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quarta-feira, março 21, 2012

A sombra de Lutero

Alemanha preparada para abandonar o euro

Lucas Cranach, o Velho — retrato de Martinho Lutero e esposa (1529)

Uma pilha de papel em branco aguarda eventual regresso da Alemanha ao marco se entretanto a insolvência dos PIIGS se revelar irreversível e insuportável para os cofres do Bundesbank.

Quanto à viagem de António Mexia a Pequim imagino que o cabotino foi chamado a despacho pelo governo chinês, com o objectivo expresso de o mandarem calar e ser portador de um presente qualquer para Passos de Coelho. Já no que se refere à misteriosa viagem do nosso contabilista-mor a Washington, estranho sobretudo a falta de especulação da nossa imprensa. Então não acham extraordinário que o ministro das finanças de uma província minúscula do império se desloque assim de repente à América para falar com Geithner e Bernanke? Eu só vejo uma ou duas explicações para tão inusitado episódio da crise financeira em curso:

  • Os americanos querem, e têm argumentos suficientes para, moderar a aproximação sino-lusitana;
  • Portugal está em pânico com a possibilidade de Berlim exigir a devolução do que resta do ouro nazi que Portugal obteve em troca do volfrâmio exportado para o III Reich durante a Segunda Guerra Mundial, e que foram em larga medida alienadas durante os mais de trinta e sete anos de democracia populista que se sucederam à ditadura. Estas reservas de ouro, depositadas em Fort Knox (suponho), serviriam agora para cobrir parcialmente os colossais empréstimos em curso, contra os quais Portugal já não pode oferecer garantias sólidas, pois os Bilhetes do Tesouro vendidos pelo Estado português aos bancos, que por sua vez os depositam no BCE (como colateral) em troca de empréstimos a 1%, são demasiado fungíveis. Quando estes papeis tiverem que ser trocados por novos títulos de dívida, por ocasião do inevitável incumprimento e subsequente reestruturação da gigantesca dívida portuguesa, a economia portuguesa estará então provavelmente em pior estado do que está hoje — seja porque os políticos não fizeram as reformas prometidas à Troika e ao eleitorado que correu com Sócrates, seja porque a austeridade excessiva, continuada e mal distribuída acabará por destruir ao mesmo tempo a receita fiscal e a capacidade produtiva do país!

O bom humor de Vítor Gaspar contrasta escandalosamente com as últimas informações sobre a execução orçamental de 2012. Ou será que a saída da Alemanha do euro já está nos planos da Comissão Europeia, da América, do Reino Unido, da China e... de Portugal?!

Vivemos tempos de grande volatilidade, como bem demonstram os últimos despachos de John Ward/The Slog sobre o nervosismo, mas também sobre as precauções da Alemanha. Chamo, a propósito deste post montado pelas toupeiras do Slog, uma especial atenção para a crucial entrevista dada por Markus Kerber a James Turk em Setembro de 2011, e que Ward expressamente menciona.


Markus Kerber talks to James Turk

REVEALED: HOW BERLIN HAS BEEN PLANNING A EURO-EXIT SINCE 2009, The Slog.

… Berlin is sitting on a huge stock of unprinted banknote quality paper….and has reduced the amount of its existing euros in circulation. That second fact is particularly surprising given that, since the euro’s launch, Germany has led the circulation growth every year: it has one of the lowest credit/bank card usage rates in the EU, and easily the highest consumption of cash for transactions.

[…] One thing the euronote production market as a whole reveals is how little real control the ECB has on a day-to-day basis. It prints just under 8% of all the banknotes  in circulation: over four notes in five are produced by the EU member State’s own suppliers – and in most cases, they are nationalised. What ties all the ‘peripherals’ together is that none of them produce euros for anyone else – and each country’s output has a different serial prefix to identify it. So it is relatively easy for the ECB to spot when unauthorised printing is taking place. Ergo, Mario Draghi must know that the Bank of Greece has been printing without permission. But he has chosen to do nothing about it.

[…] As an EU citizen (thankfully uninvolved in the eurozone) I find all the things emerging from this very brief initial delve into euro production most disturbing. Last November the Max Keiser site focused on ECB reform as the thing most likely to evoke a German departure from the ezone. Since then, ECB boss Mario Draghi has manoeuvred Board membership at the bank skilfully to reduce German influence still further.

[…] In the same month, Chancellor  Merkel’s Christian Democratic Union party voted to allow euro states to quit the currency area, endorsing the prospect of a move not permitted under euro rules. That was a statement of intent, not the passing of a law – but it does show pretty clearly that the option is there should Berlin feel the need.

Now we learn that Berlin has a banknote paper stockpile, full control over a printer based in Berlin, is running down its euro supplies, and is ken to make euro-exit easier. As The Slog’s Bankfurt Maulwurf has always maintained, Germany has every angle covered. Yet again, digging into the facts behind the spin proves him right.
[…] Earlier in the week, The Slog led with the revelation that Germany’s banking community had told Angela Merkel, “Either Greece must be amputated, or we must leave the eurozone”. I am rapidly coming to the conclusion that both possibilities are still in play….and as always, the Fuhrerine in Berlin is waiting for events to present a clearer picture. As I noted in the earlier post this week, opinion is moving away from the German exit solution: but a post-election repudiation of the Brussels Accord in Greece, and a collapse in Spain and Portugal, would make it the hot favourite.

sexta-feira, setembro 26, 2008

Crise Global 26

O colapso da América VII

Sexta feira negra
  1. Plano pirata da Casa Branca e de Wall Strett continua em águas de bacalhau. Vai ser uma batalha sangrenta até à madrugada de Domingo em Washington e Nova Iorque!
  2. JP Morgan soma e segue, devorando os rivais feridos que sucumbem. Depois de abosrver os depósitos e a rede de balcões comerciais do maior banco de retalho dos Estados Unidos, o Washington Mutual (WaMu), o JP Morgan trnasforma-se no maior banco comercial da América, como se não fosse já, e há muito tempo, um dos donos do FED, e portanto da América e boa parte deste planeta!
  3. UBS na corda bamba e bolsas europeias em queda livre.
  4. Fortis, banco e seguradora holandesa, de que o Millennium BCP é parceiro, está à beira do colapso, com as acções em queda imparável, tendo perdido 36% do valor entre ontem e a manhã de hoje!
  5. Tanto quanto pude apurar, o Millennium BCP, o BES e a Caixa Geral de Depósitos estiveram envolvidos em importantes operações de "securitização" de dívidas, nomeadamente imobiliárias. Os portugueses têm o direito de saber onde que param essas operações e qual o grau de contaminação tóxica dos pacotes financeiros irregulares então confeccionados e introduzidos no mercado euro-americano de especulação com "derivados", para segurar tais créditos. O Governo, a entidade de regulação e supervisão financeira, e as polícias têm o dever de actuar sem demora, nem hesitação!
  6. Se Paulson e Bernanke não conseguirem fazer passar o seu plano de isentar as decisões económico-financeiras da América do escrutínio democrático e judicial, impondo um estado de sítio financeiro de facto, por via dum golpe de Estado constitucional, teremos o anunciado Pearl Harbor aludido por Warren Buffett. Ou seja, o colapso do sistema financeiro americano e uma hecatombe mundial. Se tal acontecer, a economia virtual será submetida a uma espécie de hara-kiri digital. Há 62 biliões de dólares (62 000 000 000 000) no buraco negro chamado "mercado de derivados", à espera que algum grande pirata prima a tecla DELETE. Depois deste catastrófico RESET, com sorte, isto é, se não ocorrer uma Guerra Mundial, o jogo recomeçará no meio duma terrível e prolongada turbulência planetária.
  7. Se não houver luz branca até às 5-6 da manhã (UTC/GMT) para o roubo de 700 mil milhões de dólares aos contribuintes americanos, e portanto falhar o golpe de Estado financeiro em curso no Congresso dos Estados Unidos, haverá uma corrida aos bancos em todo o mundo na próxima Segunda-Feira. Oxalá esteja completamente equivocado!

REFERÊNCIAS
  • Bush: 'nós precisamos de um plano de resgate dos bancos'
    26/09/2008 15h09

    WASHINGTON (AFP) - O presidente americano, George W. Bush, insistiu nesta sexta-feira, em pronunciamento na Casa Branca, que o país precisa urgentemente de um plano de resgate dos bancos.

    "Nós precisamos de um acordo de resgate do setor financeiro. Nós devemos agir rapidamente", declarou o presidente Bush.

    "Temos um enorme problema", disse Bush, falando da crise financeira que os Estados Unidos estão atravessando.

    "Há desacordos sobre alguns aspectos do plano de resgate, mas não há desacordo sobre o fato de que alguma coisa importante deve ser feita", afirmou, um dia depois do fracasso de uma reunião inédita na Casa Branca sobre a crise financeira, com os dois candidatos à presidencial, Barack Obama e John McCain, e os líderes dos partidos democrata e republicano.

    "Minha administração continua trabalhando com o Congresso. É uma tarefa pesada, nossa proposta é uma importante proposta", destacou o presidente Bush. "E cada vez que você tem um plano desta dimensão, onde as coisas acontecem assim tão rapidamente, que requer uma lei, isso gera debates. Os membros do Congresso querem ser ouvidos", declarou Bush.

    Depois da maior falência da história dos EUA, a do banco Washington Mutual, fechado pelas autoridades americanas na noite de quinta-feira, a pressão aumenta mais do que nunca nesta sexta-feira para a conclusão rápida das discussões sobre este plano de resgate do secretário do Tesouro, Henry Paulson, que prevê a injeção de 700 bilhões de dólares no sistema bancário americano.

    Os democratas acusam os republicanos de serem os responsáveis do impasse atual para a adoção do plano. O candidato republicano à Casa Branca, John McCain, particularmente, segundo os democratas, sabotou o consenso que parecia estar se desenhando no Congresso na manhã de quinta-feira sobre este plano.

  • Fortis afirma que tem situação financeira "sólida"
    26-09-2009 (Jornal de Negócios). Os responsáveis do Fortis afirmaram hoje que o banco está "sólido" apesar das dúvidas dos investidores quanto à situação económica da instituição, e de ter sido noticiado hoje que os clientes do banco estão a recorrer a outras instituições.

    ... Os títulos do banco têm negociado em forte queda, tendo ontem estado a desvalorizar mais de 21%. Na sessão de hoje, as acções já perderam quase 15% e seguem agora a recuar 8,87%.

    O Fortis é parceiro do BCP nos seguros, tendo abandonado o capital do banco português em Setembro do ano passado, depois da venda de 3,9% do capital por 140 milhões de euros. Apesar desta operação, que serviu para financiar a aquisição de activos do ABN, o Fortis o BCP asseguraram na altura o “forte empenho” na parceria que tinham no sector segurador em Portugal.

    O BCP e o Fortis controlam em conjunto o Millennium bcp Fortis Grupo Segurador, companhia que detém várias seguradoras, como a Ocidental Vida e a Ocidental Seguros.

  • Washington Mutual "resgatado" pelos reguladores
    26-09-2008 (Jornal de Negócios). A última vítima da crise financeira é o Washington Mutual (WaMu) que teve que ser "resgatado" pelos reguladores, naquela que é considerada a maior falência bancária da história americana, depois de ter visto a notação financeira revista em baixa para "junk" (o nível mais baixo) e a cotação das acções ter afundado.

  • JPMorgan Buys WaMu Deposits as Regulators Seize Failed Thrift
    Sept. 26 (Bloomberg) -- JPMorgan Chase & Co. became the biggest U.S. bank by deposits, acquiring Washington Mutual Inc.'s branch network for $1.9 billion after the thrift was seized in the largest U.S. bank failure in history.

    Customers of WaMu withdrew $16.7 billion from accounts since Sept. 16, leaving the Seattle-based bank ``unsound,'' the Office of Thrift Supervision said late yesterday. WaMu's branches will open today and depositors will have full access to all their accounts, Sheila Bair, chairman of the Federal Deposit Insurance Corp., said on a conference call.

    WaMu is the latest casualty of a financial crisis that drove Lehman Brothers Holdings Inc. and IndyMac Bancorp out of business and led to the hastily arranged rescues of Merrill Lynch & Co. and Bear Stearns Cos., which was itself absorbed by JPMorgan. WaMu in March rejected a takeover offer from JPMorgan Chief Executive Officer Jamie Dimon that the savings and loan valued at $4 a share.

  • Sept. 26 (Bloomberg) -- House Republicans Undercut Bush on Rescue, Slow Talks
    Republicans splintered over the proposed $700 billion rescue of the U.S. financial system, imperilling an agreement hours after a bipartisan group of negotiators and the White House said one was near.

    Lawmakers were to meet again today in Washington after some House Republicans, led by Virginia's Eric Cantor, said they wouldn't back a plan based on Treasury Secretary Henry Paulson's approach. The stalemate came after an unprecedented meeting of the two presidential candidates, President George W. Bush, congressional leaders and Cabinet officers.

    ``We are sitting down where we were at the end of day one,'' Senator Bob Corker, a Tennessee Republican, said as he headed into a late-night meeting with Paulson and lawmakers.

  • Stocks in Europe, Asia, U.S. Futures Decline on Bailout Delay

    Sept. 26 (Bloomberg) --Stocks in Europe and Asia and U.S. index futures sank after negotiations on the $700 billion financial bailout plan stalled and Washington Mutual Inc. was seized in the biggest U.S. bank failure in history.

    UBS AG, the European bank hardest hit by subprime-related losses, slid 2.8 percent and Woori Finance Holdings Co. tumbled 7.5 percent after Republicans said they wouldn't support the proposed rescue plan. WaMu plunged 77 percent as JPMorgan Chase & Co. acquired its branch network for $1.9 billion. Vestas Wind Systems A/S retreated 4.9 percent after Morgan Stanley cut its recommendation for the world's biggest wind-turbine producer.

    ...

    ``With the bankruptcy of Washington Mutual, the systemic risk has returned,'' said Benoit de Broissia, an equity analyst at Richelieu Finance in Paris, which oversees about $6.2 billion. ``One of the links in the chain has broken so we wonder if the chain is threatened,'' he said in a Bloomberg Television interview.

  • Fundos portugueses perdem 8 milhões com Lehman e AIG
    Colapso financeiro 2008-09-17 00:05 (Diário Económico)
    Há 13 fundos com exposição às duas entidades. Só na última semana e meia perderam 2,6 milhões de dólares.

    ... São pelo menos 13 os fundos portugueses expostos a estes activos, de acordo com a análise feita pelo Diário Económico no ‘site’ da CMVM.

    Excluindo o montante dos títulos de dívida, as perdas acumuladas em 2008 pelos fundos portugueses através da exposição a AIG e Lehman ascendem a 7,7 milhões de dólares. Desde o início da semana passada, quando começaram a ser mais evidentes os graves problemas do banco de investimento norte-americano, as perdas são de 2,6 milhões de dólares.

    O BPI Reforma Investimento PPR é o fundo com maior exposição a acções da AIG, 95.814 títulos, e também com mais acções da Lehman Brothers em carteira, 4.328.

    Outros fundos com acções da AIG em carteira são o BPN Optimização, BPN Valorização, BPN Acções Global, Santander Acções América, Santander Acções USA e Millennium Acções América. Apenas dois fundos têm dívida da AIG, o BPI Global (12,5 milhões) e o Popular Valor (200 mil).

  • O naufrágio dos PPR e dos fundos de investimento em geral
    Sexta-feira, 26 de Setembro de 2008 (Esquerda Desalinhada).

    ...retirámos do Semanário Económico de 22/8 o seguinte ilustrativo título – “77% dos fundos PPR têm retornos negativos”. E, como subtítulo uma frase mais clarividente – “quem investiu em PPR para construir um pé-de-meia para a reforma tem razões para se mostrar apreensivo…”.

    Mais detalhadamente ficamos a saber que os PPR mais prudentes, com menor cobertura em acções de empresas obtiveram uma rendabilidade de 0,28% nos 12 meses terminados em Julho último; e que os mais ambiciosos com mais de 35% de investimento em acções, perderam 8,9%.

    Alguém poderá dizer que foi culpa do “subprime”, género de peste que tudo pretende justificar. Nada disso. Nos últimos três anos, a média anual da rendabilidade, para o conjunto dos PPR, fixa-se em 1,59%, que passa a 2,6% se se considerarem os últimos cinco anos. Em suma, os PPR não valorizam coisa nenhuma pois nem sequer a inflação compensam, Assim, os mais avisados e os mais enrascados retiraram 460 M euros de PPR nos primeiros sete meses do ano.

    De acordo com notícia do Diário Económico de 22/7 e também no que respeita a fundos de pensões, o BCP perdeu 558 M euros, o BPI 250 M euros e o BES 234 M euros no primeiro semestre, devido à desvalorização dos activos que cobriam as suas responsabilidades. Quando as cotações sobem, eles valorizam os activos e aceitam responsabilidades mas, quando elas baixam, surge a desvalorização dos activos, não se reduzindo, naturalmente as responsabilidades; então, os bancos afectam novos activos para manter a cobertura e… quando eles se esgotarem vão à falência ou o paizinho Estado dá uma ajuda, pagando os desvarios dos capitalistas que tanto protege.

    Mas não são só os fundos geridos pelo sistema financeiro, nomeadamente pelos bancos que colocam os valores entregues pelas pessoas no “mercado”. O Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social, existente como forma de assegurar o pagamento de pensões em caso de crise grave, tem cerca de 20% do seu pecúlio, equivalente a 1600 M euros, aplicado em títulos e submetido aos riscos que se vêm revelando.

    Os fundos de investimento em geral

    O panorama atrás referido emana da situação que se observa para o conjunto dos fundos de investimento. No ano terminado em Junho último a “indústria” europeia da especulação havia perdido 800 000 M de euros na valorização dos seus activos e, se o desporto especulativo estivesse num campeonato europeu, as medalhas pelas perdas teriam sido assim distribuídas:

    Medalha de ouro – Portugal (- 30,79%)

    (neste momento solene sugerimos que cantem o hino!!)

    Medalha de prata – Lituânia ( - 30,16%)

    Medalha de bronze – Polónia (-27,40%)

    Em finais de Agosto, a melhor marca europeia nas perdas continuava a pertencer a Portugal (-33,62%) só ultrapassada, a nível mundial pela Coreia (-37,52%). Afinal o “sólido” sistema financeiro português não é só bom a aumentar os juros, a inventar comissões e pequenas falcatruas, como na questão dos arredondamentos.

OAM 443 26-09-2008 12:51 (última actualização 27-09-2008 00:00)

quinta-feira, setembro 25, 2008

Crise Global 25

O colapso da América VI
George W. Bush: «Toda a nossa economia está em risco» (25 de Setembro de 2008, 02:42)

Elaine Meinel Supkis: Everyone can have lots of fun! This is because there is no such thing as ‘allies’ in the world of business. There are sharks and there is fish bait. Any shark that ends up bleeding in the water is attacked by the others.

To dominate Europe, all Russia has to do is get China’s cooperation in denying international lending to the US government. Let the Arabs and Europeans and Japanese pay for everything themselves!

Unlike many third world nations, the US public is very heavily armed.

Um novo "Pearl Harbor"?


O ultimato dirigido aos americanos por George W. Bush (1) em nome dos ladrões de Wall Street e do cartel bancário que dá pelo nome de FED (Reserva Federal), resume-se ao seguinte: ou vocês (mensagem de Bush ao povo americano) pagam o buraco negro do Subprime, dos CDS (Credit Default Swaps) e dos demais produtos tóxicos do mercado de Derivados, com execuções hipotecárias, subidas consecutivas nas prestações das vossas casas hipotecadas, destruição em larga escala do trabalho existente, estagnação do emprego, centenas de milhar de empresas falidas, e muito menos Estado no ensino, na segurança social e na assistência médica, ou, se o Congresso rejeitar este pacote de emergência, destinado a passar um cheque em branco aos piratas-mor Paulson e Bernanke, para que de alguma forma mitiguem os sérios problemas da América, haverá uma implosão de todo o sistema financeiro do país, cujo efeito será multiplicar por um factor indeterminado o drama acima descrito, com implicações internacionais, de ordem económica, financeira, política e militar imprevisíveis! É sobre este dilema que G.W. Bush espera uma resposta favorável ao golpe de Estado financeiro em curso.

Warren Buffett lançou um aviso encriptado sobre a actual precipitação do colapso económico-financeiro da América: estamos na presença de um "Pearl Harbor Económico" (2).

Toda a gente hoje sabe que a destruição da esquadra americana -- fundeada no Havai -- pela aviação japonesa foi uma armadilha montada pelos americanos, com conhecimento do presidente Franklin Delano Roosevelt (FDR), para justificar a entrada em força da América na II Guerra Mundial. Sobram razões para pensar que o 11 de Setembro tenha sido algo parecido. A pergunta que agora se põe, depois das derrotas militares em curso nas aventuras criminosas desencadeadas contra o Iraque, o Afeganistão e as regiões autónomas (hoje independentes) da Geórgia, e do incremento exponencial das dívidas externa, pública e orçamental dos Estados Unidos, é esta: como ocultar a teia de corrupção e mentira (3) que engendrou tudo isto? Como escondê-la, em particular se os actores deste filme da verdadeira Máfia americana pertencerem à elite WASP e financeira (JP Morgan, Chase, etc.) que gere o complexo industrial-militar da América, e o enredo estiver ancorado numa rede de cumplicidades profundamente infiltrada no aparelho de Estado americano?

O problema é, além do mais, extraordinariamente grave se ponderarmos o facto de boa parte dos activos acumulados pelos gigantes agora falidos pertencerem à China, à Rússia, aos árabes do petróleo e ainda a algumas grandes instituições e fundos de investimento (fundos de pensões, etc.) europeus (4). A não aprovação do pacote armadilha de Bush, Paulson e Bernanke, até ao dia de amanhã (26 de Setembro de 2008), poderá fazer cair o sistema financeiro americano, tornando virtualmente irrecuperáveis as dívidas acumuladas pela América, reduzindo ainda a zeros os biliões de dólares de activos adquiridos por Estados riquíssimos e detentores, quase todos eles, de sofisticado armamento nuclear, com factores demográficos muito favoráveis em hipótese de guerra, e uma altíssima moral anti-americana. Por outro lado, a aprovação, ainda que mitigada, de um cheque em branco aos gatunos de Wall Street, poderá apenas prolongar por mais algum tempo a agonia do império americano. Em ambos os casos, o perigo de uma nova guerra civil na federação de 50 estados que formam a União é real. Não existe nenhum país no mundo com uma população civil tão bem armada como a dos Estados Unidos. Haverá, depois de amanhã, uma ordem de recolha do armamento em posse dos cidadãos americanos? Haverá, por outro lado, uma nova proibição de compra e detenção privada de ouro fino?

Os dias de hoje e de amanhã poderão transformar-se no terceiro e último capítulo de uma reedição fatídica da provocação de Pearl Harbor, colocando o planeta à beira duma III Guerra Mundial. Primeiro, foi o 11 de Setembro; depois, a Guerra ao Terrorismo e o Patriotic Act (ambos conducentes à transformação dos Estados Unidos numa ditadura imperial sob estado permanente de excepção); e finalmente, a votação no Congresso, amanhã, do pacote legislativo que autoriza a maior expropriação de riqueza americana individualmente acumulada por parte dos donos daquela que foi outrora a maior e mais inspiradora democracia do mundo. Repare-se que este roubo será executado por uma horda de ladrões e assassinos com total carta branca. Vão ser horas de brasa até ao fim do dia de amanhã. O mundo está suspenso do desenrolar destes acontecimentos. Pela nossa parte, iremos acompanhar o filme hora a hora.


NOTAS
  1. Crise financeira: «Toda a nossa economia está em risco» - George W. Bush
    25 de Setembro de 2008, 02:42
    Washington, 25 Set (Lusa) - George W. Bush fez na quarta-feira uma dramática comunicação televisiva sobre a actual crise financeira, afirmando que toda a economia norte-americana "está em risco" e apelou a um consenso bipartidário para a solução. (SAPO/ Lusa).

  2. Did Buffett Just Give Us A Coded Warning?
    Wednesday, 24 September 2008
    Warren Buffett, new stakeholder in the megalithic survivor-biased Goldman Sachs, has referred to recent upheavals in the financial markets as "an economic Pearl Harbour". He is a very smart man who knows his history, having lived it and seen it up close. He will know better than most that Pearl Harbour is now understood in well informed circles to not only have been foreseen by FDR, but provoked by FDR in an orchestrated campaign to engineer a war with Japan dating from a plan adopted in 1940. -- London Banker.

    acrumb (comentário):

    ...financial markets are in much worse shape than reported. The Fed is not just printing oodles of dollars, but 'printing gold' by selling 'gold certificates' not backed by any gold. And the GNMA mortgage bonds are fraudulently using the same mortgage 10 times to back 10 different bonds. What has been reported is the tip of the iceberg. Value of the dollar must collapse.

    Buffett Buys Goldman Stake in 'Economic Pearl Harbor'

  3. The Housing and Economic Recovery Act of 2008: An Analysis by Catherine Austin Fitts
    Solari Real Channel, August 11, 2008

    "I would never come to your house. Your house is bigger than my house. I would find it castrating." -- Jack Kemp to Catherine Austin Fitts.

    You can attack and take over a country. Or you can simply let it borrow itself to death in a financial coup d'etat. Recent history suggests that the second is infinitely more profitable for the victor.

    "In 1994, after the first Federal Housing Administration (FHA)/Housing and Urban Development (HUD) financial audit was published, a mortgage banker came to see me. He was a serious engineering type who clearly worked hard and had mastered the details of his business. He was distressed, he said. For decades he had been keeping a tally of total outstanding FHA/HUD mortgage insurance credit. He had brought printouts of his database for me. It turned out that the government’s published financial statements showed the amount outstanding was substantially less than the actual amount outstanding. He was sure. I assumed that the guy was crazy. If what he said were true, then the U.S. Treasury and the Federal Reserve would have to be complicit in significant fraud, including securities fraud."

    ...

    The average person could not believe that the largest, most prestigious Wall Street banks and investment houses were engaged with Washington in managing the largest capital market in the world—the U.S. mortgage markets—on a criminal basis.

    That was too much to swallow.

    Until now.

    The real model has come out of the closet. Whereas the last year of Wall Street bailouts were making things clearer, the Housing and Economic Recovery Act of 2008 now leaves no room for doubt. The Act could not be more blunt about infinite government subsidy funded with infinite debt benefiting the private few. The Tapeworm corporation is fully engorged.

    The American taxpayers are, in essence, guaranteeing $5 trillion of Fannie Mae and Freddie Mac debt. The Federal Reserve stands by to subsidize Fannie's and Freddie's stock in the stock market. Fannie and Freddie continue to pay dividends to their shareholders. All the profit goes to the shareholders and management. The taxpayers get no compensation or payback for saving all of Fannie and Freddie’s equity and essentially guaranteeing their income. The management of Fannie and Freddie get to keep all their compensation and bonuses. They get to spend as much as they want on more lobbyists and law firms. They and their foundations can continue to hand out money to universities and not-for-profits.

    This all ensures that Fannie Mae and Freddie Mac can continue to use the federal credit to centralize and control the U.S. mortgage market.

    ...

    The housing bill has put forward the most explicit description yet of the true corporate model prevailing in America—congressionally legislated businesses with central-bank-determined stock prices.

    It is a fascinating combination of friendly fascism and multiple personality disorder. Now that the fundamental nature of the Tapeworm corporation is out of the closet and clear, keeping it afloat will require a mind-numbing combination of global force to maintain financial liquidity, plus global propaganda and payola to preserve its brand.

    ...

    Thanks to a handful of courageous people and reporters, you can understand why it took 232 years for America to accumulate almost $10 trillion in national debt but only one new bill bailing out Freddie Mac and Fannie Mae to clean up more housing bubble mess to add another $5 trillion overnight.

    Andrew Cuomo and Fannie and Freddie
    How the youngest Housing and Urban Development secretary in history gave birth to the mortgage crisis
    By Wayne Barrett
    Village Voice. published: August 05, 2008

    There are as many starting points for the mortgage meltdown as there are fears about how far it has yet to go, but one decisive point of departure is the final years of the Clinton administration, when a kid from Queens without any real banking or real-estate experience was the only man in Washington with the power to regulate the giants of home finance, the Federal National Mortgage Association (FNMA) and the Federal Home Loan Mortgage Corporation (FHLMC), better known as Fannie Mae and Freddie Mac.

    Financial Bailout: America's Own Kleptocracy
    The largest transformation of America's Financial System since the Great Depression, by Michael Hudson
    Global Research, September 20, 2008

    Overnight, the U.S. Treasury and Federal Reserve have radically changed the character of American capitalism. It is nothing less than a coup d'Etat for the class that FDR called "banksters." What has happened in the past two weeks threatens to change the coming century - irreversibly, if they can get away with it. This is the largest and most inequitable transfer of wealth since the land giveaways to the railroad barons during the Civil War era.

  4. Crise Financeira
    2008-09-24 16:04 (Diário Económico). Bancos europeus poderão sofrer colapso ainda maior do que o dos seus congéneres nos EUA. As gigantescas dívidas e a falda de dinheiro poderão destruir vários dos maiores bancos europeus, alerta um estudo do Centro para os Estudos de Política Europeia.

    The week that changed everything
    Ann Pettifor in Open Democracy.

    The last week has changed everything. A series of extraordinary events in the United States - from the collapse of Lehman Brothers to the forced sale of Merrill Lynch, from the state takeover of insurance giant AIG to the Federal Reserve's emergency bailout plan - has transformed the crisis in the financial markets into an argument about the very foundations of the model of economic governance that rules the world.

    ... The world may be moving on its axis, but the change has not yet gone nearly far enough: for neo-liberal economists remain at the helm of the global economy, and continue to disseminate potent mis-diagnoses of what is happening. These economists include the world's major central bankers and finance ministers. It is vital that their economics and their three principal delusions are challenged if the global economy is to be steered safely out of this all-consuming storm.

    Another Anglo-American debacle. This time worse than Iraq.
    Ann Pettifor in Debtonation.

    European politicians, with the exception of Spain, declined to party at the Anglo-American-sponsored Credit Bubble saloon. It was Anglo-American financiers cheered on by politicians and regulators, that dined out on a ‘punch-bowl’ of de-regulatory excess. Europeans individuals and households are on the whole, far less indebted than than those in economies that emulated the Anglo-American model. Now that the party is well and truly over, there are pleas for help from Washington.

    Hank Paulson on Sunday signalled the need for a multilateral approach to the crisis, which thanks to a highly integrated, international financial system - threatens to become a global systemic crisis.

    But in one week the world has changed. The same politicians that Donald Rumsfeld mocked as ‘old Europe’ because they opposed the invasion of Iraq, are now refusing to play ball. The New York Times reports today that German Chancellor Mrs Angela Merkel “took the opportunity to criticize the United States and Britain for opposing German efforts to put greater regulation, or at least reviews, of the financial sector on the international agenda last year, when she was chairwoman of the Group of 7 industrialized nations.”

OAM 442 25-09-2008 14:14