quarta-feira, março 18, 2015

Eu votaria na Mariana se...


Precisamos de uma democracia eletrónica em rede com a democracia tradicional


Um discurso de esquerda com cabeça, tronco e membros começa a emergir no país. Como já escrevi, o colapso a breve trecho do bloco central da corrupção irá abrir uma enorme cratera no país político, social e cultural que temos.

Se não quisermos resvalar para uma extrema direita ainda mais obscura e mentalmente atrasada do que a que a atual e insolvente democracia herdou do passado, que a todo o momento poderá surgir do aparente nada, é bom começarmos a colocar as nossas apostas em discursos como este, que deixam para trás a retórica esquizofrénica dos amanhãs que cantam e procuram soluções para o país.

Eu não votarei no Bloco de Esquerda, mas votaria na Mariana Mortágua para deputada do próximo parlamento se houvesse listas uninominais.

Precisamos de uma democracia em rede, arejada, lúcida e corajosa.

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segunda-feira, março 16, 2015

O dedo de Varoufakis

Yanis Varoufakis numa palestra em 2013 sobre o futuro da Grécia.
O dedo no ar é um efeito especial ;)

O Syriza aposta no colapso do euro


Tudo o que é preciso saber sobre o que Varoufakis pensa da Alemanha e do euro.
Vale a pena ver este vídeo. O novo governo grego aposta no colapso do euro, e não no colapso da Grécia, pois esta já colapsou :(

Ou seja, o governo grego vai continuar a manter a batata quente ao colo do Schäuble, e do BCE.

Muda-se a terminologia, o BCE diz que não envia mais, mas envia mais dinheiro, e em maio saberemos todos quantos atores participam nesta farsa a caminho da tragédia.

Varoufakis' Latest Fiasco: FinMin Claims "Middle Finger To Germany" Clip Fake; Germany Disagrees
Zero Hedge, Submitted by Tyler Durden on 03/16/2015 11:46 -0400

It was a tough weekend (again) for Greece's embattled FinMin Yanis Varoufakis. After walking out on a CNBC interview when asked if he was a liability (after his photo shoot caused a storm in Greece), a video surfaced showing the outspoken minister giving the middle finger to Germany saying "solve the problem yourself." He has come out swinging this morning, as The Telegraph reports, Varoufakis exclaims, "That video was doctored. I've never given the finger, I've never given the middle finger ever." However, the user who uploaded it to YouTube denied it was a fake and, based on The Telegraph's poll, 67% believe Varoufakis did it. Furthemore, the German talk-show that aired the clip has confirmed "no evidence of manipulation or falsification," and, for the first time, a majority of Germans now want Greece out of the union.

O dedo no ar é falso!

Todo o audio do vídeo viral é verdadeiro, incluindo a frase "stick the finger to Germany", mas o gesto, esse resultou de uma trucagem genial realizada por um programa de humor do canal público de televisão alemão ZDF. Ver a revelação da fraude humorística nesta reportagem.

Jan Bohermann, host of satirical programme "Neo Magazin Royale" on public broadcaster ZDF, claimed he had been waiting since Sunday for someone to ask him if he had faked the controversial footage, but no one had questioned him.

"Sorry Mr Varoufakis, we won't do it again," he said, detailing how a production team had manipulated the video.

Atualização: 21/3/2015 23:59

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A Europa está a mudar!

Marie Le Pen é uma filha da degradação da democracia francesa

O próximo governo português (qualquer que seja) não fará mais do que escancarar as portas à emergência de soluções radicais num país arruinado e liderado por elites imbecis, corruptas e sem vergonha


National Front likely to emerge as first force in French local elections
EurActiv, Published: 16/03/2015 - 07:47

France's far-right National Front is set to win more votes than any other party in the first round of local elections next Sunday, a poll showed, with the governing Socialist party coming a very distant third.

Se a nomenclatura demopopulista no poder em Bruxelas, Londres, Paris, Berlim, Madrid ou Lisboa, acha que pode e deve destruir as classes médias, continuando a corromper-se até à medula, e a mentir, confiante na proteção das torres de marfim que os contribuintes pagam, então a extrema esquerda e a extrema direita disputarão o poder, com sucesso e o apoio crescente de milhões de europeus.

Às partidocracias e aos bancos esgotaram-se-lhes as ideias. Apenas sabem mentir e espoliar as suas bases de apoio eleitoral e os seus próprios clientes. Não têm já nenhuma vergonha do mal que fazem.

A sorte que os espera não será necessariamente risonha.

Não se esqueçam deste aviso.

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quarta-feira, março 11, 2015

A água-furtada do Costa (II)


António Costa, mais um político sem ética, nem ideias

Vasos comunicantes de uma democracia corrupta


Enquanto a 'esquerda' jurássica desesperada se atira como uma matilha de cães esfomeados às pernas do primeiro ministro por um crime que este enquanto cidadão relapso não cometeu —repito, não cometeu— no século passado, o caso da água-furtada do putativo candidato cor-de-rosa a próximo primeiro ministro, mostra até que ponto a democracia portuguesa se transformou num sistema corrupto de vasos comunicantes entre banqueiros, empreiteiros e seus arquitetos, comunicação social e partidos, com alguns idiotas de serviço no papel de pensadores impolutos do regime.

Quando ganha o biógrafo de Álvaro Cunha na Quadratura do Cìrculo? O mesmo que ganhou António Costa? Como é possível que um político de segundo grau (na realidade nunca passou de sargento-ajudante de Sócrates) ganhe num programa de televisão que ninguém vê, e que se limita a quatro horas de cavaqueira mole por semana, mais do que ganha na função de presidente da capital do país, supostamente um emprego com dedicação exclusiva?

Que lucra a Impresa e o resto da comunicação social indígena com este género de negócios? Será que por infestarem jornais, revistas e televisões com a tropa partidária o regime, ou o modelo moribundo da imprensa que temos, irão sobreviver? É evidente que não!

Espero bem que o eleitorado comece a varrer esta corja partidária do podium do regime já nas próximas eleições. Ou não votando, que é a solução mais sábia, ou votando em qualquer partido que não tenha ainda sentado o rabo no parlamento.

Feito contra parecer da CML, mas como pertence à família Violas, conhecida mecenas do PS...

António Costa viveu dois anos num duplex feito contra parecer da câmara
Público, José António Cerejo, 11/03/2015 - 07:32

A construção do duplex da Avenida da Liberdade no qual António Costa viveu, entre Julho de 2012 e o final do ano passado, foi autorizada pela Câmara de Lisboa, no início de 2010, contra a opinião dos técnicos do Núcleo Residente da Estrutura Consultiva do Plano Director Municipal.

O apartamento, que não se encontra em propriedade horizontal, e faz parte de um prédio pertencente a uma imobiliária da família Violas (casinos Solverde e BPI, entre outros investimentos), tinha acabado de ser construído quando o autarca passou a habitá-lo.

Líder do PS chegou a ganhar cerca de 7700 euros por mês na Quadratura do Círculo e diz que pagou 1100 euros mensais, durante dois anos, por um duplex novo na Av. da Liberdade, em Lisboa.


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segunda-feira, março 09, 2015

PSPP: BCE compra, mas há quem venda?

O BCE tb comunica via Tiwtter. Neste caso, o arranque do PSPP

Tudo bem no Reino da Dinamarca? Não...


Todos vendem exceto os gregos, embora menos do que se esperava neste arranque da diarreia monetarista europeia. Os juros implícitos das dividas públicas europeias descem em toda a parte menos em Atenas, onde sobem e de que maneira!

  • 09-Mar-2015 04:51 - GREEK BOND YIELDS PUSHING HIGHER; SHORT-END UNDER PRESSURE
  • 09-Mar-2015 04:52 - 2-YR GREECE YIELDS 14.99%; +117BPS - TRADEWEB
  • 09-Mar-2015 04:52 - 5YR GREECE YIELDS 13.04%; +105BPS - TRADEWEB
  • 09-Mar-2015 04:53 - 10YR GREECE YIELDS 9.70%; +38BPS - TRADEWEB

Se o BCE assegura a compra, no mercado secundário, de dívida pública da maioria dos países da Eurolândia, e este simpels anúncio faz cair as rendibilidades deste produto financeiro e os juros implícitos das dívidas soberanas, que interesse terão os bancos e fundos de investimento com títulos de dívida pública nas suas carteiras em desfazer-se destes ativos se, depois, as futuras obrigações soberanas irão assegurar rentabilidades sucessivamente inferiores, ou até rentabilidades negativas?

Percebe-se que os governos rolem as suas dívidas trocando dívida cara por dívida barata, mas não entendo qual é a vantagem de um tomador de dívida cara trocá-la por dívida barata... a menos que o banco ou o fundo esteja em perigo de insolvência a curto prazo, ou haja perigo de incumprimento soberano. Mas não é o BCE que vem assegurar aos mercados que, afinal, sempre é o lender —and the buyer—of last resort da Eurolândia—“no matter what it takes!” (Draghi dixit)?

Ler a este propósito “The European Central Bank as a lender of last resort”, de Paul De Grauwe, no Vox de 18 /8/ 2011.

Sobre este arranque do PSPP
  • “ECB Starts Buying German, Italian Government Bonds Under QE Plan”. Bloomberg
  • “Start Of European QE Upstaged By Greek Jitters; Apple Unveils iWatch”. Zero Hedge
  • “BCE já iniciou compras de dívida pública”. Jornal de Negócios


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Feminismo e pós-feminismo

Lucretia Mott (1793 - 1880), pioneira dos movimento pelos direitos das mulheres.
Pintura de Joseph Kyle (1815 - 1863). - no Smithonian National Portrait Gallery

8 de março, Dia da Mulher


Duas das maiores impulsionadoras do movimento pelos direitos das mulheres não eram propriamente anarquistas, nem militantes de esquerda. Lucrecia Mott era uma sacerdotisa Quaker e professora norte-americana. Quando descobriu que o seu salário era 1/3 daquele que qualquer colega seu homem auferia decidiu-se a lutar pela igualdade de géneros, ampliando assim o foco libertário de uma religião que desde a Revolução Americana defendia a abolição da escravatura.

Estátua de Emmeline Pankhurst inaugurada em 1930, Londres

Por sua vez, a inglesa Emmeline Pankhurst, depois de ver frustrada a sua tentativa de entrada no Independent Labour Party (ILP), acabaria por filiar-se, em 1927, um ano antes da sua morte, no Partido Conservador, depois de ter fundado, entre um episódio e outro, o Women's Social and Political Union (WSPU). Em 1928, menos de um mês após a sua morte, o Partido Conservador estendia o direito de voto às mulheres com mais de 21 anos.

Fotografia do chamado Bra Burning; 'Freedmon Trash Can', 1968
A segunda grande vaga de feminismo deu-se nos anos 60 do século passado, sob o impulso do movimentos estudantil, anti-guerra (do Vietname) e hippie. O livro de Betty Friedan, The Feminine Mystique, publicado em 1963, foi o rastilho ideológico do qual saira, nomeadamente, o movimento NOW, National Organization for Women.

Madonna foi, nas décadas de 1980 e 1990, um dos marcantes fenómenos do pós-feminismo

Nos anos 80 do século passado começou a falar-se da morte do feminismo, de pós-feminismo, e o que vimos foi, na realidade, uma espécie de explosão neoliberal, sexista e comercial do feminismo em formatos, por vezes, misóginos e hiper-narcisistas—com todas as angústias que um tal fenómeno não poderia deixar de provocar entre muitas raparigas e mulheres nos seus vários trânsitos geracionais.

Sobretudo na música e na moda as mulheres tomaram as rédeas da sua exposição erótica e do seu próprio negócio corporal. Num certo sentido, podemos dizer que o feminismo atingiu aqui o seu zénite, assumindo os direitos e o controlo da exposição do corpo, da intimidade e das narrativas, incluindo o universo e o negócio da pornografia.

Estamos no século 21. Um século mais implosivo do que explosivo, marcado pelo regresso futurista, em modo Twitter e Instagram, de fantasmas do passado. O sexismo parece começar a ceder a um pós-feminismo envolvido em causas sociais e morais agudas, umas feministas e outras mais abrangentes, ou focadas nas novas vítimas da violência e exploração sem limites: os conflitos geo-políticos que usam o ultraje e a violência medieval contra as mulheres como agenda de terror mediático, ou a pedofilia.

Um bom artigo sobre este tema:

Who's Afraid of Post-Feminism? What It Means To Be A Feminist Today
Jenna Goudreau, Forbes, 12/13/2011

Recently explored in New York magazine’s “The Rebirth Of The Feminist Manifesto,” the new-media feminists and “lady-centered blogosphere” have created a new vocabulary: Womanist, girrl, mujerista, women’s liberationist, anti-oppression activist.

“I consider myself a hip-hop feminist,” says Latoya Peterson, 28, editor of the blog Racialicious. “The term ‘feminist’ is complicated for me, largely for reasons of race and class.” But the underlying beliefs are ever present: “Ultimately, the idea is an equitable society–and everyone should be able to get behind that.”

“What women will sometimes do is say ‘I’m no feminist but…’ and then everything that comes out of her mouth is rip-roaring, furious feminism!” laughs longtime activist Morgan. “The bottom line: I don’t care if a woman wants to call herself ‘squirrel,’ as long as she fights for herself and other women.”

Atualização: 9 mar 2015 09:30


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domingo, março 08, 2015

BCE: expansão quantitativa para quem?

«My unconventional argument is that the Fed is much more concerned about financial stability than they let on», says James Bianco.

Dia 9 de março as bolsas vão disparar na Europa. E na economia real?


The ECB and national central banks of the Eurosystem will start buying bonds on Monday, March 9 as part of the public sector purchase programme (PSPP). ECB
Se o que Mario Draghi anunciou no dia 5 de março servir apenas para ensopar dívidas soberanas, estimular a especulação bolsista e enriquecer os já muito ricos, espera-o provavelmente, a ele, mas também à eurocracia no seu conjunto, e aos governos nacionais, uma surpresa, isto é, o início de um processo de sincronização das lutas sociais, culturais e políticas contra a destruição da classe média.

Ou seja, se a expansão quantitativa do BCE tiver os mesmos efeitos que teve nos EUA, e no Japão, os 99% que se vão sentir roubados já têm representação política... nos novos extremos da ação partidária...

«Draghi is going to make the same mistake as the Fed»
Finanz und Wirtschaft, 10:17 - März 6th 2015

James Bianco, President of Bianco Research, cautions about the unintended consequences of the new European stimulus program and doesn’t think that the Federal Reserve is going to raise interest rates this year.
[...]

Christoph Gisiger, Chicago —  You have been one of the first in the investment community to correctly predict that QE2 is going to heat up the stock market. Is this also true for the European QE-program which is starting this month?

Sure, just look at the German Dax. It’s up 17% this year whereas the S&P 500 is up 2%. A lot of European stocks have really taken off in the wake of the European QE. It’s going to do the same thing that it did in the US: It’s going to drive asset prices higher. Except now, they are driving yields to negative. They are driving them below zero to get people to go out in the risk curve. So by pushing up asset prices ECB president Draghi is going to make the same mistake as the Fed.

How come?

The program will push up asset prices but it won’t necessarily create jobs and GDP growth. And to that end it will create more strife within the central bank. In the US as an outgrowth of that, culturally we had the Occupy Wall Street movement and we created the phrase «the one percent». So the wealthy own equities and assets and they are benefiting from QE. And that is going to create a lot of unhappiness because if you are not in the one percent you do not own a lot of assets. You are relying on a middle class job and you really are suffering.

Here is my new favorite example: The website TrueCar pointed out that average cars that cost 33’000 $ or less last year in total number of unit sales went up 4%. Cars that cost 50’000 $ were up 30% and cars that cost 70’000 $ or more were up 50% in sales. So if your business is selling 120’000 $ electric cars like Tesla you had a fantastic year. But if your business is selling 22’000 $ Toyota Corollas it was a very, very difficult year for you.

What are the consequences of that?

If Europe is not careful they are going to wind up with the same problem. This program does very, very well for the wealthy in the rich sections of Rome or Madrid.  But in the suburbs where the poor live it is going to create a lot of tension.


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