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quarta-feira, outubro 24, 2012

Não voto, a menos que...


Sem abanão, este regime não cai. E não caindo, apodrecemos todos!

O voto branco é, por assim dizer, um voto voluntarista e por conseguinte mais político do que a abstenção, e menos ambíguo do que o voto nulo, que pode ser voluntário, ou inadvertido.

Os votos brancos andam ligeiramente acima dos 2% e abaixo dos 3%. Logo, para dar expressão sociológica e política ao voto branco seria necessário organizar esta decisão de votar branco. Uma ideia: formar um PARTIDO BRANCO, destinado precisamente a promover o voto branco, exigindo, por exemplo, que estes votos se traduzam em lugares no parlamento. É uma ideia polémica, mas mobilizadora. E poderá atrair algumas centenas de milhar de abstencionistas, se houver mobilização, desde logo a partir das redes sociais....

No entanto, há que valorizar devidamente a abstenção. Mais de 50% dos eleitores deixaram de votar, e mais de 100 mil estão a emigrar anualmente, deixando o país entregue à sua irresponsabilidade.

Continuar a votar nos partidos do sistema deixou de ser um ato de cidadania democrática, para converter-se numa manifestação imperdoável de distração, ou então, pior: uma espécie de ato de contrição dominical pelos pecados da democracia que nos levaram à bancarrota.

Lavar a consciência desta forma é, nesta fase de colapso inexorável do regime saído do 25 de Novembro, perigoso. Portugal depende demasiado do Estado, e o Estado depende demasiado dos bancos, dos partidos e das corporações instaladas. É urgente interromper este círculo vicioso!

Enquanto não varrermos o lixo partidário dos partidos, os devoristas e os rendeiros que conduziram o país à falência, e que continuam a gastar alegremente o que não têm, indo aos nossos bolsos e aos bolsos dos nossos filhos e netos, sem vergonha alguma, não sairemos do buraco sem fundo à vista em que nos vamos precipitando todos.

É preciso dar um sinal claro e muito forte a esta corja sem vergonha já nas próximas eleições, autárquicas!

  • NÃO VOTANDO
  • VOTANDO BRANCO
  • ou... (vão passando por este blogue!)

segunda-feira, setembro 21, 2009

Portugal 126

Um voto inteligente contra Sócrates

Acabo de receber um oportuno artigo sobre o que é preciso fazer para derrotar de vez a caricatura socialista que fizeram do PS. O artigo leva o título Voto Útil Contra O ps De sócrates, foi escrito por Fafe, com a colaboração (presumo) de Juvenal Paio, e está publicado no blogue PrimeiroFAX.

Se quer derrotar o actual PS, traído e esventrado pela Tríade de Macau e suas marionetas e papagaios amestrados, tem que conservar a cabeça fria e prestar alguma atenção ao método de Hondt, escolhido, imposto e aplicado para favorecer os grandes partidos e os distritos mais populosos, contra os partidos pequenos e médios, e contra as regiões, zonas e localidades menos povoadas do país. É um sistema injusto, mas que temos que perceber como funciona, para assim podermos votar de acordo com os nossos objectivos finais. Se queremos derrotar este governo de cretinos e vigaristas, se queremos viabilizar uma reforma profunda do nosso caduco sistema partidário, então teremos que começar por derrotar a pandilha de José Sócrates e o próprio José Sócrates com um voto inteligente!

E para isso, aqui vai uma tabela bem mais útil que os decibéis cada vez mais agressivos e enganadores da campanha eleitoral.

Para derrotar o "PS" de Sócrates, se vive nalgum dos distritos abaixo indicados, vote nas únicas opções capazes de contribuir objectivamente para nos livramos do engenheiro de aviário que nos tocou há quatro anos e meio na rifa.

  • Beja: votar na CDU
  • Bragança: votar PSD
  • Castelo Branco: votar PSD
  • Évora: votar CDU ou PSD
  • Faro: votar PSD ou Bloco
  • Guarda: votar PSD
  • Portalegre: votar PSD
  • Viana do Castelo: votar PSD ou CDS-PP
  • Vila Real: votar PSD
  • Açores: votar PSD
  • Madeira: votar PSD
Se vive nos grandes distritos e cidades, pode seguir mais de perto as suas inclinações, interesses ou inspiração. Neste caso recomendo ainda assim, muito fortemente, a preferência pelo partidos emergentes: o Bloco e o CDS-PP, pois só uma forte subida eleitoral destes dois partidos mudará de facto o corrompido, estafado e perigoso Bloco Central.

É este o tipo de contas que os estados-maiores dos partidos não se cansam nem cansarão de fazer e refazer, dia a dia, hora a hora, e em cada minuto que passa, até ao próximo e decisivo dia 27 de Setembro. Nós também!


Declaração pessoal de interesses

Já escrevi neste blogue mais de uma vez, e repito, que tenciono votar no Bloco de Esquerda para a Assembleia da República, no próximo dia 27 de Setembro; em António Capucho (PSD), para a Câmara Municipal de Cascais; e que me candidato pelo PS+Helena Roseta à Assembleia de Freguesia de São João de Brito. Contradição? Incoerência? Nem por isso!

Há certamente muita gente por este país fora que é capaz de fazer o mesmo. O que não é vulgar é assumir a coisa. Há um tabu, que os partidos políticos alimentam como se fossemos todos imbecis e não soubéssemos distinguir as subtilezas de uma votação com os seus contornos de classe mais ou menos oportunistas e diferenças ideológicas cada vez menos claras. Em vez de cair na armadilha do "voto útil" —suplicado pateticamente pelo PS e pelo PSD—, os portugueses estão rapidamente a adoptar a praxis alternativa do que resolvi chamar "voto inteligente". Esta é certamente uma arma poderosa para mudar positivamente o rumo da democracia portuguesa. Usemo-la, pois, com a determinação estratégica que merece.


OAM 624 20-09-2009 18:42

segunda-feira, junho 08, 2009

Portugal 107

A vitória do voto inteligente

O Bloco Central da ganância, dos interesses, da incompetência, da chulice e da corrupção começou a ruir nestas eleições europeias. O temível papão da "ingovernabilidade" agitado pelos opinocratas de serviço à nossa indolente democracia não é mais do que o feliz anúncio do possível fim de três décadas de democracia endogâmica e subdesenvolvida.

Em termos globais, todos os grupos partidários candidatos ao parlamento europeu (ver quadros) à excepção dos Verdes e dos micro-partidos (uma míriade de novas propostas) perderam votos. Por sua vez, em Portugal (ver quadros) o padrão partidário começa efectivamente a mudar a partir destas eleições: o Bloco Central desfaz-se, o PCP perdeu a terceira posição que detinha no espectro parlamentar, o Bloco de Esquerda substitui-o na posição de terceira força eleitoral do país, o CDS-PP tem uma recuperação notável e, tal como sucedeu no resto da Europa, os micro-partidos arrecadaram em conjunto uma apreciável votação: 12,2% no território europeu; 11,98% em Portugal (1). Os novos partidos estão a caminho!

Em termos simples, a principal conclusão a retirar destas eleições é esta: a cidadania europeia procura e quer alternativas justas, credíveis e viáveis ao pântano neoliberal que mergulhou a economia e as sociedades europeias num deserto de areias movediças sem fim à vista. Os partidos socialistas de Portugal, Espanha e Reino Unido sofreram todos derrotas humilhantes, por um e claro motivo: a traição neoliberal indecorosa às suas próprias ideologias e programas, em nome da avidez, da cupidez, do oportunismo pessoal e dos interesses mafiosos que se apoderaram destes partidos. Chegou a hora de correr sem cerimónias com esta canalha e restaurar a identidade da social-democracia socialista europeia.

As vitórias saborosas do PSD e do CDS-PP devem-se em grande medida aos protagonistas Paulo Rangel e Nuno Melo. Ou seja, é preciso renovar a classe política! A síndroma salazarista que pariu uma gerontocracia vazia de ideias, mas agarrada ao poder, nos partidos políticos e nas organizações sindicais, deve ser posta a nu em todo o espectro partidário e por esta via induzir a emergência de caras novas, e sobretudo de novos estilos de fazer política e de comunicar. Paulo Rangel e Nuno Melo revelaram-se dois bons exemplos do político por vir. Tal como estes novos protagonistas, Francisco Louçã tem sabido fazer a diferença. Vamos estar muito atentos ao comportamentos destas novas estrelas do firmamento partidário lusitano, pois da qualidade das suas prestações dependerá certamente a velocidade da renovação do actual espectro partidário.

Quem venceu estas eleições foi de facto um protagonista inesperado, mas que cada vez mais determina a marcha do regime: o voto inteligente. O voto inteligente é um voto táctico com uma intenção estratégica. Dou-vos o meu exemplo: votei no Bloco de Esquerda, quando em circunstâncias diversas teria votado no PS. Voltarei a votar no Bloco nas Legislativas que se aproximam. Mas já no que toca às eleições autárquicas, fiz ultimamente uma mudança de agulha: irei apoiar António Costa contra Santana Lopes. Será um apoio crítico e exigente, mas na verdade é-me intolerável pensar na hipótese do regresso do teddy boy das avenidas ao Largo do Município. Esta acepção do exercício do direito e dever de votar, como um jogo de estratégia, é uma tendência que tem vindo a consolidar-se e que supera em muito o mero "voto útil". Voltaremos ao tema em próximos textos.

O pinóquio que temos como primeiro ministro cerrou os dentes e tocou a reunir o governo. Duvido que surta grande efeito. Espero até que o dito des-governo comece a ruir em breve. Para já, há que travar a fundo a sua alarve subserviência diante dos agarrados à mama dos grandes investimentos (Mota-Engil, Teixeira Duarte, Grupo BES, Soares da Costa, Grupo Lena e quejandos). Chegou o momento de despachar o inenarrável fumador de cachimbo Mário Lino para qualquer lugarejo perdido do Atlas. Chegou o momento de travar o bacoco líder da EDP, António Mexia, da sua criminosa sanha barragista. Chegou o momento de colocar o actual governo, que dura inexplicavelmente para lá do tempo para que foi eleito, em velocidade de gestão.

Post scriptum — depois do PS, o maior derrotado destas eleições foram as vergonhosas empresas de sondagens que temos, a começar pelo canina Eurosondagem. A subserviência oportunista destas empresas de algibeira ficou escancarada. Só falta metê-las nos eixos da probidade profissional, quanto antes! Ou encerrá-las, como o Gago fez às universidades incómodas!!


NOTAS
  1. Os votos nulos e brancos registados nestas eleições em Portugal (6,53%) somados aos 11,98% de votos em micro-partidos — aproximam-se já dos 19% — ou seja, um partido virtual situado na terceira posição do nosso espectro eleitoral! Há por conseguinte muito caminho pela frente na reestruturação do sistema partidário português. Só faltam mesmo protagonistas credíveis.


OAM 589 08-06-2009 10:40 (última actualização: 16:01)