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quinta-feira, novembro 20, 2014

A Ota fluvial do Barreiro

Europort, Roterdão: navios de carga empilhados...

A Ota (fluvial) deste governo chama-se porto de contentores do Barreiro


O tam-tam sobre o novo porto de contentores do Barreiro é mais uma manobra de distração do ministro Sérgio, para abafar os assuntos graves e iminentes: colapso do banqueiro do regime, rendas excessivas da energia, PPP, TAP, etc.

João Carvalho: "Grande parte do comércio com os EUA vai passar por Portugal"
20 Novembro 2014, 00:01 Jornal de Negócios

O presidente do Instituto da Mobilidade e dos Transportes não compreende os ataques ao terminal no Barreiro e aponta o dedo a “forças ocultas”. Para o presidente do IMT, o país tem de estar preparado para o espaço económico de 900 milhões de consumidores.
Quem pagará as dragagens constantes necessárias a um hipotético porto de contentores nos lodos do Barreiro? Os armadores, os transitários e em geral as empresas envolvidas no trânsito das mercadorias, ou o Zé Povinho, em mais impostos, taxas e velhos atirados para a sarjeta, com salários, pensões e rendimentos sociais de inserção assassinos?

Este lunático que putativamente preside ao Instituto da Mobilidade e Transportes, que se disponha a uma discussão pública aberta sobre as imbecilidades que propala, e logo calaremos os seus argumentos de propaganda barata em menos de três minutos.

Os portos de contentores vocacionadados para os grandes navios, nomeadamente os post-Panamax, estes só marginalmente descarregam mercadorias para seguirem por estrada, ou mesmo por caminho de ferro, e neste caso, só se houver bitola europeia que ligue diretamente, i.e. sem roturas de carga, os Post-Panamax à rede europeia de comboios UIC (a chamada bitola europeia), pois a sua principal utilidade estratégica é o transhipment, ou seja, passar contentores de grandes barcos para barcos menos grandes e navios de cabotagem.

Sines tem capacidade de expansão e já reúne todas as condições para ser o grande porto de transhipment do país, faltando-lhe, porém, ligações ferroviárias UIC (sem mudanças de bitola pelo meio!) a Espanha, a Setúbal e ao Poceirão. Para navios de menor dimensão, mais a norte, temos o porto de Leixões, que é estratégico, está a ser melhorado e continuará a beneficiar de sinergias económicas e políticas imparáveis.

Baltic Dry Index - 1985-2013 (Wikipedia)

Mas se, por acaso, a economia ocidental voltar a crescer acima dos 3%, e o Baltic Dry Index voltar a superar as cifras de... 1985 (!), então poderão estudar-se outras hipóteses. Mas neste caso, a única que faz sentido e foi há muito estudada chama-se porto de águas profundas da Trafaria.

Este porto permitirá um dia libertar o Tejo em frente a Lisboa para uma navegação mais intensiva entre margens e para a navegação desportiva e turística, criando um novo e potentíssimo foco de crescimento turístico na cidade-região de Lisboa.

Permitirá também travar a erosão galopante da Costa da Caparica.

E pelo efeito de escala que comporta, uma tal obra tornaria inevitável a terceira travessia do Tejo onde também há muito foi prevista, isto é, no corredor Algés-Trafaria, permitindo enfim fechar verdadeiramente a CRIL, ligando mais rapidamente e com menores custos de tempo e combustível os concelhos da cidade-região e Lisboa com maior crescimento demográfico na década de 2001-2011: Sintra, Cascais, Loures, Almada, Alcochete e Mafra.

Instalar um porto de contentores no Barreiro seria o mesmo que enfiar o Rossio na Rua da Betesga e sujeitar o estuário do Tejo a um aumento exponencial das probabilidades de acidentes graves com navios. Seria, por outro lado, mais um buraco financeiro a suportar pelos contribuintes.

Conhecem a Rua da Betesga? Liga o Rossio à Praça da Figueira e tem menos de 15 metros de largura, e menos 30 metros de comprido!


POST SCRIPTUM

Recebemos, entretanto, um comentário a este post, do nosso Garganta Funda, que passamos a transcrever.

O problema é outro!

Qualquer rotura de carga tem custos enormes. Nestes casos, as margens de lucro são rapidamente comidas.

Tenho trabalhado activamente nessa questão.

Por exemplo: no comércio de cereais a granel, os navios de 60.000-100.000ton vindos do Brasil descarregam em frente a Santa Apolónia para batelões de baixo calado (3 metros) de só 3000 ton.
Estas operações acarretam um custo adicional de $11 por tonelada.

Em Leixões, a falta de uma correia tarnsportadora entre o cais e os silos, de apenas 1500 metros (11.000.000 euros de investimento) agrava numa só operação o custo da ton de cereal —soja, ou seja o que for— em cerca de $15.

A competitividade dos grandes volumes de transporte mede-se aos cêntimos.

Um erro estratégico e eles mudam para outro porto.

Setúbal está limitado em 60% pois os ambientalistas reduziram a chamada sonda reduzida do canal de 14m para 10 ou 12 metros.

A decisão de um palerma incompetente pode estragar toda uma economia regional, ou mesmo nacional.

O Napoleão dizia que pouco se importava com os corruptos e os ladrões, só não admitia incompetentes.

Garganta Funda

terça-feira, novembro 04, 2014

Garganta Funda - sms 2



Caro António Maria

Aqui vai uma Adenda ao sms 1, como lhe chamou:

Apenas uns pequenos apontamentos sobre o que se pode passar nos próximos tempos (mais ou menos ano e meio) em Portugal.

As falências das grandes empresas farol do nosso capitalismo de pacotilha inventado pelo lázaro de boliqueime, ainda não pararam.

Na segunda-feira, a SONAE indústria enr.... os que apostaram na empresa, ao emitir 15 mil milhões de acções, sim, 15 mil milhões, levando o preço por acção a cair de € 0,340 para o valor mínimo possível € 0,01!

A empresa estava falida, mas com esta artimanha converteu parte da dívida em capital social e prometeu vagamente que asseguraria a compra das acções emitidas, em prazo pouco claro, recorrendo aos bancos que andaram a financiar estas operações. Na verdade, a diferença entre o que o Salgado propôs aos bancos e credores e o que o Belmirito fez é que o primeiro foi mais claro e transparente do que o segundo. Neste momento o Belmirito está a agradecer aos céus a hora bendita em que financiou o Público e contratou o tonecas das delicadezas (Lobinho Xavier).

A BRISA dos Melros de betão, está em situação periclitante, e o grupo familiar também. Tiveram k vender a maioria do capital da EFACEC aos chinocas da Three Gorges, porque não tinham capital para financiar dois anos maus de vendas. Com isso, resolvem um problema e esperam ganhar alguma liquidez e começar a pagar dívidas.

A GALP andou de braço dado com a PETROBRÁS (a tal que tinha descoberto uma Arábia Saudita no pré-sal de Santos, muito antes do Obama ter começado a escaqueirar xisto pela América fora), mas agora começa a pagar com língua de pau o otimismo bolsista das previsões. A aliança com a Isabel é mesmo um namoro de conveniência, e a jogada do Poiares (com o imposto verde) tresanda a manobra de diversão. Na verdade, na prática, o preço do refinado vai aumentar em mais de 15% quando o preço do crude baixou quase 20%!!!!!!!!!!!!!

Ou muito me engano, ou o rapaz Maduro acaba como administrador da GALP, ou pelo menos ganhará uma bolsa para irar um curso de direito na Suíça. O endividamento anual da GALP é mais de 2,5*EBITDA, o que, como qualquer financeiro honesto dirá, é um comportamento de risco...

A Arábia Saudita pode manter o crude nos 80 USD por mais três anos, porque tem reservas suficientes para jogar este jogo, arrasando o Irão e metade dos gringos que andam no petróleo e gás de xisto.

A GALP, para esconder os problemas que vai e está a enfrentar no Brasil, anunciou que de mãos dadas com um parceiro mistério, poderá começar prospeções no Alentejo... O cash flow estará assegurado enquanto Bruxelas não exigir que se cumpra o acordado a quando da venda da GALP, ou seja, o unbundling das operações de refinação e de distribuição. Neste bundle, que já deveria ter sido desfeito, suspeito que a GALP ganha mais de 2 cêntimos por litro.

A PT deverá ser vendida a um estrangeiro qualquer.

Ainda não se sabe a quem, mas será um estrangeiro qualquer. O problema das pensões e dos acordos de pré-reforma da PT vão ficar em cima da mesa e vão assombrar o governo até ao final do seu mandato. Os despedimentos serão em grande número, porque há que desalavancar a enorme dívida que a PT acumulou ao longo dos anos para remunerar os acionistas e os administradores, o principal dos quais se dedicou à vinha e aos chaparros. 

A Martinfer está falida e deve andar a tentar encontrar uma fórmula para reestruturar o buraco.

O mesmo se passa com o Grupo Lena.

A Mota Engil, na prática, já se cindiu em duas: a má, em Portugal, e a boa, em Londres.

A T. Duarte lava dinheiro dos angolanos e respeitabiliza o tráfico de diamantes e os que financiam os famosos empresários angolanos.

Com o EQE (European Quantitative Easing) ficará entretanto claro que os nossos bancos apostaram no cimento da habitação e nas grandes empresas....

...vai haver dinheiro, mas não vai chegar cá porque será necessário desalavancar as grandes empresas.

Ontem o chefe do BBVA em Portugal foi muito claro: os bancos andam a emprestar ou a tentar emprestar dinheiro uns aos outros...

Deixou de haver dízimo para distribuir :(

O que sucedeu ao BES colocou todos os empresários portugueses a pensar duas vezes e a serem muito mais criteriosos nos seus investimentos políticos.

O que se vai passar em Espanha será mais um elemento perturbador em todo este sistema de jogo de mikado em que se tornou a vida nacional.

Sobre isto falaremos mais adiante

Abraço

Garganta Funda

PS: as opiniões do nosso correspondente no Médio Oriente são livres, respeitadas, mas não são necessariamente seguidas pelo António Maria. 

Garganta Funda - sms1


Meu caro António Maria,

  • As previsões €/$ apontavam para k o euro chegasse aos 1.20/1.22 até ao final do próximo trimestre de 2015. 
  • As previsões €/$ para o final de 2015 eram de 1,18 e 1,20, ainda que com uma margem. Quando me refiro a previsões estou a aludir ao que a maioria dos analistas previa. No curto prazo é menos fiável, mas para o médio-longo, é aceitável.
  • Pode ser que ocorra mais cedo, isto é, entre fim de 2014 e início de 2015.

A novidade foi a inesperada acção do Banco do Japão (BoJ), ao alagar ainda mais o mercado com dinheiro. Não se esperava, e isso gerou liquidez no mercado. Efeito imediato: as acções em Tóquio subiram, o iene baixou face USD (moeda de refúgio) e o € baixou em relação ao USD. O que saiu do Japão não veio para a Europa, como tinha sucedido até Setembro.

Existem/existiam rumores de que o BCE iria alargar a compra de ativos e comprar mais agressivamente. Os rumores apontavam para que tal ocorresse no primeiro trimestre do próximo ano, como máximo. Assim, os investidores começariam a descontar esse efeito, e a partir de janeiro o euro baixaria. O BoJ veio alterar as previsões.

Neste momento, outro fator ainda vem complicar as análises: a birra entre a Alemanha e o Reino Unido sobre as quotas de imigração, e também sobre a contribuição do RU para o orçamento da UE.

Para além da histórica prova de força entre as duas nações (vamos lixarmo-nos e pagar com língua de palmo andarmos a dormir demasiado tempo na cama errada), o efeito sobre o euro será imediato assim que os investidores compreenderem que não se trata apenas de uma birra, mas de um problema real e que, mesmo com resolução mais adiante, vai abrir e deixar feridas.

Penso que isso deve suceder ainda esta semana. A maioria do pessoal foi apanhada desprevenida e aguardam que os representantes dos principais interesses —fundos de pensões, bancos, gringos e chinocas— façam o seu papel. Se isso não acontecer, ou seja, se demorar mais tempo, e pode demorar, porque o Cameron está entre a espada e a parede com o UKIP, o euro vem por aí abaixo mais depressa e chegará aos valores previstos para finais de 2015 já a meio do ano que vem.

Para a malta do Sul, será bem vinda esta desvalorização, sobretudo para a Espanha e Itália. Para nós, tugas, nem por isso, porque quem estava a ganhar com o euro alto e o barril a 100USD era a GALP, uma mama, contudo, em vias de secar. Aliás, segue a GALP com atenção porque pode ser o próximo grande problema que vamos ter nas páginas dos jornais e no país. Para o consumidor, até poderá ser melhor, mas terá impacto na balança, pelo menos durante meio ano.

Prepara-te para seres aumentado por via do câmbio em mais uns pp daqui até ao fim do ano.

Abraço

Garganta Funda

PS: as opiniões do nosso correspondente no Médio Oriente são livres, respeitadas, mas não são necessariamente seguidas pelo António Maria.