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quarta-feira, agosto 19, 2015

Marcelo vê presidenciais a voar


Balbúrdia no laranjal de Belém


Marcelo avisa sociais-democratas que não podem abrir brechas nas presidenciais
Antigo líder do PSD adverte que será "um problema se começa a haver o grupo A, o grupo B, o grupo C, o grupo D…”
Jornal de Negócios, Margarida Gomes, 19/08/2015 - 07:28

Ao PÚBLICO, o professor e comentador político insiste na tónica das divisões no principal partido da coligação – “é um problema se começa a haver o grupo A, o grupo B, o grupo C, o grupo D…” – e explica que “só evitando divisões internas é que o PSD consegue juntar na campanha todas as figura do partido”.

A cerca de meio ano das eleições para a Presidência da República, Marcelo não abre ainda o jogo sobre se vai entrar na corrida, mas fala de dificuldades para os candidatos do centro-direita. “Se continuarem a surgir mais candidaturas à esquerda começa a ser mais difícil competir para qualquer candidato do centro-direita”, refere, fazendo as contas às candidaturas que já andam no terreno e àquelas que se avizinham.

À 'esquerda', mas com grande projeção no eleitorado do centro e conservador, já temos candidata: Maria de Belém.

No laranjal do PSD-CDS a confusão tenderá a aumentar. Entre o intriguista-mor do reino (Marcelo) e a caricatura serôdia de Cavaco (Rui Rio) as opções presidenciais da direita apodrecem a olhos vistos.

Por sua vez, a proliferação de candidatos orientados para o centro e o centro-esquerda —Henrique Neto, Sampaio da Nóvoa, Maria de Belém, Paulo Morais e o candidato do PCP (será que Marinho e Pinto também irá a votos para Belém?)— vai, como bem teme Marcelo, retirar dezenas de milhar de votos ao candidato finalmente apoiado pelo PSD e CDS-PP.

E se assim for, à segunda volta, a convergência ao centro-esquerda, sobretudo se a coligação ganhar as Legislativas, estará garantida.

Quem não gosta de ouvir o professor Marcelo? Cada macaco no seu galho, como reza o provérbio!

terça-feira, junho 16, 2015

Quem vai decidir a próxima maioria?

Rio Minho na região de Monção-Melgaço

Precisamos de uma democracia de qualidade apoiada em plataformas de cidadania


A maioria eleitoral estaria fora de si se arriscasse entregar de novo o poder a quem nos meteu no buraco e promete afundar ainda mais o país se regressar ao governo.

Nem os pensionistas querem aventuras nesta altura do campeonato, nem a maioria dos portugueses tolera mais ataques fiscais à propriedade que cada um adquiriu ou está a adquirir com esforço, ou herdou dos pais.

Um terço do eleitorado vive hoje de pensões, e uma percentagem ainda maior do mesmo eleitorado quer ver um ponto final na expropriação fiscal e financeira do que é seu. Ou seja, quer o contrário do que a lógica e a burocracia da nossa indigente esquerda pretendem.

Todos sabemos que crescimento e emprego são duas realidades difíceis de alcançar e que regressarão lentamente.

Um avião cheio de novos emigrantes sai diariamente de Portugal. Mas estes não esquecem as suas responsabilidades, pois enviam mais de três mil milhões de euros por ano para as suas contas bancárias sediadas em Portugal. Os que continuamos por cá é que temos que lhes garantir que o seu esforço não será pasto da rapina dos piratas que nos enfiaram no buraco em que ainda estamos.

Há, apesar da desgraça, sinais de esperança.

Alto Minho: EDP restitui terras expropriadas há 40 anos
Green Savers, 15/06/2015
Quarenta anos depois de terem sido expropriados vários terrenos nas margens do Rio Minho (na foto), entre Monção e Melgaço, para a construção da barragem de Sela, um projecto luso-espanhol, os cerca de mil expropriados – os seus herdeiros, na maioria – poderão voltar a cultivar as antiga propriedades.

O sentido de propriedade é fortíssimo entre nós. Isto, e nada mais, explica porque as cigarras da esquerda oportunista e os seus realejos enferrujados jamais seduziram consistentemente os portugueses. Por outro lado, o acosso e as expropriações fiscais em curso, por parte de uma nomenclatura citadina corrupta e oportunista, está a separar a maioria dos portugueses do regime constitucional que temos. Fenómenos como o de Rui Moreira, eleito para dirigir a segunda cidade do país e a capital do noroeste peninsular, irão repetir-se, nomeadamente em Oeiras, Lisboa, Sintra, Vila Nova de Gaia, Coimbra, Figueira da Foz, Cascais e... em Belém. Vai ser desta maneira que a terceira república acabará por colapsar, dando passo a uma democracia qualitativa assente no poder das plataformas de cidadania democrática, onde o estado e os partidos políticos deixarão de infernizar a vida dos cidadãos.

Henrique Neto na Feira Nacional da Agricultura de Santarém.
Foto @ Marcos Borga/ Expresso

Henrique Neto: “Não foram as minhas críticas a prejudicar o PS”
Expresso, 13/6/2015
Depois de aderir ao PS fui um entusiasta das políticas decididas durante os Estados Gerais para uma Nova Democracia e depois apoiei o Governo do PS tanto quanto as oportunidades me permitiram, até ao momento em que o partido deixou de cumprir as suas promessas eleitorais, se afastou de uma governação consequente com o interesse nacional e passou a navegar à vista sem coerência estratégica, comprometendo com isso o futuro do País.

Henrique Neto daria um bom presidente. Não precisamos de continuar a suportar o peso hegemónico dos partidos na nossa sociedade, sobretudo dos que já conhecemos de ginjeira, mas sim de gente confiável e competente, e de plataformas de cidadania democrática. Precisamos de uma democracia qualitativa, em vez da sopa azeda que continuamos a tragar pagando por ela os olhos da cara!

2 milhões e meio de eleitores
Manuel Villaverde Cabral | Observador, 31/5/2015, 10:47

Há mais de 2,5 milhões de reformados em Portugal (eu sou um deles). Não estão longe de um terço do eleitorado real. Há mais eleitores inscritos com a complacência dos governos, mas não são reais. Esses 2 milhões e meio de pessoas recebem mais de 3,5 milhões de pensões contributivas e não-contributivas no valor de 27 mil milhões de euros, portanto, uma média individual acima de 10.000 € brutos por ano. As pensões representam cerca de 30% da despesa pública e aproximadamente 15% do PIB.

A armadilha demográfica e um sistema de segurança social desajustado poderão mergulhar Portugal na insolvência estrutural. Quando? Daqui a uma década ou menos, se persistirmos em fechar os olhos à realidade.

Duas notas sobre a miopia da esquerda que temos

A esquerda ainda não percebeu duas coisas muito simples:
  1. Portugal é um país pobre (Plutocracia demo-populista e Rendimento Básico), onde 90% das famílias apresentam rendimentos coletáveis inferiores a 30 mil euros/ano; mais de 60% das famílias tem rendimentos coletáveis inferiores a 10 mil euros (833 euros/mês), e só 7,1% dos agregados apresenta rendimentos coletáveis entre 20 e 30 mil euros (1.666 a 2.500 euros/mês). Escusado será dizer que os nossos deputados, por exemplo, fazem parte de uma casta que representa menos de 1% da população — alguns pertencem mesmo à exclusiva elite dos 0,1%!
  2. Mas apesar de pobre, Portugal é um país de proprietários. Se não vejamos:
  • há 10,6 milhões de portugueses (Census 2011)
  • mas existem 11,7 milhões de prédios rústicos (haverá algum português que não seja dono de uma leira?)
  • em 40% da superfície agrícola útil —36.681,45 Km2— existem 305 mil explorações agrícolas
  • há registo de 7,9 milhões de prédios urbanos, a que correspondem mais de 5,8 milhões de alojamentos, e destes 4,4 milhões são ocupados pelos seus proprietários.

quinta-feira, abril 09, 2015

Nódoas e candidatos presidenciais

Paulo Morais admite que Portugal precisa de “uma grande regeneração” a todos os níveis
Fotografia: António Pedro Ferreira/ Expresso

O candidato do PS chama-se Guterres, e o do PSD, Durão Barroso


Henrique Neto deu o tipo de partida, Sampaio da Nóvoa agitou as águas da esquerda e eis que as candidaturas presidenciais nascem como cogumelos. Paulo Morais, professor universitário e comentador do "Correio da Manhã", dá uma entrevista ao jornal que não deixa margem para dúvidas: "Sou candidato às presidenciais". E dá pormenores: a candidatura será apresentada no próximo dia 18, no Piolho, um café emblemático da cidade do Porto. "Depois de uma longa reflexão entendi que essa era a melhor forma de intervir na política", diz Paulo Morais.

Abílio Ferreira | 9:37 Quinta, 9 de Abril de 2015 | Expresso

A proliferação de candidaturas presidenciais fora do sistema estreita a margem de manobra da nomenclatura que nos arruinou. Desde logo porque nenhum pré-candidato poderá ter a veleidade de passar à condição de candidato sem passar pelo crivo das redes sociais.

O tempo em que as tertúlias televisivas como a Quadratura do Círculo pontificavam e fabricavam candidatos para isto e aquilo passou à história. Assim se explica, pois, a morte antecipada de dois pré-candidatos cor-de-rosa —António Vitorino e Sampaio da Nóvoa— lançados na esteira desastrosa de António Costa.

António Vitorino é um oportunista que contrabandeia o 'socialismo' por uma rica vida de facilitador de negócios, incluindo a via verde que permitiu ao espanhol Santander negociar swaps especulativos com o governo PS do Recluso 44. Sampaio da Nóvoa, por sua vez, é uma nódoa ideológica cujo pedigree universitário nada acrescenta, inventada pela tríade que manda no PS e que anda desesperada com a falta de controlo sobre a Justiça portuguesa.

Por junto temos, desde que Henrique Neto se apresentou como pré-candidato às eleições presidenciais de 2016, duas tentativas de voo presidencial que borregaram, e o striptease do novo secretário-geral do Partido Socialista.

A cada comício que faz, Costa fica mais parecido com o realejo de Jerónimo de Sousa: precisamos de mudar de política, e para mudar de política temos que mudar de governo, etc. O PS que Mário Soares, Almeida Santos, José Sócrates e Jorge Coelho entregaram em regime de comodato a António Costa parece, pois, caminhar rapidamente para uma emulação do PCP, prevendo-se que na hipótese inverosímil de ganhar as próximas eleições, sem maioria, queira protagonizar a formação de uma nova Frente Popular, servida com canapés de caviar e espumante de Lamego. Onde estão os jovens turcos do PS? Talvez aguardem paulatinamente que o sargento-ajudante Costa se afogue na maré populista que vai segregando.

Neste contexto, o anúncio de uma nova candidatura presidencial estranha à nomenclatura do regime que arruinou o país, desta vez protagonizada por Paulo Morais, mostra até que ponto o caminho das alternativas oriundas do PS, do PSD e do CDS começa a estreitar-se.

Jaime Gama, Maria de Belém, Carlos César, Rui Vilar, ou Artur Santos Silva —nomes que têm circulado por aí— são hipóteses fracas, até porque seriam sempre candidatos partidários e com percursos de vida pouco convincentes para o cargo.

Na banda azul e laranja, depois da desistência de Santana Lopes, Marcelo Rebelo de Sousa é uma não hipótese, apesar da vontade mal disfarçada domingo a domingo deste intriguista-mor do reino.

Marcelo é um comentarista divertido, mas nunca foi um político, ou melhor, quando tentou sê-lo revelou-se um desastre total. Por outro lado, o modo leviano como, à semelhança de Cavaco Silva e de Carlos Costa, defendeu a excelência do sistema financeiro indígena, e a solidez de um banco, o BES, onde por acaso a sua companheira era administradora, coloca-o entre as esponjas de um regime corrupto e falido até às entranhas. Ou seja, não serve.

Não é por acaso que os partidos andam tão calados sobre a questão presidencial. Por um lado, temem a hipersensibilidade popular, nomeadamente através da nascente democracia eletrónica das redes sociais que tanto aflige José Pacheco Pereira e Miguel Sousa Tavares, e por outro, sabem que sem conhecer os resultados das Legislativas de outono, Belém é uma incógnita completa.

Estou convencido de que António Guterres avançará para Belém no caso da atual coligação renovar a maioria com ou sem a ajuda de Marinho Pinto. E estou também convencido que Durão Barroso será o próximo presidente da república caso o vazio Costa acabe por ganhar as eleições por uma unha negra e embandeire em arco numa qualquer coligação populista com o PCP, o Bloco de Esquerda e o Livre.

Mas também poderá ocorrer o imprevisto de Paulo Morais e Henrique Neto baralharem por completo o jogo das próximas eleições presidenciais.

Até lá, ou muito me engano, ou António Costa ir-se-à afundando na vacuidade de uma retórica cada vez mais próxima do realejo comunista.


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segunda-feira, março 30, 2015

Henrique Neto pode chegar a Belém

Henrique Neto
FOTO MANUEL DE ALMEIDA/ LUSA in Expresso

O Ron Paul português?


Antes de comentarmos a entrevista ao candidato presidencial Henrique Neto, por José Gomes Ferreira, no Negócios da Semana (SIC-N), convém anotar e refletir, a talhe de foice, os resultados das eleições legislativas intercalares regionais da Madeira (RTP-N): 50,28% dos eleitores abstiveram-se, votaram em branco (0,87%), e votaram nulo (3,40%), parte dos quais, presume-se, no PDR.

O PSD renovou a maioria absoluta e afastou o espetro de Jardim, a banhos no Porto Santo. O CDS continua a ser a segunda força partidária, mas em queda. No setor cor-de-rosa e vermelho, PCP e Bloco deram corpo a um desastre bem eloquente da falência política e sobretudo cultural desta esquerda oportunista, agarrada ao mel do regime. Nem com todos os dirigentes nacionais em campanha pelo arquipélago conseguiram o mais ténue sinal de que as coisas serão muito diferentes nas Legislativas de outono.

Nota final: um partido espontâneo de cidadãos, Juntos Pelo Povo, arrancou 10,34%. Por pouco não ultrapassou o Partido Socialista, que concorreu coligado com mais três siglas inócuas (11,41%). JPP ficou a um deputado do PS e a dois do CDS-PP.

Esta excursão ao arquipélago cor-de-laranja serve sobretudo para colocar algumas hipóteses relativamente às próximas duas eleições nacionais: as Legislativas de 2015 e as Presidenciais de 2016:
  1. os níveis de abstenção serão elevados (30-40%);
  2. a atual maioria poderá renovar a maioria se, até ao verão, conseguir mostrar ao país que estamos melhor do que quando Sócrates entregou o país aos credores;
  3. o PS dificilmente ganhará as Legislativas com maioria absoluta, e sem esta, António Costa dificilmente formará um governo, pois o Livre não existe, o Bloco, apesar de Mariana Mortágua, vai de mal a pior, o PCP não sai donde está, Marinho Pinto não arrancará votos suficientes para dar maioria ao PS, e acabará por coligar-se com o PSD e o CDS, negociando o imprescindível passaporte para crescer;
  4. não creio que António Guterres se candidate às presidenciais, António Vitorino é um facilitador maçónico sem condições para exercer qualquer cargo político-partidário relevante (ainda recentemente foi cooptado para administrador dos CTT), Sampaio da Nóvoa é uma enteléquia universitária desconhecida dos eleitores, o PCP apresentará, como sempre, o seu candidato, idem para o Bloco. Imagino que Santana Lopes avance com a sua candidatura dentro de algumas semanas, entalando de vez o comentador Marcelo, abrindo, por outro lado, as portas a Passos Coelho para este impor então o seu candidato, ultrapassando as manobras do aracnídeo de Belém.
  5. Tudo pesado, não vejo porque razão Henrique Neto não pode aspirar ao cargo de próximo presidente da república. Está na altura de os empresários, intelectuais, autarcas e cidadãos que jamais votarão na nomenclatura voraz e sem emenda que nos trouxe até aqui, de começarem a viabilizar e dar a força à candidatura verdadeiramente independente deste empresário socialista que não hesitou em criticar o então todo poderoso primeiro ministro José Sócrates.
  6. Sobre as objeções à idade avançada do candidato, diria apenas que é um ano mais novo que o célebre senador Ron Paul, candidato estrela das últimas eleições presidenciais americanas.
Henrique Neto é razoavelmente conhecido dos portugueses, em virtude das suas numerosas aparições na televisão, de que a entrevista dada ao Negócios da Semana (27.03.2015) foi um eloquente exemplo, onde sempre fala com franqueza, desassombro e contenção sobre os problemas do país e sobre as fraquezas e insuficiências da nossa classe político-partidária. É direto, claro e vai quase sempre ao essencial. A sua experiência de vida, e o conhecimento que tem dos partidos, mas sobretudo a sua ambição de melhorar a eficiência do país, fazem dele um candidato ideal para o tempo que atravessamos, um tempo de desilusões sucessivas, de descrédito completo da classe política, e de premonição de mudança. Disse, e bem, a José Gomes Ferreira, que o que é preciso fazer cabe em duas folhas de papel: em vez de opacidade, navegação à vista, improviso e naufrágio, precisamos de nos aviar em terra sobre três temas essenciais: recursos humanos, logística e informação. E precisamos ainda de trazer os cidadãos para o exercício concreto da democracia, pois a democracia, boa ou má, é coisa sua e não do caciquismo partidário vigente que nada de bom trouxe ao país.

As coisas não podem ficar como dantes — pensa Henrique Neto. Mas para que à esperança suceda a mudança é preciso, por exemplo, colocar em Belém um presidente que não seja mais um fantasma partidário do regime esgotado que hoje temos.

A encruzilhada em que se encontram os partidos do sistema —todos os partidos do sistema— é tal que este empresário socialista, filho de uma família operária da Marinha Grande que se fez a pulso, poderá bem protagonizar o paradigma de decência e frontalidade em que os portugueses quererão porventura reconhecer-se nos próximos cinco anos. Há uma metamorfose em curso, mas para que esta corra bem teremos que saber olhar em direção a novos horizontes.

O PS socratino, de que António Costa é o sargento-ajudante e putativo testa de ferro, lançou meia dúzia de canídeos às canelas de Henrique Neto. Desajeitados como são, não fizeram mais do que exibir as fraquezas crescentes dessa coisa informe em que se tornou o Partido Socialista depois do golpe de estado que afastou António José Seguro.

Para já, Henrique Neto é o meu candidato.


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terça-feira, março 24, 2015

Henrique Neto, presidente? É possível

Henrique Neto (in Expresso)

Um candidato sem medo e de confiança


Henrique Neto dá tiro de partida para as Presidenciais. No tempo certo.
Com os partidos que temos é melhor apostar na sociedade civil e nas pessoas.
Um candidato que vai incomodar muita gente, na banda socratina, como na banda cavaquista.
Para já é o meu candidato :)


O que diz a imprensa sobre este anúncio
  • O primeiro candidato a Belém. Henrique Neto deve avançar — Expresso 
  • Socialistas preocupados com candidatura de Henrique Neto — Observador 
  • Perfil Henrique Neto, o socialista sem medo de criticar Sócrates — Notícias ao Minuto 
  • Henrique Neto avança com candidatura às presidenciais — DN 
  • Henrique Neto deve apresentar candidatura a Belém na quarta-feira — i online


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quarta-feira, novembro 26, 2014

A Encruzilhada do Partido Socialista


Por Henrique Neto

Na manhã de sábado passado recebi, como presumo todos os militantes socialistas, uma mensagem do  novo Secretario Geral do PS António Costa, iniciada como segue: “Caras e Caros Camaradas, Estamos todos chocados com a notícia da detenção de José Sócrates”.  A mensagem está muito bem escrita, mas confesso que não fiquei chocado e há muitos anos que esperava os acontecimentos do passado fim de semana, na convicção de que José Sócrates representava uma bomba relógio para o prestígio do PS e para a qualidade da democracia portuguesa. Escrevi-o vezes sem conta, na tentativa de chamar à razão os socialistas e  com o objectivo de defender o PS do opróbrio público e de proteger o regime democrático. Não por quaisquer razões de inimizade pessoal.

Por isso mesmo, não retiro qualquer satisfação pessoal com a detenção de José Sócrates, que é inocente até prova em contrário, deixando que a justiça portuguesa decida de forma justa e de acordo com os factos encontrados na investigação, se for esse o caso. Todavia, já não faço o mesmo relativamente ao julgamento político dos governos de José Sócrates e daqueles que, de forma indigente, o seguiram em muitas das decisões erradas  que conduziram Portugal à ruína e ao empobrecimento dos portugueses. Também por isso é agora tempo de deixar a justiça fazer o seu trabalho.

Ainda relativamente ao PS, António Costa vai ter a semana mais decisiva da sua vida, em que está em jogo o futuro do Partido Socialista e, por extensão, o futuro da democracia portuguesa. A alternativa é simples: ou António Costa compreende que os partidos políticos portugueses se encontram à beira do abismo, no ponto mais baixo da tolerância pública e inicia uma profunda reforma do PS, começando por limpar casa no próximo congresso, ou segue em frente com os mesmos que conduziram Portugal à falência e dentro de algum tempo rebobinaremos o mesmo filme de tráfico de influências e de promiscuidade entre a política e os negócios, colocando com isso em risco o próprio  regime democrático.

Raramente na nossa história moderna existiu uma oportunidade tão relevante e tão clara  de mudar a política portuguesa, de enobrecer o PS e de abrir as portas do partido a uma nova época de progresso e de desenvolvimento, através da escolha no próximo Congresso dos melhores, dos mais honrados e dos mais devotados ao bem público. Bastará  para isso compreender os desafios que se colocam ao nosso Pais na actual conjuntura e de privilegiar e democracia e a ética na acção política, colocando a defesa dos interesses gerais da comunidade acima de todas as outras considerações.

O Partido Socialista não pode, sob a capa da chamada unidade de todos os socialistas, continuar a ser o partido dos interesses, da distribuição de benesses e de mordomias e do enriquecimento ilícito de alguns dos seus militantes e promotores. É tempo de mudança e se António Costa e os militantes socialistas não o compreenderem, temo  que seja o futuro da democracia portuguesa que está em jogo, Estas foram algumas das razões porque apoiei António José Seguro no recente debate politico, o que não impede que tenha a esperança de ver o recém eleito Secretario Geral do PS ter aquela coragem e visão que, em momentos decisivos, marcam os grandes homens.

24-11-2014
Originalmente publicado no Jornal da Marinha

domingo, fevereiro 13, 2011

Mudar de democracia

Ouvi o Manuel Maria Carrilho na TVI. 

Li e ouvi o Henrique Neto, no Expresso e no "Plano Inclinado" da SIC — observando pela décima vez gráficos eloquentes do Henrique Medina Carreira. 

Vi ainda, com a irritação e nojo habituais, o Mubarak das Beiras arengar triunfalmente sobre as glórias do seu governo zombie em mais um combate ganho contra os moinhos da esquerda e da direita que por breves momentos ameaçaram a sua corrupta ditadura democrática. 

Concluo: é preciso refundar este regime, começando por refundar o sistema partidário. E para isto talvez seja inevitável organizar uma manifestação de sapatos junto à Assembleia da República, para denunciar aquela corporação de araras inúteis, e exigir outra democracia.

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Aeroportos 45

Camelo
Este camelo sabe nadar e não vai para a Ota!

Aeroporto: lóbi da Ota ainda mexe!

06-12-2007. "O movimento de defensores da Ota organiza hoje um seminário sobre as vantagens da construção do novo aeroporto naquela localidade, numa altura em que o LNEC adiou por um mês a apresentação do estudo comparativo.

"Organizado pelo Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (CES), em parceria com a Câmara Municipal do Cartaxo e a Câmara do Comércio e Indústria do Centro, o seminário «Um Aeroporto para um Portugal Euro-Atlântico», contará com as presenças do antigo ministro do Equipamento, Planeamento e Administração do Território, João Cravinho, do presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro e do Vale do Tejo, Alfredo Marques, e do consultor em navegação aérea Paul Willis." -- Diário Digital / Lusa.

Comentário:
Eu só gostava de saber como é que um homem (João Cravinho) responsável por três dos maiores desastres em matéria de decisão política -- a implementação do Alfa Pendular na Linha do Norte, as SCUTs e o Metro do Terreiro do Paço -- continua a puxar por mais uma opção ruinosa e tecnicamente idiota, como é o embuste da Ota. Num país civilizado (por exemplo a Dinamarca) ele estaria provavelmente a responder judicialmente pelos tremendos erros cometidos e pelos prejuízos causados durante as suas funções governativas. Por cá, lugarejo rico e em óbvia expansão económica, continua alegremente envolvido em jogos baratos de estratégia peninsular. Será que esta mente preocupada ainda não teve tempo de meditar, no exílio dourado de que goza em Londres, nas asneiras que fez e nas baboseiras que tem dito sobre a Ota?


Lóbi da Ota: contra aeroportos baratinhos

06-12-2007. "Parece que se o aeroporto for construído a sul do Tejo não custa nada, que pode ser feito como a sopa de pedra", diz, irónico, João Cravinho. É necessário, alerta, "avaliar os custos integrais, os directos e os induzidos, para uma e outra localização".

..."Além do ordenamento, do desenvolvimento e da "barreira Tejo, que custa muito dinheiro a ultrapassar", o empresário Henrique Neto adianta mais um argumento a favor da Ota. "É um crime que o território nacional mais preservado seja destruído com uma estrutura deste tipo, tanto mais que há alternativa"." -- João Fonseca, Diário de Notícias.

Comentário:
Quem é João Cravinho para falar de "custos integrais"? Não foi ele o fautor das mais crassas decisões políticas tomadas neste país em matéria de descarrilamento de "custos integrais"?! Preocupado com a travessia do Tejo? Acha que a Sul do Tejo só existem mouros e camelos, como o dromedário que lhe sucedeu na pasta e no desperdício? Ora tenha juízo, senhor galeguista de meia tijela. Vá passar um ou dois anos à Galiza (como eu fui) e inteire-se como deve do debate galaico-português, em vez de andar com os slogans superficiais do senhor Beiras colados na testa!


Metro em Santa Apolónia (onde?) em 22 de Dezembro

08-10-2007. "O ministro justificou o atraso de dois anos e meio da obra do Terreiro do Paço [na realidade foram 10 anos!] com questões de segurança e a necessidade de reformular todo o projecto.

"O anterior túnel teve de ser abandonado para que fosse construído um novo, mudou-se o local da estação. Na prática foi todo um novo projecto", sublinhou.

Mário Lino falou ainda da derrapagem de preços da obra, que acabou por custar quase o dobro do inicialmente previsto.

A obra estava orçada em 165 milhões de euros (a preços de 97) e acabou por custar 299 milhões (preços de 2007) -- [ou seja, 150 milhões de euros por cada quilómetro!]." -- Expresso.

Comentário:
O ministro responsável pelo lançamento irresponsável deste empreendimento, tecnicamente desaconselhado à época por todos os especialistas com reais conhecimentos na matéria (passar uma linha de metro diante de um conjunto urbanístico e arquitectónico ímpar, a Baixa Pombalina, assente em estacas de madeira), foi o mesmo irresponsável que continua a teimar no embuste da Ota. Tudo porque o homem treslê o mapa estratégico do país e confunde a independência de Portugal com propaganda barata de alguns galeguistas lunáticos.

Post-scriptum
"A NAER já gastou 100 milhões de euros em estudos e a RAVE outros 50 milhões de euros e chegaram a uma situação surpreendente. Querem construir um novo aeroporto sem saber como efectuar as ligações de bitola europeia a Lisboa. Assim, os estudos vão ser perdidos e a Ota abandonada porque nenhum privado irá investir um euro neste projecto." -- Rui Rodrigues.
Mais um motivo para a indecisão do LNEC. Soube-se ontem que o famoso LNEC, que não tem nenhuma competência em aeroportos e é dirigido por um boy do PS, adiou a apresentação do seu aguardado relatório, aparentemente, por haver grandes divisões no interior das equipas que analisaram os problemas! Ahhaha... Deixa-me rir :-) Traduzido por miúdos, isto quer dizer o seguinte: o lóbi da Ota infiltrou-se na vetusta instituição e não pára de fazer pressões. O Socratintas anda com o rabo entre as pernas, esperando que não lhe caia o Carmo e a Trindade em cima da sopa!




ÚLTIMA HORA

Aeroporto na Ota sempre foi escolha secundária

2007-12-09. "O grupo de peritos que, nos anos 80, "descobriu" a Ota como possível localização do novo aeroporto de Lisboa já na altura preferia a zona de Alcochete, não tendo avançado com essa proposta porque as Forças Armadas se recusavam a desmantelar as instalações do Campo de Tiro.

"Segundo Luís Coimbra, actual administrador do Instituto Nacional da Aviação Civil (INAC) e que à época fazia parte do grupo de peritos, "as notícias [de que o LNEC terá escolhido Alcochete em detrimento da Ota] não surpreendem". "Se o LNEC decidiu Alcochete, decidiu muito bem", diz este especialista em planeamento aeroportuário, adiantando que, na sua opinião, a escolha era "óbvia". -- DN Online.

A escolha da Ota ficou então a dever-se à recusa dos militares? Mas desde quando os militares mandam na actual democracia?! Este esclarecimento tardio de Luís Coimbra parece-me frouxo. O verdadeiro motivo que conduziu à Ota, e que teria aproveitado a boleia dos generais com asas, foi a necessidade de libertar os terrenos da Portela para financiar parcialmente a construção do NAL e abrir o derradeiro capítulo da expansão de Lisboa no interior do seu apertado perímetro municipal. Como reconhece implicitamente Luís Coimbra, nenhum novo aeroporto na Margem Sul impediria a continuidade da Portela. Só mesmo a Ota tem essa virtualidade assassina!

A escolha de António Costa para a CML, e até o empréstimo de 400 milhões de euros (mais de 80 milhões de contos, com que garantias?) recém aprovado, reforçam esta convicção generalizada entre os bloguistas que há pelo menos dois anos vêm batalhando contra o erro da Ota. Em plena manobra de recuo, despachado João Cravinho para Londres, empandeirado Mário Lino para o Ambiente, restaria a quem desenhou a estratégia garantir que o novo lóbi, o do Campo de Tiro do Alcochete, iria mesmo defender o encerramento da Portela. É o que está a acontecer.

Mas haverá dinheiro privado que chegue no quadro da actual crise sistémica do sistema financeiro mundial, que ameaça prolongar-se pelos próximos anos, ou décadas? Haverá reais vantagens económicas no negócio assim configurado, tendo em conta que a TAP não tem quaisquer hipóteses de resistir ao ataque actual das Low Cost, e que daqui a 10 anos ninguém sabe como vai ser o paradigma dominante dos transportes aéreos?

A TAP vai passar por um mau bocado. Antevejo comandantes, comissários e hospedeiras a caminho de reformas antecipadas. Antevejo a frota da PGA a apodrecer no aeromoscas de Beja. Antevejo um crescendo nos actuais cancelamentos de voos da TAP em território nacional e para o resto da Europa (mais de 100 por mês nos últimos seis meses). Antevejo levantamentos populares a favor das Low Cost e contra a inexplicável protecção dada a uma empresa descapitalizada, ineficiente, ultrapassada e que pretende sobreviver com apenas 25% das suas efectivas perspectivas comerciais: os voos para África e Américas!

Os partidos parlamentares (todos eles) estão sem qualquer estratégia de transportes nas suas pobres e maniqueístas moleirinhas. Ainda não se lhes ouviu uma palavra sobre coisas tão óbvias como seja a necessidade de fazer renascer das cinzas o transporte ferroviário, remodelando completamente a actual rede em bitola ibérica e articulando a rede de Velocidade Elevada e Alta Velocidade com a rede espanhola. Ainda não se lhes ouviu uma palavra sequer sobre o futuro negro que espera o motor de explosão que há um século move a maioria esmagadora dos automóveis, e as consequências que daqui decorrerão no plano da inevitável re-concentração dos tecidos urbanos e relevância crescente do transporte colectivo, urbano, suburbano e interurbano, na profunda metamorfose social que se aproxima.

Enquanto o Bloco Central se entretém com jogos florais no parlamento, para o pobre contribuinte, a evaporação em curso da liquidez financeira virtual tem pelo menos uma virtude: impedir que o NAL venha a transformar-se em mais um oceano de dívidas, como aquele em que se tornaram as famosas SCUT: autoestradas Sem Custos para o UTilizador!



Montijo não serve para ser aeroporto civil (?!!)

2007-12-09 - 00:00:00. "Marques de Almeida, coronel, piloto aviador, ex-comandante da base aérea do Montijo, chumba liminarmente a hipótese de se construir no Montijo um aeroporto civil como complemento da Portela. Diz que a pista não tem consistência por estar assente num vasto lençol de águas e que a própria ondulação do rio Tejo parte todos os pavimentos. De resto, admite tanto a Ota como Alcochete." -- Correio da Manhã.
Pressing final interessante...

E agora, como ficamos a respeito do Montijo? Se as pistas não estão consolidadas, tal daria força a Alcochete, creio. Mas como é que a Base Aérea do Montijo, sendo uma base NATO, não suporta aviões pesados? Hummmmm...
Quanto à hipótese de o lóbi da Ota ter tanta força que consiga adiar a solução até 2009, para validá-la de novo em eleições legislativas, parece-me contra-informação pura. Nesta hipótese sibilina teríamos a próxima campanha eleitoral dominada pela Ota e por uma enorme discussão em rede sobre a política de transportes no nosso país. Cheira-me a manobra de diversão.

As declarações do coronel piloto aviador Marques de Almeida servem porventura uma missão específica: repor em moldes razoáveis ("técnicos") a hipótese de encerramento da Portela. Foi, ao que parece, esta intenção que esteve na origem da famigerada hipótese da Ota!

Uma futura urbanização dos terrenos do aeroporto da Portela serviria, ainda que parcialmente, para dar alguma sustentabilidade financeira ao município lisboeta e para financiar a construção do NAL. A escolha da Ota teria tido assim um propósito claro: garantir, por razões técnicas, o fecho da Portela, coisa que nenhuma solução na Margem Esquerda do Tejo, por si só, exige.

Faz sentido. Só não sei se perante a evolução dos quadros de referência energéticos e financeiros mundiais, que só agora começam a impor claramente as suas pesadíssimas restrições, não terá desactualizado este desígnio do Bloco Central.

Como venho defendendo desde Maio de 2005, a solução mais prudente é ampliar e remodelar a Portela, complementando este aeroporto com a Base Aérea do Montijo, devidamente adaptada, e o aeródromo de Tires. O Campo de Tiro de Alcochete deveria ser mantido sob reserva até que novos estudos aprofundados, a realizar depois de 2012 (data do amadurecimento do paradigma "Low Cost"), decidissem de uma vez por todas se precisamos ou não de um NAL. Em caso afirmativo, Alcochete seria então a escolha técnica e economicamente seguramente mais adequada.

Quanto ao problema da capital, só terá solução no quadro estruturalmente novo da criação da Região de Lisboa e Vale do Tejo. A economia de escala, as sinergias económico-sociais e os horizontes culturais daí resultantes, são a única solução para um problema crónico (o do envelhecimento e sub-urbanização intencionais de Lisboa) que se foi agravando por efeito da macrocefalia político-partidária e burocrática estimulada por um regime democrático demasiado irresponsável e oportunista -- que terá inevitavelmente que ser corrigido.

Seja como for, numa coisa o aviador tem razão: daqui a 50 anos, provavelmente, as actuais infraestruturas aeroportuárias serão apenas grandes desertos de sucata!

PS: Já agora uma pergunta: que garantias foram prometidas à CGD para segurar o empréstimo consertado entre os partidos que "governam" Lisboa?


LNEC aponta para Alcochete.

08-12-2007. "Os estudos que o LNEC (Laboratório Nacional de Engenharia Civil) está a coordenar, com vista à localização do futuro aeroporto de Lisboa, são esmagadoramente favoráveis ao Campo de Tiro de Alcochete." -- Sol.
O único apartado onde Alcochete perde aparentemente para a Ota é o ambiental. Tudo por causa do aquífero subaquático da bacia do Tejo. O etéreo ministro do ambiente (que será provavelmente substituído na pasta que actualmente ocupa pelo famoso dromedário do MOPTC) antecipou-se, no fim da semana passada, a esta objecção, afirmando ao Diga lá, Excelência (Rádio Renascença/ RTP2) que a opção Alcochete "resolve muitos, mas muitos problemas" que outras opções na margem Sul tinham.

Sobre este tema já foi dito e re-dito que:
  1. aquele mesmo aquífero vai até à Ota;
  2. se algo teve grande impacto negativo no dito lençol freático, foi a sub-urbanização caótica da Margem Sul que se seguiu, nas décadas de 70, 80 e 90, à não menos nociva industrialização realizada por Salazar depois da II Guerra Mundial;
  3. quer se pense na alternativa Portela+Montijo, quer em Alcochete, os impactes ambientais negativos já lá estão e continuarão, com ou sem NAL, com ou sem Plataforma Logística do Poceirão...;
  4. idem para a Nova Travessia do Tejo Montijo-Beato, que deveria seguir junto à actual ponte Vasco da Gama. Esta solução permite construir uma plataforma multi-modal (aeroporto-AV-Metro) de transportes no Pinhal Novo; não agrava o impacte ambiental na zona (pois a Ponte Vasco da Gama e as auto-estradas já lá estão, tratando-se apenas de "alargar" o tabuleiro existente sobre o estuário); preserva a qualidade ímpar da paisagem estuarina entre Alcântara e Mar da Palha; e sobretudo evita destruir o estratégico porto de Lisboa, com a sua impressionante área de manobras, atracagem e estacionamento;
  5. se hoje abundam flamingos, garças e maçaricos de bico comprido nos sapais do Grande Estuário do Tejo, nada preocupados com os humanos, as pontes e os veículos que por ali se movem, isso deve-se apenas ao facto de o Tejo estar menos poluído hoje do que quando por lá se acumulavam siderurgias e estaleiros navais. Como me referiu há dias o Rui Manuel Vieira Santos, só não vemos golfinhos a saltar por aquelas bandas, porque são afugentados pelo ruído gerado pela circulação na Ponte 25 de Abril!

Cravinho não responde por Linha do Norte, nem Metro do Terreiro do Paço


07-12-2007.
João Cravinho esclareceu-me que não foi durante o seu ministério que foram lançadas as obras da Linha do Norte e do Metro do Terreiro do Paço.

Fica o esclarecimento e a resposta que lhe enviei. Nothing personal!
Estimável João Cravinho,

Se os projectos da Linha do Norte e do metro do Terreiro do Paço nasceram no governo anterior, quem os executou, sabendo das deficiência graves dos mesmos, deveria tê-los suspendido!

As SCUT são, sem dúvida alguma, obra sua, um desastre financeiro para o País e um encargo para as gerações futuras. Quem lhe vendeu a ideia (presumo que Carlos Fernandes) procura agora levar José Sócrates para novo desastre: uma linha de Alta Velocidade entre Lisboa e o Porto com apeadeiro na Gare do Oriente! Note-se que apesar dos milhões gastos em consultas, a luminária da RAVE (que confunde o seu estatuto entre ser eleito ou boy do PS) ainda não mostrou um único estudo demonstrativo da viabilidade física e económica da solução propagandeada. Sabe porquê, porque não existe nem pode existir, porque, sabe, é uma burrice!

Não leve a peito as críticas. Isto é só política. Talvez não convencional, mas política!

PS: comentando o mau gosto das suas comparações (na polémica sobre o NAL) com os tempos do Marcello Caetano, pergunto-lhe se já pensou na hipótese de um dia destes alguém dizer que o Senhor está agarrado à cadeira, como o Salazar, e que ainda acaba por cair ingloriamente no esquecimento?

Saudações socialistas!

a

Ota: burros velhos não tomam andadura ou a teimosia de um engenheiro sem projectos

06-12-2007. A operação de propaganda promovida esta tarde pelo lóbi da Ota, aprimorada pelas presenças de alguns engenheiros e autarcas do Oeste, correu manifestamente mal. Sem ideias e muita irritação, deixaram ao protagonista da sessão, o ex-ministro teimoso e despesista João Cravinho, a função de defender uma vez mais a dama da Ota. Foi uma cena vazia e triste .

Depois de subestimar o preço das coisas (ou não fosse o homem um típico burocrata bem pago pelos contribuintes nacionais e europeus), resolveu atirar poeira para o ar. Vociferou que os defensores de alternativas ao embuste da Ota eram especuladores da Margem Sul, ou saudosistas do antigo regime, ou putativos alunos indignos da sua sapiência. Quanto aos estudantes virtuais a que se referiu, se pensam, disse, que o futuro NAL deve durar mais do que a Portela, confundem a essência do seu professorado (em que disciplina, Cravinho?) com o circo. Com o circo?! Meu caro Cravinho, se me explicar de que curso é professor, ou que projecto de engenharia realizou em toda a sua carreira profissional, ainda perderei mais algumas linhas consigo. Se não, não voltarei a incomodá-lo. Recomendo-lhe apenas que dê lugar aos mais novos.

Por exemplo, de Miguel Faria, 27 anos, Engenheiro Civil (Bridge Designer na ARUP, Londres), que escreveu este excelente artigo sobre a polémica em volta da política aeroportuária portuguesa, de que destaco duas passagens:

Portela + 17!

6-12-2007. "Na minha opinião, como cidadão português a viver e a trabalhar em Londres, cidade que tem cinco aeroportos, apaixonado por viagens e tendo um dever cívico para com a meu país e, particularmente, para com a minha cidade natal (Lisboa), não poderia ficar indiferente a este tema.

"O debate tem sido centrado na localização desta infra-estrutura. E por que não colocar a decisão um pouco mais a montante e questionarmos os porquês de construir um 'mega' aeroporto ao invés de vários 'mini' aeroportos?

"Defendo, neste caso, a criação de estruturas descentralizadas (uso de bases militares, novas infra-estruturas) e especializadas (internacional, regional, carga)..."

(...)

"Reconheço que esta solução não se apresenta benéfica para todos os stakeholders. Na realidade, num mercado em que a maior barreira à entrada são os direitos de aterragem e descolagem (slots), a TAP perderia a sua quota de mercado no uso dos prime slots (horário nobre) de uma só infra-estrutura e teria que reequacionar a sua estratégia face a esta nova realidade. Uma solução seria operar somente num aeroporto fazendo desta infra-estrutura uma plataforma giratória (hub) Portugal-Africa e Portugal-America do Sul.

"Por outro lado, gostaria de perceber a necessidade de ligar o TGV a este tipo de infra-estruturas. Londres e Paris não tomaram tal decisão aquando do planeamento do Eurostar. Pelo contrário, usou-se a linha ferroviária convencional e surgiram no mercado operadores rodoviários que complementaram as necessidades de mercado.

"Por último, sempre se dirá que desactivar uma infra-estrutura como a Portela quando se procura aumentar a capacidade instalada será certamente um caso de estudo nas escolas de gestão num futuro próximo." -- Jornal de Negócios.

OAM 291 06-12-2007, 11:30