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sábado, agosto 08, 2015

O PS ainda existe?


Uma anedota chamada Partido Socialista


Esta manhã um veterano do Partido Socialista telefonou-me apostando comigo que vai haver uma grande vitória do PS, ou uma grande vitória da coligação PSD-CDS/PP, e que o PCP vai chegar aos 20%, pulverizando o Bloco e obliterando qualquer presença do PDR, do Livre e do Nós-Cidadãos na próxima assembleia legislativa. Não é isto que dizem as sondagens, mas como já perdi um almoço com ele, valerá a pena deter-me um nadinha mais nos seus argumentos, não sem antes me inclinar para a hipótese de uma grande humilhação do PS nas próximas eleições seguida de um banho de sangue no Largo do Rato e nas caves de uma dúzia de tascas maçónicas.

“Esta história não é minha”. PS acusado de fabricar histórias dos cartazes
Observador, 7/8/2015, 20:22

“A história não é minha. Aquela afirmação é falsa”. É assim que Maria João resume a utilização da sua fotografia colada à frase “Estou desempregada desde 2012, para o governo não existo” num dos polémicos cartazes do PS, em declarações ao Observador. Maria João diz que não estava desempregada e que não disse o que está no outdoor. Mais: acrescenta que quando tirou a fotografia, que viria a aparecer espalhada pelo país nos cartazes do partido, prestava até serviços à Junta de Freguesia de Arroios (socialista) e foi lá que o fotógrafo a apanhou. Mais ainda: diz não ter dado autorização para que a sua cara aparecesse nos cartazes, quer que o partido os retire das ruas e admite processar o PS por uso indevido de imagens. Mas a história com os polémicos cartazes não acaba aqui. Há mais dois casos na mesma junta.

O PS comandado pelo sargento Costa é o mesmo partido que Mário Soares pariu no idos anos oitenta do século passado. Do fax de Macau à prisão preventiva de um ex-primeiro ministro que se apelida por um dos seus nomes próprios —Sócrates—, e à prisão domiciliária de um banqueiro que em tudo mandava e a muitos garantia prosperidade e fama terrena eternas, nada mudou, salvo o colapso do regime assim nascido e deformado até à náusea.

A rapaziada e a raparigada mais nova do PS que entretanto acedeu às mordomias parlamentares esfumaram-se debaixo das mini-saias e aventais cor-de-rosa do poder. O cesarismo impera nas hostes do Rato. Voltar a entregar o poder a este bando de senadores corruptos do regime que empurraram alegremente até à fossa seria puro masoquismo eleitoral. Donde a minha propensão para pensar que Passos Coelho arrancará uma nova vitória nas próximas eleições. Seria bom que o Nós-Cidadãos elegesse um ou dois deputados, mas vai ser muito difícil. Nisto estou de acordo com o meu amigo e veterano socialista. Por outro lado, se o PCP crescer, e João Oliveira surge, tal como Mariana Mortágua no Bloco, como um dos políticos mais cristalinos da nova geração, sem realejo, prudente, realista, assertivo, coerente, então ao Partido Socialista poderá acontecer o que aconteceu ao PS italiano depois da Operação Mãos Limpas: desaparecer!

BES com prejuízos de quase 9 mil milhões em Agosto de 2014
Jornal i, 07/08/2015 14:57:29

Os prejuízos do Banco Espírito Santo subiram quase 20 vezes em sete meses, de 462,5 milhões para 8,947 mil milhões de euros, entre 31 de Dezembro de 2013 e 4 de Agosto de 2014, data da resolução decidida pelo Banco de Portugal, que dividiu a instituição em duas, criando o Novo Banco para ficar com a actividade geral e deixou ao BES os activos problemáticos.

O BCE mandou fechar a loja do Espírito Santo por motivos óbvios que vamos conhecendo mês a mês. Passos Coelho percebeu a tempo que dar a mão a semelhante monstro financeiro seria um suicídio político e, assim, disse ao DDT — Não!

Só mesmo o socratino António Costa contava com o banqueiro para o levar no andor da corrupção até São Bento. Só mesmo ao beato Mário Soares lembraria peregrinar até à Boca do Inferno para visitar o novo arguido. O PS ainda existe?

terça-feira, julho 28, 2015

Da transexualidade à transpolítica

Júlia Mendes Pereira, candidata do BE à Assembleia da República

Duas opções para 4 de outubro: PSD ou Bloco de Esquerda


Júlia Mendes Pereira poderá vir a ser a primeira deputada transexual eleita em Portugal
dezanove, Seg, 27/07/15

Júlia Mendes Pereira pode estar a caminho do Parlamento pelo Bloco de Esquerda (BE). O currículo é invejável: feminista, activista dos direitos das pessoas transexuais e intersexo, co-fundadora e co-directora da associação API - Ação Pela Identidade, organização não-governamental para a defesa e o estudo da diversidade de género e de características sexuais, é membro do Steering Committee da TGEU – Transgender Europe, organização europeia de defesa dos direitos das pessoas trans, foi também coordenadora do GRIT – Grupo de Reflexão e Intervenção sobre Transexualidade da associação ILGA Portugal.

Ora aqui está um sinal que poderá levar-me a votar no Bloco!
As agendas populistas dos partidos, em geral, apodreceram. Só dois dos que têm assento parlamentar parecem estar a mudar: o PSD de Passos Coelho e o Bloco de Mariana Mortágua—uma voz que se pode ouvir, sobretudo quando fala do que sabe (economia e finanças), e não mais um realejo.

Os tempos que correm são convulsos, trágicos para muita gente, mas interessantes quando percebemos a charneira de uma grande mudança, ou melhor ainda, o rompimento do casulo da autêntica metamorfose económica, social e cultural que aí vem.

Estamos numa espécie de PREC judiciário,
cujas consequências serão porventura mais profundas que o PREC dos capitães que não queriam perder privilégios para os milicianos. O topo simbólico da velha política corrupta está na prisão. O topo simbólico da casta financeira corrupta está na prisão. E as castas corporativas e nepotistas que proliferaram e incharam desde a queda da ditadura, começam a estar cercadas por uma opinião pública que paga impostos sem perceber para onde vai o dinheiro.

Neste contexto, a maior ameaça à democracia que apesar de tudo temos é deixarmos que a gangrena do regime vá comendo os partidos por dentro até à sua implosão. Como tenho repetido ao longo dos últimos anos, é preciso rejuvenescer os partidos parlamentares que temos, são precisos novos partidos e redes de cidadania capazes de dar a conhecer a realidade que se esconde por baixo das fantasias, da hipocrisia, e das mentiras, e de agir sobre a realidade com novas agendas culturais.

Os realejos maniqueístas tomam os eleitores por burros, ou por oportunistas.

O PS, o CDS/PP e o PCP/PEV continuam a olhar para trás sem perceberem que esse olhar os vai transformando em estátuas de sal.

Pelo contrário, o PSD de Pedro Passos Coelho tem vindo a promover uma rotura sistémica positiva no regime, que nada tem que ver com a política de austeridade imposta pelos credores cada vez mais impacientes.

Mariana Mortágua, por sua vez, é uma luz de esperança para o Bloco de Esquerda, sobretudo pela revolução linguística que começou a introduzir no albergue marxista que deu origem ao Bloco. É verdade que foi Francisco Louçã e a sua agenda tipicamente franco-trotsquista que permitiu o Bloco sair da Rua da Quintinha e chegar a São Bento. É verdade que Miguel Portas foi uma voz decisiva na urgência de substituir a geração dirigente. Falta agora promover um verdadeiro caleidoscópio de novas causas, que movem potencialmente milhares de pessoas, como é o caso das agendas da liberdade e da tolerância moral, como é o caso das agendas da justiça social e dos direitos individuais, ou como é o caso das novas agendas sexuais, de que a candidatura de Júlia Mendes Pereira é um testemunho oportuno.

Acredito que no interior do PSD e do Bloco existem forças magnéticas de tipo novo, ideológicas, mas informadas, radicais, mas pragmáticas. Precisamos todos de abandonar a biopolítica, e passar à transpolítica, dando cada vez mais espaço aos inúmeros atores-rede que estão a mudar o mundo.

Já ninguém ouve os realejos maniqueístas.

Se tem a cabeça ao centro, a puxar um bocadinho para a direita, já sabe onde votar.

Mas se o coração palpita à esquerda, não desespere, pois há um quadradinho onde a sua cruz poderá melhorar a nossa democracia.

sexta-feira, julho 24, 2015

Grécia, uma vacina contra o populismo



Do PS a Marinho Pinto, passando pelo PCP e pelo Bloco, os efeitos do maremoto grego serão devastadores, nas próximas eleições e depois.


Há dois tipos de populismo: o do regime instalado, dominado por rendeiros, devoristas e corporações egoístas e corruptas, o qual endividou o país para ganhar eleições e para benefício das suas clientelas, e o populismo que aposta na desgraça para alastrar como se fosse uma gripe, mas que tem o efeito dos cilindros compressores do alcatrão—por onde passa arrasa tudo por igual.

Ninguém, no seu perfeito juízo, irá dar o seu voto a espontâneos que ainda não provaram nada no terreno. O exemplo do que tem acontecido na turma de Marinho e Pinto é, aliás, um claro aviso à navegação. Paulo Morais vai pelo mesmo caminho.

É por estas e por outras que os eleitores estiveram ontem pregados aos televisores, cheios de dúvidas, tentando perceber o que poderão esperar do próximo governo de Passos Coelho.

Ou muito me engano, ou acabarão por optar entre o que conhecem, i.e. a coligação entre Passos Coelho e Portas, e o que também conhecem, ou seja, António Costa, ex-ministro de José Sócrates, de quem nunca se demarcou —e não me refiro, obviamente, ao arguido que está detido em Évora, suspeito de corrupção, mas ao político que atirou Portugal para a sua mais grave bancarrota desde o final do século 19, que só não foi declarada, nem caímos imediatamente numa situação grega, porque tivemos as mãos da Troika a impedir que o dique cedesse à pressão dos credores.

Post scriptum — tenho defendido a necessidade da emergência de novos partidos e a necessidade de uma renovação e reforma profunda dos partidos existentes e com assento no sistema. A primeira hipótese mostra-se, neste momento, demasiado frágil para caminhar até ao próximo parlamento, por falta de ideias realmente inovadoras, maniqueísmo partidário e, sobretudo, falta de juventude; a renovação interna dos partidos, por sua vez, tem progredido no PSD e no Bloco, no PCP só quando os velhos guardiões caírem todos da cadeira é que poderemos esperar mudanças mais sensíveis, e no CDS e Partido Socialista continua congelada à volta de gerações gastas e demasiado comprometidas com o descalabro do país. Não interessa saber se vou votar ou não, ou se prefiro o Bloco ou o PSD. O que aqui faço é escutar a sensibilidade dos eleitores potencias. Neste patamar da realidade prevejo uma maioria da coligação PSD-CDS nas próximas eleições (possivelmente absoluta).

Atualizado em 25/7/2015 11:10

quinta-feira, julho 23, 2015

Ler antes de votar

PIETRA, António Onofre Schiappa, fl. ca 1830
Marquez de Pombal : nasceo em Lisboa a 13 de Maio de 1699... / Schiappa. - [S.l. : s.n., entre 1830 e 1852] ([Lisboa] : : Off. Lithog. de Santos). - 1 gravura : litografia, p&b ; 16,3x12,1 cm (imagem com letra); pormenor. BNP.


Precisamos de uma maioria reforçada na próxima legislatura


O Presidente da República foi muito claro no discurso desta noite: o próximo Governo tem de ter uma maioria estável, porque senão não conseguirá resolver os problemas do país. Não o disse explicitamente, mas deu a entender que não aceitará um Governo sem maioria.
Jornal de Negócios, 22 Julho 2015, 21:37 por Bruno Simões

Tenho zero simpatia pelo senhor Silva, mas a verdade é que Cavaco tem andado bem no fim de um mandato que ainda vai dar muito que falar. Definiu uma posição estratégica correta face à Grécia; respondeu de modo certeiro ao beijoqueiro Jean-Claude; e exige, bem, uma maioria reforçada na próxima legislatura. É que sem revisão constitucional, ou sem uma nova Constituição, e sem uma maioria bem atada, não será possível conduzir a casca de noz portuguesa no mar cada vez mais encapelado que aí vem. A próxima coligação de governo terá que ser não só maioritária, como gozar da maioria qualificada para uma revisão inadiável do presente texto constitucional.

Portugal tem uma dívida pública, privada e externa colossal, gerada em grande medida pela corrupção endémica do país, e pelo populismo genético da democracia saída Revolução de Abril.

Salvo se reduzirmos o estado às suas funções essenciais, eliminando as redundâncias e entregando à sociedade o que esta pode fazer melhor e mais barato, salvo se reduzirmos o poder de bloqueio corporativo das agremiações rendeiras e devoristas do país —dos sindicatos dos funcionários públicos e equiparados, ao exército partidário que proliferou como uma praga, passando pelos banqueiros e industriais a soldo do orçamento de estado e dos subsídios comunitários—, salvo se libertarmos a iniciativa dos cidadãos e das suas empresas e associações livres, da canga burocrática que os reprime e esfola em sede fiscal, salvo se aprendermos a criar e proteger instituições democráticas sólidas, contra o nepotismo, a partidocracia e a predominância de uma aristocracia nova que herdou a iniquidade e repete os mesmos vícios de sucessivas gerações, pelo menos desde 1640, atirando e mantendo ainda hoje Portugal na cauda do mundo, o que nos espera é um enorme buraco negro, muito semelhante ao da Grécia, onde, se não pararmos um momento para pensar antes de votar, cairemos miseravelmente e sem retorno.

A aliança tipicamente provinciana e reacionária entre Francisco Louçã e João Ferreira do Amaral é a imagem mais fiel das resistências indígenas que teremos que vencer se quisermos finalmente criar um país civilizado, produtivo e justo.

Cá, como na Grécia, as velhas elites caricatas e obscurantistas, economicamente retrógradas e politicamente autoritárias, unem-se por conveniência oportunista a uma esquerda radical zombie cujo realejo disléxico há muito alienado da realidade é incapaz de apresentar uma ideia prática que se veja. Não precisamos de passar pelo suplício de ver um dia o senhor Louçã num ministério. O pesadelo proporcionado pelo Syriza aos gregos, e o senhor Varoufakis, chegam e sobram!

Não sei se os economistas (nomeadamente os sábios de António Costa) e os jornalistas da nossa ilustrada praça leram Trade and Power—Informal Colonialism in Anglo-Portuguese Relations, de Sandro Sideri, publicado em 1970. Se não leram, está na altura de lerem.

Duas citações apenas de um livro que vale cada vírgula, para o debate que deveria haver entre os beatos do PS, do PCP e do Bloco de Esquerda, e o famoso liberalismo de Passos Coelho. O primeiro ministro, apesar de contaminado pela pressão dos poderosos fregueses que o rodeiam, percebeu o essencial: endividados até ao tutano não iremos a parte alguma. Ou melhor, estando onde estamos, se não travarmos a fundo a despesa pública e o endividamento privado, se não libertarmos o estado de quem dele se serve sobretudo para proveito próprio e da casta, se voltarmos a ser governados por quem pensa que a obsessão do défice é uma doença, então sim, iremos àquela parte. Tal como foi a Grécia. E não será nada agradável de ver, menos ainda de viver.

...the potential contribution of capital to development is minimal without the necessary ‘institutions’ to really take advantage of it.

[...]

“In fact the partial success that Pombal did achieve with his commercial policies and the reduction of the trade deficit with Britain, encouraged him to move into a vast programme of industrialization. He could not fail to realize that without a strong manufacturing sector, his country’s dependence on the old ally might be somewhat lessened, but certainly not eliminated. Commercial measures alone could not substantially improve the Portuguese economic situation; if her destiny was to rest in Portuguese hands, and if a modern nation was to be reborn from what had become a colony then they had to be part of a large plan geared to the development of manufactures. Thus, it was necessary to redress the situation that had been created by the previous Anglo-Portuguese commercial treaties and which had forced the country into such a specialization that in the middle of the 18th century ‘two-third of her physical necessities were supplied by England’. This situation could not have been changed without breaking the regulations on which such a dependence was based. It is this emphasis on national interests, without war as the final aim of his development strategy, that makes Pombal more a forerunner of F. List [Friedrich List] than the last mercantilist, especially of the Colbert type.

There is another element in Pombal’s development strategy that reminds us of List’s industrial education, namely his constant effort to strengthen the young and  small bourgeoisie and gain its participation in the economic process. It was through his efforts that some of the most successful merchants and industrialists were made noblemen; this introduced a new mentality and outlook into the old ultra-conservative Portuguese nobility whose parasitic role had been increasing during the first half of the 18th century.”

(S. Sideri, 1970)

sábado, junho 20, 2015

Costa não convence

Foto: José Sena Goulão/ LUSA

O radicalismo suspeito do PS golpista assusta qualquer um


A cada dia que passa, o Partido Socialista assemelha-se cada vez mais a um filme negro barato protagonizado por moribundos e criaturas estranhas, como o zombie Ferro Rodrigues, ou a gelatina tatuada Isabel Moreira. Como se isto não bastasse, o imprestável Costa dá tiros no pé dia sim, dia não.

A ideia peregrina de atacar simultaneamente em duas frentes —São Bento e Belém, isto é, Passos e Cavaco—, ao mesmo tempo que se saúda o Siryza e se abusa do tipo de retórica populista proprietária do PCP, não poderia deixar de acelerar a inversão da opinião dos portugueses sobre o PS depois da clique liderada por Sócrates e Mário Soares ter apeado rudemente António José Seguro.

Pelo caminho que o PS de Mário Soares e José Sócrates, entregue a António Costa, leva, a probabilidade de se extinguir até às eleições é real.

Por outro lado, a emergência fulgurante de Mariana Mortágua, no decurso da comissão de inquérito ao colapso do GES-BES, não só está a desfazer as anunciadas alternativas endogâmicas do Bloco, como ameaça as expectativas eleitorais de Marinho Pinto e de António Costa.

A duplicação da percentagem das intenções de voto no Bloco de Esquerda (de 4 para 8%), a par da queda de 8% do PS, e da subida de 6% na coligação no poder, são indicadores claros de algumas verdades que convém reter:
  1. o eleitorado não é estúpido, e por isso não trocará a austeridade conhecida (e que não poderá ser muito mais esticada) pelas aventuras que o PS de Mário Soares, Almeida Santos e José Sócrates, recauchutado por António Costa, promete;
  2. o radicalismo populista de António Costa é desastroso;
  3. o fenómeno Mariana Mortágua (os vídeos das suas intervenções, publicados no YouTube, têm chegado a centenas de milhar de portugueses) poderá fazer renascer o Bloco de Esquerda como uma alternativa ao cadáver adiado que é o Partido Socialista, sobretudo se Catarina Martins sair de cena e der lugar a uma Mariana Mortágua pragmática e decidida a transformar o antigo bordel marxista-leninista, revisionista e trotskysta numa verdadeira força eleitoral.
Aguardemos a próxima sondagem da Católica.

Post scriptum — António Costa: “Os portugueses olham para o PS com ansiedade”.

Enquanto lia a Carta a Um Bom Povo Português, de José Gomes Ferreira, ao deparar-me com a citação da frase de um ex-deputado do PS, Ricardo Gonçalves —“O problema do PS é que foi concebido para distribuir riqueza, mas agora não há riqueza para distribuir. É preciso criá-la primeiro”— anotei:

— as esquerdas já só cuidam das suas clientelas, na sua esmagadora maioria dependentes do estado pelo lado da redistribuição burocrática, partidária e clientelar da receita fiscal, mas também do endividamento público! As esquerdas em crise que todos conhecemos defendem, assim, o prejuízo público em nome da sua própria vitalidade, e mais recentemente, em nome da sua ameaçada sobrevivência nas acrópoles do poder. O comportamento uniforme do PCP, PS e Bloco 'em defesa' dos elites proletárias do BES, como da TAP, Portugal Telecom, Carris, etc., e em última análise do status quo, defendendo implicitamente a própria manutenção dos grupos capitalistas até 2014 hegemónicos, mostra-nos até que ponto estamos na presença de grupos de interesses politicamente desfasados da realidade e da cidadania, decorados com uma cobertura de ideologia pasteleira indigesta e protegidos pela falsa credibilidade institucional que a representação parlamentar confere a estes lóbis partidários. O caciquismo eleitoral ainda lhes permite distorcer a representação da democracia. Mas já não será por muito mais tempo.

Última atualização: 20/6/2015 10:44

terça-feira, junho 16, 2015

Quem vai decidir a próxima maioria?

Rio Minho na região de Monção-Melgaço

Precisamos de uma democracia de qualidade apoiada em plataformas de cidadania


A maioria eleitoral estaria fora de si se arriscasse entregar de novo o poder a quem nos meteu no buraco e promete afundar ainda mais o país se regressar ao governo.

Nem os pensionistas querem aventuras nesta altura do campeonato, nem a maioria dos portugueses tolera mais ataques fiscais à propriedade que cada um adquiriu ou está a adquirir com esforço, ou herdou dos pais.

Um terço do eleitorado vive hoje de pensões, e uma percentagem ainda maior do mesmo eleitorado quer ver um ponto final na expropriação fiscal e financeira do que é seu. Ou seja, quer o contrário do que a lógica e a burocracia da nossa indigente esquerda pretendem.

Todos sabemos que crescimento e emprego são duas realidades difíceis de alcançar e que regressarão lentamente.

Um avião cheio de novos emigrantes sai diariamente de Portugal. Mas estes não esquecem as suas responsabilidades, pois enviam mais de três mil milhões de euros por ano para as suas contas bancárias sediadas em Portugal. Os que continuamos por cá é que temos que lhes garantir que o seu esforço não será pasto da rapina dos piratas que nos enfiaram no buraco em que ainda estamos.

Há, apesar da desgraça, sinais de esperança.

Alto Minho: EDP restitui terras expropriadas há 40 anos
Green Savers, 15/06/2015
Quarenta anos depois de terem sido expropriados vários terrenos nas margens do Rio Minho (na foto), entre Monção e Melgaço, para a construção da barragem de Sela, um projecto luso-espanhol, os cerca de mil expropriados – os seus herdeiros, na maioria – poderão voltar a cultivar as antiga propriedades.

O sentido de propriedade é fortíssimo entre nós. Isto, e nada mais, explica porque as cigarras da esquerda oportunista e os seus realejos enferrujados jamais seduziram consistentemente os portugueses. Por outro lado, o acosso e as expropriações fiscais em curso, por parte de uma nomenclatura citadina corrupta e oportunista, está a separar a maioria dos portugueses do regime constitucional que temos. Fenómenos como o de Rui Moreira, eleito para dirigir a segunda cidade do país e a capital do noroeste peninsular, irão repetir-se, nomeadamente em Oeiras, Lisboa, Sintra, Vila Nova de Gaia, Coimbra, Figueira da Foz, Cascais e... em Belém. Vai ser desta maneira que a terceira república acabará por colapsar, dando passo a uma democracia qualitativa assente no poder das plataformas de cidadania democrática, onde o estado e os partidos políticos deixarão de infernizar a vida dos cidadãos.

Henrique Neto na Feira Nacional da Agricultura de Santarém.
Foto @ Marcos Borga/ Expresso

Henrique Neto: “Não foram as minhas críticas a prejudicar o PS”
Expresso, 13/6/2015
Depois de aderir ao PS fui um entusiasta das políticas decididas durante os Estados Gerais para uma Nova Democracia e depois apoiei o Governo do PS tanto quanto as oportunidades me permitiram, até ao momento em que o partido deixou de cumprir as suas promessas eleitorais, se afastou de uma governação consequente com o interesse nacional e passou a navegar à vista sem coerência estratégica, comprometendo com isso o futuro do País.

Henrique Neto daria um bom presidente. Não precisamos de continuar a suportar o peso hegemónico dos partidos na nossa sociedade, sobretudo dos que já conhecemos de ginjeira, mas sim de gente confiável e competente, e de plataformas de cidadania democrática. Precisamos de uma democracia qualitativa, em vez da sopa azeda que continuamos a tragar pagando por ela os olhos da cara!

2 milhões e meio de eleitores
Manuel Villaverde Cabral | Observador, 31/5/2015, 10:47

Há mais de 2,5 milhões de reformados em Portugal (eu sou um deles). Não estão longe de um terço do eleitorado real. Há mais eleitores inscritos com a complacência dos governos, mas não são reais. Esses 2 milhões e meio de pessoas recebem mais de 3,5 milhões de pensões contributivas e não-contributivas no valor de 27 mil milhões de euros, portanto, uma média individual acima de 10.000 € brutos por ano. As pensões representam cerca de 30% da despesa pública e aproximadamente 15% do PIB.

A armadilha demográfica e um sistema de segurança social desajustado poderão mergulhar Portugal na insolvência estrutural. Quando? Daqui a uma década ou menos, se persistirmos em fechar os olhos à realidade.

Duas notas sobre a miopia da esquerda que temos

A esquerda ainda não percebeu duas coisas muito simples:
  1. Portugal é um país pobre (Plutocracia demo-populista e Rendimento Básico), onde 90% das famílias apresentam rendimentos coletáveis inferiores a 30 mil euros/ano; mais de 60% das famílias tem rendimentos coletáveis inferiores a 10 mil euros (833 euros/mês), e só 7,1% dos agregados apresenta rendimentos coletáveis entre 20 e 30 mil euros (1.666 a 2.500 euros/mês). Escusado será dizer que os nossos deputados, por exemplo, fazem parte de uma casta que representa menos de 1% da população — alguns pertencem mesmo à exclusiva elite dos 0,1%!
  2. Mas apesar de pobre, Portugal é um país de proprietários. Se não vejamos:
  • há 10,6 milhões de portugueses (Census 2011)
  • mas existem 11,7 milhões de prédios rústicos (haverá algum português que não seja dono de uma leira?)
  • em 40% da superfície agrícola útil —36.681,45 Km2— existem 305 mil explorações agrícolas
  • há registo de 7,9 milhões de prédios urbanos, a que correspondem mais de 5,8 milhões de alojamentos, e destes 4,4 milhões são ocupados pelos seus proprietários.

quarta-feira, maio 20, 2015

Vai votar em Alexis Costa?

Este não é o meu Benfica, mas será o da dupla Costa e Salgado.

Uma mão cheia de nadas. Pesca de votos à linha


Tocar nas rendas excessivas (energia, auto-estradas, hospitais, águas e saneamentos) dos piratas da EDP, do Grupo Mello, ou da Mota-Engil, e quejandos? Nem pensar? Diminuir a burocracia inútil e devorista? Nem pensar? Libertar a sociedade civil e a iniciativa privada do big brother 'socialista' e, em geral, do Leviathan Estado? Nem pensar! Diminuir a diarreia legislativa que permite à cleptocracia e à partidocracia instaladas fazerem e desfazerem leis, normas e regulamentos, à medida das suas necessidades endogâmicas? Nem pensar! Escrever uma nova Constituição compatível com uma sociedade livre e adulta, integrada na União Europeia—cujo espírito e normativas constitucionais são incompatíveis com o socialismo burocrático, neocorporativista e falso que faz da Constituição que temos um trapo velho e imprestável? Nem pensar! Então para que serviria o regresso deste vigário de Sócrates, cheio de novos simplexes populistas, à terra lusitana? Para nada. Só mesmo para fazer marcha atrás!

As nove ideias, 21 causas e 164 medidas do projecto de Programa do PS
20 Maio 2015, 16:28 por Jornal de Negócios


Telegraph compara discurso do PS de Costa ao do Syriza
20/5/2015, 9:16 por Observador

Na linguagem pré-eleitoral e nas propostas anti-austeridade, António Costa é semelhante ao grego Alexis Tsipras, defende no Telegraph um dos analistas mais influentes no Reino Unido.

(...) “O endividamento combinado do sectores público e privado está nos 370% do PIB, o mais elevado da Europa. Isso deixa o pais perigosamente exposto aos efeitos da deflação e da estagnação do crescimento nominal do PIB”, escreve Pritchard. Já sobre o sector público, e citando o economista-chefe do Citigroup, o analista lembra que os rácios da dívida estão além do desejável e que por isso o país “precisa de algum tipo de reestruturação” e é esse “medo constante” nos mercados que configura a principal vulnerabilidade do país a uma nova crise da dívida.

Duas certezas, para já: o António Maria não vai votar, nem no PS, nem na coligação PSD-CDS/PP.


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