sábado, junho 06, 2015

Grexit? (8)


O jogador de Poker

Quem tem mais trunfos, afinal? Eurolândia 2.0 a caminho?


Tsipras vai, de novo, à Rússia

Na sequência de um pedido de Alexis Tsipras para uma conversa por telefone com Vladimir Putin, que se realizou esta sexta-feira, ficou agendada a deslocação do primeiro-ministro grego a São Petersburgo, por ocasião da realização do Fórum Económico Internacional, segundo o canal de televisão russo em inglês RT.

Na ocasião realizar-se-á um encontro entre o chefe de governo helénico e o presidente russo. Aquando da primeira visita de Tsipras à Rússia em abril e do encontro em Moscovo com Putin, tinha ficado acordado que o primeiro-ministro helénico seria convidado de honra do Fórum.
Expresso, 5-6-2015

Os falsos socialistas gregos (iguais aos nossos!) levaram a Grécia à bancarrota. A direita grega ajudou à missa e também roubou o mais que conseguiu, claro. O albergue espanhol que é o Syriza herdou, pois, um país em chamas e com velhos a morrer sem conseguir chegar aos hospitais. Como afirmou, ou pensou, o ateniense, professor de economia, especialista em teoria de jogos, Yanis Varoufakis, casado com a artista Danae Stratou e atual ministro das finanças do governo grego presidido por Alexis Tsipras, humilhar um país falido com chantagens de toda a espécie não é um comportamento decente, nem sobretudo avisado.

A verdade é que a Grécia já reestruturou duas vezes a sua dívida pública (artigo de Nuno André Martins), que o resto dos contribuintes europeus pagou, está a pagar e vai continuar a pagar. E vai reestruturá-la uma vez mais depois do incumprimento desta semana, deixando agora, sob instruções diretas de Obama, o FMI pendurado, além de outros credores institucionais.

Os banksters alemães, espanhóis, franceses, holandeses, portugueses, etc., já despacharam os calotes para o BCE. Mas como no fim de junho a tragédia terá novo episódio, a que se seguirão outros, pois a dívida grega é impagavel e ingerível (ver quadros da dívida a pagar até 2057), Alexis Tsipras volta a Moscovo, para negociar com Putín a sua proteção contra o cerco financeiro montado à sua porta.

Desengane-se quem acreditar que esta jogada não passa de um bluff.

A reunião de urgência em Berlim, entre a chanceler Merkel, o pacóvio Hollande e Jean-Claude Juncker, testemunham a desorientação e fraqueza completas da UE perante o colapso financeiro, económico e social de um dos seus membros estratégicos que, com o Chipre, outro membro que a UE deixou cair de forma desastrosa e arrogante, tem a chave oriental do Mediterrâneo.

Talvez nos estejamos a aproximar rapidamente do Grito do Ipiranga da metade sul da União Europeia, a qual se prepara para rejeitar a hegemonia regional alemã. Será que alguém explicou estes detalhes ao Passos de Coelho? É que convém não ser apanhado com os calções arreados!

O impacto da crise grega nas eleições espanholas e portuguesas é imprevisível neste momento.

Não gostaria nada de ver Portugal, Espanha, Itália e Grécia regressarem a um absolutismo colbertiano mascarado de eco-marxismo neo-keynesiano, largamente burocrático, corrupto e irresponsável, como aquele que o governo de José Sócrates exibiu em plenitude e a que António Costa e os seus pindéricos economistas querem regressar a troco de um prato de lentilhas. A razão é simples: numa economia falida o mercantilismo da substituição das importações, das exportações e do protecionismo só podem existir em regime burocrático fechado, em ditadura, sem liberdade, sem cultura. Foi, aliás, para resolver um problema de falência das finanças públicas semelhante ao que hoje temos, que fomos forçados a aturar Salazar entre 1926 e 1968.

“Que faut-il faire pour vous aider?” perguntou Colbert. “Nous laisser faire”, respondeu (reza o mito) o comerciante Legendre.

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sexta-feira, junho 05, 2015

Angola mon amour

Sindika Nokolo, Rui Moreira e Paulo Cunha e Silva na exposição "You Love Me, You Love Me Not"

Um país sem falsos socialistas consegue resolver os seus problemas


Este é um bom negócio para o ex-colonizador falido, e para a ex-colónia que desponta como um dos grandes países africanos. Ninguém estranha que a antiga colónia britânica, os EUA, tenha sido ao longo de mais de um século um dos principais investidores no Reino Unido e na Irlanda. Mas há gente doida (e racista) do meu país que estranha os investimentos de Angola em Portugal. Ontem, Fernando Alvim, vice-presidente da angolana Fundação Sindika Dokolo, que em breve abrirá a sua sede europeia, no Porto, deu uma lição de anti-colonialismo e história a quem o quis ouvir (no cada vez melhor Canal Porto). Espero que alguém envie uma cópia do programa à família Soares!
Efacec tem porta aberta para negócios em Angola
Jornal de Negócios, 05 Junho 2015, 00:01

A Efacec tem a porta aberta para negócios em Angola, na área da energia, onde o governo do país prevê realizar investimentos de 21 mil milhões de euros até 2017.


Parabéns Porto, parabéns Luanda! 

2015 é o ano em que se fecha um anel de civilização com seis séculos. De Ceuta (1415), a Europa, com Portugal na frente, contornou África, deixou apelidos em Malaca, chegou à Índia, à China, ao Japão, à Terra Nova e à Gronelândia (que os dinamarqueses reinvindicariam como colónia sua duzentos anos depois). Sempre por mar, ouvindo as sereias e em busca da Ilha dos Amores. Fernão Magalhães provou que a Terra era redonda, e até à Austrália chegámos, guardando bem o segredo, por causa de Tordesilhas!

Seiscentos anos depois é a vez do mundo outrora longínquo conhecer esse canto da Terra chamado Europa, e a sua mais bela praia atlântica: Portugal. A China percebeu. Angola percebeu. Os brasileiros sempre souberam. O Japão também. O Vietname vem a caminho. E que melhor cidade para dar as boas vindas a este novo descobrimento, que o estuário onde Portugal nasceu e os seus homens de negócios levaram narizes, idioma, sabores e modos de negociar a toda a parte? A imperial e falida América de Obama deveria aprender connosco a arte da diplomcia e a humildade produtiva dos nossos comerciantes.

Bem votou quem votou no Rui Moreira!

Fundação Sindika Dokolo vai ter antena mundial no Porto
Público, 20/05/2015

A Fundação Sindika Dokolo (FSD), instituída em Luanda, vai ter a sua nova antena mundial no Porto, num espaço que está ainda a ser procurado para o efeito em articulação com a autarquia local.

“Nós sentimo-nos muito próximos do conceito de 'cidade líquida' desenvolvido pelo Paulo Cunha e Silva, e achamos que o que está a acontecer na cidade, do ponto de vista cultural, é extraordinário”, disse ao PÚBLICO Fernando Alvim, artista plástico e vice-presidente da fundação, a justificar a escolha do Porto como sede europeia e antena mundial da instituição.

Fundação do marido de Isabel dos Santos terá sede europeia no Porto
Expresso, 19.05.2015

Sindika Dokolo fechou com chave de ouro a exposição "You Love Me, You Love Me Not", que decorreu Galeria Municipal nos jardins do Palácio de Cristal, e em dois meses recebeu 40 mil visitantes, anunciando que o Porto terá a futura sede europeia da fundação com o seu nome.

O colecionar e empresário congolês, marido da empresária Isabel dos Santos e detentor da mais importante coleção de arte africana atual, já anda à procura de um local onde ficarão instalados os escritórios e um espaço cultural da fundação. Neste espaço, que não será fechado à coleção de arte ou a temas apenas relacionados com o contexto africano, pretende-se criar uma rede multidisciplinar, que provoque encontros e reflexão sobre o movimento da contemporaneidade nas suas diversas áreas.

Fascismo fiscal não é solução

Dinamarca: dez carros de funcionários das finanças ficaram neste estado

Premiar os funcionários em função do que conseguem surripiar aos contribuintes talvez não seja uma boa ideia


Um idiota qualquer filosofava esta noite na TVI sobre as vítimas colaterais da eficiência fiscal, da qual, disse, faria aparentememte parte os chefes das repartições de finanças não respeitarem sequer as decisões dos tribunais. Se assim é, o melhor mesmo é despedir todos estes funcionários e deixar os computadores fazerem o seu trabalho, incluindo responder aos tribunais. Lógicos como são, jamais lhes passaria pela RAM a arrogância peregrina de desrespeitar os tribunais, ou realizar manobras processuais dilatórias.

Do que a eficiência informática precisa é de assistentes de carne e osso que humanizem a cibernética, funcionando como interfaces amigáveis com os demais humanos, e não de burocratas transformados em mastins enraivecidos de um regime corrupto, falido e insaciável.

The Danes Are Revolting: Tax Administration Set On Fire
Submitted by Tyler Durden on 06/04/2015 15:00 -0400, Zero Hedge

In Fredensborg, Denmark, ten official cars from the Tax Administration Office were set on fire and destroyed overnight in a protest. As ExstraBladet reports, police received notification Wednesday night at 3:09 a.m. that the Tax Administration offices on Kratvej were on fire. So far, there are no suspects. But, as Martin Armstrong notes, the police will undoubtedly hunt for someone retaliating against the Tax Man.

segunda-feira, junho 01, 2015

A querela dos 600 milhões

Foto © Miguel Manso, Público

As privatizações dão receita uma vez. Só a diminuição estrutural da despesa garante o reequilíbrio das contas públicas. Dói, mas é assim...


PSD admite cortar nas pensões mais altas
Cortar pensões sim, mas nunca as mais baixas ou as médias. Na direcção do PSD, procuram-se soluções para um buraco de 600 milhões de euros na Segurança Social e, até agora, a hipótese mais forte em cima da mesa é a de cortar as pensões mais altas. SOL

Bastará alguma poda criteriosa nas pensões acima dos 2000 euros (começando por avaliar justamente as carreiras contributivas, milhares das quais são incompletas e deram injustificadamente direito a pensões completas) para arrecadar anualmente os 600 milhões de que fala a ministra.

Basta analisar o mapa das pensões publicado pelo governo para chegarmos a esta conclusão. Faça Você mesmo os cortes!

Clique na img para ampliar

Que opina António Costa sobre a necessidade de um ajustamento socialmente justificado num sistema de pensões escandalosamente distorcido pela partidocracia e demais devorists e rendeiros do país falido que hoje temos?

Por fim, cuidados e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém. Basta reparar no que, sobre esta mesma matéria, ocorre em países como a... Suíça!

Swiss pension schemes ‘bankrupt in 10 years’Financial Times

Swiss pension schemes will be bankrupt within 10 years unless Switzerland’s government wins public support for a radical overhaul of the retirement system, experts have warned.

The pressure on Switzerland’s occupational pension system, which accounts for SFr800bn ($840bn) of assets, has intensified this year due to recently imposed charges on cash accounts and shrinking government bond yields.

domingo, maio 31, 2015

Marinho e Pinto convoca abstencionistas a votarem

António Marinho e Pinto, líder do PDR

Partido Democrático e Republicano quer um novo 25 de abril, mas nas urnas


Numa boa entrevista a António José Teixeira (SIC) António Marinho e Pinto conseguiu estabelecer claramente quais as más práticas que têm que ser incondicionalmente abandonadas para, depois, o país conseguir finalmente começar a revitalizar e melhorar a exangue democracia que temos, onde, com o passar das décadas, boa parte dos portugueses deixou de votar, permitindo assim que uma minoria partidária rotativista tenha tomado de assalto as instituições democráticas, usando-as em benefício próprio e promovendo novas formas de corporativismo, incompetência técnica, irresponsabilidade política e corrupção.

O resultado deste nosso abandono da democracia aos que dela se servem, raramente servindo os seus nobres ideais, foi a pré-bancarrota do país, a captura do poder democrático por uma verdadeira cleptocracia, e agora, uma longa travessia no deserto das dívidas. Vamos levar décadas a regressar ao equilíbrio financeiro e comercial do país. Em particular se, como começamos a perceber um pouco por toda a Europa e Estados Unidos, as democracias continuarem sem reagir, ou a reagir apenas através de formas de luta e ideologias ultrapassadas, dando sucessivos murros no ar.

As democracias têm que derrotar as partidocracias instaladas, substituindo-as por instituições representativas mais evoluídas, e por mecanismos democráticos mais transparentes e orientados para o conhecimento das vontades, quer das maiorias, quer das minorias. A decisão política representativa e responsável terá que passar a depender de uma cartografia democrática, interativa e dinâmica, isto é, de verdadeiros mapas de democracia cuja atualização permanente permitirá gerar instituições democráticas ajustadas à complexidade crescente das sociedades e dos desafios, nomeadamente energéticos e ambientais, que temos e teremos pela frente nas próximas décadas.

Continuaremos a ter partidos e parlamentos, mas a democracia precisa de melhorar radicalmente estas instituições, e precisa de instituir e consagrar novas instâncias de representação e de exercício do poder democrático — o qual deverá ser cada vez mais direto, descentralizado e desburocratizado, sem por isso perder rigor, transparência e responsabilidade.

A democracia falsificada e corrupta que temos terá que ser substituída por uma democracia qualitativa, sob pena de caminharmos rapidamente para uma nova forma de escravidão, ainda que disfarçada momentaneamente pela propaganda mediática.

Marinho e Pinto fez um apelo aos que se têm abstido de votar, nomeadamente por já não se reconhecerem na oferta eleitoral ilusória que temos. Fez igualmente um apelo à ação das mulheres, cujos direitos adquiridos ao longo de mais de um século começam a ser uma vez mais ameaçados, desde logo no plano salarial e da biopolítica.

Faltou nesta entrevista uma palavra dirigida aos mais jovens, principais vítimas do desemprego e da falta de emprego que esta crise trouxe em dimensões raramente vistas.

O líder do Partido Democrático Republicano não é um populista, mas antes um herdeiro declarado da melhor social-democracia europeia e do idealismo socialista dos anos 60 do século passado, nomeadamente aquele que, inspirado pela figura de Che Guevara, foi fazendo recuar as ditaduras e o colonialismo em várias partes do mundo. Marinho e Pinto é também especialmente sensível ao primado da liberdade e do direito nas sociedades que se querem progressivas e justas—nisto distinguindo-se claramente da maoria das 'esquerdas' conhecidas, para quem a verdade, a liberdade e o direito ainda são realidades instrumentais, vistas, no plano cultural, como preconceitos burgueses.

Vale a pena rever esta entrevista.

Tragédia grega em números

A grande pergunta é esta: em caso de Grexit quem paga? 


A rol do serviço da dívida em 2015, começando pelo mês de junho, é assustador. Mas depois, até 2057, mais assustador é!


Dívida grega: pagamentos devidos em 2015
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Dívida grega: pagamentos devidos em 2057
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O embuste energético lusitano

Turbinas eólicas usadas em revenda - Vestas

O grande roubo da energia continua, com o apoio do PSD, CDS/PP, PS e PCP


Já ouviram o António Costa pronunciar-se sobre este assalto à economia e aos bolsos dos contribuintes? Vejo por aí artistas e desportistas fazendo alegremente propaganda de borla à EDP. Será que sabem quem lhes paga as exposições e as T-shirts vermelhas? Somos nós!

Renováveis já custaram 10 mil milhões de euros aos consumidores
Económico,  29 Mai 2015 Ana Maria Gonçalves

Os subsídios pagos às energias renováveis, e reflectidos nas tarifas da electricidade, já custaram mais de 10 mil milhões de euros às famílias e às empresas portuguesas.
As contas, que têm por base os relatórios da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos, no período entre 2002 e 2015, constam de um relatório de um grupo de peritos do sector energético de vários quadrantes políticos, elaborado para a Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa.

Henrique Gomes, ex-secretário de estado deste governo, quando o Álvaro barrava o caminho à corja rentista, escreve:

Duas perguntas simples ao nosso Primeiro-Ministro:

1) Se nos mercados dos EUA e Espanha, os mais importantes em investimento para a EDPR (Renováveis), esta pode vender a sua produção abaixo dos 50€ por MWh, porque aceita o Governo que em Portugal nos cobrem acima de 100€ por MWH?

2) Nestas circunstâncias, porquê o objectivo de querermos ser campeões e querer que, em 2030, 40% de toda a energia que consumirmos  seja renovável se a Europa dos 28 assume uns prudentes 27% (em média) e os EUA (lideres tecnológicos mundiais) prevêem ter 18% em 2040?

Para já, enquanto aguardo ser esclarecido, só tenho uma explicação: em Portugal, o interesse publico que deve ser o leit-motiv e é a legitimidade dos políticos, está subordinado aos interesses económicos e pessoais e isso, pelo menos sob o ponto de vista ético, é corrupção!