tóxicos

O Governo português, dois bancos (BES e BCP) e duas empresas (PT e EDP) estão entre as mil entidades com mais seguros de crédito (CDS-credit default swaps) baseados na sua dívida. No total são cerca de 15 mil milhões de dólares. Portugal é o 9.º do 'top 10' mundial e o 6.º no conjunto da União Europeia.

Jorge Nascimento Rodrigues
10:09 | Quarta-feira, 5 de Nov de 2008 (Expresso)

Portugal consta da lista dos 10 países com maior valor líquido em contratos CDS ('credit default swaps') baseados na sua dívida, um tipo de contratos de crédito derivados que têm estado sob a mira da crise financeira.

O país tem 6 mil milhões de dólares em CDS, em valor líquido, sobre os seus títulos de dívida pública, envolvendo 767 contratos. Com um valor ligeiramente superior encontra-se a França (6,2 mil milhões) e logo abaixo a Irlanda (5 mil milhões).

Os campeões mundiais com mais CDS sobre a sua dívida são a Itália (22,7 mil milhões), a Espanha (16,7) e o Brasil (12,3). Sobre as obrigações do tesouro alemãs, as bunds, consideradas as mais seguras da Europa, existem seguros de crédito no valor de 11,4 mil milhões de euros.

Na lista das mil entidades que servem de referência um maior volume de CDS encontram-se também o Banco Espírito Santo, com 3,1 mil milhões de dólares, a PT International Finance BV, com 2,4, a EDP, com 1,7, e o BCP, com 1,6 mil milhões.

Esta listagem passou a ser colocada online desde ontem pela Depository Trust & Clearing Corp (DTCC), com base em dados da Trade Information Warehouse, que regista todo este tipo de movimentos em derivados. A informação passará a ser actualizada semanalmente.

A DTCC revelou que existiam, à data de 31 de Outubro, 33,6 biliões (33.600 mil milhões) de dólares em CDS em valor líquido, em que 91% estavam na mão de 'dealers', entidades profissionais no mercado de derivados.

Entre as entidades não-estatais com mais de 6 mil milhões de dólares em CDS encontram-se o Deutsche Bank que lidera (com 12,5 mil milhões), General Electric (12,2), Morgan Stanley (8,4), Merrill Lynch (8,2), Goldman Sachs (6,9), Citigroup (6) e UBS (6).

Os CDS foram inventados no final dos anos 90 do século passado por uma equipa do JPMorgan Chase (que detém, actualmente, 5,4 mil milhões, menos que os seus parceiros da Wall Street), depois da crise financeira asiática. São seguros de crédito que as instituições financeiras compram para cobrir o risco de não receberem as dívidas que têm em carteira.

Por exemplo, um banco que tenha dívida pública portuguesa e queira eliminar o risco de incumprimento, compra um CDS junto de uma seguradora que lhe pagará o valor em dívida caso o Estado português falhe ao pagamento. Para isso, tal como nos seguros tradicionais, o banco terá que pagar um prémio que é medido como um "spread". Ou seja, se o "spread" for de 0,5% sobre um valor de dez milhões de euros significa que terá que pagar 50 mil dólares.


Rectificação
Portugal na lista de CDS emitidos

Os CDS são contratos de transferência de risco de incumprimento que as entidades financeiras realizam para cobrir o risco de dívidas que têm em carteira.
Jorge Nascimento Rodrigues

18:04 | Quarta-feira, 5 de Nov de 2008 (Expresso)

O título da notícia "Portugal na lista dos derivados tóxicos", um dos parágrafos no texto, bem como a legenda da fotografia de uma notícia publicada esta manhã no Expresso online, referindo as entidades portuguesas aí existentes, induziram os leitores em erro.

A lista divulgada pela Depository & Trust Clearing Corp diz respeito ao valor líquido em contratos CDS (contratos de transferência de risco de incumprimento) emitidos sobre a dívida de países e entidades, não respeitando a CDS existentes em carteira dessas entidades, como foi interpretado por muitos leitores.

Por essa razão, republicamos a notícia com as rectificações necessárias.

Portugal é um dos 10 países com mais contratos CDS emitidos sobre a sua dívida, segundo uma lista de 1000 entidades divulgada pelo sítio na Internet da Depository Trust & Clearing Corp (DTCC), com base em dados da Trade Information Warehouse. A informação passará a ser actualizada semanalmente.

No total, existem 6 mil milhões de dólares em CDS em valor líquido emitidos sobre títulos de dívida pública portuguesa, envolvendo 767 contratos. Com um valor ligeiramente superior encontra-se a França (6,2 mil milhões) e logo abaixo a Irlanda (5 mil milhões).

Os campeões mundiais com mais CDS em valor líquido sobre a sua dívida são a Itália (22,7 mil milhões de dólares), a Espanha (16,7) e o Brasil (12,3). Sobre as obrigações do tesouro alemãs, as 'bunds', consideradas as mais seguras da Europa, existem CDS no valor de 11,4 mil milhões de euros.

A DTCC revelou que existiam, à data de 31 de Outubro, 33,6 biliões (33.600 mil milhões) de dólares em CDS em valor líquido, em que 91% estavam na mão de 'dealers', entidades profissionais no mercado de derivados.

Na lista das 1000 entidades sobre as quais foram realizadas tais operações encontram-se também dois bancos (BES e BCP) e duas empresas (PT International Finance BV e EDP) portuguesas.

A nível mundial, as empresas e bancos líderes desta lista são o Deutsche Bank (com 12,5 mil milhões), General Electric (12,2), Morgan Stanley (8,4), Merrill Lynch (8,2), Goldman Sachs (6,9), Citigroup (6) e UBS (6).

Os CDS foram inventados no final dos anos 90 do século passado por uma equipa do JP Morgan, depois da crise asiática. Os CDS são contratos de transferência de risco de incumprimento que as entidades financeiras realizam para cobrir o risco de dívidas que têm em carteira.

Resumindo, a diferença é esta: na primeira notícia, sugere-se que o Estado, instituições e empresas portuguesas teriam comprado ou vendido contratos de derivados de crédito denominados CDS -- o que não corresponde efectivamente à verdade. Na correcção da notícia, clarifica-se que as entidades portuguesas aparecem na lista dos mil principais Credit Default Swaps, tão só na qualidade de referentes, isto é, de devedores cujos títulos de dívida foram objecto de empacotamento especulativo destinado ao mercado de derivados. O risco da dívida portuguesa é suficientemente interessante para os jogadores do casino dos CDS, nomeadamente se houver quebra pontual ou definitiva de compromissos, mas não onera nem beneficia por si só os devedores.

Basicamente, o que acontece num contrato CDS é isto: um dado banco financeiro empresta dinheiro, por exemplo ao BES, ao BCP, ou ao Estado português. Normalmente, muito dinheiro. Tal empréstimo é por definiçao um risco, pois o devedor pode, por qualquer motivo, deixar de pagar, e nesse caso quem emprestou fica a arder. Para mitigar este risco, o banco financeiro, ou banco sombra (shadow bank), uma entidade sem qualquer espécie de regulação e que normalmente opera este tipo de negócios (Bear Sterns, Lehman Brothers Holdings, etc.), assume-se como segurador do empréstimo por si realizado, criando um produto financeiro chamado CDS, que entretanto coloca no mercado de derivados. Aqui, alguém ou alguma entidade, cujo jogo é subscrever e especular com aquele Credit Default Swap, passa a pagar ao banco sombra um prémio regular pelo bom comportamento da dívida. No entanto, fá-lo quase sempre na expectativa de que algo corra mal do lado do devedor. Se tal acontecer, ganha a lotaria! Isto é, recebe o valor estipulado no contrato CDS para este género de sinistro.

No caso vertente as apostas foram estas:

Table 6: Top 1000 Reference Entities (Gross Notional Value, Net Notional Value and Number of Contracts)
  • BANCO COMERCIAL PORTUGUES, S.A. - 13,065,158,499; 1,636,325,066; 1,501
  • BANCO ESPIRITO SANTO, S.A. - 19,025,188,959; 3,058,801,218; 2,005
  • EDP - ENERGIAS DE PORTUGAL, S.A. - 15,426,350,542; 1,703,101,395; 1,950
  • PORTUGAL TELECOM INTERNATIONAL FINANCE B.V. - 33,209,440,252; 2,438,638,087; 4,421
  • REPUBLIC OF PORTUGAL - 24,272,147,229; 6,046,724,719; 767
Embora, como se disse, os contratos CDS não envolvam directamente as entidades portuguesas, seria relevante conhecer o tipo de relacionamento existente entre todos os actores destes negócio, sobretudo quando estão em causa interesses nacionais evidentes.


Post scriptum - os bancos portugueses não compraram, que se saiba, CDS. No entanto, as dívidas de alguns bancos e a dívida pública portuguesa foram objectos de contratos CDS por parte das entidades que emprestaram o dinheiro e entidades terceiras. Isto significa que a dívida pública portuguesa e os empréstimos contraídos por vários bancos (BES, BCP) e empresas (Portugal Telecom, EDP) estão demasiado expostos aos contratos de derivados realizados tomando as rersponsabilidades como referente. Há pois um certo grau de perigo, embora afecte, em primeiro lugar, os detentores de CDS, e não as entidades portuguesas.

Em suma, não parece haver um perigo imediato, mas é preciso mantermo-nos vigilantes, e vasculhar os covis a economia especulativa reinante!


OAM 472 06-11-2008 03:40

quarta-feira, novembro 05, 2008

Portugal 49

Legislativas, já!

Não sei se o Estado português tem dinheiro para pagar o décimo terceiro mês e os meses que se lhe seguirão. Mas sei que este Governo, a Banca e as principais empresas do país, boa parte delas recentemente privatizadas, têm andado a mentir descaradamente aos portugueses e atolaram o país num verdadeiro buraco de dívidas, ameaçando torná-lo insolvente, na linha do que recentemente ocorreu na Islândia.

Perante a gravidade da situação não vejo como poderá o actual Presidente da República permanecer numa posição meramente expectante. Este Governo deve ser imediatamente demitido. A incompetente Assembleia da República deve ser dissolvida. E as eleições legislativas devem ser antecipadas para a Primavera que vem. Até lá, deverá ser constituído um Governo de Emergência Nacional, de iniciativa presidencial, com plenos poderes executivos, obviamente dentro dos limites constitucionais, e assistido de forma permanente pelo actual Conselho de Estado.

As tropelias dos grupos financeiros e grandes empresas nacionais (EDP, PT, Mota-Engil, etc.), na sua desesperada corrida ao Estado, para que este injecte liquidez de qualquer maneira nos seus cofres vazios, por conta das verbas do QREN e do exponencial endividamento do país -- que todos nós pagaremos sob a forma de falências em massa, desemprego brutal, aumento criminoso dos impostos e perseguições fiscais de todo o tipo -- atingiu o paroxismo do mais íntimo e corrupto conúbio entre quem manda no Governo e quem manda no Dinheiro. Basta!

Como os partidos com assento parlamentar não têm juízo e persistem na balbúrdia, existe uma figura eleita por todos os portugueses, entre outras razões, para desempenhar a função de "última razão" do actual regime político. Chama-se Presidente da República. O normal funcionamento das instituições está irremediavelmente afectado. Daqui para a frente a situação só poderá apodrecer. Impõe-se uma intervenção decidida da primeira figura do Estado Português!

Os exemplos que se seguem chegaram à minha caixa de correio entre a tarde de ontem e esta manhã, mas são suficientemente catastróficos para que não se perca mais tempo. Está em causa a independência económica do país e a credibilidade de todo um povo!

15 mil milhões de dólares em CDS
Portugal na lista dos derivados tóxicos

05-11-2009 (Expresso online). O Governo português, dois bancos (BES e BCP) e duas empresas (PT e EDP) estão entre as mil entidades com mais seguros de crédito (CDS-credit default swaps) baseados na sua dívida. No total são cerca de 15 mil milhões de dólares. Portugal é o 9.º do 'top 10' mundial e o 6.º no conjunto da União Europeia.

Estado Português = 6,2 mil milhões USD
BES = 3,1 mil milhões USD
PT International Finance BV = 2,4 mil milhões USD
EDP = 1,7 mil milhões USD
BCP = 1,6 mil milhões USD


Banco de Portugal depositou, sem nenhum controlo democrático, em bancos privados, até Junho de 2008, 2.516 milhões de euros


Este número consta de um relatório do próprio BdP. No entanto, nenhum órgão de comunicação até agora divulgou, nem sobretudo denunciou este evidente abuso de poder, congeminado e executado na sombra estatística duma entidade irresponsável, cujo governador há muito deveria ter sido objecto de investigação séria por parte da Assembleia da República, e mesmo por parte do Ministério Público.


Ministério da Segurança Social injectou ilegalmente liquidez em bancos corruptos e aflitos


Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social (IGFSS), dependente do Ministério da Segurança Social, e que gere as pensões da esmagadora maioria dos portugueses, tem contas abertas nos principais bancos do país, supondo-se que tenha "investido" 500 milhões de euros no BPN (que já em Março de 2008 obtinha miseráveis notações de credibilidade financeira por parte das duas principais agências "rating" internacionais, a Fitch Ratings e a Moody's, respectivamente de BBB e Baa3).


Caixa Geral de Depósitos injectou 300 milhões de euros no Banco Português de Negócio à medida que uma inexorável corrida ao banco reduzia a sua liquidez a pó


03-11-2008 (Sapo Notícias). Para tentar evitar o colapso do BPN a Caixa Geral de Depósitos chegou a realizar um empréstimo de 200 milhões de euros mas a injecção não foi suficiente. Esta verba foi aumentando mas, ao final do dia, já não havia dinheiro. Muitos clientes levantavam o dinheiro das suas contas, e a administração acabou por não resolver o problema estrutural comprometendo também o aumento de capital previsto, de 300 milhões de euros.


Jardim pede dinheiro à banca para pagar ordenados


05.11.2008 - 09h35 Tolentino de Nóbrega (Público). O governo regional da Madeira decidiu contrair um empréstimo bancário de curto prazo, no valor de 50 milhões de euros, para pagar ordenados e subsídio de Natal dos funcionários públicos.

Na resolução 1221/2008, tomada pelo executivo regional a 23 de Outubro e publicada no Jornal Oficial de 3 de Novembro, o governo de Alberto João Jardim justifica o empréstimo para "fazer face às necessidades de tesouraria" no corrente ano económico, mas o PÚBLICO apurou que a verba se destina a responder a compromissos salariais. O montante corresponde ao duplo vencimento (ordenado mais o 13.º mês) a pagar, este mês, aos funcionários da administração pública regional - que representam uma despesa de 357 milhões de euros em 2008, cerca de 24 por cento do orçamento madeirense.


Estado português quer vender dívida pública aos chineses


05-11-2008 (Diário Económico) O Estado português está a desenvolver contactos com a SAFE, a agência oficial chinesa que administra as reservas monetárias do país, as maiores do mundo, avaliadas em um bilião de euros. O objectivo do Ministério das Finanças é simples: conseguir uma sessão de promoção com a autoridade monetária chinesa e atrair um investidor de peso para comprar títulos de dívida pública portuguesa.

“No contexto das actividades de promoção de dívida pública portuguesa, regularmente conduzidas pelo Instituto de Gestão do Crédito Público, está a procurar incluir-se a SAFE num próximo ‘road show’ a realizar na Ásia”, avançou fonte oficial do Ministério das Finanças ao Diário Económico.

Até agora, Portugal tem estado de fora do horizonte da autoridade monetária chinesa, uma vez que esta, “à semelhança de agências congéneres, só recentemente começou a alargar os seus critérios de investimento para ‘ratings’ inferiores [a triplo A]”, explica o Ministério. O ‘rating’ da dívida portuguesa – indicador que mede a capacidade de cumprimento das obrigações financeiras – é de AA- , de acordo com a avaliação da agência Standard&Poor’s.


OAM 471 05-11-2008 11:55 (última actualização: 06-11-2008 12:23)

Sonho Americano

Good morning Mr. President!



A expectativa nunca foi tão grande, e o tempo para lhe corresponder tão curto!

Acabo de ouvir o discurso de vencido de John McCain. A comoção de que a primeira e grande referência das democracias ocidentais continua a morar na América foi instantânea e eloquente. De algum modo, o discurso deste homem -- que certamente irá provocar grandes alterações no corrupto Partido Republicano --, era fundamental para conferir à vitória de Barack Obama toda a dimensão histórica que efectivamente tem, não só para o seu país, mas também para o resto do mundo, e em particular para os continentes e países que bordejam o Oceano Atlântico, já que o Pacífico e o Índico deixarão em breve de ser mares americanos.

Os Estados Unidos vivem aquela que é a sua maior crise de sempre. Não se trata apenas de uma gigantesca crise financeira e económica, muito mais profunda e desestruturante do que a crise de 1929, mas também de uma crise de hegemonia, ou melhor dito, de cedência e partilha imperial. Conjuga-se, pois, o fim de uma certa economia com o fim de uma certa política.

Sendo há pelo menos uma década o país mais endividado do mundo, ao mesmo tempo que continua a ser o mais consumista e maior devorador mundial de recursos energéticos, a pátria das oportunidades ao longo de mais de um século tem vindo a transformar-se num pesadelo para mais de 250 milhões de pessoas. Os Estados Unidos andam hoje de chapéu na mão pelas chancelarias asiáticas e do Médio Oriente em busca de dinheiro e perdões de dívida, como se fossem um qualquer pária da comunidade internacional. Foi para mudar este estado de coisas que uma ampla maioria dos americanos elegeram Barack Obama.

O principal problema da América (como da Europa) são dois: viver acima das suas possibilidades, endividando-se em cascata por causa desta filosofia de vida; e exportar temerariamente boa parte das suas capacidades produtivas para os países de mão de obra barata e sem direitos sociais, deteriorando pelo caminho de forma perigosa os termos de troca internacional, as liberdades, os direitos sociais e o emprego nas democracias ocidentais.

O colapso da indústria automóvel nos Estados Unidos e na Alemanha, depois da implosão do sistema financeiro que prossegue o seu rasto de destruição, é a prova provada do curso suicida das principais democracias mundiais. Estas democracias -- que foram sequestradas pela ganância das máfias e tríades que paulatinamente se infiltraram em todos os interstícios vitais dos seus sistemas de poder --, ou aproveitam a gravidade da actual crise, e a eleição de Barack Obama, para redesenhar a ética da redistribuição mundial, em nome de novos equilíbrios dinâmicos, e justificáveis partilhas de soberania regional, ou caminharão inexoravelmente para uma triste e duradoura subalternidade económica, política e cultural.

Como é evidente, esta hipótese de declínio duradouro convoca todos os demónios escondidos de uma sempre possível depuração nuclear e bioquímica da humanidade. A mais importante missão das almas civilizadas deste planeta é evitar que o relógio do eclipse termonuclear e bioquímico continue o seu macabro tique-taque. A única forma de travar os demónios de Marte passa pelo uso radicalmente livre do pensamento e da criatividade. As ideologias do século 19, que perduraram durante todo o século 20, e ainda infestam boa parte dos neurónios partidários que ocupam as instâncias legitimadas do exercício do poder, não servirão para resolver coisa nenhuma. Basta ouvir uma única discussão entre José Sócrates e os parlamentares da Assembleia da República para percebermos que, não havendo porventura tempo útil para reformar drasticamente, no curto prazo, o actual regime, caberá forçosamente à cidadania electrónica participativa o dever de pressionar os decisores políticos, económicos, sociais e institucionais, na direcção que melhor convenha ao bem comum, e sobretudo ilumine de forma credível uma saída para a dramática encruzilhada civilizacional em que nos encontramos todos.

Até ao fim de 2008 Barack Obama irá definir o seu plano de ataque aos problemas que afligem a América e o mundo. No dia 20 de Janeiro de 2009 saberemos se Barack Obama terá ou não coragem para fazer o que tem que ser feito, ou seja, recuperar a economia americana pela única via possível: pelo trabalho e pela produção, trocando o consumismo desmiolado pelo fortalecimento cognitivo e cultural de todo um povo.

Mas para aqui chegar será inevitável criar uma nova moeda americana, porventura uma moeda regional, semelhante ao euro. Será inevitável alterar radicalmente as regras do comércio mundial, regressando a formas inteligentes e justas de proteccionismo económico e financeiro. Será inevitável estabelecer uma linha divisória entre o ascenso fulgurante do poder asiático, protagonizado pela China, e a conservação estratégica do potencial económico, político e cultural da Euro-América. Mais cedo ou mais tarde, e quanto mais cedo melhor, Estados Unidos e Europa terão que negociar com a China um novo Tratado de Tordesilhas que estabeleça o quadro de concorrência criativa e estabilidade civilizacional para todo o século 21. Menos do que isto será uma desilusão, e a extraordinária eleição de Barack Obama terá sido em vão.

OAM 470 05-11-2008 11:37

segunda-feira, novembro 03, 2008

Portugal 48

A cenoura e o pau do Bloco Central



Ou muito me engano, ou a falência do BPN é apenas o começo do fim da banca privada portuguesa tal como existiu e se aventurou até agora pelo submundo da economia virtual e da especulação. Os governantes já provaram que mentem sempre, e objectivamente protegem os corruptos! Que prevê a Constituição nestes casos?

Sabiam, por exemplo, que o BCP, no final do primeiro semestre de 2007, no balanço consolidado das suas contas registava 526,8 milhões de euros na rubrica “depósitos de bancos centrais”, e que este valor subiu para 1.564 milhões de euros no primeiro semestre deste ano? Ou seja, alguém nos disse - nomeadamente o imbecil do BdP - que o BCP não consegue financiar-se no mercado interbancário vai para dois anos pelo menos?! E sabiam que o Banco de Portugal (BdP), gerido pelo dito imbecil, sem dizer nada à Assembleia da República, tem vindo a ceder liquidez à banca privada, passando de 234 milhões de euros em 2007, para 2.516 milhões de euros até Junho deste ano? O antigo ministro Bagão Félix -- que muito aprecio, apesar das suas opções partidárias, que obviamente não partilho -- sugeriu ontem na SIC que o senhor Vítor Constâncio devia demitir-se. Eu sugiro que o metam na cadeia -- por destruição subreptícia do erário público! Sempre quero saber o que é feito do ouro português a estas alturas do campeonato. Ainda existe alguma onça efectivamente nossa em Fort Knox, ou já foi todo comprometido em gold swaps, por conta do financiamento da balança de transacções correntes, e sobretudo por conta da nossa imparável dívida externa? Claro que o demagogo Doutor Louçã não tinha ainda reparado neste detalhe. Para ele tudo se resolve com a redução a zero da poupança nacional e a venda internacionalista do país a terceiros. Coitado do Trotsky!

A hidra dos Derivados gerou um incontrolável buraco negro financeiro na economia mundial. Por mais liquidez que se lhe deite por cima, esta esfuma-se num ápice, pela simples razão de que há um intransponível fosso entre as dívidas da economia real e o monstro da dívida virtual. Esta gera sem parar responsabilidades inadiáveis à economia real, que a economia real jamais conseguirá satisfazer até ao fim, ainda que se suicide. Só há uma saída: fazer o reset do sistema!

Resta saber quem dará o primeiro passo e as consequências do mesmo. Barak Obama, se for eleito, talvez seja forçado a fazer duas coisas: substituir o dólar actual por uma nova moeda (o novo dólar, ou o famigerado Amero), e reformar radicalmente as regras da Organização Mundial de Comércio por forma a introduzir um sistema ponderado de pautas aduaneiras à escala global, dividindo o planeta em duas grandes metades: a Ocidental, euro-americana, e a Oriental, indo-asiática. No fundo, como a actual crise é uma crise sistémica, a única saída para a mesma, se exceptuarmos uma III Guerra Mundial, é a recriação do Tratado de Tordesilhas, acompanhada da reinstauração de uma medida de valor de troca universal fortemente ancorado na materialidade monetária e no valor do trabalho. A economia do crescimento contínuo acabou, por razões energéticas, demográficas, de recursos e ambientais. E a prova disto mesmo é que a dita economia se deixou transformar, ao longo das últimas décadas, numa economia assente na expansão suicida do endividamento, de cuja irracionalidade viria a resultar o presente colapso financeiro e económico mundial. Os sinais irrompem diariamente como evidências cada vez mais aflitivas.

Camilo Lourenço: "Que sirva de lição"

Era um desastre à espera de ocorrer... a falência do BPN. Mas antes de analisar as consequências, nomeadamente quanto ao que o contribuinte português vai pagar pelo "bail-out", vale a pena falar da "ausência" de várias instituições (para ver se se aprende alguma coisa com o que aconteceu).

Desde logo o Banco de Portugal, cuja supervisão anda a apanhar bonés, como já se tinha visto no caso BCP: o BPN confirma que o banco central tem na supervisão bancária o elo mais fraco (o que é preocupante, porque é a única área onde o banco mantém totais poderes). Desde logo, também, o jornalismo. Há sete anos que se sabia das irregularidades (algumas dão direito a cadeia) no BPN. No entanto, poucos meios de comunicação tocaram na ferida. Apesar das reservas dos auditores às contas do banco.

Em Março de 2001, a "Exame", que na altura dirigia, arriscou. Oliveira e Costa, sobre quem impende a maior parte das dúvidas de comportamento ilícito, não perdoou: levei um processo de alguns milhares de euros (que se resolveu com a minha saída da revista e um pedido de desculpas à instituição). O que menos me interessa é regozijar-me por saber que, sete anos depois, a revista (cujos profissionais de então quero elogiar) está vingada... mas fazer votos para que quem dirige grupos de comunicação confie mais nos jornalistas. Porque a verdade é como o azeite: vem sempre ao de cima. Pode demorar, mas vem.

Commerzbank, segundo maior banco privado alemão, pede 8 mil milhões emprestados e um aval estatal de 15 mil milhões

03-11-2008 (TSF). O segundo maior banco privado alemão vai solicitar ao governo do país um empréstimo de 8,2 mil milhões de euros. Os maus resultados do banco Commerzbank no terceiro trimestre de 2008 estiveram na base da decisão.

O banco alemão Commerzbank vai pedir um empréstimo de mais de 8 mil milhões de euros ao governo do país, devido aos maus resultados que a instituição obteve no terceiro trimestre de 2008, com perdas de 285 milhões de euros.

Além do empréstimo a incluir directamente no capital do banco, que subirá assim para 11,2 por cento, será ainda solicitado um aval de 15 mil milhões de euros para negócios interbancários, adiantou esta segunda-feira a administração do Commerzbanz, em comunicado.


BMW suspende produção e manda 40 mil trabalhadores para casa


03-11-2008 (Efe/ Folha Online) O fabricante alemão de automóveis BMW suspendeu sua produção para toda esta semana e enviou 40 mil funcionários para casa diante da fraca demanda de veículos em todos os mercados.

Um porta-voz da BMW anunciou que desde hoje e até sexta-feira não funcionarão as linhas de produção nas fábricas alemãs de Munique, Regensburg e Dingolfing.

Após suspender na semana passada a produção em sua fábrica de Leipzig durante quatro dias e um dia a de Berlim, a BMW calcula que sua produção será cortada este ano em cerca de 25.000 automóveis.

Em setembro o fabricante já registrou um retrocesso em suas vendas de 14,6%, para 121 mil.


Como a crise financeira precipitou o colapso da indústria automóvel dos Estados Unidos, por Luis Rego (em Detroit)

03-11-2008 (Diário Económico). “Quando vim para aqui trabalhar disseram-me que o futuro desta indústria era tão radioso que precisávamos de andar de óculos escuros. Os todo-o-terreno eram o novo sonho americano. Agora, como isto está, não sei se tenho emprego no Natal”. Gary, 42 anos, é um engenheiro da Chrysler em Warren (nordeste de Detroit), uma das unidades de produção a abater no quadro das actuais negociações de fusão com a General Motors. Duas empresas que simbolizavam a vanguarda industrial americana lutam agora para evitar a falência. Mas o desemprego é apenas um dos ingredientes de um cocktail explosivo de tragédias económicas que se está a abater em Michigan, o Estado que conduz os piores indicadores de recessão nos EUA.


Eurozone is on verge of recession


3-11-2008, 11:48 (BBC). The eurozone is on the brink of recession with economic growth falling 0.2% in the second quarter, the European Commission has announced. A Commission statement warned: "In 2009, the EU economy is expected to grind to a standstill." The slowdown will mark the eurozone's first recession since the currency's inception in 1999.


Fundos soberanos árabes compram 1/3 do Barclays

02-11-2008 (RGE monitor). Talks of Sidelined sovereign wealth aside ….the amassed savings of the Gulf have re-emerged as a major capital source for some European banks – if not U.S. ones (For more details check out RGE accounting of SWF capital investment in financial institutions over the last year). Barclays turned to Qatar - Qatar holding, a subsidiary of the Qatar Investment Authority and an investment vehicle of Qatar’s Sheikh Hamad, will collectively almost double the stake the two investors accrued early this summer to almost 15.5%. And Sheikh Mansour of Abu Dhabi will take a 16% stake – in a personal capacity.

Em duzentas e três economias consideradas no World Factbook da CIA, Portugal tinha, em 2007, a 20ª maior dívida externa do mundo (200% do nosso PIB!), acima, em valor absoluto, de países como a China, a Rússia, o Brasil, a Argentina ou os Emiratos Árabes Unidos. Acresce ainda que a dívida pública, i.e. a dívida do Estado (juros incluídos) já chegou aos 64% do PIB, enquanto a balança de transacções correntes é também deficitária em cerca de 10% do Produto Interno Bruto. Ou seja, no momento em que ocorre o maior eclipse de liquidez monetária de que há memória, anunciando em todo o seu dramatismo o início de um colapso financeiro e uma depressão prolongada nas principais economias ocidentais, a banca portuguesa está virtualmente falida e sem credibilidade suficiente para contrair os vultuosos empréstimos de que necessita para sobreviver e ajudar a financiar o pântano deficitário em que todos nos estamos afundando -- públicos e privados. Pior não podia ser!

O Conselho de Ministros extraordinário, realizado este Domingo (para não assustar a Bolsa, e para evitar uma corrida aos bancos), teve um e um único objectivo: anunciar que o Estado irá contrair uma dívida extraordinária, ainda por inscrever no Orçamento de Estado de 2009, de 6.450 milhões de euros. 2.450 milhões para pagar dívidas a fornecedores (a cenoura); mais 4000 milhões, cujo objectivo é adquirir acções preferenciais (1) em troca de empréstimos que as entidades bancárias venham hipoteticamente a contrair junto dos cofres do Estado (o pau). Tal como no caso do Fundo de Garantia que avalizará empréstimos bancários até ao montante global de 20 mil milhões de euros, a actual decisão governamental, por configurar apenas intenções e actos hipotéticos, não será inscrita na coluna das despesas do Orçamento de Estado 2009. E no entanto, o que parece cada vez mais provável, é os contribuintes virem a ser sobrecarregados com uma despesa não orçamentada de 26.450 milhões de euros -- qualquer coisa como 15% do PIB, ou seja, cinco vezes mais do que o limite de 3% acordado no Pacto de Estabilidade e Crescimento! Alguém duvida da necessidade de um orçamento rectificativo a meio de 2009, ou então de um descalabro certo em 2010? Alguém duvida, pensando no resto da Euro zona, da provável morte do referido pacto? E se assim for, poderá ou quererá algum Estado evitar a emergência de um efectivo governo económico europeu e o reforço dos poderes executivos da Comissão e do Parlamento de Estrasburgo? Ou isto ou o fim trágico da Europa!

O Governo, o Banco de Portugal, os bancos e a imprensa não têm feito outra coisa que não seja mentir aos portugueses ao longo de toda esta crise. Não havia crise na América, tão só uma constipação; depois de o Subprime mostrar os dentes, disse-se que não chegaria à Europa; com o escândalo do BCP em pleno, proclamou-se aos quatro ventos que Portugal estava livre do lixo financeiro e que tinha um sistema bancário muito sólido; o BPN, não senhor, não estava à beira da falência (matem-se os rumoristas clamou o ministro que veio da Bolsa); e agora, depois da anunciada nacionalização do BPN, tudo ficará bem e recomenda-se. Se é assim, para que são então os 24 mil milhões de euros que a maioria resolveu destinar em exclusivo à banca instalada em Portugal, depois dos depósitos (que são, para todos os efeitos, empréstimos) já realizados pelo BdP, e que ascendiam em Junho deste ano a 2.516 milhões de euros?! Quando será que os manipuladores profissionais acordam para a realidade e sobretudo para o facto de não sermos todos atrasados mentais?

Há quinze dias atrás, quando já se sabia que o BPN afundava à velocidade dum prego atirado ao mar, o ministro das finanças do meu país veio mentir descaradamente sobre a situação do banco. Foi para evitar o pânico? Foi?! Pois eu acho que prestou um péssimo serviço aos 200 e tal mil clientes do sombrio banco que agora acaba de morrer. Quem sabia o que ia suceder safou-se do naufrágio. Mas que sucederá aos demais clientes atraídos por este banco de piratas cujos donos, soubemos já ao final desta tarde, é uma tal Sociedade Lusa de Negócios, presidida por Rui Machete e contando entre os seus administradores com o famoso Dias Loureiro? O irresponsável bem pago que preside ao Banco de Portugal, por um lado, e a CMVM, por outro, autorizaram a existência e livre operação de um banco (ainda esta manhã filho de pai incógnito), mesmo depois de a revista Exame ter revelado em 2001 (!) que algo iria muito mal no BPN. E agora? Ninguém vai preso?! O cúmulo do desvario foi ler no DN de hoje que a avestruz das Finanças tenciona indemnizar os piratas do BPN, em vez de os meter na cadeia, como devia! Ainda se espantam com o ambiente conspirativo que começa a brotar das casernas.

A crise bancária portuguesa é muito mais séria do que pretendem os seus protagonistas e protectores. Na realidade, estas entidades financeiras e os grupos económicos de que fazem parte, quase todos eles metidos até às orelhas nos mercados de Derivados e na especulação cambial, estão secos que nem carapaus e precisam desesperadamente de liquidez. Para acederem ao crédito, têm que exibir garantias sólidas de que podem honrar os contratos. A qualidade dos chamados Colaterais que acompanham os contratos de Derivados, os Hedge Funds, os CDS e os PRDC, etc. tornou-se condição sine qua non. Daí o interesse dos bancos nos avales do Estado, nas linhas de crédito que este generosamente anuncia e no ajustamento dos rácios de solvabilidade. As empresas de construção precisam, por outro lado, de substituir rapidamente os seus activos puramente financeiros, que já nada ou pouco valem, por coisas mais credíveis: barragens (sacrificando criminosamente vidas humanas e o capital natural do país), auto-estradas, aeroportos, linhas férreas de Alta Velocidade ou a antecipação caceteira da renovação do contrato de concessão do Cais de Alcântara à Liscont!

Resumindo e concluindo, está em curso a maior e mais escandalosa operação de hipoteca da riqueza nacional em nome da sobrevivência de negócios, tríades e máfias cujo produto mais conhecido é a presente ruína do país e o enriquecimento indevido de umas dezenas ou talvez mesmo centenas de piratas e figurões do Bloco Central.


NOTAS
  1. Acção preferencial - acções preferenciais são uma classe de acções que paga uma taxa pré-definida de dividendos acima do dividendo atribuído às acções ordinárias, e com preferência sobre estas relativamente ao pagamento de dividendos e à liquidação de activos.

    O dividendo preferencial é normalmente cumulativo, o que significa que se por qualquer razão não for pago, deverá ser adicionado ao dividendo do exercício seguinte. As acções preferenciais não conferem, habitualmente, o direito a voto.

    O não pagamento de dividendos durante um número de exercícios pré-estabelecido pode levar ao accionar de cláusulas que convertem as acções preferenciais em acções ordinárias, com todos os direitos destas (nomeadamente, o de voto).

    As acções preferenciais (preference share ou non voting share em inglês), são também conhecidas como papel de víúvas (widow stocks), constituindo uma categoria de acções que conferem direitos especiais ao seu titular, normalmente de carácter patrimonial, tais como o direito de satisfação prioritária a quinhoar nos lucros de exercício da empresa e o direito à quota de liquidação, em detrimento do direito de voto (controlo da sociedade).

    Normalmente não podem ser pagos dividendos às acções ordinárias sem antes terem sido satisfeitos os direitos do accionistas titulares de acções preferenciais.


OAM 469 04-11-2008 01:48 (última actualização: 05-11-2008 00:08)

domingo, novembro 02, 2008

Portugal 47

Manuela Ferreira Leite a caminho do governo PS?

Governo aprova medidas para pagar dívidas do Estado às empresas

2-11-2008 (Expresso). O Governo aprovou hoje um conjunto de medidas para liquidar, a curto prazo, as dívidas do Estado às empresas, num montante global de 2450 milhões de euros.

O executivo "espera regularizar dívidas, no âmbito da administração central, que se avaliam na ordem dos 1200 milhões de euros e, no âmbito da administração local e regional, temos uma estimativa de regularização na ordem dos 1250 milhões de euros", revelou o ministro das Finanças, no final da reunião extraordinária do Conselho de ministros.

Teixeira dos Santos assegurou que "nos próximos três meses" será regularizada a dívida vencida da administração central.

Quanto às dívidas da administração local, o ministro disse esperar que venham a ser regularizadas num "prazo curto", acrescentando que terão que nos próximos dias vão ser ouvidas as entidades representativas das autarquias para definir a forma como decorrerá este processo.

Sem adiantar pormenores, Teixeira dos Santos revelou que será criado um serviço "no âmbito do Ministério das Finanças, para agilizar e proceder ao pagamento destas dívidas.

Eu acho que a Manuela Ferreira Leite deveria ser convidada para o governo PS. Por exemplo, para ministra plenipotenciária da crise, com a missão quase suicida de coordenar um plano de mitigação dos terríveis efeitos do colapso sistémico do sistema financeiro mundial, o qual poderá durar ainda todo o ano de 2009 e 2010! As razões são óbvias: tudo o que propõe é imediatamente aceite e seguido pelo governo de José Sócrates. Por outro lado, como no PPD-PSD ninguém parece apostar na senhora, outros que o façam! Não é verdade?

Percebo bem porque é que o Pedro da Silva Pereira insiste em pedir à Manuela que diga por favor quais os Grandes Investimentos em Obras Públicas que devem ser suspensos. É que o dromedário-mor do reino (Mário Lino) e o motorista do BES (Manuel Pinho) já perderam as agendas, as esferográficas, os telemóveis e os charutos, pelo que não dizem coisa com coisa. A putativa substituta do MOP anda, por outro lado, numa tremenda maré de azar. Os gajos da CP e sobretudo da Refer não se safam!

OAM 468 02-11-2008 17:38

Crise Global 43

Este governo não inspira confiança!


Construção parada em Cascais há meses, financiada pelo BPN.

Governo português vai propor a nacionalização do BPN

02-11-2008, LISBOA (AFP) — O governo português vai propor ao Parlamento a nacionalização do Banco Português de Negócios (BPN), que vem acumulando perdas enormes, anunciou neste domingo o ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos.

"O governo proporá à Assembléia da República a nacionalização do banco BPN", declarou em entrevista à imprensa, ao término de um conselho extraordinário de ministros.

Teixeira dos Santos diz que não há bancos nacionais em perigo

16-10-2008 - 21:50h (Diário IOL). O ministro das Finanças disse esta quinta-feira não ter conhecimento da existência de alguma instituição bancária «que tenha problemas ao ponto de se colocar em perigo» de falência.

Teixeira dos Santos sublinhou que, ainda assim, «o Estado não permitirá que nada coloque em causa as poupanças dos portugueses» e apelou para que não liguem a rumores.

«O rumor é uma coisa devastadora. Não se deve dar importância a rumores. É perigoso», disse no programa «Grande Entrevista» da RTP, a propósito do nome do BPN, que tem sido referido como o de um banco com dificuldades.

Afinal em que é que ficamos?! Primeiro não havia crise. Depois a crise era apenas internacional e Portugal estava fora dela. Depois veio a confirmação de que estávamos perante uma grave crise financeira internacional, mas que os portugueses poderiam estar descansados, pois a banca portuguesa não tinha produtos tóxicos em carteira. Há apenas duas semanas, isto é, um dia depois da trapalhona apresentação do Orçamento de Estado 2009, e da famosa cunha ao financiamento, por baixo da mesa, da nomenclatura partidária, Teixeira dos Santos, denuncia os rumores e anuncia desconhecer a "existência de alguma instituição bancária «que tenha problemas ao ponto de se colocar em perigo» de falência"!!

Como é que se pode confiar num governo destes?

E se amanhã viermos a saber que também o Finibanco, o Banco Privado, BCP, o BPI e a própria Caixa Geral de Depósitos estão atulhados de embalagens cheias de derivados tóxicos e crédito mal-parado, ou que foram vítimas de uma corrida silenciosa aos grandes depósitos, depois de os especuladores se terem, entretanto, desfeito dos activos financeiros que não passam, afinal, de balões de ar quente rebentando com a queda continuada das acções? Não estará na altura de o governo começar a falar verdade ao país, em vez de andar por aí a fazer figuras tristes com o "Magalhães"?

Ou o governo confessa o que realmente se passa, e que medidas cautelares pretende tomar para evitar o pânico, ou teremos uma corrida aos bancos antes do fim do ano! Eu pelo menos tenciono comprar já esta semana um cofre forte e aparcar a liquidez necessária para suportar as despesas dos próximos três meses.

OAM 467 02-11-2008 16:43