quinta-feira, março 03, 2016

Da austeridade às restrições do pós-capitalismo burocrático



Uma das formas de restruturar as dívidas públicas e privadas, e salvar bancos TBTF, é expropriar paulatinamente o capital, as poupanças e o rendimento do trabalho.


Remuneração dos depósitos a prazo abaixo dos 0,5% pela primeira vez 
Económico, 00:07 Catarina Melo 

A banca nacional está cada vez menos generosa a remunerar os depósitos dos portugueses. Dados disponibilizados ontem pelo ‘site’ do Banco Central Europeu (BCE) mostram que, em Janeiro, a remuneração dos depósitos a prazo, em Portugal, baixou pela primeira vez a fasquia dos 0,5%. Nesse mês, a taxa de juro das novas aplicações em depósitos a prazo fixou-se, em média, nos 0,49%, o que corresponde ao nível mais baixo de sempre tendo em conta o histórico disponível que remonta ao início de 2003.  
A quebra da remuneração dos depósitos a prazo acompanha o rumo descendente das taxas de juro de referência e a cada vez menor aposta dos bancos nesta classe de produtos financeiros, já que não têm urgência em captar depósitos de modo a equilibrarem o rácio de transformação. Além disso, a banca nacional defronta ainda uma menor concorrência pela via dos produtos de poupança do Estado desde que estes sofreram um corte de remunerações no arranque do ano passado.

No entanto, a nomenclatura partidária e nepotista instalada autoriza subidas nas faturas da EDP acima dos 2,4%, e aumentos no salário mínimo acima dos 18%! Depois admiram-se que os bancos portugueses estejam todos mortos ou a morrer na praia (exceto, ao que parece, a Caixa de Crédito Agrícola e a até agora blindada Caixa Geral de Depósitos).

Eis em síntese a situação portuguesa (2015-2016)

  • Crescimento do PIB em 2016: menos de 1,5% (est.) ; 1,3% em 2015 ; 0,39% entre 1988-2015
  • Dívida pública (2015): 129%
  • Dívida total: acima dos 350%
  • Inflação (2015): 0,6%
  • Taxa de juro de referência (BCE): 0,05%
  • Remunerações dos depósitos a prazo (jan-fev 2016): abaixo dos 0,5%
  • Salário mínimo (2016): +18,85% (previsão) ; entre 2008-2015: +19%
  • Pensões até €628,8: +0,33% a +0,4% ; uma pensão de 628€ subirá de 1,88€ a 2,51€/mês
  • Energia elétrica: +2,5% (mais 400% x inflação)
  • Telecomunicações: +2,5% (mais 400% x inflação)
  • Livros escolares: +2,5% (mais 400% x inflação)

Um artigo recomendável
Portugal’s Debts Are (Also) Unsustainable 
Erico Matias Tavares | Sinclair & Co. | Linkedin 
Everyone seems to be focusing on Greece these days – a country so indebted that it needs even more loans to repay just a fraction of its gigantic credits. Clearly this is unsustainable and something has to give. Even the IMF agrees 
But what about the other Southern European countries? 
Actually, Portugal’s financial situation is looking particularly shaky, and any hiccups could have serious cross-border repercussions from Madrid all the way to Berlin.
The prevailing narrative is that Portugal has been a star pupil compared to Greece, with austerity delivering much better results 
The government, a coalition of a center party and center-right party that together have held the majority of parliamentary seats since the 2011 election, pretty much followed all the major guidelines demanded by its creditors (the famous “Troika”) pursuant to the 2010 bailout, and was even praised for it. 
Exports have performed exceedingly well given everything that was going on domestically and abroad; 
the managers of small and medium enterprises in Portugal are true heroes, operating in difficult conditions and with limited access to credit. 
Portugal has recently become a darling of international real estate investors and tourists. 
The country’s citizens have stoically endured a range of tough austerity measures with surprisingly little social disruption. 
So it is understandable that hopes for Portugal’s future are much rosier than in Greece… AND YET ITS FINANCIAL SITUATION IS ALSO UNSUSTAINABLE! 
We realize that this is quite a bold statement. So to support our argument we will use some simple math to show where government finances stand after five years of austerity.

quarta-feira, março 02, 2016

Pânico na banca portuguesa


Santander-Totta-Banif persegue agora o Novo Banco


O lóbi ligado ao Cavaco está em pânico. A campanha começou com Vítor Bento, depois foi o programa Prós e Contras, e ontem o apelo feito por Alexandre Patrício Gouveia no programa do Medina Carreira. Este responsável quer que o BCE aceite as exigências locais. Como se o BCE tivesse que obedecer ao Governo português.
O programa Olhos nos Olhos de ontem fica para a história. Alguns responsáveis do país só agora perceberam que já não mandam nada. RR

Ontem ouvimos no programa Olhos nos Olhos (TVI) um apelo lancinante pela manutenção do ex-BES (Novo Banco) sob controlo do regime populista, incompetente, irresponsável e corrupto que conduziu o país à bancarrota. Tarde demais.

O pânico foi descrito assim por Alexandre Patrício Gouveia:

“...o Banco Central Europeu entende —e já transmitiu essa mensagem, essa posição, a várias entidades em Portugal— que o mercado da banca comercial deve ser repartido entre a Caixa Geral de Depósitos, o Banco Santander, o BBVA, e o La Caixa da Catalunha. Tem esta visão como uma forma fácil e rápida de resolver o problema, acabando com os problemas de gestão bancária em Portugal, arrumando o assunto com grandes grupos bancários.”

O banco Santander é o maior banco da zona euro, e está entre os 30 maiores bancos do planeta, mas como assinalámos em post anterior (“Banca portuguesa por um fio”) apenas 0,77% da instituição pertence aos acionistas que detêm o respetivo controlo gestionário: a família Botín.

Este pequeno detalhe significa que a preocupação do BCE relativamente ao Santander, que necessita de reforçar a sua almofada de capital (TLAC) em mais de 27 mil milhões de euros, até 2019(1), é de natureza sistémica, enquanto a sua preocupação relativamente aos Banifs e Novos Bancos desta Europa se resume à necessidade de tirar as maçãs podres do cesto bancário europeu, procedendo cumulativamente ao reforço das suas grandes instituições bancárias, absorvendo nomeadamente os ativos bons dos pequenos e médios bancos insolventes. O Novo Banco detém responsabilidades em depósitos na ordem dos 20 mil milhões de euros, mas ninguém ofereceu até hoje mais de 2000 milhões pela instituição(2). Que aconteceria se a TVI repetisse a graça que deitou o Banif ao chão, entregando os despojos bons ao Santander?

Para o BCE é essencial demonstrar que o mecanismo de resolução aplicado ao falido BES funciona. Dificilmente aceitará qualquer desvio à sua estratégia, menos ainda a nacionalização do Novo Banco, e muito menos a sua integração na Caixa Geral de Depósitos, pois implicaria transpor para os contribuintes mais um enorme custo bancário, ao arrepio do próprio Mecanismo Único de Resolução que entrou em vigor no dia 1 de janeiro de 2016.

Alternativa ao Santander já houve. Chamou-se Fosun. O que não houve foi coragem para vender o NB a este grupo chinês. Agora, tudo será mais difícil.


ÚLTIMA HORA

CMVM suspende negociação das ações do BPI
RTP 02 Mar, 2016, 11:14 / atualizado em 02 Mar, 2016, 12:01

Mais um banco fora da órbita indígena. Desta vez nas mãos de els nostres germans catalans! Como seria de esperar, Isabel dos Santos, e Angola em geral, não resistiram às pressões do... BCE. Pobre país, o nosso, que mais parece uma carcaça moribunda rodeada de abutres. Quem nos conduziu ao precipício é incapaz de nos salvar. Da esquerda à direita, entenda-se. Tempo de renovar a casta dirigente, nos partidos, nas empresas e nos bancos.


NOTAS

  1. “El grupo Santander necesitaría 27.600 millones extra para cumplir las nuevas exigencias para bancos sistémicos”. Expansión, 25/9/2015.
  2. Apesar de avaliado em 4mM€ ninguém ofereceu pelo Novo Banco mais de 2mM€. Aliás, nos últimos seis meses o ex-BES poderá ter perdido 50% do seu valor. Para chegarmos a esta estimativa basta ponderar nisto: o Stoxx 600 Europe Banks (47 bancos europeus, entre os quais o BCP) perdeu 40% do seu valor desde 31 de julho de 2015 (28,8% nos últimos 12 meses). Outro valor a ponderar é este: o BCP perdeu 60% nos últimos doze meses. E ainda: em 2015 o Novo Banco teve prejuízos de 980 M€. Em suma, o banco bom do BES, atualmente sob um regime de resolução bancária diretamente controlado pelo BCE/Banco de Portugal, poderá neste momento valer pouco mais do que 220 M€ (2000 M€ - 800 M€ - 980M€), apesar de deter uma carteira de depósitos de 20 mil milhões de euros.

Procura agregada mundial estagnada


Baltic Dry Index (BDIY:IND)

Concentração ameaça pequenas economias extrativas e/ou mal geridas


Autoridades chinesas confirmam que a COSCO vai mudar alianças
29 Fevereiro, 2016 at 17:34 | por T& 

O sub-director do Instituto dos Transportes da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China, Yin Zhen, veio, agora, confirmar esse objectivo. “A China Cosco Shipping deseja formar uma aliança mais forte, que possa desafiar o ascendente da 2M na rota Este-Oeste, assim como cortar ligações com alguns parceiros mais fracos nas actuais alianças para prevenir perdas financeiras futuras”, referiu, citado pelo jornal estatal “China Daily” 
Um porta-voz da COSCOCS acrescentou que “formar uma união maior pode, efectivamente, compensar” crescimentos de volume mais baixos e sobrecapacidade. “A China Cosco Shipping vai escolher os futuros parceiros de forma cautelosa para estabelecer uma aliança forte na actual conjuntura”, disse.A queda consistente da procura agregada mundial está a induzir grandes operações de concentração estratégica empresarial, não só no setor financeiro, mas também nos transportes... 

Para países pequenos e pouco produtivos como Portugal, esta tendência pode revelar-se fatal, sobretudo se andarmos a dormir, como até agora.

A deriva demo-populista e casca grossa da geringonça que usurpou o poder à coligação que venceu as últimas legislativas, propagandeando ainda por cima a divisão do país entre esquerda e direita, só poderá piorar ainda mais o nosso declínio coletivo.

sexta-feira, fevereiro 26, 2016

Hiper-Keynes à beira do precipício. PIGS fora do euro?

Wolfgang Schäuble - ministro das finanças alemão

Goste-se ou não de Schäuble, o homem fala a mais pura das verdades 


Schäuble: política expansionista está a criar “economias-zombies” 
Negócios, 26 Fevereiro 2016, 09:41 
“O modelo de crescimento baseado na dívida atingiu os seus limites. Está mesmo a causar novos problemas, aumentando o endividamento, gerando bolhas e riscos excessivos, tornando a economia ‘zombie’”, afirmou Schäuble na madrugada desta sexta-feira, 26 de Fevereiro na reunião de banqueiros centrais e ministros das Finanças das 20 maiores economias do mundo, em Xangai, China. 

De facto, Portugal nunca esteve tão perto de se tornar uma economia zombie. Com boa parte do tecido industrial destroçado ou exaurido em dívidas, atrasado e falho de competitividade, com os principais grupos rendeiros falidos e em saldos desde que voltámos a ajoelhar perante os credores (2011-...), com a banca insolvente e nas unhas de espanhóis, catalães, chineses e angolanos (nomeadamente por efeito da sua excessiva exposição à bolha imobiliária, ao Estado social-populista e suas EPs artificialmente colocadas fora do perímetro orçamental, aos rendeiros do regime e à fuga em frente destes para os países emergentes), com os grupos privados de comunicação social falidos, e uma TAP a caminho do desastre, Portugal, ou se reforma de uma vez por todas, começando por ajustar a dimensão do estado e da despesa pública aos seus rendimentos reais, ou acabará por se deparar um dia destes com as portas do crédito internacional fechadas. A solidariedade fiscal da UE chegou aos seus próprios limites, como a crise dos refugiados tem vindo a demonstrar.

Mas para quem ainda acredita em rosas, foices e martelos, a discussão em curso, sotto voce, sobre o sugerido mecanismo de insolvência soberana, aplicável aos euro-países cujos graus de endividamento atingiram pontos de não retorno, colocando cada vez mais prementemente na ordem do dia a necessidade de uma mutualização das suas dívidas, ou o referido mecanismo de insolvência soberana, sob pena de ocorrerem danos irreparáveis na Zona Euro, é a que mais deve importar a todos nós. Não estou, porém, nada seguro, que a saída de Portugal da zona euro seja melhor do que pôr as contas públicas, os rendeiros e os piratas do regime na ordem.

«Mecanismo de Insolvência Soberana»: Merkel propõe-se impedir-nos o Acesso ao Mercado financeiro >>> O Governo das Esquerdas, o PSD e o CDS/PP apoiam-na? 
O Economista Português. Posted on Fevereiro 25, 2016
Portugal, Itália e Espanha «correm o risco de serem atingidos por uma séria crise de confiança», afirma o Professor Bofinger. 
[...]
O Sr. Primeiro Ministro, no debate do Orçamento, referiu a reestruturação da nossa dívida por acordo com os credores. Ninguém valorizou financeiramente a fórmula, que passou por um simples  puxão de orelhas ao financeiro Centeno,  mas ela não parece ingénua. O Dr. António Costa parece estar ao corrente do plano da Srª Merkel, não terá dito nada aos seus concidadãos e prepara-se para o aprovar, se é que não o aprovou já?  O novo plano da Srª Merkel é com efeito apresentável como uma reestruturação da dívida alcançada por acordo com os nossos credores – e à custa dos portugueses, a exemplo de tantas outras maravilhas recentes do federalismo europeu, adoradas acriticamente pela nossa classe política, como o fundo de resolução bancária. O Economista Português gostaria também de conhecer a opinião sobre o assunto dos outros partidos políticos da situação: o PSD, o CDS/PP – além dos que apoiam o governo, o PS, do PCP e do Bloco de Esquerda.

German ‘bail-in’ plan for government bonds risks blowing up the euro 
‘If I were a politician in Italy, I’d want my own currency as fast as possible: that is the only way to avoid going bankrupt,’ said German ‘Wise Man’ 
Telegraph. By Ambrose Evans-Pritchard | 7:27PM GMT 15 Feb 2016 

A new German plan to impose “haircuts” on holders of eurozone sovereign debt risks igniting an unstoppable European bond crisis and could force Italy and Spain to restore their own currencies, a top adviser to the German government has warned. 
“It is the fastest way to break up the eurozone,” said Professor Peter Bofinger, one of the five “Wise Men” on the German Council of Economic Advisers. 
“A speculative attack could come very fast. If I were a politician in Italy and I was confronted by this sort of insolvency risk I would want to go back to my own currency as fast as possible, because that is the only way to avoid going bankrupt,” he told The Telegraph. 
The German Council has called for a “sovereign insolvency mechanism” even though this overturns the financial principles of the post-war order in Europe, deeming such a move necessary to restore the credibility of the “no-bailout” clause in the Maastricht Treaty. Prof Bofinger issued a vehement dissent. 
The plan has the backing of the Bundesbank and most recently the German finance minister, Wolfgang Schauble, who usually succeeds in imposing his will in the eurozone. Sensitive talks are under way in key European capitals, causing shudders in Rome, Madrid and Lisbon. 
Under the scheme, bondholders would suffer losses in any future sovereign debt crisis before there can be any rescue by the eurozone bail-out fund (ESM). “It is asking for trouble,” said Lorenzo Codogno, former chief economist for the Italian Treasury and now at LC Macro Advisors. 
This sovereign “bail-in” matches the contentious “bail-in” rule for bank bondholders, which came into force in January and has contributed to the drastic sell-off in eurozone bank assets this year. 
Prof Bofinger wrote a separate opinion warning that the plan could become self-fulfilling all too quickly, setting off a “bond run” as investors dump their holdings to avoid a haircut. 
Italy, Portugal and Spain would be powerless to defend themselves since they no longer have their own monetary instruments. “These countries risk being hit by a dangerous confidence crisis,” he said. 
[...] 
... Portugal is already in the eye of the storm, facing a slowing economy and a clash with Brussels over austerity. 
The risk spread on Portugal’s 10-year debt surged to 410 basis points over German Bunds last week, pushing borrowing costs back to unsustainable levels in real terms. Portugal’s public debt is 132pc of GDP. Total debt is 341pc, the highest in Europe. The country is in a debt-deflation trap and requires years of high growth to escape.

quarta-feira, fevereiro 24, 2016

TAP (ou TAL) prejuízos e encomendas



Há dívida registada, há dívidas por aí, e há responsabilidades. Tudo somado, quanto é?


TAP com prejuízo superior a 120 milhões em 2015
A TAP aposta nos EUA para compensar a quebra da atividade no Brasil e Angola que levou a companhia a registar o pior resultado de 15 anos. A culpa é da degradação económica naqueles dois países, um pouco à boleia da queda dos preços do petróleo e para a qual a companhia foi arrastada. Não se sabe ainda ao certo o resultado final das contas da TAP, mas em 2014, o último com resultados divulgados, o negócio da aviação perdeu 46 milhões de euros; em 2000 a perda foi de 120 milhões – agora será pior. “O prejuízo que sofremos no ano passado foi o maior dos últimos 15 anos. Sabemos que em outubro foi o maior prejuízo em 15 anos”, completou. - Veja mais em Dinheiro Vivo.

A TAP encomendou 88 aeronaves à Airbus. Tudo somado, mais de 12 mil milhões de dólares.

Já agora valeria a pena saber qual é realmente a dívida acumulada da TAP (1), a visível nos relatórios, e a invisível, por estar escondida, sei lá, na Parpública, no Novo Banco, na Caixa Geral de Depósitos, etc.

E também seria útil contabilizar as responsabilidades contraídas, em milhares de milhões de euros, com a Airbus. Neste momento a TAP tem encomendadas 88 novas aeronaves. Disse bem: 88! Por alto, é uma encomenda que supera os doze mil milhões de dólares. E como se sabe, quanto mais cai o petróleo, mais sobe o dólar relativamente ao euro.

Com a reversão promovida pelo Costa Concórdia II, quem irá assumir estas responsabilidades se, por acaso, um dia destes, o mórmon Neeleman e o Barraqueiro atirarem a toalha ao Costa e devolverem os 50% da empresa aos posicionistas de esquerda que agora governam ao país?

Só se for o gaúcho Pinto, o homem "que salvou a TAP" (podcast ; vídeo).

NOTAS

  1. Segundo o Relatório Anual do Grupo TAP, de 2014, o passivo total no fim de 2014 superou os 2.070 milhões de euros, e os compromissos c/ dívidas remunerada superou os 633 M€.

segunda-feira, fevereiro 22, 2016

Portugal: a dívida mais cara da zona euro

Clique para ampliar. Gráfico interativo: aqui.


É tempo de falar verdade, em vez de tergiversar


Juros da dívida portuguesa descem em dia de debate do OE Jornal de Negócios. Rui Barroso | 22 Fevereiro 2016, 10:32 
A taxa exigida pelos investidores passou abaixo de 3,4%, com uma descida de quatro pontos base em relação a sexta-feira. A "yield" é de 3,398%. O dia também está a ser de descidas ligeiras nas taxas italianas e espanholas. Nas obrigações italianas a dez anos, a "yield" desde 3,1 pontos base para 1,533%. Já nos títulos espanhóis, a taxa desce de 1,705% para 1,698%. 
A queda das taxas portuguesas ocorre no dia em que o Parlamento começa a discutir o Orçamento do Estado e depois das obrigações nacionais terem passado por alguma pressão do mercado. A 11 de Fevereiro, a "yield" a dez anos ultrapassou durante a sessão a fasquia de 4,5%, com alguns bancos de investimento a mostrarem preocupação sobre a decisão da DBRS sobre o "rating" de Portugal. A agência canadiana é a única das consideradas pelo BCE que avalia a dívida nacional acima de "lixo", condição para que as obrigações portuguesas sejam incluídas nas compras do banco central.

O título do Jornal de Negócios é enganador. Os 'yields' da dívida pública portuguesa (3,398%) a 10 anos superam em mais de 10x a média dos títulos triplo AAA da zona euro (0,332% em 18/2/2016), e quase 4x mais elevados que a média de todos os títulos da zona euro (0,958%). Como sublinhou o FMI, a dívida portuguesa é a mais cara da zona euro.

O Dinheiro Vivo cita um estudo de economistas do FMI – “Fiscal costs of contingent liabilities” – que afirmam que Portugal foi a quinta economia, entre 80 países, com os piores passivos contingentes do séc. XXI.

E falta ainda incluir nas contas do FMI as responsabilidades públicas contratuais de 120 PPP: 35% do PIB!

O FMI refere que os contribuintes pagaram 24,5% do PIB – cerca de 43 mil milhões de euros – a bancos (11% do PIB) ou empresas públicas (12,1%). O valor acabou por ir parar à dívida portuguesa, que é hoje a mais cara da zona euro.

As esquerdas lembram-se sempre dos bancos, para cujo buraco tanto contribuíram ao exigirem-lhes o financiamento do regabofe populista partidário, mas esquecem-se invariavelmente do regabofe das empresas públicas, falidas em consequência da mesma lógica que conduziu ao fim da banca portuguesa.

Euro area yield curveEuropean Central Bank/ Eurosystem
The euro area yield curve shows separately AAA-rated euro area central government bonds and all euro area central government bonds (including AAA-rated). It is updated every TARGET business day at noon (12:00 CET). No data or other information are provided regarding any day on which the relevant trading venue from which the euro area yield curve data are sourced is not open for business.
A yield curve is a representation of the relationship between market remuneration rates and the remaining time to maturity of debt securities. A yield curve can also be described as the term structure of interest rates. The ECB publishes several yield curves, as shown below.

POST SCRIPTUM — Vítor Bento deu uma importante entrevista à Antena 1 sobre o Novo Banco e sobre a situação financeira do país. Duas conclusões: ou se nacionaliza o Novo Banco, ou a banca portuguesa desaparecerá a breve trecho. Curiosamente, esta entrevista ocorreu um dia depois do último programa Política Sueca ;) 

sexta-feira, fevereiro 19, 2016

Que tal um QE for the People?



Rendimento Básico Incondicional (RBI)


Experiências multiplicam-se na Holanda, Finlândia, Índia, Namíbia e Canadá. E em Portugal?

Em vez de um estado social falido, hipócrita, assistencial, prepotente e que humilha os cidadãos, precisamos de uma cidadania responsável que contemple o rendimento básico incondicional (RBI) como um ponto de partida realista para a cada vez urgente reforma social.

Em vez de derreter milhões de milhões de euros no sistema bancário e especulativo e nas burocracias insaciáveis. que tal criar e entregar diretamente o dinheiro às pessoas? Que tal um Quantitative Easing for the People — como propõe, ainda que com uma distorção burocrática indesejável no modo de implementação, Jeremy Corbyn, o novo líder trabalhista inglês?

Can the ECB create money for a universal basic income? 
Guest post by Teemu Muhonen, originally posted on taloussanomat.fi
Translation by Petri Flander, in BIEN—Basic Income  Earth Network 
[extract] 
The ECB to the rescue 
In recent years, the European Central Bank (ECB) has tried to support the eurozone’s lagging inflation through “quantitative easing” (QE), a measure used by other central banks as well. The ECB has been buying securities from institutional investors such as banks, using large amounts of fresh money. 
So far, national economies have not responded as hoped: despite the increase in the value of securities, consumer prices have stagnated. 
Last year the leader of the British Labour Party Jeremy Corbyn promoted the idea of ​​”People’s QE” in which the Bank of England would channel money directly to citizens, not banks. 
The proposal received wide support, and many people believe the ECB should follow suit. Even former IMF chief economist Olivier Blanchard praised the idea. 
The expression that Corbyn used is misleading, however, because in his proposal the money is not channeled directly to the public, but to government, which then uses it to stimulate the economy through infrastructure projects and other measures. 
Another model was suggested by a group of 19 economists, who signed a letter published in the Financial Times (FT) in March last year. They proposed that the money should be given directly to citizens of the eurozone countries. The idea was to use ECB money to give 175 euros per month to each citizen for 19 months. 
Economist Milton Friedman once called this kind of payments “helicopter money”: it is as if the money is just thrown at people from the sky, with no strings attached. 
Effectively, what the FT letter proposed was a eurozone-wide unconditional basic income paid by the ECB.