Está tudo dito, mas a inércia da corrupção é enorme
As eólicas e a biomassa - Luís Mira Amaral, Expresso dia 5 de Abril.
Segundo a ERSE, em 2013, Portugal consumiu a mesma eletricidade que em 2006, enquanto que nesse ano os famosos Custos de Interesse Económico Geral (CIEG) eram apenas de 500 milhões de euros e em 2013 foram de 2500 milhões de euros! Eis o monstro elétrico em todo o seu esplendor! Contra factos não há argumentos!
EDP emite dívida no valor de 650 milhões de euros - Público, 08/04/2014 - 16:56.
...No início de Janeiro, a empresa liderada por António Mexia já tinha anunciado a emissão de valores mobiliários representativos de dívida no montante de 750 milhões de dólares (547 milhões de euros, ao câmbio actual), com vencimento em Janeiro de 2021 e cupão 5,25%.
EDP já encaixou 3900 milhões com venda de défice tarifário (desde 2009) — Público, 26/03/2014 - 21:18.
EDP adia em quatro anos barragem de 300 milhões no rio Tâmega - Jornal de Negócios, 08 Abril 2014, 00:01.
O embuste das barragens - O António Maria, 30/01/2014.
A burguesia rendeira nacional continua agarrada à lógica dos monopólios, suga sem parar a poupança e o trabalho dos portugueses, captura e corrompe continuamente o sistema partidário instalado, e espera, no fundo, o colapso da Europa e o regresso à ditadura. Não o diz, claro. Mas lá que espera, espera!
A EDP é um caso paradigmático desta lógica rentista e deste desprezo arrogante pelos contribuintes e clientes. Acontece que a pesporrência do cabotino Mexia poderá ter os dias contados. Basta ver a incapacidade estrutural da EDP para baixar a sua descomunal dívida, quase toda impingida ao grupo de idiotas que a dirige pelos piratas da Goldman Sachs sob a forma de parques eólicos americanos vendidos quando o especulador-mor da América soube que os estímulos à bolha verde, criada a partir de Wall Street, iriam terminar. Escrevemos já abundantemente sobre esta manobra financeira que atou a EDP e o governo de Sócrates a uma verdadeira transferência de dívida americana para os contribuintes portugueses. Só há uma maneira de resolver este problema: denunciar e anular a 100% e de uma só vez tudo o que na fatura elétrica paga mensalmente não corresponde a custos de energia consumida e que, por isso, são rendas inaceitáveis, sejam elas a favor da EDP, dos municípios, das regiões autónomas ou da execrável RTP.
Ainda a propósito das rendas excessivas da EDP e do alto preço que pagamos pela energia, que foi recentemente denunciado pelo novo patrão da PSA (Peugeot), Carlos Tavaraes, vale a pena ler o último e sintético artigo de Luís Mira Amaral publicado pelo Expresso, onde se resumem os argumentos que há anos vimos publicando. A energia em Portugal tem um preço excessivo, que compromete a economia, e que já teve como consequência uma escandalosa diminuição do consumo elétrico, quer das famílias, quer das empresas.
AS EÓLICAS E A BIOMASSA
Luís Mira Amaral - Professor Catedrático Convidado de Economia e Gestão — IST
Expresso dia 5 de Abril
As novas barragens não vão produzir energia, vão apenas servir de muleta às eólicas para acumular o excesso de produção da noite!
Sempre que escrevo sobre energia, o lóbi eólico, a EDP e ajudantes multiplicam-se imediatamente em artigos e entrevistas!
Agora disseram que o preço das eólicas era €70/Mwh, mas a ERSE diz-nos que era em 2013 de €102/Mwh!
Também escamoteiam sempre a intermitência do vento que leva a que as novas centrais tenham que ter sempre duas muletas, a bombagem de noite e as térmicas de reserva de dia. Obviamente que tais muletas têm de ser imputadas às eólicas e por isso temos que somar ao seu preço nominal os €62/Mwh calculados no IST pelo prof. Clemente Nunes e chegamos aos €164/Mwh!
As novas barragens não vão produzir energia, vão apenas servir de muleta às eólicas para acumular o excesso de produção da noite! E a CIP veio agora chamar a atenção para os investimentos de 150 milhões de euros, pagos por nós, que têm que ser feitos na rede de transporte para a ligação de tais barragens à rede!
Segundo a ERSE, em 2013, Portugal consumiu a mesma eletricidade que em 2006, enquanto que nesse ano os famosos Custos de Interesse Económico Geral (CIEG) eram apenas de 500 milhões de euros e em 2013 foram de 2500 milhões de euros! Eis o monstro elétrico em todo o seu esplendor! Contra factos não há argumentos!
Também recentemente Mexia, para desviar as atenções sobre o alto preço da eletricidade, veio dizer que o mais importante não é o preço mas sim a segurança de abastecimento, problema que não se põe em Portugal pois temos excesso de capacidade instalada e temos excelentes interligações com Espanha. Portugal é o campeão mundial da potência eólica instalada por unidade do PIB e o terceiro em termos de eólica por habitante!
Temos infelizmente esquecido em Portugal a biomassa. A biomassa só se mete na central quando é preciso e por isso não tem as externalidades negativas das eólicas. Por isso, o preço de venda à rede (€120/Mwh) é aparentemente superior ao nominal nas eólicas mas inferior ao seu preço real (€164/Mwh). Assim, a eletricidade produzida pela biomassa conta para o défice tarifário com um valor inferior a 1%!
Por outro lado, cria postos de trabalho, ao contrário das eólicas em que não dominamos a tecnologia e criamos poucos empregos. Uma máquina de 15Mw cria direta e indiretamente 350 empregos. Estas centrais têm externalidades positivas dando vazão aos resíduos florestais, pagando-os a quem os entrega nas centrais, apoiando assim a limpeza das florestas e contribuindo pois para o combate aos incêndios.
Nos fogos florestais, o Governo devia atuar mais na prevenção com a limpeza das florestas, para a qual o apoio às centrais de biomassa seria muito útil, do que no combate aos fogos em que em 2013 morreram 9 pessoas, arderam 150.000 hectares e se gastaram cerca de €130M.
Infelizmente apenas temos um ministro do CO2 e das ventoinhas, quando devíamos ter um ministro para o nosso Ambiente e um verdadeiro ministro da Energia...
2 comentários:
Já reparou que ninguém consegue tirar o monopólio das apostas desportivas à Santa Casa de Lisboa? No resto da Europa, nos países onde o sector foi regulamentado, o mercado foi aberto à livre concorrência. Nos mercados de apostas online, quando há concorrência, as casas competem entre isso para oferecer as melhores odds aos clientes: e isso implica maiores probablidades de prémio ou prémios mais altos. Sem concorrência, o que sucederia em Portugal? Odds terrivelmente baixas, ou seja, reduzidas hipóteses de prémio; fim do mercado de apostas, pois hoje em dias os portugueses apostam em corridas de cavalos, galgos, jogos de futebol americanos, jogos de futebol da América do Sul: e a Santa Casa não tem know how nem capacidade financeira para fornecer estes mercados, que aliás, só são atractivos em bolsas de apostas, as quais, por sua vez, só são viáveis em domínio .com, ou seja, com liquidez internacional.
Em Espanha o mercado aberto à concorrência rendeu pouco mais de 100 milhões de euros no ano passado, em impostos. Aqui um mercado aberto à concorrência renderia quanto? Pouco mais de 25 milhões. Mas e um monopólio, quanto renderá ao Estado? Provavelmente nada, porque os portugueses deixarão de apostar, será criada uma comissão que custará milhões para «regular» e garantir que os portugueses não apostam nas casas europeias e no fim de contas, o Estado terá prejuízo?
Depois, com monopólio, o futebol e as modalidades não receberão os patrocínios das dezenas de casas de apostas que querem operar em Portugal. Mas em Itália, Espanha, França, Áustria, Reino Unido ou Alemanha o desporto estará a receber esses mesmos patrocínios.
As apostas online são um produto de entretenimento e não um jogo de sorte ou azar. No mundo anglo-saxónico existem milhares de apostadores profissionais. Em Portugal já existem algumas dezenas de punters (apostadores profissionais) que com o monopólio serão obrigados a emigrar.
Se o monopólio da Santa da Misericórdia de Lisboa prejudica o desporto, os consumidores, os apostadores profissionais e o Estado português (muito menos receita fiscal) por que motivo ninguém tem coragem para pôr termos a este absurdo? Por que motivo sempre que se fala em legislar as aposta online a Santa Casa consegue travar todo o processo?
Além do mais, por muito que a Santa Casa diga o contrário, o seu monopólio viola a legislação europeia...
Por que motivo, quando no resto da Europa caem os monopólios do jogo e apostas desportivas, por cá se insiste num regresso ao passado?
À medida que o país for caindo nas mãos dos credores, os poderes de resistência e os rendeiros locais irão sucumbindo inexoravelmente. É uma questão de tempo. Tempo de fazer parcerias europeias e globais e ir abrindo escritórios em Portugal ;)
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