A turma 'socialista' andou a jogar dinheiro da Segurança Social no casino dos private equitiy
A nomenclatura partidária está a esconder o escândalo Finpro com doses maciças de propaganda em volta do magno tema das estatísticas do emprego. O pânico eleitoral é evidente, para o PS, mas também para o PSD e o CDS/PP.
Ora veja quem então andou a brincar com a sua reforma.
Portuguesa Finpro obrigada a vender a participação no Grupo TCB
6 Agosto, 2015 at 14:00 por T&N
Os 18,5% do Grupo TCB, adquiridos em 2007 pela portuguesa Finpro, serão em breve colocados à venda na sequência da falência da holding controlada por Américo Amorim, Banif e CGD.
Falhado o primeiro PER e recusado o segundo, o destino da Finpro é a insolvência e a liquidação dos activos para saldar as dívidas acumuladas de 251,7 milhões. Entre esses activos destaca-se a participação indirecta, através da Portobar Capital, no capital do Grupo TCB, o maior operador portuário espanhol.
[...]
É este activo que terá agora de ser alienado. Curiosamente, o BIC, controlado a 25% por Américo Amorim, quando da apresentação do primeiro PER, e também a Caixa Geral de Depósitos, no segundo PER, votaram contra os planos de recuperação da holding apresentados pelos accionistas.
Depois de dois processos de revitalização falhados, a Finpro declarou-se falida. A dívida ultrapassa os 250 milhões de euros. Segue-se a liquidação da sociedade controlada pelo Estado, Banif e Américo Amorim.
A
Finpro é uma sociedade gestora de capitais públicos e privados. O
Estado – através do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social –, o Banif, a CGD e Américo Amorim são os seus principais
accionistas.
[A Finpro] Fundada em 1998 [durante o governo
PS-Guterres-Pina Moura-Coelho-Sócrates], [...] começou por dedicar-se ao
investimento em private equity e infra-estruturas. Hoje, tem
vários investimentos internacionais e aderiu, sem sucesso, a um primeiro
Plano Especial de Revitalização no Verão de 2014.
Ou seja, durante dois governos cor-de-rosa os descontos da segurança social andaram a alimentar uma holding de private equity sem que nada tivesse sido perguntado aos contribuintes. A negociata (1) até funcionou, como agora se vê, em regime PPP: lucros para os privados, enquanto houve, prejuízos para os contribuintes e para os eleitores que há décadas alimentam a corja corrupta do Bloco Central—a ostras, pérolas e Pão de Ló— assim que a tempestade financeira mundial começou.
Não deixa de ser sintomática a mudança de direção deste Instituto sempre que muda o governo. Por exemplo, o presidente do IGFCSS entre 2006 e 2013, nomeado pelo governo de José Sócrates, foi Manuel Pedro Baganha, grande entusiasta da privatização e obscuridade crescente do organismo encarregado de administrar o fundo de capitalização dos nossos descontos para a Segurança Social. Não será este mais um caso para a PGR investigar?
In Iceland, as in other modern market economies, the central bank controls the creation of banknotes and coins but not the creation of all money Photo: Getty Images
E se os bancos comerciais fossem proibidos de criar dinheiro?
Os casos negros do BPP, BPN e BES, e as zonas quase negras do BCP, Montepio e Caixa Geral de Depósitos, avisam-nos que a confiança nos bancos morreu, e que é preciso mudar o sistema financeiro num ponto essencial: proibir os bancos comerciais de criarem dinheiro, nomeadamente sob a forma de crédito e sob a forma de securitização de créditos e confeção de produtos financeiros complexos cujo único resultado, no final das corridas especulativas, são bolhas que rebentam, deixando pelo caminho estados insolventes, empresas na ruína, famílias no desespero e convulsões sociais na rua.
Mas então quem estaria autorizado a criar dinheiro, metálico, eletrónico, criptológico e sob a forma de crédito? Apenas os bancos centrais. No caso da UE, apenas o BCE. Os bancos comerciais e de investimento passariam a poder emprestar apenas o dinheiro criado pelos bancos centrais, e estariam proibidos de criar crédito que não resultasse diretamente das suas efetivas reservas monetárias. Por exemplo, a pirataria financeira dos LBO (Leverage Buyout), a que alguns ex-banqueiros indígenas se dedicam no nosso país, acabariam de um dia para o outro. Capiche?
Não tenhamos ilusões: o dinheiro não pode estar nas mãos de banksters!
Iceland looks at ending boom and bust with radical money plan
Icelandic government suggests removing the power of commercial banks to create money and handing it to the central bank
[...] In Iceland, as in other modern market economies, the central bank controls the creation of banknotes and coins but not the creation of all money, which occurs as soon as a commercial bank offers a line of credit.
The central bank can only try to influence the money supply with its monetary policy tools.
Under the so-called Sovereign Money proposal, the country's central bank would become the only creator of money.
Monetary Reform A Better Monetary System For Iceland A Report By Frosti Sigurjonsson Commissioned by the Prime Minister of Iceland —in documentcloud
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Mas não foi Mário Soares que quis entregar Macau aos chineses antes de tempo?
Na fúria de vender o país a qualquer preço, o governo resolveu vender também a TAP, que é um dos grandes símbolos nacionais. Fá-lo porque só tem por objetivo obter receitas a qualquer preço. É o único critério que o move.
Contudo, a TAP é um instrumento fundamental de afirmação da nossa política interna e de todos os países lusófonos.
Este governo não tem nenhuma cultura lusófona e não entende, de todo, a importância que têm para Portugal os países independentes que falam a nossa língua. Neste mundo global, onde somos a quinta língua mais falada do mundo, perder o controlo deste instrumento de soberania que é a TAP é de extrema gravidade.
Não são as principais companhias aéreas do mundo, nomeadamente as americanas, privadas? Não é a Lufthansa privada? Não está a Iberia ligada à British Airways e à Vueling, e a Air France associada à KLM e à Alitalia, etc., etc.?
Não foi o gaúcho Fernando Pinto contratado, no ano 2000, pelos ministros Jorge Coelho e Pina Moura, para privatizar a TAP?
Não foi a TAP avisada ao longo dos últimos oito anos, nomeadamente por mim, sobre a necessidade urgente de uma reestruturação que a tornasse competitiva face ao novo panorama da aviação comercial pós-11S, e nomeadamente face ao ascenso inexorável das companhias de voos ponto a ponto Low Cost? Não foi escrito tantas vezes que a TAP precisava de parceiros e de uma privatização que preservasse uma presença mínima de capital português e até de capital público na futura empresa, mas que as coisas tinham que ser feitas, e que os adiamentos só tornariam as coisas bem mais difíceis?
Em que quimera vive este senhor Mário Soares?
É bom registar mais esta sua declaração do Além, para memória futura. O socratino e desajeitado Costa, apesar de ser transportado no andor da imbecilidade indígena, já deve ter as orelhas a arder!
Nota bene: Passos Coelho, através do seu secretário Sérgio Monteiro (o homem das PPP), chegou a declarar em Setembro passado que a privatização da TAP só seria efectuada depois das eleições. A ideia era transferir, como sempre os governantes que fomos tendo e temos adoram fazer, o problema para quem viesse depois. Mas entretanto ocorreu algo inesperado para alguns: o BES faliu, a Parpública foi proibida de injetar mais dinheiro dos contribuintes na TAP, e o eterno saco azul da Caixa Geral de Depósitos (que um dia será investigado) está sob forte vigilância e também não pode 'ajudar'. Numa palavra: a TAP está falida e insolvente. Desatou a vender aviões, e em breve não terá dinheiro para pagar aos seus trabalhadores, nem aos seus fornecedores, arriscando-se a ver aviões retidos num qualquer aeroporto do planeta, por falta de cash. A jogada de forçar o recém empossado presidente da Comissão Europeia, Claude Juncker, a safar os amigos portugueses não terá sucesso. O pobre deve andar bem mais preocupado em safar a sua própria pele!
Já repararm que uma greve geral na TAP durante quatro dias representa uma apreciável poupança de tesouraria — no preciso momento em que os cofres estão vazios? É que os voos Low Cost da TAP, com a estrutura de custos que a empresa tem, não pode deixar de ser uma farsa e um caso de provável sub-faturação...
POST SCRIPTUM
Republicamos a este propósito um artigo de Rui Rodrigues saído no Público em 2012
IBERIA RENDE-SE PERANTE AS LOW COST E ALTA VELOCIDADE Público, 26 de Novembro de 2012 por Rui Rodrigues
Em Novembro de 2012, a Administração da Companhia Aérea espanhola, a Iberia, anunciou um rigoroso plano de reestruturação que vai obrigar ao despedimento de 4500 funcionários (23%), num total de 20 mil trabalhadores. Em cada três pilotos, um vai ser dispensado.
Os salários dos trabalhadores que continuam na empresa terão fortes quebras (25 a 35%), sendo congelados até 2016 e, no caso dos pilotos, os seus vencimentos terão uma redução de quase 50%. A empresa anunciou que vai encerrar as rotas que dão prejuízo e vai diminuir, no próximo ano, o número de voos em 15%, prescindindo de 25 aviões.
A data limite para terminar acordos com os Sindicatos é o dia 31 de Janeiro de 2013, pois a empresa está a ter perdas diárias de 1,7 milhões de euros, o que é uma situação insustentável.
Neste contexto, as rotas nacionais e europeias serão fortemente reduzidas ou abandonadas. Recentemente, parte deste serviço já tinha sido transferido para a sua filial Iberia Express.
O grupo IAG, a que pertence a Iberia associada à British Airways, está interessado em efetuar uma OPA a 100% à Vueling, companhia aérea de baixo custo. Será esta empresa que deverá explorar parte das rotas abandonadas. A opção de transferir uma quota do mercado das companhias tradicionais para as de baixo custo não é inédita.
A Air France anunciou, este ano, uma reestruturação que prevê transferir voos para a Transavia, subsidiária Low cost. A Lufthansa vai fazer o mesmo com a Germanwings.
A estratégia futura da Iberia passará por apostar mais nos voos de longo curso e abandonar as ligações para as cidades espanholas, que já estão ligadas à nova rede ferroviária de bitola europeia. Nas 40 rotas nacionais só duas ainda são rentáveis. Uma delas, é a ponte aérea Madrid-Barcelona, cujo tráfego caiu para metade desde o início da existência do comboio de Alta Velocidade (AV).
Tendo em conta a soma de postos de trabalho diretos, mais os indiretos que vão ser afetados, será provavelmente um dos maiores despedimentos de sempre em Espanha.
Em 2013, as alterações no espaço aéreo espanhol terão assim profundas mudanças e devem-se a várias causas. As principais são:
1. Forte concorrência das companhias aéreas de baixo custo, Low Cost. Estas, nos 10 primeiros meses de 2012, já representavam 58,7% dos passageiros internacionais do país vizinho, estando o seu mercado mais concentrado para os destinos das Ilhas Baleares e Canárias, bem como a Catalunha. Os principais mercados emissores são o Reino Unido e Alemanha com 36,1% e 19,7%, respectivamente.
2. O comboio de Alta Velocidade na nova rede de bitola europeia está a retirar mercado ao avião, em território continental espanhol. Nesta rede ferroviária, mais de 23 milhões de passageiros já utilizam o comboio de AV anualmente. Nos próximos anos, este valor vai aumentar à medida que mais linhas entrarem em serviço.
3. O aumento do preço do petróleo e das taxas aeroportuárias em Barajas (112% em 2 anos), que é a principal base da Iberia.
Iremos analisar os 3 pontos mencionados.
CONCORRÊNCIA DAS LOW COST
A melhor imagem que se pode dar do mercado aéreo espanhol e do êxito das Low Cost é observar os valores do tráfego dos 10 primeiros meses do ano. De Janeiro até Outubro de 2012, considerando o mercado de Espanha para U.E.-Schengen, as companhias que mais passageiros transportavam eram:
1º - Ryanair com 11,4 milhões, 2º - Air Berlin 7 milhões, 3º - Vueling 5,1 milhões 4º lugar a Iberia com 3,6 milhões 5º - Easyjet com 3 milhões.
As três primeiras e a 5ª são Low cost. Estas posições eram impensáveis, pois, há poucos anos, a Iberia era a primeira. Muitos até diziam que as companhias de baixo custo não passavam de uma “moda” e que, mais tarde ou mais cedo, iriam desaparecer do mercado.
A gestão destas companhias aéreas Low Cost tem por objetivo reduzir os custos em todos os setores. Os gastos desnecessários são eliminados, excepto na manutenção e segurança - só existe classe turística, não são servidas refeições durante as viagens, os serviços em terra são reduzidos ao mínimo, porque a venda de bilhetes é efectuada através da internet, ou reserva via telefone, evitando intermediários.
Estas empresas geralmente utilizam um aeroporto base com baixas taxas, de onde irradiam os voos para os diferentes destinos, unindo 2 pontos entre si (ligações ponto a ponto). As tripulações, 6 pessoas por avião, pernoitam sempre na sua própria casa e raramente utilizam os hotéis dos destinos. Se se considerarem os 365 dias do ano, este procedimento permite uma enorme poupança de recursos.
Os aviões adquiridos são novos, para tirar partido da eficiência no consumo de combustível e é utilizado um só modelo, geralmente o A320 da Airbus ou o Boeing 737-800, o que possibilita uma enorme diminuição nos custos de formação e manutenção. Esta estratégia de redução dos gastos permite converter os ganhos em tarifas mais baixas.
O modelo de negócio das Low cost é mais eficaz até aos 2300 Km, desde a base em que operam. Acima deste valor, a rentabilidade do negócio é menor.
NOVA REDE DE BITOLA EUROPEIA
Está a ser construída, em Espanha, uma nova rede ferroviária de bitola europeia que já transporta mais de 23 milhões de pessoas, ligando mais de 20 cidades entre si. Os novos corredores já terminados, desde Madrid até Sevilha, Málaga, Barcelona, Valência e Valladolid, levaram à migração de milhões de passageiros do avião e viatura particular para o comboio, que agora é o modo de transporte mais utilizado, nos respetivos corredores, o que permitiu uma forte poupança de energia, pois a nova ferrovia é de tração elétrica e não depende do petróleo.
TAXAS E PREÇO DO PETRÓLEO
Nos últimos anos a AENA, empresa espanhola equivalente à ANA-aeroportos, efectuou avultados investimentos nos aeroportos de Madrid, Barcelona e Málaga, que atingiram um valor superior a 13 mil milhões de euros. Quando foram feitos os respectivos projectos, o crescimento de tráfego anual atingia uma média de 8%. Este valor levaria a que o tráfego mais do que duplicasse ao fim de 10 anos. Como o mercado diminuiu, as verbas gastas não tiveram o retorno esperado. Esta situação, obrigou a empresa a subir as taxas aeroportuárias e, de 2011 para 2013, o aumento será de 112% em Madrid e em Barcelona de 108% (fonte - AENA).
Caso se considere os custos totais para as companhias aéreas, o preço do combustível já representa 33%, as taxas aeroportuárias 12% e as taxas de navegação 6%. Os restantes 49% são outros gastos, necessários para o funcionamento das empresas (manutenção, pessoal etc).
O forte aumento das taxas em Barajas, vai levar à saída da Easyjet que ali tinha criado uma base e à redução de voos por parte da Ryanair.
A AENA está a gerir 47 aeroportos e 20 deles têm menos de 500 mil passageiros, por ano. Muitos devem ter um encerramento parcial para reduzir os custos.
Desde que as Low cost iniciaram a sua atividade, em Portugal, o seu mercado já se aproxima dos 40% e com tendência para aumentar. A TAP, seja privatizada ou não, vai ter que ser reestruturada brevemente, pois, a empresa tem tido prejuízos divulgados pela Imprensa, para além do elevado passivo acumulado. A estratégia da TAP deveria também passar pelo mercado de longo curso.
TENDÊNCIAS PARA O FUTURO
O preço do petróleo vai ser determinante nas opções futuras do mercado dos vários modos de transporte. A rodovia já paga, em vários países da U.E., quase 60% de impostos sobre combustíveis. Se os mesmos valores forem aplicados à aviação, as Low Cost estarão melhor preparadas para tal situação do que as companhias aéreas tradicionais.
As Low Cost como só efetuam ligações “ponto a ponto” desfizeram a estratégia da Iberia, que utiliza o aeroporto de Madrid como Hub. A nova rede ferroviária agravou ainda mais esta situação por ter desviado milhões de passageiros para o comboio. No futuro, o mercado vai cada vez privilegiar as ligações “ponto a ponto” em detrimento dos aeroportos Hub.
As grandes alterações que estão a ocorrer no transporte de pessoas na Europa e em Espanha permitem concluir que, para distâncias até aos 750 Km, o mercado de passageiros opta pela ferrovia e, no intervalo 750-2300 Km, cada vez mais pelas Low cost.
O Antonio Barreto, com aquele seu ar de Pitonisa dorida, arengou no JN de hoje sobre o Douro (dizia o titulo do artigo). Mas nao, so falou do Vinho do Porto e da saga incestuosa das suas execraveis instituicoes. Se n fossem os ingleses, ao contrario do q afirma erroneamente o historiador de barbicha trotskysta, nem tinha havido alguma vez Vinho do Porto, nem, depois de ter sido inventado e mundialmente popularizado pelo bifes de suas majestades britanicas, continuaria a existir nos dias q correm. Ignorara porventura a Pitonisa dorida que o Douro nao existe sem o rio que lhe da o nome? Que pensa e diz o historiador distraido, das barragens assassinas do Mexia , Socrates e Companhias? Ja ouviu falar de destruicao de rios por segmentacao hidroelectrica? Ja ouviu falar de eutrofizacao das albufeiras? Sabe o mal q a vinha e o olival intensivos podem fazer a um rio e afluentes com margens ingremes como Douro, o Sabor, o Tua, ou o Bestança? Meu caro Antonio Barreto, estude a realidade em vez de posar para a historieta do pais!
Barragens assassinas
O estudo tecnico mais actualizado sobre o embuste das novas barragens que Socrates e a EDP congeminaram, escrito por Joanaz de Melo, depois da oportuna critica q lhe foi dirigida, demonstra claramente q a sujeicao de 75 anos que querem impor aos portugueses, cobrando-lhes uma factura de 16 mil milhoes de euros pelo caminho, nao vai trazer apenas mais 3% de energia electrica/ano. Nao senhor, vai trazer mais 0% de energia electrica/ano! Se isto nao configura o maior roubo do bem comum alguma vez arquitectado contra os portugueses, entao nao sei de que "corrupcao" fala o jovial To Ze Seguro, novo secretario-geral do Partido Socialista. Va la homem, comece a trabalhar e a fazer algo de util pelas suas proprias promessas!
Anunciámos, quando todos palravam sobre a solidez da nossa banca, que a dita estava a caminho da falência — explicitando os perigos que ameaçavam de morte o BCP e tornavam a situação da Caixa Geral de Depósitos altamente preocupante.
A CGD, se não me engano, ajudou os piratas da tríade de Macau (que após a fuga de Guterres consolidaram a sua captura do Partido Socialista para fins inconfessáveis) a tomarem de assalto o BCP. Mais recentemente, sempre que as acções deste banco caíam abaixo da barreira psicológica dos 50 cêntimos, a Caixa comprava a dose necessária para manter o papel do Millennium a fluturar (estou certo ou errado? alguém se deu ao trabalho de investigar? será que a nova ministra da justiça irá querer saber como foi?)
Até ao dia 5 de Junho foi assim. Depois do dia 6 de Junho deixou de ser assim, e o resultado está à vista: terminou a semana passada a valer 0,346€, que nem para uma cápsula de Nexpresso dá, e na que hoje começa temo bem que não resista à nova tempestade a caminho, com epicentro em Roma.
Mas pior do que o colapso iminente do BCP, que só o BCE poderá eventualmente impedir, e do crime chamado BPN, onde a mesma Caixa enterrou 5,3 mil milhões de euros (para onde foram estas cinco vírgula três pontes Vasco da Gama senhora ministra da justiça?!), é a própria falência escondida da Caixa Geral de Depósitos que pode estar à beira de revelações chocantes (não nos esqueçamos que a escandalosa sede central desta instituição já foi vendida ao fundo de pensões dos seus trabalhadores!).
A Caixa, ao que tudo indica, andou estes últimos dois ou três anos a financiar dois crimes: o do assalto mafioso ao BCP, e o do desfalque do BPN, cujo montante e rede de cleptocratas continuamos a desconhecer.
Não sou eu que posso investigar. Não sou eu que posso acusar. Não sou eu que posso julgar. Mas posso alertar e protestar sobre o que me parecem ser algumas das maiores fraudes da história portuguesa depois de Alves dos Reis, a saber, por ordem de magnitude: o BPN, o assalto ao BCP e o casino chamado BPP.
A Moody’s, no ataque desferido contra Portugal, está ao serviço, entre outros, da Capital Group Companies (uma velha empresa financeira norte-americana com activos no valor aproximado de um bilião de USD), e dos bancos europeus que recentemente receberam 600 mil milhões de dólares da Reserva Federal, isto é, do pobre contribuinte americano: BNP Paribas, Barclays*, Credit Suisse, Deutsche Bank*, HSBC*, UBS. Curiosamente, os bancos assinalados com asterisco são os mesmos que vão gerir a emissão de obrigações do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), no valor de 5mM€, destinadas a angariar dinheiro para resgatar a dívida soberana portuguesa!
Andrew Garthwaite, do Credit Suisse, conta com um ‘haircut' de 30% na dívida pública portuguesa.
"Teríamos ficado chocados se Portugal não tivesse sido reduzido para a classificação de lixo e ainda mais chocados se não entrar em incumprimento (sendo evidente que lhe chamaremos outra coisa)", escreveu Andrew Garthwaite, do Credit Suisse, numa nota citada no Financial Times.
Para este perito do banco suíço, as crises de Lisboa e Atenas só diferem "à superfície" porque o "excesso de alavancagem em Portugal está escondido no sector privado, enquanto na Grécia está no sector público".
"Os nossos modelos dizem que Portugal precisa de um ‘haircut' de 30% na dívida pública", escreve Andrew Garthwaite, justificando o número com o elevado endividamento do sector privado português, a perda de competitividade do país e a falta de crescimento da economia. "Os nossos cálculos sugerem que os salários precisam cair 5-10% e isso são más notícias para o PIB", conclui.
O nível de descaramento é insuperável. Depois do ataque provocatório desencadeado pela Moody's contra Portugal, usando o exemplo da Grécia, mas visando já a Itália, a resposta não se fez esperar da parte do BCE, do FMI, de Berlim e de Bruxelas. Resta saber se o vozeirão se irá ou não traduzir em decisões firmes e respostas claras aos ogres de Washington e de Wall Street.
Italy Orders Short Sellers to Disclose Positions
By Lorenzo Totaro - Jul 11, 2011 12:01 AM GMT+0100. Bloomberg.
Italy’s financial-market regulator moved to curb short selling after the country’s benchmark stock index fell the most in almost five months and bonds tumbled on investor concern Italy would be the next victim of the region’s debt crisis.
The regulator known as Consob ordered last night that short sellers must reveal their positions when they reach 0.2 percent or more of a company’s capital and then make additional filings for each additional 0.1 percent. The measure takes effect today and lasts until Sept. 9.
The decision came hours before Europe’s finance ministers gather for a regular meeting in Brussels today to seek ways to shore up Greece and defend the region’s other heavily indebted nations. The Italian ruling follows similar action taken in other European countries, including Germany, Rome-based Consob said in a statement posted on its website.
A entrevista que Christine Lagarde deu este Domingo a Christiane Amampour (ABC), devolvendo aos americanos o alarme relativamente os países sobre endividados, e apontando claramente o dedo à descomunal dívida americana, deu bem o tom da guerra financeira objectivamente em curso entre o USD e o Euro.
A crise provocada por décadas de endividamento cumulativo e especulação financeira descarada, à escala planetária, não se circunscreve apenas, como se poderia supor, ao velho mundo ocidental em declínio, mas também, por exemplo, à China.
Several interesting questions are raised by the revelation of local government debt in China. First and foremost, it has shown that public finance in China is in much worse shape than previously thought. On paper, China’s debt to GDP ratio is under 20 percent, making Beijing a paragon of fiscal virtue compared with profligate Western governments. However, if we factor in various government obligations that are typically counted as public debt, the picture doesn’t look pretty for China. Once local government debts, costs of re-capitalizing state-owned banks, bonds issued by state-owned banks, and railway bonds are included, China’s total debt amounts to 70 to 80 percent of GDP, roughly the level of public debt in the United States and the United Kingdom. Since most of China’s debt has been borrowed in the last decade, China is on an unsustainable trajectory at the current rate of debt accumulation, particularly when economic growth slows down, as it’s expected to do in the coming decade.
Com uma inflação acima dos 6,5% e níveis de corrupção, incompetência criminosa e desorientação interna inesperados, o novo gigante asiático parece ter afinal pés de barro. A ver vamos até onde irá a reacção euro-americana aos recentes escândalos que rodeiam os produtos e os serviços que a China exporta como nunca, à medida que a América e a Europa caminham para um espiral de perigosa imprevisibilidade e estagnação económica.
Ugly Highway Crash for Chinese Firm in Poland
By staff reporters Gu Yongqiang and Wang Xiaoqing, and London correspondent Ni Weifeng 07.07.2011 12:09. Caixin.
A Polish highway project that was supposed to crack open the lucrative European construction market for a Chinese engineering conglomerate has slammed doors instead.
On June 13, Poland's General Directorate for National Roads and Highways (GDDKiA) announced the decision to cancel its 1.3 billion zloty (US$ 472 million) construction contract with China Overseas Engineering Group Co. (Covec). Covec's consortium included Shanghai Construction (Group) General Co. and China Railway Tunnel Group Co. Ltd.
The Polish government agency also handed Covec a bill for 741 million zloty to cover compensation and fines following what it claims were the contractor's mishandlings of a project to build 49 kilometers of a 91-kilometer road between Warsaw and Berlin.
Officials at Covec, a subsidiary of China Railway Group (SSE: 601390), have yet to formally respond to GDDKiA's demands. But source at Covec told Caixin that the contractor had earlier requested but was denied more money from GDDKiA to cover unexpected cost increases.
[...] After terminating the contract with Covec in June, GDDKiA said it would re-open the bidding process and hire another firm. It also said Covec would be prohibited from bidding on public projects in Poland for three years.
Hospital Geral de Luanda pode desabar
Jornal O PAÍS/Angonotícias.
O Hospital Geral de Luanda está, desde a semana passada, a cair aos pedaços, quatro anos após a sua inauguração, o que obrigou a direcção da instituição a encerrar as enfermarias do Banco de Urgência e a transferir os doentes para alguns hospitais da capital, depois de orientados por técnicos do Ministério do Urbanismo e Construção que inspeccionaram as instalações.
Elisabeth Warren apresenta o relatório de Abril do Congressional Oversight Panel (COP): "Assessing Treasury's Strategy: Six Months of TARP".
CGD: Empréstimo Obrigacionista EUR 1.250.000.000,00 Agente Pagador: Citibank, N.A. Sindicato: Bookrunners: Caixa BI, Dresdner Kleinwort, Morgan Stanley, Natixis e RBS Co-Líderes: DZ Bank e Banco Espirito Santo de Investimento (PDF)
Na véspera da Páscoa, de mansinho, para que nem o Público desse por tal, a Caixa Geral de Depósitos publicou o prospecto da dívida de mais de mil milhões de euros que vai contrair para repor os seus depauperados rácios de capital. Embora o facto fosse esperado desde Novembro de 2008 (Público), todos gostariam de saber como é que um banco cujo único accionista é o Estado e para o qual afluem milhares de milhões de euros provenientes da poupança portuguesa —e mais recentemente, dezenas de milhar de contas bancárias fechadas em bancos privados virtualmente falidos—, precisa de aumentar o grau de segurança contra riscos oriundos sobretudo de operações financeiras mal escrutinadas e nada transparentes, sobre as quais nem o Banco de Portugal, nem a CMVM, disseram até hoje fosse o que fosse. Aliás, creio que nada dirão enquanto a nomenclatura partidária da Assembleia da República continuar entretida com os seus cálculos eleitorais.
O problema com as reservas da CGD não reside nos activos não financeiros da instituição, i.e. não tem origem nos seus activos imobiliários, lucros e juros a que tem direito, nem muito menos no volume dos depósitos que os portugueses, residentes e emigrados, têm vindo a engrossar de forma fiel ao longo das décadas. Não, o problema é outro, e é grave. Os especialistas chamam-lhe Tier I capital.
A good definition of Tier I capital is that it includes equity capital and disclosed reserves, where equity capital includes instruments that can't be redeemed at the option of the holder (meaning that the owner of the shares cannot decide on his own that he wants to withdraw the money he invested and so cannot leave the bank without the risk coverage). Reserves are held by the bank, and are thus money that no one but the bank can have an influence on. (in Wikipedia)
Ou seja, tudo leva a crer que a Caixa Geral de Depósitos comprou e continua a comprar acções e veículos financeiros de duvidosa rentabilidade e retorno incerto! Creio até que parte do dinheiro que os portugueses têm vindo a retirar dos bancos zombies, depositando-o em seguida na CGD, está a regressar de forma encapotada e ilegítima aos mesmos covis financeiros de onde tem tentado escapar, pelos vistos sem êxito!
O Banco de Portugal deveria ser impedido de autorizar qualquer empréstimo obrigacionista, seja a que banco for, antes de realizar uma auditoria apropriada, divulgando publicamente as respectivas conclusões. Sobretudo depois do psicodrama encenado em Londres pelo G20, não há nenhuma justificação para tolerar a persistência da actual opacidade do sistema bancário. Pois como todos vamos começando a saber, tal falta de regras e de transparência apenas serve para alimentar os inúmeros esquemas de corrupção financeira que conduziram a economia mundial ao actual estado de colapso iminente.
O pico bolsista da semana passada, "liderado" pelo sector bancário, não reflecte mais do que o resultado episódico das gigantescas injecções de dívida pública aplicada ao sistema financeiro, cujo único efeito é voltar a atestar a carteira de quem passou as últimas duas décadas a engordar sem nada produzir, arruinando ao mesmo tempo boa parte das economias mundiais. Atrás de deflação, inflação virá...
Apesar da boa vontade de Elisabeth Warren para com o novo presidente americano, creio que o mais recente relatório vídeo da autora do decisivo estudo sobre a falência da classe média americana (The Two Income Trap — Why Middle-Class Parents Are Going Broke) aponta já, ainda que cirurgicamente, para os perigos que Barak Obama enfrenta ao ter-se deixado rodear por uma equipa de agentes descarados de Wall Street.
Vale a pena ler na íntegra, a propósito do muito que falta fazer para pôr na ordem o cripto-corrupto sistema financeiro mundial, a entrevista realizada pelo The Wall Street/ Barron's ao antigo vice-presidente do Federal Savings and Loan Insurance Corp., William Black, de que transcrevemos estas passagens reveladoras:
The current bank scandal dwarfs the 1980s savings-and-loan crisis -- and could destroy the Obama presidency.
Barron's: Just how serious is this credit crisis? What is at stake here for the American taxpayer?
William Black: Mopping up the savings-and-loan crisis cost $150 billion; this current crisis will probably cost a multiple of that. The scale of fraud is immense. This whole bank scandal makes Teapot Dome [of the 1920s] look like some kid's doll set. Unless the current administration changes course pretty drastically, the scandal will destroy Barack Obama's presidency. The Bush administration was even worse. But they are out of town. This will destroy Obama's administration, both economically and in terms of integrity.
B: Summarize the problem as best you can for Barron's readers.
WB: With most of America's biggest banks insolvent, you have, in essence, a multitrillion dollar cover-up by publicly traded entities, which amounts to felony securities fraud on a massive scale.
These firms will ultimately have to be forced into receivership, the management and boards stripped of office, title, and compensation. First there needs to be a clearing of the air -- a Pecora-style fact-finding mission conducted without fear or favor. [Ferdinand Pecora was an assistant district attorney from New York who investigated Wall Street practices in the 1930s.] Then, we need to gear up to pursue criminal cases. Two years after the market collapsed, the Federal Bureau of Investigation has one-fourth of the resources that the agency used during the savings-and-loan crisis. And the current crisis is 10 times as large.
There need to be major task forces set up, like there were in the thrift crisis. Right now, things don't look good. We are using taxpayer money via AIG to secretly bail out European banks like Société Générale, Deutsche Bank, and UBS -- and even our own Goldman Sachs. To me, the single most obscene act of this scandal has been providing billions in taxpayer money via AIG to secretly bail out UBS in Switzerland, while we were simultaneously prosecuting the bank for tax fraud. The second most obscene: Goldman receiving almost $13 billion in AIG counterparty payments after advising Geithner, president of the New York Fed, and then-Treasury Secretary Henry Paulson, former Goldman Sachs honcho, on the AIG government takeover -- and also receiving government bailout loans.
B: So you are saying Democrats as well as Republicans share the blame? No one can claim the high ground?
WB: We have failed bankers giving advice to failed regulators on how to deal with failed assets. How can it result in anything but failure? If they are going to get any truthful investigation, the Democrats picked the wrong financial team. Tim Geithner, the current Secretary of the Treasury, and Larry Summers, chairman of the National Economic Council, were important architects of the problems. Geithner especially represents a failed regulator, having presided over the bailouts of major New York banks.
B: You say the evidence of a breakdown in the regulatory structure comes from the fact that America avoided an earlier subprime crisis in the 1990s.
WB: Exactly. Why had no one heard of the subprime crisis back in 1991? Because America's regulators also faced down the crisis early. The same thing happened with bad credits being securitized in the secondary market. Remember the low-doc or no-doc mortgages done by Citibank? Well, the problem didn't spread -- because regulators intervened.
Obama, who is doing so well in so many other arenas, appears to be slipping because he trusts Democrats high in the party structure too much.
These Democrats want to maintain America's pre-eminence in global financial capitalism at any cost. They remain wedded to the bad idea of bigness, the so-called financial supermarket -- one-stop shopping for all customers -- that has allowed the American financial system to paper the world with subprime debt. Even the managers of these worldwide financial conglomerates testify that they have become so sprawling as to be unmanageable.
B: What needs to be done?
WB: Well, these international behemoths need to be broken down into smaller units that can be managed effectively. Maybe they can be broken up the way that the Standard Oil split up back in the early 1900s, through a simple share spinoff.
The big problem for the last decade is that we have had too much capacity in the finance sector -- too many banks have represented a drain on our talent and resources. All these mergers haven't taken capacity out of the system. They have created even bigger banks that concentrate risk to the taxpayer, and put off dealing with problems.
And a new seriousness must be put into regulation. We don't necessarily need new rules. We just need folks who can enforce the ones already on the books. — in "The Lessons of the Savings & Loan Crisis," Barron/ WSJ (April 12, 2009)
09-03-2008 (Diário de Notícias) — Parceria luso-angolana. No âmbito da visita oficial de José Eduardo dos Santos a Portugal, os dois países vão intensificar as relações financeiras, criando um banco luso-angolano. Os accionistas avançam com um capital de 800 milhões de euros
Capital detido a 50% por cada um dos accionistas
A Sonangol e a Caixa Geral de Depósitos (CGD) vão criar em conjunto um banco luso-angolano. Com base nesta parceria, as duas instituições serão accionistas (50% do capital para cada uma) de um banco universal, que terá especial enfoque na banca de investimentos e possuirá um capital social inicial de mil milhões de dólares (cerca de 800 milhões de euros).
... Através das formas jurídicas adequadas de direito angolano, a futura instituição criará entidades de investimento, que irão apoiar e participar em projectos de desenvolvimento da economia angolana. Segundo as mesmas fontes, será dada preferência a iniciativas promovidas por entidades empresariais angolanas, portuguesas ou parcerias luso-angolanas.
A política externa e a diplomacia económica são o melhor deste governo PS. E salvo opinião contrária, ou alguma surpresa desagradável (que não vislumbro), a notícia da criação de um novo banco de investimento, fundado em partes iguais pela Caixa Geral de Depósitos e pela Sonangol, é uma boa notícia, e é sobretudo um sinal de que a individuação estratégica do nosso país vai no bom sentido, ou pelo menos no sentido que eu e certamente a maioria dos atlantistas há muito defendem. O Atlântico é o nosso espaço vital, sobretudo porque é na triangulação entre o Brasil, a Venezuela, Portugal, Angola e o Golfo da Guiné que reside a real possibilidade da Comunidade de Língua Portuguesa emergir a médio prazo como um novo e importante actor mundial. Há problemas de direitos humanos, de democracia, de corrupção em todos estes países? Pois há! Mas já pensaram no que os respectivos movimentos de cidadania contaminados em rede poderão fazer pela melhoria civilizacional destes povos, e na marca que poderão ajudar a criar no quadro de uma globalização mais justa e prudencial que venha a suceder ao colapso estrondoso da pirataria neoliberal?
Hoje acordei bem-disposto ;-)
Post scriptum — Ou muito me engano, ou já não será preciso nacionalizar o BCP, cujas acções não param de cair. O novo banco de investimento encarregar-se-à de o papar brevemente — até porque a Caixa, que realizou nos últimos anos uma série de operações altamente especulativas e de duvidosa legitimidade, está sem dinheiro. E sem dinheiro deixa de poder amparar o projecto financeiro da tríade, e de continuar a comprar acções ao BCP.
Depois da 'guerra' de 2007, um grupo de accionistas do BCP tenta resolver o 'buraco' de 2 mil milhões de euros, ou seja, as imparidades que provocaram junto de alguns bancos portugueses. A meta é vender ao BBVA, mas o banco espanhol só admite a hipótese com o aval das autoridades...
Um grupo de accionistas do Banco Comercial Português (BCP) está a tentar convencer o Banco Bilbao Vizcaya Argentaria (BBVA) a comprar o conjunto das suas participações no banco, que perfaz actualmente cerca de 25% do capital.
Segundo o DN apurou, estes accionistas - onde se inclui a Teixeira Duarte, Joe Berardo, Manuel Fino, o Banco Privado Português (BPP), a Moniz da Maia, a Logoplaste, a Têxtil Manuel Gonçalves e João Pereira Coutinho - terão contraído empréstimos junto da banca portuguesa para comprar acções do BCP, nomeadamente durante a "guerra" para o controlo do banco em 2007.
... Só a CGD contará com imparidades entre mil e 1,2 mil milhões de euros.
... Os accionistas vendedores (que esperam a adesão de outros accionistas) estão a contar com a negociação da operação a um preço de 1,8 euros por acção.
Espanhóis e angolanos fizeram bem em esperar. E se esperarem mais umas semanas vão poder comprar o BCP por 1 euro!
A Caixa está pois a arder em mais de mil milhões de euros — fora o que já enterrou no BPN e no BPP! A alternativa, portanto, é criar um banco luso-angolano que fique com o espólio, os balcões e a carteira de clientes dos bancos falidos (BCP, BPN, BPP). Deve ser isto que o José Eduardo dos Santos veio realmente fazer a Portugal. Entretanto, vamos ver se esta operação relâmpago vai ou não conduzir à formação da próxima incubadora da tríade de Macau... Lindo: o PS será o partido da grande burguesia parasitária do Estado, e o PSD fica, enfim e apenas, com as PMEs!
2008-11-28 ( DN Sapo) — O investidor Joe Berardo pediu "bom senso" e frisou ao DN que "os accionistas e gestores do BPP deviam ter tido cuidado com o que estavam a fazer. Não amealharam no Verão para sobreviver ao Inverno". Por isso, "o dinheiro dos contribuintes não deve ser usado para salvar grandes investidores. Se não também tem de salvar os pequenos".
2008-11-28 (Agência Financeira) — Para o empresário Joe Berardo as garantias disponibilizadas pelo Banco de Portugal, no valor de 20 mil milhões de euros com vista a dar liquidez ao sistema financeiro, só deviam ser usadas para «salvar» os bancos de crédito, refere em declarações à Agência Financeira (AF).
O também accionista do BCP mostra-se desta forma contra o plano de salvamento do Banco Privado Português (BPP). «O banco de João Rendeiro é um banco de investimento e não um banco comercial. Se começam a ajudar os bancos de investimento então vão ter a começar a ajudar outras pessoas, como aquelas que investem na bolsa», revela à AF.
Quando todos pensávamos que os 20 mil milhões de euros inscritos no Orçamento de Estado 2009, a título de "Passivos contingentes: Avales Concedidos e Dívidas Garantidas", se destinavam a socorrer bancos em dificuldades, ficámos a saber que não, nomeadamente depois de o BES anunciar que recorreria a empréstimos garantidos pelo Estado português, apesar de não precisar, apenas para não ficar atrás da concorrência!
Entretanto, com o Banco de Portugal e o Ministério das Finanças embrulhados em mais uma aventura de duvidosa legalidade, desta vez para salvar o Banco Privado Português (BPP), promovendo um sindicato de banqueiros que usará as garantias de Estado a que o BPP, por si só, não tem acesso, fica todo o país a saber que o potencial aumento do défice orçamental para uns astronómicos 13,7% (1), o qual se traduzirá inevitavelmente numa exploração fiscal sem precedentes, já está à disposição de uma bolsa de ricos incapazes de assumir as contingências das suas próprias decisões financeiras.
Capital = 125.000.000 (total do capital = 193.438.253)
Crédito a clientes = 954.095.194
Recursos de clientes e outros empréstimos = 740.253.375
Recursos de outras instituições de crédito = 707.118.883
Ou seja, uma sociedade gestora de fortunas de média dimensão (Capital = 125.000.000 euros) e risco moderado (2) descobriu no passado Verão que iria ter muitas dificuldades em recuperar boa parte dos seus investimentos especulativos, ou melhor dito, boa parte dos investimentos dos seus accionistas e demais clientes (~954.095.194 euros) realizados sob sua orientação técnica.
Presumo que a totalidade dos investimentos especulativos veiculados pelo Banco Privado foram realizados com dinheiro emprestado aos accionistas e outros clientes pelo próprio BPP (~954.095.194 euros), que para tal teve que se endividar, nomeadamente junto da banca comercial (707.118.883 euros). Quando finalmente a crise financeira atingiu a Europa em cheio, os accionistas e clientes, que detinham recursos depositados no BPP na ordem dos 740.253.375 euros, perceberam que a bolha de Derivados (3) rebentara, que os lucros especulativos esperados se tinham evaporado, e que, portanto, o melhor seria retirar quanto antes as "poupanças" à guarda do Private Banker. E assim foi: os accionistas e outros clientes retiraram nas últimas semanas mais de 500 milhões de euros da sociedade chefiada por João Rendeiro e de que são accionistas de referência e/ou membros dos corpos sociais, entre outros, Francisco Pinto Balsemão (presidente do Conselho Consultivo), João Vaz Guedes (vice presidente do Conselho Consultivo), Stefano Saviotti (vice presidente), José Miguel Júdice (presidente da Assembleia Geral), Fundação Luso-Americana (representada por Rui Machete, também presidente do Conselho Superior da Sociedade Lusa de Negócios), João de Deus Pinheiro (vogal do Conselho Consultivo), Álvaro Barreto (vogal do Conselho Consultivo), António Viana Baptista (vogal do Conselho Consultivo), Jorge Braga de Macedo (vogal do Conselho Consultivo) e João Cravinho (vogal do Conselho Consultivo).
A corrida foi de tal modo radical que o BPP acabaria por bloquear as operações de levantamento no fim desta semana. Quem soube e teve oportunidade, rapou o tacho do BPP até ao ponto em que este, exangue, teve que suspender os pagamentos. Ao que se sabe agora, os bancos comerciais estarão ainda a arder em 350 milhões de euros, e um número desconhecido de clientes ficou impedido de levantar os 200 milhões de euros que lá depositou na esperança de bons negócios e juros acima dos oferecidos pela banca comercial.
Os accionistas e grandes clientes, depois de perderem as apostas especulativas realizadas com dinheiro emprestado, que pelos vistos não tencionam devolver (!), retiraram a quase totalidade dos seus depósitos no BPP, deixando esta sociedade virtualmente falida nas mãos dos credores e de alguns clientes mais lentos, fracos ou distraídos. Se isto não é uma vigarice gigantesca, então não sei o que é!
O volte-face do BPI tem pois uma moral: os bancos, se quiserem recuperar o dinheiro que emprestaram aos especuladores do BPP, para que estes comprassem as sofisticadas fichas do grande casino mundial de Derivados, terão que voltar a soltar mais crédito ao BPP. Doutro modo, não voltarão a ver a cor do dinheiro emprestado.
Dois dos bancos disponíveis para salvar o BPP — a Caixa Geral de Depósitos e o BES — já anunciaram pedidos de aval pessoal ao Estado português no montante de 3.500 milhões de euros. Ou seja, o buraco do BPP (550 milhões) multiplicado por seis. Perceberam?
REFERÊNCIAS
Queixas contra João Rendeiro no Banco de Portugal
30-11-2008 - 00h30 (Correio da Manhã). Várias denúncias de clientes do Banco Privado Português (BPP) contra João Rendeiro estão a ser analisadas pelo Banco de Portugal. As queixas, que são anteriores às actuais dificuldades financeiras do banco, têm por base diversos actos de gestão da administração de Rendeiro à frente do BPP. Estas denúncias terão precipitado a renúncia do banqueiro, que foi conhecida na sexta-feira à noite após reunião dos principais accionistas.
Bancos nacionais têm 350 milhões reféns do BPP
2008-11-29 (DN.Sapo) — O encontro de ontem à noite entre os principais accionistas do Banco Privado Português (BPP) terminou com a renúncia de João Rendeiro à presidência da instituição e com a disponibilidade dos accionistas - nomeadamente Rendeiro, que permanece como tal - para acompanhar um provável aumento de capital, fundamental no plano de salvação da instituição. Isto porque mantêm-se as dúvidas sobre a qualidade das garantias a dar ao Estado para que este assuma o risco das injecções de liquidez no BPP que os seis bancos envolvidos na operação irão disponibilizar.
O montante destas injecções deverá ser ligeiramente superior a 500 milhões de euros. Este dinheiro servirá para o BPP cobrir insuficiências de liquidez, quer nas linhas de crédito que estão a vencer, quer para pagar aos clientes que estão à espera de uma solução para resgatar os seus investimentos (bloqueados desde o início desta semana). ...
Imbróglio jurídico
Neste momento, o plano está definido, mas falta dar-lhe um enquadramento legal. É que a lei das garantias do Estado só prevê 45 milhões de euros para o BPP, já que está indexado à quota de mercado de crédito. Embora seja ao abrigo dessa lei que os outros bancos vão financiar-se para contribuir para a solução do BPP, o Banco de Portugal terá de encontrar outra solução jurídica, já que o regime geral das instituições de crédito e sociedades financeiras não prevê que o Estado assuma os riscos de injecções de capital feitas por entidades privadas. Ou seja, no caso de o BPP falhar o pagamento dos 500 milhões injectados, será o Estado a assumir o risco de contraparte. O enquadramento jurídico desta operação pode mesmo, segundo apurou o DN, obrigar o Governo a legislar, provavelmente através de portaria.
Os activos a dar como garantia são outro problema. É que, tendo em conta que o banco perdeu 500 milhões de euros em depósitos nas últimas semanas (os restantes 200 milhões estão bloqueados) sobra, como activos, o capital (daí a necessidade de o aumentar) e os veículos de investimento com participações no BCP, Brisa, Cimpor e Mota-Engil. Só que estes veículos perderam muito valor nos últimos meses, colocando uma dificuldade adicional ao Estado. Refira-se que, com a saída de Rendeiro, entrarão novos gestores na instituição. A Lusa avançava ontem que um deles pode ser Manuel Alves Monteiro, membro do conselho consultivo.
Berardo pede "bom senso"
Uma das questões que tem levantado algumas dúvidas prende-se com a eventualidade de o Estado assumir riscos para "salvar" más decisões de investimento dos gestores do BPP. Segundo apurou o DN, o banco conquistou clientes este ano com produtos de juros mais altos que a concorrência, a qual já procurava protecção da crise financeira em curso.
O investidor Joe Berardo pediu "bom senso" e frisou ao DN que "os accionistas e gestores do BPP deviam ter tido cuidado com o que estavam a fazer. Não amealharam no Verão para sobreviver ao Inverno". Por isso, "o dinheiro dos contribuintes não deve ser usado para salvar grandes investidores. Se não também tem de salvar os pequenos".
Banca: Futuro do Banco Privado Português poderá ser decidido hoje 28 de Novembro de 2008, 06:51 (Notícias.Sapo/Lusa)
Lisboa, 28 Nov (Lusa) - O futuro do Banco Privado Português (BPP) poderá ser decidido hoje, com o Banco de Portugal a coordenar uma operação de salvamento que pretende impedir o colapso da instituição liderada por João Rendeiro.
Tendo-lhe sido vedado acesso às garantias do Estado para poder obter um empréstimo de 750 milhões de euros no Citigroup - devido ao seu reduzido peso no financiamento às empresas e às famílias - o BPP poderá agora ser salvo da falência por um grupo de seis outros bancos: a Caixa Geral de Depósitos (CGD), o Millennium BCP, o BPI, o Santander Totta, o Banco Espírito Santo (BES) e o Crédito Agrícola.
Estes bancos estão a negociar com o Banco de Portugal e com o BPP as condições de um empréstimo, entre os 500 e 600 milhões de euros, de modo a que a instituição possa resolver os problemas de liquidez causados pela crise internacional.
No entanto, o Estado vai servir de fiador do BPP neste empréstimo, recebendo como penhor vários activos detidos pelo banco liderado por João Rendeiro, que opera no segmento da gestão de fortunas.
Fontes do sector, contactadas pela Lusa, afirmaram que o principal objectivo da operação de salvamento é impedir que o colapso do BPP afecte os financiamentos dos restantes bancos portugueses junto da banca internacional.
Se um banco português falir, ainda que seja de reduzida dimensão, como é o caso do BPP, o risco do sistema bancário nacional aumentará, tornando mais difícil às restantes instituições obterem financiamentos.
Para prevenir este cenário, os advogados dos seis bancos estiveram reunidos quinta-feira ao final do dia com responsáveis do Banco de Portugal e do Banco Privado Português, com vista a definir as condições da operação de salvamento, não tendo sido anunciado um acordo.
Contactada pela Lusa na quinta-feira à noite, fonte oficial do Banco de Portugal não quis fazer comentários sobre as negociações em curso.
Por sua vez, fontes de bancos envolvidos na operação confirmaram à Lusa que as negociações poderão conduzir, entre outras mudanças, à saída de João Rendeiro da liderança do BPP, tal como o jornal Público noticiou na quinta-feira.
Certo é que, independentemente do futuro de João Rendeiro, a administração da instituição vai passar a contar com dois administradores do Banco de Portugal, ao abrigo da lei que regulamenta as operações de saneamento e recuperação de instituições bancárias.
Já a estrutura accionista vai manter-se inalterada, uma vez que não se trata de uma nacionalização, como sucedeu recentemente com o BPN.
O BPP tem como principais accionistas o próprio João Rendeiro, através da Joma Advisers (com 12,5 por cento do capital), bem como Francisco Pinto Balsemão (com 6,02 por cento), Stefano Saviotti (com 5,83 por cento) e a família Vaz Guedes (com 5,81 por cento).
O banco conta ainda com investidores como Joaquim Coimbra e a Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento (FLAD), com 2 e 2,19 por cento, respectivamente, que têm em comum o facto de serem também ambos accionistas da Sociedade Lusa de Negócios, a 'holding' que era proprietária do BPN.
Segundo o Relatório e Contas de 2007, os capitais próprios do BPP ascendiam no final do ano passado a 250 milhões de euros, ao passo que os activos sob gestão somavam 2 mil milhões de euros.
Além destes activos, o BPP possui vários veículos de investimento - tendo alguns clientes como investidores - que controlam posições em empresas cotadas como o BCP, a Brisa e a Mota Engil, entre outras.
A desvalorização de alguns destes activos, nos últimos meses, contribuiu para as dificuldades de liquidez vividas pelo banco liderado por João Rendeiro.
No ano passado, o resultado líquido do banco ascendeu a 24 milhões de euros, tendo sido distribuídos pelos accionistas dividendos no valor de 12 milhões de euros.
FAL Lusa/Fim.
NOTAS
Aos anunciados 2,2% do PIB, de défice orçamental, assumidos por José Sócrates, há o risco de um acréscimo até 11,5% do PIB, no dito défice, caso o "passivo contingente" de 20 mil milhões de euros se transforme num passivo efectivo. No cenário previsível para 2009, 2010, 2011 e 2012, esta hipótese, apesar de improvável, e sobretudo indesejável, não é de todo impossível, conhecendo-se como já se conhecem os elevados graus de exposição de praticamente todo o sector bancário português (CGD, BCP, BES, etc.) ao risco de incumprimento, nomeadamente por efeito dos montantes das dívidas por saldar e das crescentes dificuldades de sobre-endividamento.
O BPP tinha em Junho de 2008 o seguintes ratings: BBB (Fitch Ratings) e Baa3 (Moody's), assim definidos:
BBB (Fitch Ratings) : medium class companies, which are satisfactory at the moment. (Wikipedia);
Baa3 (Moody's): Obligations rated Baa are subject to moderate credit risk. They are considered medium-grade and as such "protective elements may be lacking or may be characteristically unreliable". (Wikipedia)
O colapso financeiro em curso, e que continuará durante todo o ano de 2009, não é apenas o rebentamento de uma bolha especulativa. Nas palavras do Prémio Nobel da Economia deste ano, Paul Krugman, trata-se mesmo da implosão escandalosa de uma das maiores vigarices financeiras em cadeia de que há memória. Os chamados Veículos Estruturados de Investimento (SIV), os Credit Default Swaps (CDS) e demais contratos de Derivados (Opções, Futuros e Swaps), não foram se não disfarces sofisticados de um gigantesco esquema Ponzi de investimento fraudulento.
2008-11-27 (The New York Times). While the housing bubble was still inflating, lenders were making lots of money issuing mortgages to anyone who walked in the door; investment banks were making even more money repackaging those mortgages into shiny new securities; and money managers who booked big paper profits by buying those securities with borrowed funds looked like geniuses, and were paid accordingly. Who wanted to hear from dismal economists warning that the whole thing was, in effect, a giant Ponzi scheme? — in "Lest We Forget", by Paul Krugman (2008 Nobel Memorial Prize in Economic Sciences)
Synthetic CDO that fails in subprime securitization
We had to nationalise the banks “to preserve the free market.” -- George W. Bush
"It's very simple: we sink together or we swim together.
"I very much hope that China can make an important contribution to the solution to the financial crisis. It's a great opportunity for China to show a sense of responsibility."-- José Manuel Barroso.
João Cravinho veio de Londres explicar aos indígenas que há toda a conveniência em reunir uma comissão de sábios economistas para lidar com a gravíssima crise financeira e económica que abala o mundo. Falou até no antigo governador do Banco de Portugal e ministro, José da Silva Lopes, como um dos desejáveis protagonistas para liderar o sugerido clube de sábios consultores. Os economistas não se fizeram rogados, pondo-se a disparar pequenas teorias em todos os canais disponíveis, assestando as suas armas analíticas sobre os três pontos da discussão lançados há meses, curiosamente, por Manuela Ferreira Leite, actual líder do PSD que, pelos vistos, incomoda muita gente no Bloco Central.
Os pomos da discussão e da discórdia são estes:
qual a gravidade da crise actual e que impactos tem em Portugal?
deve-se ou não manter o plano de Grandes Obras Públicas (GOP) do PS?
se houver que eliminar ou adiar obras previstas, quais deveriam ficar no tinteiro dos vorazes gabinetes de consultoria e assessoria?
Ao contrário do proverbial e inconsciente optimismo do primeiro ministro, que só há quinze dias ouviu falar de uma crise financeira sistémica mundial, a generalidade dos temerosos economistas portugueses reconhecem que a mesma é muito grave, duradoura e que afectará gravemente as economias americana, europeia e mundial. Embora com inexplicável atraso crítico, lá foram percebendo que os efeitos letais da mesma serão potencialmente devastadores para a economia portuguesa.
É certo que Medina Carreira, Silva Lopes e mais recentemente Luís Campos e Cunha, têm alertado os portugueses para o endividamento do país, contínua perda de competitividade e divergência relativamente à média de desenvolvimento da União Europeia. Mas o que ainda não li de nenhum deles foi uma análise crítica sobre a mudança da qualidade das ameaças que poderão, de facto, empurrar Portugal para uma falência súbita, como as que ocorreram na Islândia e poderão ainda fazer ajoelhar a Ucrânia e o Reino Unido.
Falta de coragem? Não acreditam na hipótese, e preferem badalar a cantilena suicida da robustez do nosso sistema financeiro e bancário? Não sabem que ambos estão há muito falidos? Não temem que o obscuro aval dos 20 mil milhões de euros à banca se transforme a curto prazo num garrote à própria capacidade de endividamento de todo um país, a começar pelo irresponsável Estado?
Relativamente às GOP, defendidas em nome dum Keynesianismo colado com cuspo, por um Sócrates disfarçado de salvador da Pátria, sem pensar um minuto nas despesas sociais associadas, nem nos recursos imprescindíveis a semelhante devaneio populista, alguém leu alguma opinião dos sábios economistas sobre as virtudes dum Estado-betão, falido e sem recursos próprios? Eu só ouvi e li alguns lamentos sobre o preço da coisa! Que é caro. Que talvez seja difícil pedir dinheiro emprestado nas actuais circunstâncias. Ou que deveríamos ponderar com mais cuidado a ideia de atirar as dívidas do passado, do presente e do futuro para os nossos filhos e para os nossos netos. Alguém sabe qual vai ser o preço do dinheiro daqui a um, dois ou três anos?!
Quando chegamos à tesoura dos cortes nas grandes obras, a ignorância dos temas por parte dos economistas é em geral confrangedora.
Quase todos eles gostam de barragens. Porque será? Mero reflexo defensivo? Já pensaram, por acaso, no aproveitamento ridículo que tem sido dado aos inúmeros lençóis de água e albufeiras deste país, por exemplo, na modernização da nossa atrofiada agricultura? Já pensaram que construir dez ou doze novas pequenas barragens apenas aumentará em 3% a produção da energia eléctrica que consumimos anualmente? E que, por outro lado, tais fretes à EDP do Mexia, feitos em nome de um mercado de dívidas em colapso, arruína um precioso capital natural, não deslocável e insubstituível? Já ouviram falar de negaWatts, ou de conceitos como eficiência e produtividade energéticas? Se houver um plano de emergência que passe por recuperar 30% da energia mal consumida e em grande parte importada, e 40% da água potável que se perde na péssima eficiência dos sistemas de distribuição existentes, corrigimos dois problemas cruciais pela raiz, criando ao mesmo tempo conhecimento, emprego e riqueza material. Seria, por si só, uma formidável revolução. Ou se quiserem uma actualização inteligente das teorias de John Maynard Keynes.
Sobre a necessidade de novos aeroportos, novas autoestradas e novas travessias, basta olhar para os números!
As chegadas e partidas de aviões estão a cair consistentemente na Portela, onde sobram centenas de slots vazios (mas não no aeródromo de Tires, onde o corropio de Corporate Jets faria pensar e agir qualquer Estado vigilante e atento ao seu património);
O tráfego automóvel na Ponte 25 de Abril tem vindo a decair nos últimos cinco anos; em contrapartida, a capacidade de transporte ferroviário na mesma ponte, pela Fertagus, está esgotada, por falta de comboios...;
A Volvo viu as encomendas europeias de camiões para o quarto trimestre deste ano decair de 41 970 para 115 unidades (BBC), e a Mercedes anuncia paragem da sua maior fábrica na Alemanha durante o mês de Natal! (Spiegel). Por cá, o número de dias sem produção em Palmela cresce mês a mês e nada garante que o pior não venha a ocorrer no cluster automóvel da Margem Sul;
Finalmente, o TGV: as ligações entre Madrid e Poceirão-Pinhal Novo, bem como entre Vigo e Porto, são os dois únicos investimentos públicos do embrulho GOP que fazem sentido, seja por causa dos compromissos entre Estados, seja sobretudo devido à utilidade imediata de ligar Portugal à nova rede ibérica de Alta Velocidade e Velocidade Elevada assente em carris de "bitola europeia". As novas linhas deverão, porém, e ao contrário dos tresloucados Power Points governamentais, servir para o transporte de pessoas e mercadorias. Pois só assim se rentabilizarão eficazmente os investimentos.
A reintrodução em força do transporte ferroviário de pessoas e bens na União Europeia faz parte da sua urgente agenda de combate ao Aquecimento Global e mitigação da dramática dependência energética da Europa face à Rússia, Médio Oriente e Magrebe. Portugal, um país extremamente dependente das importações de petróleo e gás natural, corre o sério risco de ficar no bolso dos novos sultanatos energéticos, como se tem visto na ascendência crescente de Angola, por exemplo, no nosso sistema bancário. Precisamos, pois, de diminuir dramaticamente a factura petrolífera, estabelecendo vias de transporte rápido e qualificado entre os nossos portos e o resto da Europa. Precisamos, por outro lado, de terminar de uma vez por todas a modernização da Linha do Norte, por forma a deixar o Alfa ligar as duas principais áreas metropolitanas do país em 2 horas; bem como modernizar (electrificar, etc.) as linhas do Oeste, Douro e Beira Alta.
Tudo isto, pensado com pés e cabeça, numa lógica de máxima eficiência energética, seria um desafio suficientemente grande para empregar de forma duradoura e consistente milhares de pessoas neste país. Pelo contrário, aquilo que vemos na propaganda governamental é mais do mesmo: pronto-a-vestir tecnológico importado, importação de mão-de-obra estrangeira, trabalho ilegal e precário, e muita engenharia financeira para disfarçar o endividamento infinito da nossa economia. Como é sabido, este modelo de rapina está esgotado e não será financiado pelos esquemas clandestinos do costume, sobretudo se a Europa tiver (e terá) que incrementar rapidamente o rigor e a transparência das finanças públicas do seus 27 estados membros.
O ano que vem, 2009, vai ser ainda pior do que 2008. E o seguinte, pior ainda. Que mais novos dados serão necessários para dar razão a Manuela Ferreira Leite, quando ela afirma que todos os grandes investimentos devem ser, pura e simplesmente, postos entre parêntesis e submetidos a uma análise custo/benefício à luz da depressão económica mundial que se apresenta diante de todos nós? Acham, como o lunático Prof. da RTP, que a nova líder do PSD tem apenas um problema de linguagem ou de relações públicas? Por favor, digam lá!
Banca: Apesar de a taxa Euribor continuar a descer Prestações sobem até Dezembro
22 Outubro 2008 (Correio da Manhã) -- ...Em Agosto o crédito malparado relativo aos empréstimos aos particulares atingiu os 2,8 mil milhões de euros – o que constitui um recorde absoluto ao nível do incumprimento. Os números do Banco de Portugal mostram que o incumprimento das famílias no pagamento das prestações mensais bateu um novo recorde, tendo crescido 586 milhões face a igual período de 2007. Na prática, o crédito malparado cresceu 1,6 milhões de euros por dia num ano, o que traduz uma subida homóloga de 26,46 por cento (...)
CAIXA JÁ TROCA PRESTAÇÃO POR RENDA NO IMOBILIÁRIO
Apesar de ainda estar a aguardar a publicação do diploma legal que regula o fundo habitacional de arrendamento, criado pelo Governo, a Caixa Geral de Depósitos (CGD) já oferece como solução aos clientes incumpridores a possibilidade de trocar a prestação do crédito à habitação pela renda. 'Em determinados casos, isso já tem sido feito', admitiu ao CM Paulo Sousa, director de financiamento imobiliário da CGD, adiantando que os processos que estão já em execução 'podem a qualquer momento ser suspensos, se o executor assim o entender'.
A CGD é a primeira a avançar com o fundo. Segundo Paulo Sousa, a diminuição do encargo mensal com o arrendamento da casa 'é bastante superior [a 20%]'. n D.R. (...)
Na habitação, o crédito malparado aumentou 23,6 por cento face a 2007, totalizando agora 1,5 mil milhões de euros (...)
Em termos gerais, o peso do malparado no crédito total concedido pelos bancos continua em 2,1%, uma percentagem que se mantém inalterada desde o último mês de Julho.
A crise que não se deixa administrar
22-10-2008 (Rumores da Crise) -- Os sinais de recessão que assolam o mundo ainda são por conta do peso do setor financeiro no PIB. Apesar das demissões nesse setor, o impacto maior será sentido quando o consumo e os investimentos sentirem toda força da escassez do crédito. Os investimentos serão atingidos duplamente: pela escassez do crédito e pela redução do consumo. É nesse momento que o desemprego atingirá com força a economia real com a redução da produção e o fechamento de fábricas. Parte dos assalariados que continuarão empregados terão seus salários achatados e reduzirão o consumo inibindo mais ainda a produção. Os estados endividados terão dificuldade de executar programas keynesianos sem o risco de uma explosão de preços.
U.S. has plundered world wealth with dollar: China paper
Fri Oct 24, 2008 6:14am EDT -- BEIJING (Reuters) - The United States has plundered global wealth by exploiting the dollar's dominance, and the world urgently needs other currencies to take its place, a leading Chinese state newspaper said on Friday.
The front-page commentary in the overseas edition of the People's Daily said that Asian and European countries should banish the U.S. dollar from their direct trade relations for a start, relying only on their own currencies.
A meeting between Asian and European leaders, starting on Friday in Beijing, presented the perfect opportunity to begin building a new international financial order, the newspaper said.
We had to burn the village to save it
Friday, 17 October 2008 (London Banker) ... The $700 billion appropriated for the Paulson Plan and the $840 billion extended in parallel by the Federal Reserve last month are together more than three times the expenditure on US wars for the past five years. The federal borrowing requirement for 2008 is now in excess of $1.02 trillion, and for 2009 is now estimated between $1.5 and $2 trillion.
Such hyperbolic growth in the fiscal deficit and debt is unsustainable, even with such very tolerant creditors as the Japanese, Gulf Arabs, Russians and Chinese. They can see that each dollar added to the Fed’s balance sheet is tinder for burning those already held or denominated in their reserves. They can project the curve forward. At some point, they must react and restrain further debasement of their reserves and investments, either by collectively raising the prices charged for the resources and products they export, the interest charged on existing and future debt, or the forced exchange of debt for equity ownership of real economic assets. Or all three.
... In my experience, there is nothing so permanent as a temporary expedient. It is hard to see how partially nationlised banks will ever be more than the means of political redistribution of wealth and power, and so corrupt both the economy and political system.
Se o crédito mal-parado a particulares em Portugal, no segmento imobiliário (presume-se que abrangendo não apenas hipotecas de compradores, mas também empréstimos a construtores e promotores) anda pelos 1,5 mil milhões de euros, não chegando por isso a 10% do aval total que José Sócrates quer oferecer aos bancos sediados no nosso país (que já declararam em uníssono estar interessados no bolo!), fica a pergunta: que risco vai então ser coberto pelas restantes 90% do 20 mil milhões de euros? Bom, só pode ser o endividamento anual do país, estimado para 2009 nos tais 10% do PIB, e que a banca precisará de pedir emprestado e emprestar às empresas e sobretudo ao Estado. Mas se é assim, porque anda a imprensa a agitar o espantalho do cidadão que deixou de pagar as prestações da casa, em vez de expor a história dos grandes devedores? E porque há avales para estes e não há avales para os que deixaram de pagar as casas?
As medidas urgentes que foram tomadas em nome do salvamento da banca, e que abrangem, como se viu, o BCP, o BPI, o BES e a Caixa Geral de Depósitos (!), deveriam ter uma correspondência no tratamento do cidadão comum, em vez de atirarem este pobre indefeso às feras leiloeiras da Caixa Geral de Depósitos, por efeito de execuções hipotecarias assassinas! O senhor Sócrates, que enche a boca com declarações hipócritas sobre o bem-estar dos cidadãos e das PMEs, deveria estabelecer imediatamente uma moratória de 6 meses para todos os processos de execução em curso, dando assim aos particulares o mesmo benefício da dúvida que magnanimamente distribuiu pelos piratas da banca virtual.
Temos que exigir equidade ao Governo!
No mais, devemos esperar o pior e reagir, alterando sem hesitação os paradigmas que até agora nortearam as regras, os comportamentos e as expectativas dos diversos actores económicos e sociais. O crescimento dos grupos económicos à sombra do subsídio comunitário, da encomenda pública e dos sofisticados modelos de endividamento cumulativo, acabou e não vai voltar tão cedo. A estagnação, a recessão, a depressão e a morte do currency carry trade japonês (1), já iniciaram o seu cortejo de destruição sistémica das economias especulativas. Daí que esta conversa morna, entre um Governo atolado na implosão das suas mais íntimas convicções neoliberais, e uma Oposição emudecida diante de cenários tão ameaçadores, não leve a nada de bom. Precisamos de uma mudança rápida de paradigmas!
E o primeiro passo a dar é este: substituir a economia virtual especulativa dominante por uma economia real, com tudo o que isso implica de alterações radicais ao status quo. Precisamos, como do pão para a boca, de um desmantelamento criativo do actual impasse!
NOTAS
Tóquio tem queda de 6,4% e menor nível em 26 anos
27/10/2008 - 06h59 (Notícias IOL) -- Bolsa de Tóquio registrou mais uma forte queda e o índice Nikkei 225 fechou com a menor pontuação dos últimos 26 anos. O índice perdeu 486,18 pontos, ou 6,4%, e terminou aos 7.162,90 pontos, o menor nível desde o início de outubro de 1982. As vendas de ações foram impulsionadas pela valorização do iene e pelo desapontamento com o fato de que o governo japonês não anunciou medidas rápidas e agressivas para enfrentar a desaceleração econômica. As informações são da Dow Jones.
Um dos pilares da economia virtual, assente na criação e empacotamento especulativos da dívida, foi o sistema inventado pelos japoneses para se manterem como uma economia protegida num mundo de livre concorrência internacional. Basta visitar o Japão para percebermos que 1) não vemos praticamente ocidentais e 2) tudo o que existe por lá é Made in Japan, à excepção dos produtos de luxo franceses e italianos (Prada, Armani, etc.) Para chegar a este resultado, a economia estatal japonesa (o capitalismo privado lá, como na China, Rússia, Médio Oriente, etc. é um disfarce) decidiu duas coisas simples: assentar a sua economia nas exportações, e dificultar burocraticamente (ao máximo!) todas as importações de produtos acabados. Para atingir este resultado, usou um truque financeiro sem precedentes: manter o valor da sua moeda ao mais baixo nível cambial possível face às demais moedas, e em particular face ao dólar. Resultado: um enorme superavit comercial, traduzido na acumulação daquelas que foram, até à chegada da China ao mesmo jogo, as maiores reservas cambiais do planeta! Mais tarde descobriu que se emprestasse dinheiro ao estrangeiro, a taxas de juro muito baixas (na realidade, entre 0 e 1 por cento!), este não só continuaria a comprar os seus produtos (foi assim que os Toyotas, Datsun e Hondas japoneses quase destruíram a indústria automóvel americana e europeia), como entraria numa espiral de dependência especulativa do crédito grátis japonês. Aquilo que realmente rebentou foi precisamente esta gigantesca bolha de endividamento euro-americano. O director da Caisse des Dépots francesa chamou-lhe, com ironia assassina, "Exodebt", para melhor entendermos como um milhão de pequenas, médias e grandes dívidas originadas um pouco por toda a parte pelos esquemas agressivos de compra e venda a crédito, se afastaram ultra-sonicamente das suas origens, transformando-se mais tarde do buraco negro das titularizações que actualmente engole a economia mundial.
É por isso que, paradoxalmente, as bolsas japonesas afundam dramaticamente de cada vez que a sua moeda se valoriza face ao dólar! E é por isso que os anões do G7 (como lhes chama Elaine Supkis) -- que também gostariam de ver o Euro e o Dólar tão baratos quanto o Yen -- berram histericamente contra a "volatilidade" do Yen. É que meio mundo está endividado nesta moeda, embora não pareça!
Plano pirata da Casa Branca e de Wall Strett continua em águas de bacalhau. Vai ser uma batalha sangrenta até à madrugada de Domingo em Washington e Nova Iorque!
JP Morgan soma e segue, devorando os rivais feridos que sucumbem. Depois de abosrver os depósitos e a rede de balcões comerciais do maior banco de retalho dos Estados Unidos, o Washington Mutual (WaMu), o JP Morgan trnasforma-se no maior banco comercial da América, como se não fosse já, e há muito tempo, um dos donos do FED, e portanto da América e boa parte deste planeta!
UBS na corda bamba e bolsas europeias em queda livre.
Fortis, banco e seguradora holandesa, de que o Millennium BCP é parceiro, está à beira do colapso, com as acções em queda imparável, tendo perdido 36% do valor entre ontem e a manhã de hoje!
Tanto quanto pude apurar, o Millennium BCP, o BES e a Caixa Geral de Depósitos estiveram envolvidos em importantes operações de "securitização" de dívidas, nomeadamente imobiliárias. Os portugueses têm o direito de saber onde que param essas operações e qual o grau de contaminação tóxica dos pacotes financeiros irregulares então confeccionados e introduzidos no mercado euro-americano de especulação com "derivados", para segurar tais créditos. O Governo, a entidade de regulação e supervisão financeira, e as polícias têm o dever de actuar sem demora, nem hesitação!
Se Paulson e Bernanke não conseguirem fazer passar o seu plano de isentar as decisões económico-financeiras da América do escrutínio democrático e judicial, impondo um estado de sítio financeiro de facto, por via dum golpe de Estado constitucional, teremos o anunciado Pearl Harbor aludido por Warren Buffett. Ou seja, o colapso do sistema financeiro americano e uma hecatombe mundial. Se tal acontecer, a economia virtual será submetida a uma espécie de hara-kiri digital. Há 62 biliões de dólares (62 000 000 000 000) no buraco negro chamado "mercado de derivados", à espera que algum grande pirata prima a tecla DELETE. Depois deste catastrófico RESET, com sorte, isto é, se não ocorrer uma Guerra Mundial, o jogo recomeçará no meio duma terrível e prolongada turbulência planetária.
Se não houver luz branca até às 5-6 da manhã (UTC/GMT) para o roubo de 700 mil milhões de dólares aos contribuintes americanos, e portanto falhar o golpe de Estado financeiro em curso no Congresso dos Estados Unidos, haverá uma corrida aos bancos em todo o mundo na próxima Segunda-Feira. Oxalá esteja completamente equivocado!
REFERÊNCIAS
Bush: 'nós precisamos de um plano de resgate dos bancos' 26/09/2008 15h09
WASHINGTON (AFP) - O presidente americano, George W. Bush, insistiu nesta sexta-feira, em pronunciamento na Casa Branca, que o país precisa urgentemente de um plano de resgate dos bancos.
"Nós precisamos de um acordo de resgate do setor financeiro. Nós devemos agir rapidamente", declarou o presidente Bush.
"Temos um enorme problema", disse Bush, falando da crise financeira que os Estados Unidos estão atravessando.
"Há desacordos sobre alguns aspectos do plano de resgate, mas não há desacordo sobre o fato de que alguma coisa importante deve ser feita", afirmou, um dia depois do fracasso de uma reunião inédita na Casa Branca sobre a crise financeira, com os dois candidatos à presidencial, Barack Obama e John McCain, e os líderes dos partidos democrata e republicano.
"Minha administração continua trabalhando com o Congresso. É uma tarefa pesada, nossa proposta é uma importante proposta", destacou o presidente Bush. "E cada vez que você tem um plano desta dimensão, onde as coisas acontecem assim tão rapidamente, que requer uma lei, isso gera debates. Os membros do Congresso querem ser ouvidos", declarou Bush.
Depois da maior falência da história dos EUA, a do banco Washington Mutual, fechado pelas autoridades americanas na noite de quinta-feira, a pressão aumenta mais do que nunca nesta sexta-feira para a conclusão rápida das discussões sobre este plano de resgate do secretário do Tesouro, Henry Paulson, que prevê a injeção de 700 bilhões de dólares no sistema bancário americano.
Os democratas acusam os republicanos de serem os responsáveis do impasse atual para a adoção do plano. O candidato republicano à Casa Branca, John McCain, particularmente, segundo os democratas, sabotou o consenso que parecia estar se desenhando no Congresso na manhã de quinta-feira sobre este plano.
Fortis afirma que tem situação financeira "sólida" 26-09-2009 (Jornal de Negócios). Os responsáveis do Fortis afirmaram hoje que o banco está "sólido" apesar das dúvidas dos investidores quanto à situação económica da instituição, e de ter sido noticiado hoje que os clientes do banco estão a recorrer a outras instituições.
... Os títulos do banco têm negociado em forte queda, tendo ontem estado a desvalorizar mais de 21%. Na sessão de hoje, as acções já perderam quase 15% e seguem agora a recuar 8,87%.
O Fortis é parceiro do BCP nos seguros, tendo abandonado o capital do banco português em Setembro do ano passado, depois da venda de 3,9% do capital por 140 milhões de euros. Apesar desta operação, que serviu para financiar a aquisição de activos do ABN, o Fortis o BCP asseguraram na altura o “forte empenho” na parceria que tinham no sector segurador em Portugal.
O BCP e o Fortis controlam em conjunto o Millennium bcp Fortis Grupo Segurador, companhia que detém várias seguradoras, como a Ocidental Vida e a Ocidental Seguros.
Washington Mutual "resgatado" pelos reguladores 26-09-2008 (Jornal de Negócios). A última vítima da crise financeira é o Washington Mutual (WaMu) que teve que ser "resgatado" pelos reguladores, naquela que é considerada a maior falência bancária da história americana, depois de ter visto a notação financeira revista em baixa para "junk" (o nível mais baixo) e a cotação das acções ter afundado.
JPMorgan Buys WaMu Deposits as Regulators Seize Failed Thrift Sept. 26 (Bloomberg) -- JPMorgan Chase & Co. became the biggest U.S. bank by deposits, acquiring Washington Mutual Inc.'s branch network for $1.9 billion after the thrift was seized in the largest U.S. bank failure in history.
Customers of WaMu withdrew $16.7 billion from accounts since Sept. 16, leaving the Seattle-based bank ``unsound,'' the Office of Thrift Supervision said late yesterday. WaMu's branches will open today and depositors will have full access to all their accounts, Sheila Bair, chairman of the Federal Deposit Insurance Corp., said on a conference call.
WaMu is the latest casualty of a financial crisis that drove Lehman Brothers Holdings Inc. and IndyMac Bancorp out of business and led to the hastily arranged rescues of Merrill Lynch & Co. and Bear Stearns Cos., which was itself absorbed by JPMorgan. WaMu in March rejected a takeover offer from JPMorgan Chief Executive Officer Jamie Dimon that the savings and loan valued at $4 a share.
Sept. 26 (Bloomberg) -- House Republicans Undercut Bush on Rescue, Slow Talks Republicans splintered over the proposed $700 billion rescue of the U.S. financial system, imperilling an agreement hours after a bipartisan group of negotiators and the White House said one was near.
Lawmakers were to meet again today in Washington after some House Republicans, led by Virginia's Eric Cantor, said they wouldn't back a plan based on Treasury Secretary Henry Paulson's approach. The stalemate came after an unprecedented meeting of the two presidential candidates, President George W. Bush, congressional leaders and Cabinet officers.
``We are sitting down where we were at the end of day one,'' Senator Bob Corker, a Tennessee Republican, said as he headed into a late-night meeting with Paulson and lawmakers.
Stocks in Europe, Asia, U.S. Futures Decline on Bailout Delay
Sept. 26 (Bloomberg) --Stocks in Europe and Asia and U.S. index futures sank after negotiations on the $700 billion financial bailout plan stalled and Washington Mutual Inc. was seized in the biggest U.S. bank failure in history.
UBS AG, the European bank hardest hit by subprime-related losses, slid 2.8 percent and Woori Finance Holdings Co. tumbled 7.5 percent after Republicans said they wouldn't support the proposed rescue plan. WaMu plunged 77 percent as JPMorgan Chase & Co. acquired its branch network for $1.9 billion. Vestas Wind Systems A/S retreated 4.9 percent after Morgan Stanley cut its recommendation for the world's biggest wind-turbine producer.
...
``With the bankruptcy of Washington Mutual, the systemic risk has returned,'' said Benoit de Broissia, an equity analyst at Richelieu Finance in Paris, which oversees about $6.2 billion. ``One of the links in the chain has broken so we wonder if the chain is threatened,'' he said in a Bloomberg Television interview.
Fundos portugueses perdem 8 milhões com Lehman e AIG Colapso financeiro 2008-09-17 00:05 (Diário Económico) Há 13 fundos com exposição às duas entidades. Só na última semana e meia perderam 2,6 milhões de dólares.
... São pelo menos 13 os fundos portugueses expostos a estes activos, de acordo com a análise feita pelo Diário Económico no ‘site’ da CMVM.
Excluindo o montante dos títulos de dívida, as perdas acumuladas em 2008 pelos fundos portugueses através da exposição a AIG e Lehman ascendem a 7,7 milhões de dólares. Desde o início da semana passada, quando começaram a ser mais evidentes os graves problemas do banco de investimento norte-americano, as perdas são de 2,6 milhões de dólares.
O BPI Reforma Investimento PPR é o fundo com maior exposição a acções da AIG, 95.814 títulos, e também com mais acções da Lehman Brothers em carteira, 4.328.
Outros fundos com acções da AIG em carteira são o BPN Optimização, BPN Valorização, BPN Acções Global, Santander Acções América, Santander Acções USA e Millennium Acções América. Apenas dois fundos têm dívida da AIG, o BPI Global (12,5 milhões) e o Popular Valor (200 mil).
O naufrágio dos PPR e dos fundos de investimento em geral Sexta-feira, 26 de Setembro de 2008 (Esquerda Desalinhada).
...retirámos do Semanário Económico de 22/8 o seguinte ilustrativo título – “77% dos fundos PPR têm retornos negativos”. E, como subtítulo uma frase mais clarividente – “quem investiu em PPR para construir um pé-de-meia para a reforma tem razões para se mostrar apreensivo…”.
Mais detalhadamente ficamos a saber que os PPR mais prudentes, com menor cobertura em acções de empresas obtiveram uma rendabilidade de 0,28% nos 12 meses terminados em Julho último; e que os mais ambiciosos com mais de 35% de investimento em acções, perderam 8,9%.
Alguém poderá dizer que foi culpa do “subprime”, género de peste que tudo pretende justificar. Nada disso. Nos últimos três anos, a média anual da rendabilidade, para o conjunto dos PPR, fixa-se em 1,59%, que passa a 2,6% se se considerarem os últimos cinco anos. Em suma, os PPR não valorizam coisa nenhuma pois nem sequer a inflação compensam, Assim, os mais avisados e os mais enrascados retiraram 460 M euros de PPR nos primeiros sete meses do ano.
De acordo com notícia do Diário Económico de 22/7 e também no que respeita a fundos de pensões, o BCP perdeu 558 M euros, o BPI 250 M euros e o BES 234 M euros no primeiro semestre, devido à desvalorização dos activos que cobriam as suas responsabilidades. Quando as cotações sobem, eles valorizam os activos e aceitam responsabilidades mas, quando elas baixam, surge a desvalorização dos activos, não se reduzindo, naturalmente as responsabilidades; então, os bancos afectam novos activos para manter a cobertura e… quando eles se esgotarem vão à falência ou o paizinho Estado dá uma ajuda, pagando os desvarios dos capitalistas que tanto protege.
Mas não são só os fundos geridos pelo sistema financeiro, nomeadamente pelos bancos que colocam os valores entregues pelas pessoas no “mercado”. O Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social, existente como forma de assegurar o pagamento de pensões em caso de crise grave, tem cerca de 20% do seu pecúlio, equivalente a 1600 M euros, aplicado em títulos e submetido aos riscos que se vêm revelando.
Os fundos de investimento em geral
O panorama atrás referido emana da situação que se observa para o conjunto dos fundos de investimento. No ano terminado em Junho último a “indústria” europeia da especulação havia perdido 800 000 M de euros na valorização dos seus activos e, se o desporto especulativo estivesse num campeonato europeu, as medalhas pelas perdas teriam sido assim distribuídas:
Medalha de ouro – Portugal (- 30,79%)
(neste momento solene sugerimos que cantem o hino!!)
Medalha de prata – Lituânia ( - 30,16%)
Medalha de bronze – Polónia (-27,40%)
Em finais de Agosto, a melhor marca europeia nas perdas continuava a pertencer a Portugal (-33,62%) só ultrapassada, a nível mundial pela Coreia (-37,52%). Afinal o “sólido” sistema financeiro português não é só bom a aumentar os juros, a inventar comissões e pequenas falcatruas, como na questão dos arredondamentos.