Do PS a Marinho Pinto, passando pelo PCP e pelo Bloco, os efeitos do maremoto grego serão devastadores, nas próximas eleições e depois.
Há dois tipos de populismo: o do regime instalado, dominado por rendeiros, devoristas e corporações egoístas e corruptas, o qual endividou o país para ganhar eleições e para benefício das suas clientelas, e o populismo que aposta na desgraça para alastrar como se fosse uma gripe, mas que tem o efeito dos cilindros compressores do alcatrão—por onde passa arrasa tudo por igual.
Ninguém, no seu perfeito juízo, irá dar o seu voto a espontâneos que ainda não provaram nada no terreno. O exemplo do que tem acontecido na turma de Marinho e Pinto é, aliás, um claro aviso à navegação. Paulo Morais vai pelo mesmo caminho.
É por estas e por outras que os eleitores estiveram ontem pregados aos televisores, cheios de dúvidas, tentando perceber o que poderão esperar do próximo governo de Passos Coelho.
Ou muito me engano, ou acabarão por optar entre o que conhecem, i.e. a coligação entre Passos Coelho e Portas, e o que também conhecem, ou seja, António Costa, ex-ministro de José Sócrates, de quem nunca se demarcou —e não me refiro, obviamente, ao arguido que está detido em Évora, suspeito de corrupção, mas ao político que atirou Portugal para a sua mais grave bancarrota desde o final do século 19, que só não foi declarada, nem caímos imediatamente numa situação grega, porque tivemos as mãos da Troika a impedir que o dique cedesse à pressão dos credores.
Post scriptum — tenho defendido a necessidade da emergência de novos partidos e a necessidade de uma renovação e reforma profunda dos partidos existentes e com assento no sistema. A primeira hipótese mostra-se, neste momento, demasiado frágil para caminhar até ao próximo parlamento, por falta de ideias realmente inovadoras, maniqueísmo partidário e, sobretudo, falta de juventude; a renovação interna dos partidos, por sua vez, tem progredido no PSD e no Bloco, no PCP só quando os velhos guardiões caírem todos da cadeira é que poderemos esperar mudanças mais sensíveis, e no CDS e Partido Socialista continua congelada à volta de gerações gastas e demasiado comprometidas com o descalabro do país. Não interessa saber se vou votar ou não, ou se prefiro o Bloco ou o PSD. O que aqui faço é escutar a sensibilidade dos eleitores potencias. Neste patamar da realidade prevejo uma maioria da coligação PSD-CDS nas próximas eleições (possivelmente absoluta).
Atualizado em 25/7/2015 11:10