Mostrar mensagens com a etiqueta crise energética. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta crise energética. Mostrar todas as mensagens

sábado, dezembro 11, 2010

Metamorfose ou barbárie

Ver quadro ampliado
A fome veio para ficar, e poderá levar à morte e a um decréscimo demográfico na ordem dos 2,5 mil milhões de pessoas até 2050

Antes de voltar ao tema da nova rede ferroviária de "bitola europeia" (UIC) em Portugal, e à importância da interoperabilidade em qualquer estratégia actualizada de mobilidade multi-modal de pessoas e mercadorias, explicando pela enésima vez que a construção de um novo aeroporto internacional em Alcochete não passa de uma fuga em frente do clientelar modelo económico-financeiro que levou Portugal à bancarrota —o que farei no próximo artigo— retomo o célebre tema dos limites do crescimento, do não menos célebre relatório de Dennis L. Meadows, Donella H. Meadow e Jørgen Randers —Limits to Growth (1972)—, a partir de três recentes contribuições sobre o tema: 

By Tom Whipple  
Wednesday, December 08 2010 01:50:22 PM

In case you missed it, a couple of weeks back the International Energy Agency in Paris got around to disclosing that the all-time peak of global conventional production occurred back in 2006. Despite that fact that this declaration was tantamount to announcing the end of the 250-year-old industrial few in the mainstream media noted the event and it was left to obscure corner of cyber space to ponder the meaning of it all.

It is also worth noting that oil is back in the vicinity $90 a barrel and even Wall Street economists, who are paid to be eternally optimistic, are starting to talk about going for $110-120 a barrel in the next year or so.

In the meantime, the talking heads, pundits and even hard-headed reporters chatter on about the slow but persistent economic recovery that is supposed to be taking place. As the effects of last year's near-trillion dollar stimulus start to be felt, every statistical twitch upward is hailed as proof that normalcy will soon return. Realists, however, call this twitching "bottom-bouncing" and are convinced that far worse is yet to come.

The Century of Famine
by Peter Goodchild  
02 March 2010

Famine caused by petroleum supply failure alone will result in about 2.5 billion above-normal deaths before the year 2050; lost and averted births will amount to roughly an equal number.

In terms of its effects on daily human life, the most significant aspect of fossil-fuel depletion will be the lack of food. “Peak oil” is basically “peak food.” Modern agriculture is highly dependent on fossil fuels for fertilizers (the Haber‑Bosch process combines natural gas with atmospheric nitrogen to produce nitrogen fertilizer), pesticides, and the operation of machines for irrigation, harvesting, processing, and transportation.

(…) No matter how much we depleted our resources, there was always the sense that we could somehow “get by.” But in the late twentieth century we stopped getting by. It is important to differentiate between production in an “absolute” sense and production “per capita.” Although oil production, in “absolute” numbers, kept climbing — only to decline in the early twenty-first century — what was ignored was that although that “absolute” production was climbing, the production “per capita” reached its peak in 1979.

By Glider Guider
May 2007

At the root of all the converging crises of the World Problematique is the issue of human overpopulation. Each of the global problems we face today is the result of too many people using too much of our planet's finite, non-renewable resources and filling its waste repositories of land, water and air to overflowing. The true danger posed by our exploding population is not our absolute numbers but the inability of our environment to cope with so many of us doing what we do.

(...) Peak Oil is fundamentally a liquid fuels crisis.  We use 70% of the oil for transportation.  Over 97% of all transportation depends on oil.  Full substitutes for oil in this area are unlikely (I'd go so far as to say impossible). Biofuels are extremely problematic: their net energy is low, their production rates are also low, their environmental costs in soil fertility are too great.  Crop based biofuels compete directly with food, while cellulosic technologies risk "strip mining the topsoil" at the production rates needed to offset the loss of oil.  Electricity will be able to substitute in some applications such as trains, streetcars and perhaps battery powered personal vehicles, though at significant cost in terms of both flexibility and economics.  There is no realistic substitute for jet fuel.

Sem levarmos a sério o que está realmente em causa quando se fala do fim do petróleo barato, será difícil percebermos o dramatismo sem precedentes da contagem decrescente que nos conduzirá a todos até ao fim da civilização industrial baseada no uso intensivo do carvão, do petróleo e do gás natural, como fontes energéticas insubstituíveis do nosso bem-estar "moderno" e da nossa expansão como espécie. Se, pelo contrário, olharmos sem medo para as realidades energéticas e demográficas que temos pela frente, então será mais fácil descortinarmos tudo aquilo que já não pode ser realizado até ao fim, e o muito que teremos que fazer para sobrevivermos à metamorfose inevitável que em breve nos espera.

A prioridade das prioridades, na minha opinião, é mitigar, mitigar e mitigar a nossa dependência colectiva e generalizada do petróleo e seus derivados — o que significa baixar abruptamente a intensidade energética das nossas economias, e aumentar de forma e a um ritmo igualmente drásticos a eficiência energética activa e passiva de todos os edifícios, equipamentos e sistemas usados pelo homem.

O modelo de desenvolvimento dos chamados países ricos do planeta —especialmente nos Estados Unidos, Canadá e Europa Ocidental, mas também no Japão— assentou, desde a primeira grande crise petrolífera (1973), no desenvolvimento de uma economia de serviços, consumista e pseudo-Keynesiana, alavancada através de um imperialismo financeiro com pés de barro, e de uma sobre-exploração de vastas comunidades humanas ultramarinas cujo rendimento, porém, viria a ser crescentemente capturado pelas elites dos países que estrategicamente consentiram essa gigantesca transferência de trabalho e conhecimento do Ocidente para o Oriente.

Aquilo que o Japão começou a não poder fazer mais, isto é competir em preços salariais com a China, transformou numa agressiva política de destruição das suas próprias taxas de juros e de desvalorização do iene (o chamado Yen carry-trade)— tornando-se desta forma um dos principais agentes mundiais das múltiplas bolhas especulativas que conduziram ao actual estado de ruína das finanças empresariais, domésticas e soberanas do Ocidente. Em Portugal, como no Reino Unido, Espanha, França, Itália, Estados Unidos e na própria Alemanha, as economias e as sociedades estão verdadeiramente trilhadas por moles imparáveis: a mole da bolha do endividamento exponencial e especulativo das economias, e a mole dos preços imparáveis do petróleo e dos factores de produção que dele dependem criticamente, directa ou indirectamente: matérias primas minerais e alimentares, mobilidade de pessoas e mercadorias, e os próprios salários do trabalho produtivo (que estando a descer paulatinamente nos "países ricos" desde os anos 70, estão, por outro lado, a subir de forma constante nos "países pobres"!)

Nabucco in 'David vs. Goliath' battle for Azeri gas
Published: 10 December 2010

Pressure is growing on the Nabucco consortium to reveal its hand over its tender for Azeri gas. The winner, to be announced in April, will be master of Europe's Southern Gas Corridor, designed to bring gas from sources other than Russia.

Uma das dúvidas mais sérias do momento prende-se com o futuro da União Europeia. Sem governo económico comum, e sem harmonização e nivelamento fiscais em todo o território comunitário, as tensões em volta do euro poderão mesmo provocar o seu colapso e a desintegração da União. Se isso acontecer, regressaremos às velhas alianças regionais, e às velhas tensões diplomáticas.

Em todo o caso, os desafios impostos pelo declínio na produção de petróleo per capita (constante desde os anos 70), e pelo declínio da produção de cereais per capita (constante desde o início da década de 90), sobretudo num panorama mundial onde a poupança se concentra hoje nos chamados países emergentes —exportadores de energia fóssil, matérias primas, produtos transaccionáveis e trabalho—, e já não nos sobre endividados "países ricos" do Ocidente, são de tal modo dramáticos que não podemos tolerar por muito mais tempo o populismo, a ignorância e a corrupção reinantes nas nossas cada vez mais caricatas democracias parlamentares. Algo teremos que fazer para nos prepararmos para o embate do futuro. Os sistemas políticos irão colapsar em breve. Temos que nos preparar para tal evento, e sobretudo temos que nos preparar desde já para criar as alternativas de poder civilizadas e culturalmente avançadas que terão que enfrentar a passagem para uma espécie de futuro anterior.

domingo, novembro 28, 2010

Bancarrota-5

Dívidas soberanas, quem paga?

Photograph: Matt Dunham/AP
The sorrow of Portugal

Yesterday, I had a rather sad conversation with a friend in Portugal. The country has just had to force through another austerity budget; and fears are mounting that it will be next in line for an EU bail-out. “We should never have entered the euro”, my friend lamented. “Everything went downhill from there. For us and for everyone.” — in Finantial Times, Nov. 26, 2010.

Those too young to vote, yet with their futures at stake, have organically come together to be heard.

'The word spread through Twitter and Facebook; rumours passed around classrooms and meeting halls: get to Westminster, show them your anger.'

Outside Downing Street, in front of a line of riot police, I am sitting beside a makeshift campfire. It's cold, and the schoolchildren who have skipped classes gather around as a student with a three-string guitar strikes up the chords to Tracy Chapman's Talkin Bout a Revolution. The kids start to sing, sweet and off-key, an apocalyptic choir knotted around a small bright circle of warmth and energy. "Finally the tables are starting to turn," they sing, the sound of their voices drowning out the drone of helicopters and the screams from the edge of the kettle. "Finally the tables are starting to turn."

Then a cop smashes into the circle. The police shove us out of the way and the camp evaporates in a hiss of smoke, forcing us forward. Not all of us know how we got here, but we're being crammed in with brutal efficiency: the press of bodies is vice-tight and still the cops are screaming at us to move forward. Beside me, a schoolgirl is crying. She is just 14. — in Guardian.co.uk, 24 Nov, 2010.

A União Europeia pode quebrar pelo elo mais forte: a Alemanha. Porquê? Porque das duas uma: ou os estados falidos da Europa assumem rapidamente dietas violentas nos seus orçamentos Pantagruélicos, e por esta via põem em causa os privilégios das corporações, nomenclaturas, burocracias e bases eleitorais de que dependem para se manterem no poder, ou então, persistem nas actuais manobras de retórica populista e de dissimulação orçamental com as graves implicações que uma tal opção terá para o euro enquanto moeda de reserva alternativa ao papel higiénico norte-americano. Adiar por mais um ano, ou até por mais seis meses, a inevitável austeridade orçamental que permitirá estancar a gangrena financeira dos países sobre-endividados, levará o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (EFSF) a ter que duplicar a sua actual capacidade de resgate das dívidas soberanas (750 mil milhões de euros), para acudir ao dominó das bancarrotas europeias actualmente em curso.

A simples probabilidade de o Banco Central Europeu entrar pela mesma via da Reserva Federal, o chamado Quantitative Easing (QE), pondo os computadores a criar dinheiro electrónico sem qualquer base de riqueza efectivamente criada, levou já o Brasil, a China, a Rússia e o Irão —a que se somará em breve um número crescente de países produtores de matérias primas, energia e trabalho barato— a estabelecer uma estratégia monetária de recurso que poderá passar pelo abandono das moedas de reserva americana e europeia. A actual corrida ao ouro e à prata, e a retenção destes metais preciosos pelos grandes produtores, são um sintoma claro de que o sistema monetário nascido dos acordos de Bretton Woods está mais do que moribundo. Morreu e vai ser em breve enterrado.

Os verdadeiros credores da nossa dívida colectiva, pública e privada, isto é, aqueles que produzem a maioria dos bens transaccionáveis que preenchem as nossas vidas mais ou menos confortáveis e neuróticas, não estão dispostos a financiar por muito mais tempo o nosso consumo e o nosso lazer sem um contra-valor real. A China, o Brasil, a Rússia, o Irão, e os estados petrolíferos do Médio Oriente, estão atulhados de liquidez virtual e fartos de inflação. Querem agora uma parte crescente dos nossos activos em troca de mais petróleo, em troca de mais soja, e em troca de mais telemóveis e computadores.

A Revolução Industrial fez-se em cima de uma escabrosa pilha de cadáveres e escravos. Durou 200 anos e não sobreviverá a 2030. Os escravos coloniais, sobretudo depois do renascimento da China, e da grande rebelião muçulmana em curso, deixaram de obedecer ao império judaico-cristão e rejeitam também categoricamente a supremacia branca, anglo-saxónica e protestante. Um novo mundo, inimaginável por enquanto, está em gestação. A geratriz desta revolução está no Oriente. Aos antigos cruzados resta-lhe acordar.

Os desafios são arrepiantes. Não, não são nenhuma farsa, como as minocracias burocráticas europeias querem fazer crer. A Alemanha está muito consciente destas ameaças, e por isso não irá tolerar por muito mais tempo a irresponsabilidade populista dos pequenos burocratas e regimes corruptos do Sul da Europa. Em breve colocará a União perante um dilema sem precedentes: ou se colocam os PIGS em quarentena, fora do euro, durante 1, 2, 4... 10 anos, ou a Alemanha bate com a porta e regressa ao marco. Se o falido Reino Unido continua com a sua libra esterlina, se a Suécia continua com a sua coroa, porque não libertar a economia alemã do fardo de alimentar porcos a pérolas e burros a pão de Ló? Na realidade, parece-me mais verosímil uma saída da Alemanha do Sistema Monetário Europeu, do que a expulsão das paquidérmicas minocracias burocráticas do Sul da Europa, e da sacrificada Irlanda, do ilusório bem-estar em que têm vivido desde o aparecimento da moeda única.

Premier Wen Jiabao shakes hands with his Russian counterpart Vladimir Putin
on a visit to St. Petersburg on Tuesday. ALEXEY DRUZHININ / AFP

China, Russia quit dollar in trade settlement

China and Russia have decided to renounce the US dollar and resort to using their own currencies for bilateral trade, Premier Wen Jiabao and his Russian counterpart Vladimir Putin announced late on Tuesday. — in People's Daily Online, November 24, 2010.

Yuan begins trading against the rouble

SHANGHAI - China started allowing the yuan to trade against the Russian rouble in the interbank market from Monday as policymakers promote the currency's use in global trade and finance.

The move will help "facilitate bilateral trade between China and Russia and help develop yuan trade settlements," according to a statement published on the website of the China Foreign Exchange Trade System (CFETS), a subsidiary of the People's Bank of China. — in China Daily, Nov. 23, 2010.

Crisis of Fiat Currencies: US Dollar Surpluses Converted into Gold
China, Russia, Iran are Dumping the Dollar

China and Russia are both large gold producers and for a number of years have been buying up domestic gold and silver production, so that it never reaches the market and does not affect prices. If anything the absence of sales tends to push the markets higher. As a matter of fact Russia and India are visible buyers. Even Iran with its oil surplus recently announced that they had purchased 340 tons of gold. Their recent gold purchases are very significant as affiliate members, which have access to the present and ultimate direction of the group. You might say buying gold has been a protective effort to shield members and close observers from the problems generated by dollar policies. They are accumulating gold, as many have been worldwide, for the past ten years, but particularly over the past few years. — in Global Research, November 22, 2010.

China to rebuild Argentine rail
BEIJING - CHINA and Argentina have agreed to invest about US$10 billion (S$13.8 billion) over several years to renovate the Latin American country's dilapidated railway system and build a subway for its second-largest city.

(…) Argentina's once-extensive rail network was largely dismantled during the privatisations of the 1990s. But as agricultural output soars, farmers and grain elevators - who send more than 80 per cent of grains by costly road transport - have been calling for investment to revive the railways. —  in Strait Times, Jul 13, 2010.

China, Argentina to settle trade in yuan: Xinhua

HONG KONG (MarketWatch) -- China and Argentina have agreed to set up a 70 billion yuan ($10.24 billion) currency swap system that will enable trade between the two nations to be settled in the Chinese currency, the state-run Xinhua News Agency reported Monday. — in Market Watch, March 30, 2009.

Os dados estão lançados. Não vejo como possamos, a menos que optemos por uma sinistra deriva suicida, deixar de olhar os problemas de frente. A globalização, tal como foi engendrada, exportou a economia para o Oriente (1) e levou o Ocidente à bancarrota. Para controlar os estragos e retomar um certo equilíbrio na divisão internacional do trabalho teremos que voltar a levantar barreiras à circulação libertina dos capitais, das mercadorias e das pessoas, em nome da integridade produtiva das nações e em nome da sustentabilidade dos ecossistemas de que a vida humana é parte integrante e indissociável.

As democracias ocidentais deixaram há muito de ser democracias (basta ler as estatísticas eleitorais.) Na realidade, o que temos são sociedades burocráticas sem trabalho, que nada ou pouco produzem, e que consomem o que de facto não podem pagar, a não ser contraindo mais daquilo que rapidamente aprendemos todos a contrair nas últimas quatro décadas: dívidas!

Os países europeus terão que passar rapidamente por um processo de profunda revolução ideológica e política. Vai ser preciso libertar da esfera burocrática estatal toda a comunicação, toda a administração e toda a ciência. Mas vai ser, por outro lado, absolutamente necessário reincorporar na esfera social, de uma forma distinta dos actuais sectores públicos, e público-privados, o bem comum: o ar que respiramos, a água que bebemos e alimenta o resto da Natureza, as vias da mobilidade humana, as fontes de energia, a agricultura e a indústria. Não é a propriedade privada em si que está em causa, mas a sua concentração, monopolização e transfiguração financeira. A tarefa é avassaladora e complexa. Mas nem por isso menos inadiável.


NOTAS
  1. List of countries by steel production

quarta-feira, março 10, 2010

Pico petrolífero

O petróleo regressou aos 80 $/b.
Se o Pico Petrolífero Mundial chegar em 2014 (previsão mais recente), ou mesmo em 2020, esqueçam os aeroportos!
Published Mar 10 2010 by Eureka Alert!, Archived Mar 11 2010
World crude oil production may peak a decade earlier than some predict
by American Chemical Society press release

In a finding that may speed efforts to conserve oil and intensify the search for alternative fuel sources, scientists in Kuwait predict that world conventional crude oil production will peak in 2014 — almost a decade earlier than some other predictions. Their study is in ACS' Energy & Fuels, a bi-monthly journal.

Ibrahim Nashawi and colleagues point out that rapid growth in global oil consumption has sparked a growing interest in predicting "peak oil" — the point where oil production reaches a maximum and then declines. Scientists have developed several models to forecast this point, and some put the date at 2020 or later. One of the most famous forecast models, called the Hubbert model, accurately predicted that oil production would peak in the United States in 1970. The model has since gained in popularity and has been used to forecast oil production worldwide. However, recent studies show that the model is insufficient to account for more complex oil production cycles of some countries. Those cycles can be heavily influenced by technology changes, politics, and other factors, the scientists say.

The new study describe development of a new version of the Hubbert model that accounts for these individual production trends to provide a more realistic and accurate oil production forecast. Using the new model, the scientists evaluated the oil production trends of 47 major oil-producing countries, which supply most of the world's conventional crude oil. They estimated that worldwide conventional crude oil production will peak in 2014, years earlier than anticipated. The scientists also showed that the world's oil reserves are being depleted at a rate of 2.1 percent a year. The new model could help inform energy-related decisions and public policy debate, they suggest. — in "World crude oil production may peak a decade earlier than some predict" | Energy Bulletin.
A dependência portuguesa do petróleo e do gás natural é enorme. Ao contrário do que as barragens de contra-informação do governo e da EDP têm vindo a fazer crer, a energia eléctrica que consumimos depende muito do gás natural e do fuel diesel, e mais grave ainda, a circulação de mercadorias por esse país fora depende quase exclusivamente do transporte rodoviário, como ficou demonstrado durante a crise provocada pela greve internacional de camionistas de Junho de 2008.

A destruição da linha férrea portuguesa, iniciada por Aníbal Cavaco Silva, o actual presidente da república (que talvez por estas e outras se mostra muito satisfeito com o PEC), e o atraso na mudança de bitola das fracas ligações ferroviárias existentes entre Portugal e Espanha, coloca Portugal numa situação particularmente frágil quando projectamos os impactos previsíveis de uma antecipação do Pico Petrolífero. Com o petróleo de novo nos $80/b, e a previsão da sua escassez a curto prazo, precipitará inevitavelmente uma crise económica, social e política sem precedentes no mundo.

Daqui que há muito venha desvalorizando os devaneios governamentais em volta do seu irrealista plano de transportes, invariavelmente ao serviço dos objectivos de curto prazo do Bloco Central do Betão.

OAM 697—10 Mar 2010 (última actualização: 13 Mar 11:25)

quinta-feira, novembro 19, 2009

Crise Global 73

Estamos ricos!




É a pior Economia dos 16 países da Zona Euro e a segunda pior entre os 30 considerados pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico. A OCDE divulgou hoje um relatório que apela a urgentes reformas estruturais. — "OCDE arrasa Economia portuguesa - Expresso.pt".
Só mesmo os nossos economistas é que não sabiam!

Com os turistas depenados do Reino Unido a afastarem-se das costas lusitanas, endividada, agarrada ao petróleo como poucas e estagnada por mais uma década, para que precisa a pior economia da União Europeia, de novo aeroporto e de mais autoestradas?

Quando é que a Assembleia da República se lembra de criar uma Comissão de Energia focada no Pico Petrolífero (1) e na inevitável transição do actual paradigma energético, que se aproxima a passos largos?

Já pensaram os nossos sempre aluados deputados no que vai acontecer por volta dos finais de 2010, quando o petróleo estabilizar num novo patamar entre os 80-100 dólares o barril? Já mediram o impacto deste flagelo energético no serviço da dívida pública e na capacidade de acção do Estado central e autárquico? Mais impostos — é o que querem?! Esqueçam, pois vamos todos fechar para balanço!

Já pensaram os nossos retardados economistas — que perdem demasiado tempo, embora compreensivelmente, em gabinetes de estudo com agendas pré-programadas — no impacto que um Euro a duas velocidades, i.e. com taxas de remuneração diferenciadas a Norte e a Sul da Europa, terá nas sempre eufóricas, mas cada vez mais moribundas, economias latinas do Sul da Europa?

A terceira guerra mundial pelos recursos energéticos, minerais e alimentares do planeta, está em marcha!

Por acaso, já pensou, quem tem que pensar, que se aproxima vertiginosamente o momento de implementar em Portugal uma economia de emergência, a qual implicará inevitavelmente a instauração de um regime de excepção energética e social?

A Islândia está cada vez mais perto de nós! Ou por outra, estamos cada vez mais perto da Islândia...

A Alemanha vai concentrar-se, como sempre, no seu espaço vital, i.e. no centro e leste europeus, na Rússia, nos Balcãs e no Médio Oriente, procurando conter um Obama desesperadamente tentado a dividir o petróleo e o gás iranianos com Pequim!

E nós? E quem somos nós?!


NOTAS
  1. As bolsas americanas e europeias dispararam ao longo de 2009 com o dinheiro lançado nos mercados financeiros pelos bancos centrais norte-americano, britânico e europeu a pretexto de salvar e disciplinar o sistema bancário. O que efectivamente se passou foi uma extorsão colossal da poupança pública mundial em direcção ao buraco negro criado por mais um catastrófico estouro do casino piramidal da economia capitalista global. Hoje os piratas de sempre (Goldman Sachs e Cª) têm-se entretido a empolar a nova bolha chamada Dívida Pública (sim, apostam nos futuros colapsos dos Estados!), ao mesmo tempo que empurram com toda a força as energias renováveis (eólica e solar) para a rampa ascendente de uma nova bolha especulativa, como se tem visto, por exemplo, na dança criminosa da endividada EDP (onde o Estado ainda detém mais de 26% do capital!) Com mais de 14 mil milhões de euros de dívidas acumuladas, anunciou ontem (18 NOV 2009) que a sua lebre, EDP Renováveis, irá investir 4 mil milhões de dólares na produção de energia eólica nos EUA!)

    A exuberância e o optimismo são, porém, puras manobras de circunstância. A verdade nua e crua é esta: a economia mundial caminha para um desastre sem precedentes, pois não soube até hoje desenhar uma escapatória racional para o declínio irreversível do paradigma de desenvolvimento assente no uso e abuso de fontes energéticas e matérias primas baratas, sem ter percebido a tempo que tais recursos eram e são irremediavelmente limitados. As fantasias do petróleo pesado brasileiro, venezuelano, canadiano e até lusitano, não passam de estratagemas de comunicação para empolar as bolsas locais e mundiais. As anunciadas reservas são ridiculamente escassas face ao consumo mundial actual e necessário para manter níveis mínimos de crescimento do PIB mundial (>85 milhões de barris/dia.) Uma vez chamadas a preencher o declínio acelerado das explorações petrolíferas actuais, as lamas, as areias betuminosas e o petróleo pesado que se encontra a 3000-6000 metros de profundidade (debaixo de camadas de sal com centenas de metros de espessura) não serão apenas ridiculamente escassos, como provavelmente inviáveis do ponto de vista comercial. Em suma: por volta de 2050 (se não for antes), o paradigma petrolífero terá chegado ao fim, mas nessa altura o planeta terá mais 2,2 mil milhões de almas do que os actuais 6,8 mil milhões! Como irá o mundo acomodar tão inimaginável transformação, se hoje e amanhã continuarmos alheios ao problema, deixando nomeadamente os políticos em roda livre? A minha filha terá em 2050, 70 anos. E a sua?

OAM 651 18-11-2009 18:30 (última actualização: 19-11-2009 10:12)

sexta-feira, novembro 06, 2009

Crise Global 71

O colapso da era industrial



A produção mundial de petróleo convencional estagnou em 2004. Por sua vez os autores da Teoria de Olduvai (The Olduvai Theory -- Energy, Population, and Industrial Civilization, by Richard C. Duncan ) defendem que em 1970 terminou o período de crescimento exponencial da produção de energia à escala mundial, daí decorrendo uma estagnação do valor médio da produção de energia per capita, a qual se terá estendido até 2008, ano que marca o princípio do fim da era industrial, bem como do crescimento demográfico, alimentado desde 1830 pelo uso intensivo de energia barata. Esta teoria, secundada por várias previsões desde finais do século 19 (Henry Adams em 1893, Frederick Ackerman em 1932, e King Hubbert em 1949), estima uma quebra da população humana mundial, de 6,9 mil milhões em 2015, para 2,0 mil milhões em 2050.

Segundo a Teoria de Olduvai (1), mais cedo ou mais tarde as redes eléctricas irão colapsar sob a forma de uma cascata global de cortes de energia irreversíveis (2)(3).

Desde 2004 que a produção petrolífera não vai além dos 85 milhões de barris por dia (85 MM bpd). É o chamado "plateau" (planalto) que assinala o fim de um crescimento exponencial. Ao mesmo tempo, 54 dos 65 mais importantes países produtores de petróleo (ou seja, 83%) já ultrapassarem o pico de produção. Em breve (2011...) o planalto em que se encontra actualmente a oferta mundial de petróleo dará passo ao declínio contínuo da produção, a uma taxa estimada entre 4,5% e 8% ao ano (Robert Hirsch.)

Mas se a produção quiser responder à pressão estimada da procura mundial, e atingir em dez anos (2010-2020) os almejados 112 MM bpd, então será necessário compensar o declínio produtivo já instalado com a extracção de mais 75 MM bpd de jazidas que todavia não foram descobertas. Ou seja, seria necessário acrescentar às reservas conhecidas, no decurso da próxima década, novas reservas, por descobrir, equivalentes a 8 Arábias Sauditas — quer dizer, a oito vezes o petróleo explorado e existente em todas as jazidas daquele deserto de excêntricos. Seria pois preciso descobrir e explorar um novo poço gigante em cada 15 meses ao longo dos próximos dez anos. Uma missão claramente impossível! Entre 2000 e 2007 o ritmo de descobertas de poços gigantes decaiu para uma média de 9 poços por década, quando na década de 1980 foi de 24, e nos anos 60, de 120.

Mas o mais aterrador é que, ao contrário do que se pensa, as chamadas energias alternativas jamais poderão restabelecer os extraordinários níveis de produção de energia per capita (e) que permitiram a aceleração histórica da modernidade. De facto, o declínio exponencial da produção petrolífera que começará a sentir-se de forma catastrófica em todo mundo por volta de 2011-2012, arrastará consigo o colapso do paradigma eléctrico desenvolvido entre 1880 e 1930. Não há petróleo sem electricidade... e não haverá electricidade (4) sem petróleo!

De algum modo poderá dizer-se que todos os problemas de sobre-população humana, alterações climáticas e destruição de recursos naturais e formas de vida induzidas pelo homem, serão em breve atalhados por um regresso catastrófico à agricultura e à dispersão corpuscular da humanidade. O sobressalto, até chegar a nova Idade Média, será muito mais drástico, mortal e aterrador do que o que decorreu da queda do Império Romano.

A actual implosão dos sistemas político-partidários (com o respectivo cortejo de corrupção, traições e populismo geral), o ciclo de depressão económica duradoura em que o mundo acaba de entrar e as guerras regionais, mundiais e civis que espreitam no horizonte, quando não estão já em curso, permitem-nos confirmar que a hora da nossa querida e louca civilização de prazer e consumo chegou ao fim.

É possível pensar em cenários e estratégias de mitigação da tragédia. Mas quererá alguém pô-los em prática?


POST SCRIPTUM
  • A propósito do desmiolado debate parlamentar em volta do surrealista programa de governo de José Sócrates (ainda sob o império corrupto e obtuso da Tríade de Macau), duas observações:
    1. o lamentável espectáculo oferecido a todos nós pela Oposição (salvaguardando, diga-se em abono da verdade, a inflexibilidade lúcida de Manuela Ferreira Leite) é o exemplo acabado da exaustão do actual sistema partidário; desconhece o que se passa no mundo real, compraz-se com jogos florais populistas e não propõe uma única medida séria de mitigação para a actual crise sistémica;
    2. não se podendo esperar nada de bom do actual regime político, teremos que começar urgentemente a estimular uma reorganização social a partir do zero. Ou melhor, a partir dos agrupamentos sociais elementares: famílias genéticas, profissionais e culturais, bairros, freguesias, aldeias, vilas e redes electrónicas de cidadania e inteligência colectiva (as grandes cidades terão que ser reestruturadas em redes de freguesias e bairros, e em redes electrónicas, enquanto puderem...) O exercício proposto é este: que precisa Portugal para aguentar o impacto do colapso energético em curso; que infraestrutura técnica e que tipo de organização do território precisará o país num cenário demográfico reduzido a 6 milhões de habitantes, com um PIB equivalente a 40-50% dos actuais 170 mil milhões de euros, num contexto internacional marcado pelo colapso sucessivo da Globalização e da União Europeia, e de uma mais do que provável e violenta fragmentação do reino de Espanha. Se não formos capazes de realizar este exercício de prospectiva estaremos certamente condenados a um triste fim.


2009 Commemorative Lecture : Dr. Dennis L. Meadows



NOTAS
  1. A designação desta teoria provém da Garganta de Olduvai, uma região de desfiladeiros no Norte da Tanzânia, onde se crê que os primeiros hominídeos, antecedentes do homem actual, surgiram. Ver imagem da Olduvai Gorge.

  2. "Peak Cheap Oil Update - Part I: The glass is half empty" (iTulip)

    ...Gasoline and diesel, distillates of crude oil, are unique as a liquid fuel. The amount of work a gallon of these fuels can do when by volume burned simply defies imagination. Consider the most mundane act of the automobile owner, stopping off at a gasoline station to refuel. A mere ten gallons of gasoline propels a two-ton vehicle hundreds of miles up and down hills at speed in excess of 60 miles per hour. Try pushing your car ten feet on a flat driveway and you will begin to appreciate how much work the gasoline in your tank is doing. The amount of work a liquid fuel can do by volume is referred to as its energy density. Liquid hydrogen, by comparison, has less than one third of the energy density of gasoline. That means that you need three times as much by volume to travel the same distance, assuming both the gasoline and hydrogen powered engines deliver the same number of miles per gallon.

    You can pour the gasoline into your tank on a hot summer’s day or in winter when the temperature is well below zero. Crude oil can be shipped through pipes over long distances in a wide range of temperatures and climates.

    Crude oil, and its distillates, is the one and only substance like this. No other liquid that humans can dig out of the ground, refine, and pour into a tank at any climate on earth even comes close. Every other liquid fuel, such as liquid hydrogen, has to be manufactured out of something else, then compressed, and if stored as a liquid kept at temperatures hundreds of degrees below zero. You cannot transport any other fuel through hundreds of miles of pipelines. Crude oil and its distillates can be piped over long distances at a wide range of naturally occurring temperatures, and stored cheaply in unpressurized tanks.

    We are using up this unique and irreplaceable liquid fuel source several million times faster than it was created by nature hundreds of millions of years ago. In a little more than two human life spans can we have used up half of all of the oil that took several million human life spans to accumulate.

    ... [Robert] Hirsh says that the only practical solutions [for oil depletion mitigation] are: conservation and rationing, wider use of heavy oils, more intensive oil recovery from existing fields, and conversion of natural gas to liquids and coal to liquids.

    Yet by Hirsh’s calculations, even if all of these methods of oil depletion mitigation are applied, assuming the optimistic 5% median annual global oil production decline rate, the world will still experience an oil shortage of 30% compared to current consumption rates.

    ...

    In economic terms, higher oil prices means that the global economy will shrink.

    Hirsh’s 2008 analysis of the impact of rising oil prices on economic growth revealed an approximate 1% decline in GDP per 1% decline in the oil supply. The 30% decline in oil supply in ten years following the end of the plateau in oil production at 5% per year, implies a 30% drop in GDP in a decade. During the first three years of The Great Depression, between 1930 and 1934, U.S. GDP declined 24%. Peak Oil implies a per-capita economic decline even more severe than The Great Depression, although the economic decline may be more gradual. -- in Peak Cheap Oil Update - Part I: The glass is half empty.

  3. Hirsch (2008) quantified how historic declines in world oil supply caused proportionate declines in world GDP. He provides a framework for mitigation planning including:

    "(1) a Best Case where maximum world oil production is followed by a multi-year plateau before the onset of a monatomic decline rate of 2-5% per year; (2) A Middling Case, where world oil production reaches a maximum, after which it drops into a long-term, 2-5% monotonic annual decline; and finally (3) a Worst Case, where the sharp peak of the Middling Case is degraded by oil exporter withholding, leading to world oil shortages growing potentially more rapidly than 2-5% per year, creating the most dire world economic impacts." -- in Wikipedia.

  4. The Olduvai Theory -- Energy, Population, and Industrial Civilization, by Richard C. Duncan (PDF)

    [...] The International Energy Agency (lEA, 2004) estimates that the cumulative worldwide energy investment funds required from 2003 to 2030 would be about $15.32 trillion (T, US 2000 $) allocated as follows: 1. Coal: $0.29T (1.9% of the total), 2. Oil: $2.69T (17.6%), 3. Gas: $2.69T (17.6%), 4. Electricity: $9.66T (63.1%). Thus the lEA projects that the worldwide investment funds essential for electricity will be 3.7 times the amount needed for oil alone, and much greater than all of that required for oil, gas, and coal combined. The OT says that the already debt-ridden nations, cities, and corporations will not be able to raise the $15.32 trillion in investment funds required by 2030 for world energy. (Not to mention the vastly greater investment funds required for agriculture, roads, streets, schools, railroads, water resources, sewer systems, and so forth.)

    --

    During the last two centuries we have known nothing but exponential growth and in parallel we have evolved what amounts to an exponential-growth culture, a culture so heavily dependent upon the continuance of exponential growth for its stability that it is incapable of reckoning with problems of no growth. (M. King Hubbert, 1976, p. 84)

    1. Coal grew exponentially for 209 years: 1700- 1909. 2. Oil grew exponentially for 137 years: 1833-1970. 3. Natural gas grew exponentially for 90 years: 1880-1970. 4. Hydroelectric energy grew exponentially for 82 years: 1890-1972. 5. Nuclear-electric energy grew exponentially for 20 years: 1955-1975. Note well that none of the five sources of primary energy production grew exponentially after 1975.

    World total energy production grew exponentially at about 4.6%/y from 1700 to 1909. Next it grew linearly at 2.2%/y from 1909 to 1930 and 1.5%/y from 1930 to 1945. Subsequently it surged exponentially at 5.5%/y from 1945 to 1970. This was followed by linear growth at 3.5%/y from 1970 to 1979. Thereafter world total energy production slowed to linear growth of about 1.5%/y from 1979 to 2003.

    World population grew linearly at an average of 0.5%/y from 1850 to 1909; 0.8%/y from 1909 to 1930; 1.0%/y from 1930 to 1945; 1.7%/y from 1945 to 1970; 1.8%/y from 1970 to 1979; and 1.5%/y from 1979 to 2003 (UN, 2004; USCB, 2004).

    Comparing the foregoing numbers: World total energy production easily outpaced world population growth from 1700 to 1979, but then from 1979 through 2003 total energy production and population growth went dead even at 1.5%/y each. World total energy production per capita, e, grew exponentially at 3.9%/y from 1700 to 1909. Thereafter it grew at linear rates of 1.4%/y from 1909 to 1930; 0.5%/y from 1930 to 1945; 3.7%/y from 1945 to 1970; 1.7%/y from 1970 to 1979; and 0.0%/y (i.e., zero net growth, called the ‘Plateau') from 1979 to 2003.

OAM 645 06-11-2009 01:22 (última actualização: 10:19)