terça-feira, novembro 04, 2014
Garganta Funda - sms 2
Caro António Maria
Aqui vai uma Adenda ao sms 1, como lhe chamou:
Apenas uns pequenos apontamentos sobre o que se pode passar nos próximos tempos (mais ou menos ano e meio) em Portugal.
As falências das grandes empresas farol do nosso capitalismo de pacotilha inventado pelo lázaro de boliqueime, ainda não pararam.
Na segunda-feira, a SONAE indústria enr.... os que apostaram na empresa, ao emitir 15 mil milhões de acções, sim, 15 mil milhões, levando o preço por acção a cair de € 0,340 para o valor mínimo possível € 0,01!
A empresa estava falida, mas com esta artimanha converteu parte da dívida em capital social e prometeu vagamente que asseguraria a compra das acções emitidas, em prazo pouco claro, recorrendo aos bancos que andaram a financiar estas operações. Na verdade, a diferença entre o que o Salgado propôs aos bancos e credores e o que o Belmirito fez é que o primeiro foi mais claro e transparente do que o segundo. Neste momento o Belmirito está a agradecer aos céus a hora bendita em que financiou o Público e contratou o tonecas das delicadezas (Lobinho Xavier).
A BRISA dos Melros de betão, está em situação periclitante, e o grupo familiar também. Tiveram k vender a maioria do capital da EFACEC aos chinocas da Three Gorges, porque não tinham capital para financiar dois anos maus de vendas. Com isso, resolvem um problema e esperam ganhar alguma liquidez e começar a pagar dívidas.
A GALP andou de braço dado com a PETROBRÁS (a tal que tinha descoberto uma Arábia Saudita no pré-sal de Santos, muito antes do Obama ter começado a escaqueirar xisto pela América fora), mas agora começa a pagar com língua de pau o otimismo bolsista das previsões. A aliança com a Isabel é mesmo um namoro de conveniência, e a jogada do Poiares (com o imposto verde) tresanda a manobra de diversão. Na verdade, na prática, o preço do refinado vai aumentar em mais de 15% quando o preço do crude baixou quase 20%!!!!!!!!!!!!!
Ou muito me engano, ou o rapaz Maduro acaba como administrador da GALP, ou pelo menos ganhará uma bolsa para irar um curso de direito na Suíça. O endividamento anual da GALP é mais de 2,5*EBITDA, o que, como qualquer financeiro honesto dirá, é um comportamento de risco...
A Arábia Saudita pode manter o crude nos 80 USD por mais três anos, porque tem reservas suficientes para jogar este jogo, arrasando o Irão e metade dos gringos que andam no petróleo e gás de xisto.
A GALP, para esconder os problemas que vai e está a enfrentar no Brasil, anunciou que de mãos dadas com um parceiro mistério, poderá começar prospeções no Alentejo... O cash flow estará assegurado enquanto Bruxelas não exigir que se cumpra o acordado a quando da venda da GALP, ou seja, o unbundling das operações de refinação e de distribuição. Neste bundle, que já deveria ter sido desfeito, suspeito que a GALP ganha mais de 2 cêntimos por litro.
A PT deverá ser vendida a um estrangeiro qualquer.
Ainda não se sabe a quem, mas será um estrangeiro qualquer. O problema das pensões e dos acordos de pré-reforma da PT vão ficar em cima da mesa e vão assombrar o governo até ao final do seu mandato. Os despedimentos serão em grande número, porque há que desalavancar a enorme dívida que a PT acumulou ao longo dos anos para remunerar os acionistas e os administradores, o principal dos quais se dedicou à vinha e aos chaparros.
A Martinfer está falida e deve andar a tentar encontrar uma fórmula para reestruturar o buraco.
O mesmo se passa com o Grupo Lena.
A Mota Engil, na prática, já se cindiu em duas: a má, em Portugal, e a boa, em Londres.
A T. Duarte lava dinheiro dos angolanos e respeitabiliza o tráfico de diamantes e os que financiam os famosos empresários angolanos.
Com o EQE (European Quantitative Easing) ficará entretanto claro que os nossos bancos apostaram no cimento da habitação e nas grandes empresas....
...vai haver dinheiro, mas não vai chegar cá porque será necessário desalavancar as grandes empresas.
Ontem o chefe do BBVA em Portugal foi muito claro: os bancos andam a emprestar ou a tentar emprestar dinheiro uns aos outros...
Deixou de haver dízimo para distribuir :(
O que sucedeu ao BES colocou todos os empresários portugueses a pensar duas vezes e a serem muito mais criteriosos nos seus investimentos políticos.
O que se vai passar em Espanha será mais um elemento perturbador em todo este sistema de jogo de mikado em que se tornou a vida nacional.
Sobre isto falaremos mais adiante
Abraço
Garganta Funda
PS: as opiniões do nosso correspondente no Médio Oriente são livres, respeitadas, mas não são necessariamente seguidas pelo António Maria.
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este blogue e a sua página no Facebook compõem uma espécie de diário da vida política portuguesa e, por vezes, internacional.
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