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A fome veio para ficar, e poderá levar à morte e a um decréscimo demográfico na ordem dos 2,5 mil milhões de pessoas até 2050
Antes de voltar ao tema da nova rede ferroviária de "bitola europeia" (UIC) em Portugal, e à importância da interoperabilidade em qualquer estratégia actualizada de mobilidade multi-modal de pessoas e mercadorias, explicando pela enésima vez que a construção de um novo aeroporto internacional em Alcochete não passa de uma fuga em frente do clientelar modelo económico-financeiro que levou Portugal à bancarrota —o que farei no próximo artigo— retomo o célebre tema dos limites do crescimento, do não menos célebre relatório de Dennis L. Meadows, Donella H. Meadow e Jørgen Randers —Limits to Growth (1972)—, a partir de três recentes contribuições sobre o tema:
By Tom Whipple
Wednesday, December 08 2010 01:50:22 PM
In case you missed it, a couple of weeks back the International Energy Agency in Paris got around to disclosing that the all-time peak of global conventional production occurred back in 2006. Despite that fact that this declaration was tantamount to announcing the end of the 250-year-old industrial few in the mainstream media noted the event and it was left to obscure corner of cyber space to ponder the meaning of it all.
It is also worth noting that oil is back in the vicinity $90 a barrel and even Wall Street economists, who are paid to be eternally optimistic, are starting to talk about going for $110-120 a barrel in the next year or so.
In the meantime, the talking heads, pundits and even hard-headed reporters chatter on about the slow but persistent economic recovery that is supposed to be taking place. As the effects of last year's near-trillion dollar stimulus start to be felt, every statistical twitch upward is hailed as proof that normalcy will soon return. Realists, however, call this twitching "bottom-bouncing" and are convinced that far worse is yet to come.
The Century of Famine
by Peter Goodchild
02 March 2010
Famine caused by petroleum supply failure alone will result in about 2.5 billion above-normal deaths before the year 2050; lost and averted births will amount to roughly an equal number.
In terms of its effects on daily human life, the most significant aspect of fossil-fuel depletion will be the lack of food. “Peak oil” is basically “peak food.” Modern agriculture is highly dependent on fossil fuels for fertilizers (the Haber‑Bosch process combines natural gas with atmospheric nitrogen to produce nitrogen fertilizer), pesticides, and the operation of machines for irrigation, harvesting, processing, and transportation.
(…) No matter how much we depleted our resources, there was always the sense that we could somehow “get by.” But in the late twentieth century we stopped getting by. It is important to differentiate between production in an “absolute” sense and production “per capita.” Although oil production, in “absolute” numbers, kept climbing — only to decline in the early twenty-first century — what was ignored was that although that “absolute” production was climbing, the production “per capita” reached its peak in 1979.
By Glider GuiderMay 2007
At the root of all the converging crises of the World Problematique is the issue of human overpopulation. Each of the global problems we face today is the result of too many people using too much of our planet's finite, non-renewable resources and filling its waste repositories of land, water and air to overflowing. The true danger posed by our exploding population is not our absolute numbers but the inability of our environment to cope with so many of us doing what we do.
(...) Peak Oil is fundamentally a liquid fuels crisis. We use 70% of the oil for transportation. Over 97% of all transportation depends on oil. Full substitutes for oil in this area are unlikely (I'd go so far as to say impossible). Biofuels are extremely problematic: their net energy is low, their production rates are also low, their environmental costs in soil fertility are too great. Crop based biofuels compete directly with food, while cellulosic technologies risk "strip mining the topsoil" at the production rates needed to offset the loss of oil. Electricity will be able to substitute in some applications such as trains, streetcars and perhaps battery powered personal vehicles, though at significant cost in terms of both flexibility and economics. There is no realistic substitute for jet fuel.
Sem levarmos a sério o que está realmente em causa quando se fala do fim do petróleo barato, será difícil percebermos o dramatismo sem precedentes da contagem decrescente que nos conduzirá a todos até ao fim da civilização industrial baseada no uso intensivo do carvão, do petróleo e do gás natural, como fontes energéticas insubstituíveis do nosso bem-estar "moderno" e da nossa expansão como espécie. Se, pelo contrário, olharmos sem medo para as realidades energéticas e demográficas que temos pela frente, então será mais fácil descortinarmos tudo aquilo que já não pode ser realizado até ao fim, e o muito que teremos que fazer para sobrevivermos à metamorfose inevitável que em breve nos espera.
A prioridade das prioridades, na minha opinião, é mitigar, mitigar e mitigar a nossa dependência colectiva e generalizada do petróleo e seus derivados — o que significa baixar abruptamente a intensidade energética das nossas economias, e aumentar de forma e a um ritmo igualmente drásticos a eficiência energética activa e passiva de todos os edifícios, equipamentos e sistemas usados pelo homem.
O modelo de desenvolvimento dos chamados países ricos do planeta —especialmente nos Estados Unidos, Canadá e Europa Ocidental, mas também no Japão— assentou, desde a primeira grande crise petrolífera (1973), no desenvolvimento de uma economia de serviços, consumista e pseudo-Keynesiana, alavancada através de um imperialismo financeiro com pés de barro, e de uma sobre-exploração de vastas comunidades humanas ultramarinas cujo rendimento, porém, viria a ser crescentemente capturado pelas elites dos países que estrategicamente consentiram essa gigantesca transferência de trabalho e conhecimento do Ocidente para o Oriente.
Aquilo que o Japão começou a não poder fazer mais, isto é competir em preços salariais com a China, transformou numa agressiva política de destruição das suas próprias taxas de juros e de desvalorização do iene (o chamado Yen carry-trade)— tornando-se desta forma um dos principais agentes mundiais das múltiplas bolhas especulativas que conduziram ao actual estado de ruína das finanças empresariais, domésticas e soberanas do Ocidente. Em Portugal, como no Reino Unido, Espanha, França, Itália, Estados Unidos e na própria Alemanha, as economias e as sociedades estão verdadeiramente trilhadas por moles imparáveis: a mole da bolha do endividamento exponencial e especulativo das economias, e a mole dos preços imparáveis do petróleo e dos factores de produção que dele dependem criticamente, directa ou indirectamente: matérias primas minerais e alimentares, mobilidade de pessoas e mercadorias, e os próprios salários do trabalho produtivo (que estando a descer paulatinamente nos "países ricos" desde os anos 70, estão, por outro lado, a subir de forma constante nos "países pobres"!)
Nabucco in 'David vs. Goliath' battle for Azeri gas
Published: 10 December 2010
Pressure is growing on the Nabucco consortium to reveal its hand over its tender for Azeri gas. The winner, to be announced in April, will be master of Europe's Southern Gas Corridor, designed to bring gas from sources other than Russia.
Uma das dúvidas mais sérias do momento prende-se com o futuro da União Europeia. Sem governo económico comum, e sem harmonização e nivelamento fiscais em todo o território comunitário, as tensões em volta do euro poderão mesmo provocar o seu colapso e a desintegração da União. Se isso acontecer, regressaremos às velhas alianças regionais, e às velhas tensões diplomáticas.
Em todo o caso, os desafios impostos pelo declínio na produção de petróleo per capita (constante desde os anos 70), e pelo declínio da produção de cereais per capita (constante desde o início da década de 90), sobretudo num panorama mundial onde a poupança se concentra hoje nos chamados países emergentes —exportadores de energia fóssil, matérias primas, produtos transaccionáveis e trabalho—, e já não nos sobre endividados "países ricos" do Ocidente, são de tal modo dramáticos que não podemos tolerar por muito mais tempo o populismo, a ignorância e a corrupção reinantes nas nossas cada vez mais caricatas democracias parlamentares. Algo teremos que fazer para nos prepararmos para o embate do futuro. Os sistemas políticos irão colapsar em breve. Temos que nos preparar para tal evento, e sobretudo temos que nos preparar desde já para criar as alternativas de poder civilizadas e culturalmente avançadas que terão que enfrentar a passagem para uma espécie de futuro anterior.
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