quinta-feira, setembro 27, 2007

Crise Global 4

Jardim Gonçalves, por Luis Rocha
Jardim Gonçalves, por Luis Rocha




Saldos BCP!


27-09-2007. "O banco belga-holandês Fortis está vender 140 milhões de acções do BCP, o que corresponde a 3,9% do capital. Após concretizar a venda, o parceiro dos seguros do BCP sai do capital da instituição liderada por Filipe Pinhal. O Fortis está a proceder à alienação através de um livro de ordens acelerado que está aberto desde segunda-feira, segundo apurou -- Jornal de Negócios online"






O governo Sócrates assobia para o ar, em vez de explicar aos portugueses o que já é uma evidência: o mundo acaba de mergulhar numa profundíssima crise financeira de consequências imprevisíveis. A economia é a vítima que se segue. Recomendação: converta o seu dinheiro virtual em algo palpável, útil e duradouro!

27-09-2007 20:32. Razão tem o Sr. Carlos Tavares, da CMVM, quando desmente os optimistas de serviço (Ministro das Finanças e Governador do Banco de Portugal), ao alertar: "Não podemos presumir que Portugal não é afectado pela crise, nem que não há risco de contágio por não haver exposição directa." (in Público 27-09-2007)

O António Maria há mais de seis meses que vem alertando, do alto da sua ignorância, para a profundidade sistémica da crise em curso. A derrocada portuguesa começou com o encerramento do Fundo BPI Renda Trimestral, continuou com a queda catastrófica do valor em bolsa do BCP, assiste hoje à venda massiva de acções BCP por parte do Fortis, e vai piorar nos próximos dias e meses. O petróleo acaba de bater mais máximo absoluto (82,93 USD) e o Euro está às portas dos 1,42 USD.

Como temos vindo a recomendar há meses, venda todo o papel virtual que comprou sem saber o que fazia, e se tem liquidez disponível, guarde-a parcialmente debaixo do colchão e invista algum do pilim na amortização de hipotecas pendentes (sobretudo as relativas a bens essenciais, como a casa ou viaturas de trabalho), compre algum ouro legítimo (cuidado com as falsificações!), quintas e quintinnhas produtivas, de preferência perto de vilas e cidades. Os apartamentos e casas próximos de interfaces de transportes também são uma boa aposta para quem dispõe de liquidez. Escape dos bancos e sobretudo dos fundos de investimento. Quanto antes!!

Nunca mais ouvi falar do comendador Berardo. Lá esperto é ele!

-- OAM 248

Portugal 5



Um país de doidos...

A história conta-se numa frase: Santana Lopes foi convidado pela SIC Notícias para comentar a actual situação política portuguesa e em particular o estado calamitoso do seu partido, provavelmente à beira de uma cisão Norte-Sul, mas decidiu abandonar o estúdio depois de ser interrompido, sem aviso público prévio de que tal poderia ocorrer, por causa da chegada ao aeroporto da Portela do mais bem pago treinador de futebol do mundo -- José Mourinho.

Então a SIC não sabe o que são rodapés?! Tinha mesmo que interromper (por ordem de Ricardo Costa) um convidado de um noticiário seu, para mostrar uma cambada de baratas tontas atrás dum treinador de futebol mudo, de costas e pago com o ouro roubado ao povo russo por um crápula doentio chamado Roman Abramovic?! Não chegam já as horas a fio que tem dedicado ao tema, como se fosse uma coisa importante para o país?

Pelo bar-amostra que tenho diante de minha casa, onde uma módica massa cinzenta por lá se junta diariamente, entre imperiais, atropelos gramaticais e gritos, o mundo é uma bola de ouro, pela qual vibra que nem uma igreja em êxtase. Nenhuma das criaturas psicologicamente aturdidas que frequentam aquele e outros bares deste país parece saber que o bezerro que move a bola é um bandido. E lá vão cantando, chorando e rindo...

O comentador desportivo Santana Lopes (espécie de Menem alfacinha) marcou, inesperadamente, um golo. Disse, na sua qualidade de putativo candidato à liderança de um novo partido populista-liberal, que o país está doido (o que é verdade), e mandou a Ana Lourenço (a profissional de comunicação mais sexy da TV) às urtigas.

Portanto, já não são só o Ricardo Salgado e o Luís Filipe Vieira quem mandam Pinto Balsemão - dono da Impresa e selecto convidado do poderoso Bilderberg Group - às urtigas. Sinal dos tempos... -- OAM 247

quarta-feira, setembro 26, 2007

Portugal 4

Palácio de Belém, Gabinete de Trabalho do Presidente
Palácio de Belém, Gabinete de Trabalho do Presidente

Poder: cenários futuristas

Não pertenço à classe de portugueses que inclui Manuel Maria Carrilho (MMC) entre os seus inimigos de estimação. Enquanto foi, foi um bom ministro da cultura, num país inculto, preguiçoso, ciumento e subsídio-dependente. Quem lhe sucedeu, ou foi gente cuja memória pura e simplesmente se apagou, ou são criaturas que confundem efusivamente dromedários, especuladores sem escrúpulos e a falta de ideias com política cultural.

Por outro lado, Carrilho denunciou a tempo e horas a balbúrdia da autarquia lisboeta e os seus desavergonhados protagonistas, sem que uma agulha bulisse na quieta melancolia dos apparatchiks do caminho, até que se incendiaram! A crise partidária, por outro lado, não parece ter remédio, nem no CDS/PP, nem no PSD, nem no Bloco, nem (ver-se-à muito em breve...) no Partido Socialista. Embora com pinças, o actual vice-presidente da bancada parlamentar do PS decidiu que era o momento certo para iniciar um debate público sobre os principais desafios que o país enfrenta:
-- o seu atraso económico (não confundir com crescimento do PIB), político e cultural;
-- a desorientação intelectual aflitiva que parece ter-se apoderado de todos nós, sobretudo quando é patente a crise sistémica global em que o mundo acaba de entrar em consequência da loucura imperial norte-americana e do cada vez mais irritante e perigoso anti-europeísmo das sombras rothchildianas que há muito comandam os destinos do Reino Unido;
-- a preocupante falta de visão estratégica, por parte de Portugal, face à Europa e ao seu flanco ocidental (Reino Unido, Espanha, Portugal);
-- em suma, a liquefacção do actual sistema politico-partidário.

Seleccionei as passagens que me pareceram mais sintomáticas das preocupações de MMC: a iminência de uma implosão do actual sistema partidário, face à qual as dissidências conhecidas parecem fraca alternativa (Manuel Alegre, Helena Roseta, Carmona Rodrigues); a necessidade de um "golpe de asa" na acção do governo de José Sócrates, com a suspensão de projectos inviáveis (como a Ota, digo eu), a correcção de mira noutros e sobretudo novas ideias e iniciativas (por exemplo, um plano ferroviário e aeroportuário urgente, com pés e cabeça, digo eu); e, por fim, a eleição de uma prioridade agregadora em volta dos adjectivos qualificação e qualidade, com direito a ministério próprio.

Sobre a crise partidária, um tema sobre o qual escrevi mais de uma vez e a que volto neste ensejo, insisto nesta ideia chave: ou o actual sistema partidário se reforma, ou teremos forçosamente pela frente um presidencialismo cada mais insidioso, de que o cavaquismo II pode muito bem ser (está a ser...) a rampa de lançamento, e que, no quadro de um crise sistémica (própria e importada), acabará por ser bem-vindo. A maioria de 2/3 para a necessária revisão constitucional não é sequer grande obstáculo a este cenário. Basta que uma maioria clara da opinião pública e parte importante dos empresários do país estejam em sintonia, para que tal "correcção" do sistema ocorra.

O cenário da alteração do quadro partidário, por sua vez, embora parecendo à partida improvável, nomeadamente por causa da debilidade dos protagonistas até agora expelidos do sistema pelas contracções inevitáveis dos actuais aparelhos de poder (corporativo, político e partidário), tem teoricamente pernas para andar. O sistema partidário divide-se basicamente entre duas tipologias de acção política: a situacionista, confundida quase exclusivamente com o Bloco Central (principal responsável das grandezas e misérias do regime); e a pseudo-oposicionista, na qual cabem, com o mesmo tipo de acção e de resultados, o CDS-PP, o PCP e o Bloco (principais responsáveis pela falta de soluções alternativas ao pântano do Bloco Central.)

Nenhum dos pequenos partidos exerce qualquer influência no curso dos acontecimentos, mas a ânsia de todos eles de subirem a sebenta escada da respeitabilidade parlamentar levou-os ao mais completo descrédito: não pensam nas coisas, não propõem soluções, não decidem nem mandam, mas dispõem-se a compromissos baratos mal lhes acenam com uma qualquer cenoura de respeitabilidade. Daí que, à excepção do PCP (um fóssil cada vez mais imprestável,) os demais corpúsculos partidários, embora impossibilitados de mover uma pedra, podem ser atraídos por forças renovadoras que eventualmente surjam do interior, seja do PS, seja do PSD.

Em tempos pareceu que Santana Lopes poderia atrair Paulo Portas para formarem um partido liberal capaz de partir ao meio o PSD. Noutro momento parecia que Manuel Alegre, e depois Helena Roseta, poderiam conjurar uma cisão oportuna no PS, atraindo para a nova formação parte do Bloco de Esquerda (coligação estagnada num emaranhado de contradições e oportunismo.) Nada disto veio a suceder, nem parece que possa ocorrer, desta maneira, no futuro. Mas uma coisa é certa, e nisto MMC tem plena razão, o actual sistema partidário entrou num ralo implosivo, de que nem o PCP se salvaguardará completamente. Por onde irá o mesmo quebrar e renovar-se, para evitar a implosão, eis o que resta adivinhar.

O ideal seria que o actual sistema parlamentar pudesse contar rapidamente com quatro ou cinco partidos de vocação governamental, isto é, formações ideologicamente diversas, mas analíticas, propositivas e pragmáticas. O velho PS deveria cindir-se em duas modalidades de social-democracia (uma mais socialista, no sentido estatizante da palavra, que incluiria gente descontente do Bloco; e outra mais social-democrata, que corresponderia à clique filo-macaense que domina o PS desde o saneamento de António Guterres.) Por sua vez, o exangue PSD deveria quebrar ao meio tão cedo quanto possível (o ideal é que fosse já, na sequência do fiasco proporcionado por Luis Menezes e Luis Marques Mendes), dando lugar a um partido liberal em Lisboa (com incorporação de parte significativa do actual CDS-PP) e a um partido social-populista no Porto, regionalista, centrado na defesa do Norte do país, que bem precisa! O quinto partido, provavelmente de inspiração presidencial, seria imaginado à imagem e semelhança dos partidos centristas e europeístas anunciados em França, na Itália e em Espanha, tendo por principal vector a ideia de que são necessários novos partidos geneticamente europeus, capazes de produzirem a tão almejada, necessária, mas longínqua unidade estratégica europeia. Neste quadro, o PCP, o BE e o CDS-PP, ou o que destes parques jurássicos sobrasse, dificilmente teriam possibilidades de regressar às áreas institucionais do exercício do poder. Seriam, de facto, as principais vítimas desta necessária metamorfose do sistema político-partidário português.

O momento é propício e exigente. A sociedade encontra-se à beira de um ataque de nervos, e a economia também. Nunca, nos últimos dois séculos, esteve a humanidade perante escolhas civilizacionais tão decisivas: onde começa e acaba a vida? onde começa e acaba o indivíduo? onde começa e acaba a família? onde começa e acaba a sociedade? onde começa e acaba a responsabilidade social? onde começa e acaba a política? onde começa e acaba a prevalência da inteligência humana sobre as demais inteligências e a inteligência global da Terra (Gaia)? Ainda iremos a tempo de evitar o grande colapso da humanidade? Poderemos evitar o aquecimento global? Seremos capazes de instaurar um sistema de eficiência energética à escala planetária? Seremos capazes de reduzir drasticamente as nossas expectativas consumistas? Seremos suficientemente humildes para regressar ao equilíbrio demográfico da nossa própria espécie, deixando espaço vital às demais formas de vida, de que dependemos absolutamente? Seremos capazes de aprender a morrer, deixando morrer a volúpia puritana e assassina do capitalismo? Ou será que iremos preferir o caminho do extermínio fratricida?

Os caminhos do futuro não estão traçados. A crise, se não se agravar subitamente, potenciará a diversidade dos pensamentos e das soluções. Portugal, se não quiser acabar os seus dias numa apagada e vil tristeza, tem aqui uma oportunidade para se renovar a sério. Assim haja coragem! -- OAM 246


Post Scriptum -- Cavaco Silva, por ocasião da segunda reunião do Conselho para a Globalização, uma sua iniciativa, lançada há cerca de um ano, e que terá segunda edição brevemente, sob o tema "Pensar Global, Agir Global", defende três eixos prioritários de reflexão e iniciativa: inovação, competência e flexibilidade. O primeiro, tem sobretudo que ver com estratégia e conhecimento intensivo; o segundo, prende-se com as ideias de Manuel Maria Carrilho sobre qualificação e qualidade; a flexibilidade, por fim, emana de um pragmatismo político associado à defesa de uma ética do capitalismo ("o crescimento económico fundado na destruição social é inaceitável" -- Cavaco dixit.)

Nada disto é fácil, ou dito doutro modo, para que qualquer destes objectivos possa ser alcançado, o caminho para lá chegar não passa por regar mais dinheiro público sobre os problemas e esperar que alguma coisa medre, mas por seleccionar criteriosamente os passos a dar, definindo um conjunto estratégico de unidades de missão e de projecto, um número limitado e muito exigente de parcerias público-privadas transparentes, sustentáveis e rigorosamente avaliadas, a simplificação e responsabilização da administração pública, e a extinção das escandalosas mordomias que ainda beneficiam um número incompreensível de burocratas e faunos de partido. Para aqui chegar, o primeiro que se pede aos políticos é que sejam políticos, em vez de falsos engenheiros ou inside traders, isto é, que definam publicamente o que pensam e que propostas têm para resolver os problemas mais agudos que afligem a nossa sociedade. O tempo escasseia.


ENCRUZILHADAS DO REFORMISMO
Manuel Maria Carrilho, ex-ministro da cultura e vice-presidente do grupo parlamentar do Partido Socialista

(extractos)

A IMPLOSÃO PARTIDÁRIA

"Poucos o pressentem ainda, mas estamos na concha de uma vaga que pode trazer muitas e assinaláveis surpresas nos próximos tempos.

Por isso, nesta "rentrée", e na perspectiva do que se poderá passar até ao Outono de 2009, gostaria de destacar três aspectos, que me parecem dos mais decisivos: as ameaças que pairam sobre o sistema partidário, que ficaram claras com as eleições intercalares de Lisboa; a tensão entre expectativas e impasses que marcam a acção governativa, e que podem afectar o actual ciclo reformista; e a necessidade de dar forma a um novo impulso estratégico, que robusteça o ânimo e o rumo do Governo e do País." (...)

"É certo que é fácil criticar os partidos – mas é imperioso reconhecer que isso acontece porque eles estão mesmo mal!" (...)

"Da gigantesca abstenção até aos valores obtidos pelos “dissidentes”, da desmotivação dos cidadãos até à fragmentação dos eleitos, tudo veio ajudar a empurrar o descrédito partidário para limiares que podem ser verdadeiramente implosivos.
Porque a implosão está perto: ela apenas depende do agravamento de dois factores: por um lado, da ilusão que os independentes podem representar de um modo mais genuíno a sociedade civil na vida democrática. E, por outro lado, do bloqueador vazio que se vive no interior dos partidos, que se tornaram cada vez mais em organizações de eleitos sobretudo preocupados com a eleição seguinte." (...)

"Portugal está assim, três décadas depois do 25 de Abril, refém de uma poderosa tenaz política, entalado entre partidos profundamente esclerosados e uns ocasionais ímpetos independentistas, sem verdadeira coerência ou consistência." (...)

"A situação exige assim que os partidos portugueses - e nomeadamente o PS, como maior partido português - encetem uma profunda transformação, se não querem que cada eleição os torne ainda mais frágeis, acossados entre o descrédito público, o ressentimento activo de alguns dissidentes e as ilusões de outros tantos independentes.
Ameaça que, no caso dos grandes partidos, os poderá condenar à gestão de maiorias relativas cada vez mais impotentes. Hipótese que se reforçará se – na linha de tantos sinais!… - os movimentos que estão em gestação “à esquerda” do PS e “à direita” do PSD, vierem a disputar as próximas eleições, em 2009. Para já não falar do novo «partido de Belém», ideia recentemente defendida por Villaverde Cabral e a fazer o seu caminho…" (...)

"A reconquista da credibilidade dos partidos e dos políticos passa hoje por uma porta estreita, que é a da coerência com que praticam aquilo que proclamam. O PS, talvez porque chegou inesperadamente ao poder em 2005, tem-se socorrido sobretudo de uma cultura, digamos, tecno-ministerial. Mas do que ele agora precisa, é de assumir a receita que prescreve para o país: ou seja, de se reformar a si próprio, dando esse exemplo e esse sinal ao país. (...)

"Reformar-se, dinamizando um - pelo menos um! - think-tank de referência e diversos blogs temáticos que promovam o conhecimento sério e estimulem o debate aberto e regular dos problemas do país e do mundo, criando para o efeito estruturas leves, dinâmicas, descentralizadas, lusófonas e internacionais."

EXPECTATIVAS E IMPASSES

"A meio do mandato, o que é preciso é apurar com o maior acerto possível o que é que se pode concluir, o que é aconselhável adiar, o que é urgente acelerar, o que é incontornável alterar. O país precisa desse balanço, bem como da clarificação de quais as opções que se mantêm para o futuro, e das que se modificaram fruto das circunstâncias e do debate público. E também daquelas em que é necessário improvisar e inovar." (...)

"Em suma, ninguém pode negar, honesta e realisticamente, a existência de tensões entre as expectativas dos portugueses e os diversos impasses que persistem. Tensões que são naturais nesta fase da legislatura, mas a que importa pôr cobro quanto antes, reforçando a confiança dos portugueses.
O que exige, para lá de determinação, um golpe de asa no sentido da renovação. Como afirmou G. Mulgan - que durante sete anos dirigiu o “gabinete de estratégia” de Blair - para um governo reformista, é vital que ele próprio se mantenha capaz de renovação. Joga-se aqui não só a sua credibilidade mas também, em geral, a sua duração. E este ponto é decisivo, porque nenhum reformismo triunfa sem um ciclo de duas ou três legislaturas."

O NOVO IMPULSO

"1 - que sejam afectados à qualificação dos portugueses pelo menos 50% dos recursos financeiros do QREN, e não apenas os 37 % que têm sido previstos. É certo que este valor é superior aos 26% anteriores, mas ainda é insuficiente para dar o salto que se ambiciona. Este salto impõe que se duplique aquela percentagem, bem como o empenho político neste objectivo.
2 - que o desígnio da qualificação dos portugueses se traduza num plano global, estruturado e coerente, para as áreas da educação (do pré-primário à Universidade), da formação, da comunicação, da ciência e da cultura.
Este plano deveria identificar-se com a ambição de transformar o país numa «Nova República», com um programa com que se deveria desde já preparar o próximo 1º Centenário da República em 2010, reinventando nas circunstâncias de hoje o que foi um dos grandes sonhos falhados de 1910.
3 - que se dê peso e força política a este desígnio nacional, institucionalizando um Conselho de Ministros para a Qualificação, sob a direcção de um Vice-Primeiro Ministro para a Qualificação."

Crise Global 3



É o Capitalismo, estúpido!

Os trabalhadores da General Motors, membros da UAW (International Union, United Automobile, Aerospace and Agricultural Implement Workers of America), entraram em greve nacional ontem, 24-09-2007, às 11 da manhã. Esta é primeira greve nacional promovida por aquele poderoso sindicato nos últimos 37 anos. Mais de 80 unidades de produção afectadas, em pelo menos 30 estados da União, é o resultado, para já, das duras negociações em curso.

A GM perdeu 70% dos seus trabalhadores nos últimos 12 anos.
Os donos da multinacional automóvel, abraços com uma crise sem precedentes desde 2005 (CNN), que quase levou a empresa à falência em Março de 2006 (Guardian), pretendem transferir 51 mil milhões de dólares de responsabilidade com as reformas e despesas de saúde dos seus trabalhadores e respectivas famílias para fundos controlados pelos próprios sindicatos (union-controlled trust funds.)

Para quem pensava que isto era apenas uma crise de crédito mal parado, é bom começar a tomar mais atenção à literatura económica especializada. Quanto ao ministro das finanças português e ao director do Banco de Portugal, talvez fosse bom falarem verdade aos portugueses, começando por falar verdade ao primeiro ministro. Ou estão à espera que o BCP e a TAP abram falência, e uma centena de Câmara Municipais se declarem insolventes?!

Tal como o desassossego na antiga Birmânia, que tanto parece preocupar o fundamentalista cristão George W. Bush, a crise automóvel que atinge e se agravará na América, ao longo dos próximos anos, deriva do mesmo mal: o fim de um paradigma energético. Veremos se o pregador conseguirá resolver as sucessivas crises sociais que atravessarão o seu país nos próximos tempos, sem recorrer aos caceteiros da Guarda Nacional. -- OAM 245

Alta Velocidade

O Maglev Transrapid sobre as areias árabes do Golfo (simulação)


Transrapid

O comboio de levitação magnética, Maglev, Transrapid (vel. 300-500Km/h) na versão alemã, de que um protótipo sofreu um acidente fatal há precisamente um ano (23 mortos), ligará daqui a alguns anos a Estação Central de Munique ao aeroporto Franz-Josef Strauß (38Km) em 10mn, anunciaram as autoridades do Estado alemão da Baviera. O serviço será prestado por cinco comboios de 3 carruagens.

O Transrapid transportou (a uma velocidade operacional de 430Km/h), de Janeiro de 2004 a Outubro de 2006, 8 milhões de passageiros, entre o Aeroporto Internacional de Pudong e a estação de Long Yang (cada viagem tem a duração de 8mn), na Margem Sul da cidade-região de Xangai, prevendo-se que a actual linha venha a ser prolongada até ao antigo aeroporto de Hong Qiao e até à cidade de Hangzhou, passando o seu comprimento total para os 200Km. A China estuda ainda a possibilidade de ligar Xangai a Pequim (1300Km) com este sistema de transporte por levitação magnética. A duração da viagem será de 3 horas.

Projectos similares estão também em curso na região do Golfo Pérsico --ligação Doha/Qatar-Manana/Bahrain (145Km; 30mn)-- e nos Emiratos Árabes Unidos --ligação Abu Dhabi City-Dubai (180Km; 38mn).

No Reino Unido, pensa-se numa ligação de 800 Km entre Glasgow e Londres, com 14 estações e um tempo de ligação Londres-Glasgow na casa das 2h40mn.

Na Holanda, o Transrapid ligará um dia, numa grande circular (a Randstad Nederland) de aproximadamente 230Km, os municípios de Haia, Schiphol (mega-aeroporto), Amesterdão, Almere, Amersfoort, Utreque e Roterdão, em apenas 45mn.

Nos Estados Unidos, haverá ligações entre Baltimore e Washington (62,8Km; 18,5mn), Pittsburgh Airport e Pittsburgh-Greensburg (86,9Km; 35mn) e Las Vegas-Los Angeles (56Km; 11mn).

Em suma, na Europa Central e de Leste estão previstas várias ligações: Berlim-Varsóvia (580Km)-Moscovo (1850Km); Berlim-Cracóvia (590Km)-Kiev (1500Km); Berlim-Budapeste-Tessalónica (2000Km) e Berlim-Praga-Viena-Bratislava-Budapeste (950Km).

Se somarmos este ambicioso plano estratégico alemão ao projecto franco-espanhol da Alta Velocidade, ficaremos com uma fotografia muito nítida do que está realmente em jogo na União Europeia em matéria de mobilidade, coesão económico-social, intercâmbio cultural e estratégia política comum.

Quanto às vantagens comparativas do Maglev (Transrapid) relativamente ao sistema de tracção ferroviária de Alta Velocidade, não existem ainda estudos no terreno, mas apenas avaliações teóricas, de que destaco o paper universitário "Engineering Comparison of High-Speed Rail and Maglev Systems: A Case Study of Beijing-Shanghai Corridor", onde se pode ler:
It is clear that both HSR and Maglev are sophisticated and technically advanced guideway technologies. While both technologies are capable of operating at the speed greater than 250 kilometers per hour, the design speed for Maglev is higher due to its inherited non-contact technology. It is true that all HSR systems including TGV, ICE, and SKS have tested speed in the magnitude of more than 400 km/h. Maglev, however, provides higher practical operating speed. In addition, Maglev, theoretically, may also consume less energy, emit less noise, and can be established in compact land use forms. (Rongfang Liu, Yi Deng et al.)

A rede de transportes portuguesa não pode deixar de ser analisada e decidida à luz destes dados cruciais. Trata-se de uma questão estratégica tão vital quanto as que se prendem com a independência energética, a segurança alimentar, a coesão económico-social e a capacidade de auto-defesa da Europa. Tudo deve ser discutido sem demoras e com rigor. Depois, precisamos de cabeça fria e capacidade de decisão. Cá estaremos para acompanhar este ambicioso desafio.

Para já vale mesmo a pena visitar o sítio da Transrapid, não só pelos excelentes vídeos e gráficos, como sobretudo pelos dados técnicos e económicos fornecidos. -- OAM 244 (actualizado em 01-10-2007, 16:44)

terça-feira, setembro 25, 2007

Petroleo 10

Asfixia energética

Monges budistas desfilam em Yangun
Milhares de monges budistas percorrem ruas da capital Yangun
na maior manifestação em 20 anos contra junta militar de Mianmar.

Manifestações em Mianmar (antiga Birmânia) tiveram início no mês passado por causa do aumento de combustíveis. A gasolina subiu 100% de uma só vez e o gás natural subiu cinco vezes ao longo deste ano. A manifestação de 23/09/2007, que reuniu 20 mil pessoas, entre as quais mais de 3 mil monges budistas, está a gerar uma crise política de consequências imprevisíveis no actual regime militar que governa a antiga colónia britânica vizinha da China, do Laos, da Tailândia, do Bangladesh e da India. -- in Folha online 24/09/2007.

Este género de crise, há muito anunciado pelos estudiosos do Pico Petrolífero (Peak Oil), tenderá a repetir-se um pouco por todo o planeta, com primordial incidência nos países e zonas económicas mais débeis. Veremos assim um número crescente de crises políticas com carácter de massas, potencialmente violentas, em volta das subidas bruscas dos preços da gasolina/gasóleo, gás, leite, pão, rações, adubos, ..., água. Tal como agora se remeteu a causa da crise para os rodapés das notícias, erguendo uma cortina de fumo em seu redor (no caso, uma manobra de diversão do trio Bush-Cheney-Rice para chatear os chineses), é provável que encobrimentos semelhantes ocorram no futuro.


Referências:
Blog de ciber-dissidência de Ko Htike
Album fotográfico da ciber-dissidência de Lae Moe


OAM #243 00:55 24 SET 2007 (UTC)

quarta-feira, setembro 19, 2007

Aeroportos 36

Rapada n1



Rapada n2 p1



Rapada n2 p2



Rapada n3



Rapada n4


Évora aqui tão perto!

Demonstração de que Portugal não precisa da Ota, nem de Alcochete para coisa nenhuma, e de que não faltam pistas excelentes (Montijo, Évora, Fátima...) para as Low Cost -- principais responsáveis pelo crescimento do turismo em 2006-2007. Viva a aviação portuguesa!

OAM #242 00:39, 19 SET 2007 (UTC)