segunda-feira, março 16, 2015

A Europa está a mudar!

Marie Le Pen é uma filha da degradação da democracia francesa

O próximo governo português (qualquer que seja) não fará mais do que escancarar as portas à emergência de soluções radicais num país arruinado e liderado por elites imbecis, corruptas e sem vergonha


National Front likely to emerge as first force in French local elections
EurActiv, Published: 16/03/2015 - 07:47

France's far-right National Front is set to win more votes than any other party in the first round of local elections next Sunday, a poll showed, with the governing Socialist party coming a very distant third.

Se a nomenclatura demopopulista no poder em Bruxelas, Londres, Paris, Berlim, Madrid ou Lisboa, acha que pode e deve destruir as classes médias, continuando a corromper-se até à medula, e a mentir, confiante na proteção das torres de marfim que os contribuintes pagam, então a extrema esquerda e a extrema direita disputarão o poder, com sucesso e o apoio crescente de milhões de europeus.

Às partidocracias e aos bancos esgotaram-se-lhes as ideias. Apenas sabem mentir e espoliar as suas bases de apoio eleitoral e os seus próprios clientes. Não têm já nenhuma vergonha do mal que fazem.

A sorte que os espera não será necessariamente risonha.

Não se esqueçam deste aviso.

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quarta-feira, março 11, 2015

A água-furtada do Costa (II)


António Costa, mais um político sem ética, nem ideias

Vasos comunicantes de uma democracia corrupta


Enquanto a 'esquerda' jurássica desesperada se atira como uma matilha de cães esfomeados às pernas do primeiro ministro por um crime que este enquanto cidadão relapso não cometeu —repito, não cometeu— no século passado, o caso da água-furtada do putativo candidato cor-de-rosa a próximo primeiro ministro, mostra até que ponto a democracia portuguesa se transformou num sistema corrupto de vasos comunicantes entre banqueiros, empreiteiros e seus arquitetos, comunicação social e partidos, com alguns idiotas de serviço no papel de pensadores impolutos do regime.

Quando ganha o biógrafo de Álvaro Cunha na Quadratura do Cìrculo? O mesmo que ganhou António Costa? Como é possível que um político de segundo grau (na realidade nunca passou de sargento-ajudante de Sócrates) ganhe num programa de televisão que ninguém vê, e que se limita a quatro horas de cavaqueira mole por semana, mais do que ganha na função de presidente da capital do país, supostamente um emprego com dedicação exclusiva?

Que lucra a Impresa e o resto da comunicação social indígena com este género de negócios? Será que por infestarem jornais, revistas e televisões com a tropa partidária o regime, ou o modelo moribundo da imprensa que temos, irão sobreviver? É evidente que não!

Espero bem que o eleitorado comece a varrer esta corja partidária do podium do regime já nas próximas eleições. Ou não votando, que é a solução mais sábia, ou votando em qualquer partido que não tenha ainda sentado o rabo no parlamento.

Feito contra parecer da CML, mas como pertence à família Violas, conhecida mecenas do PS...

António Costa viveu dois anos num duplex feito contra parecer da câmara
Público, José António Cerejo, 11/03/2015 - 07:32

A construção do duplex da Avenida da Liberdade no qual António Costa viveu, entre Julho de 2012 e o final do ano passado, foi autorizada pela Câmara de Lisboa, no início de 2010, contra a opinião dos técnicos do Núcleo Residente da Estrutura Consultiva do Plano Director Municipal.

O apartamento, que não se encontra em propriedade horizontal, e faz parte de um prédio pertencente a uma imobiliária da família Violas (casinos Solverde e BPI, entre outros investimentos), tinha acabado de ser construído quando o autarca passou a habitá-lo.

Líder do PS chegou a ganhar cerca de 7700 euros por mês na Quadratura do Círculo e diz que pagou 1100 euros mensais, durante dois anos, por um duplex novo na Av. da Liberdade, em Lisboa.


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segunda-feira, março 09, 2015

PSPP: BCE compra, mas há quem venda?

O BCE tb comunica via Tiwtter. Neste caso, o arranque do PSPP

Tudo bem no Reino da Dinamarca? Não...


Todos vendem exceto os gregos, embora menos do que se esperava neste arranque da diarreia monetarista europeia. Os juros implícitos das dividas públicas europeias descem em toda a parte menos em Atenas, onde sobem e de que maneira!

  • 09-Mar-2015 04:51 - GREEK BOND YIELDS PUSHING HIGHER; SHORT-END UNDER PRESSURE
  • 09-Mar-2015 04:52 - 2-YR GREECE YIELDS 14.99%; +117BPS - TRADEWEB
  • 09-Mar-2015 04:52 - 5YR GREECE YIELDS 13.04%; +105BPS - TRADEWEB
  • 09-Mar-2015 04:53 - 10YR GREECE YIELDS 9.70%; +38BPS - TRADEWEB

Se o BCE assegura a compra, no mercado secundário, de dívida pública da maioria dos países da Eurolândia, e este simpels anúncio faz cair as rendibilidades deste produto financeiro e os juros implícitos das dívidas soberanas, que interesse terão os bancos e fundos de investimento com títulos de dívida pública nas suas carteiras em desfazer-se destes ativos se, depois, as futuras obrigações soberanas irão assegurar rentabilidades sucessivamente inferiores, ou até rentabilidades negativas?

Percebe-se que os governos rolem as suas dívidas trocando dívida cara por dívida barata, mas não entendo qual é a vantagem de um tomador de dívida cara trocá-la por dívida barata... a menos que o banco ou o fundo esteja em perigo de insolvência a curto prazo, ou haja perigo de incumprimento soberano. Mas não é o BCE que vem assegurar aos mercados que, afinal, sempre é o lender —and the buyer—of last resort da Eurolândia—“no matter what it takes!” (Draghi dixit)?

Ler a este propósito “The European Central Bank as a lender of last resort”, de Paul De Grauwe, no Vox de 18 /8/ 2011.

Sobre este arranque do PSPP
  • “ECB Starts Buying German, Italian Government Bonds Under QE Plan”. Bloomberg
  • “Start Of European QE Upstaged By Greek Jitters; Apple Unveils iWatch”. Zero Hedge
  • “BCE já iniciou compras de dívida pública”. Jornal de Negócios


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Feminismo e pós-feminismo

Lucretia Mott (1793 - 1880), pioneira dos movimento pelos direitos das mulheres.
Pintura de Joseph Kyle (1815 - 1863). - no Smithonian National Portrait Gallery

8 de março, Dia da Mulher


Duas das maiores impulsionadoras do movimento pelos direitos das mulheres não eram propriamente anarquistas, nem militantes de esquerda. Lucrecia Mott era uma sacerdotisa Quaker e professora norte-americana. Quando descobriu que o seu salário era 1/3 daquele que qualquer colega seu homem auferia decidiu-se a lutar pela igualdade de géneros, ampliando assim o foco libertário de uma religião que desde a Revolução Americana defendia a abolição da escravatura.

Estátua de Emmeline Pankhurst inaugurada em 1930, Londres

Por sua vez, a inglesa Emmeline Pankhurst, depois de ver frustrada a sua tentativa de entrada no Independent Labour Party (ILP), acabaria por filiar-se, em 1927, um ano antes da sua morte, no Partido Conservador, depois de ter fundado, entre um episódio e outro, o Women's Social and Political Union (WSPU). Em 1928, menos de um mês após a sua morte, o Partido Conservador estendia o direito de voto às mulheres com mais de 21 anos.

Fotografia do chamado Bra Burning; 'Freedmon Trash Can', 1968
A segunda grande vaga de feminismo deu-se nos anos 60 do século passado, sob o impulso do movimentos estudantil, anti-guerra (do Vietname) e hippie. O livro de Betty Friedan, The Feminine Mystique, publicado em 1963, foi o rastilho ideológico do qual saira, nomeadamente, o movimento NOW, National Organization for Women.

Madonna foi, nas décadas de 1980 e 1990, um dos marcantes fenómenos do pós-feminismo

Nos anos 80 do século passado começou a falar-se da morte do feminismo, de pós-feminismo, e o que vimos foi, na realidade, uma espécie de explosão neoliberal, sexista e comercial do feminismo em formatos, por vezes, misóginos e hiper-narcisistas—com todas as angústias que um tal fenómeno não poderia deixar de provocar entre muitas raparigas e mulheres nos seus vários trânsitos geracionais.

Sobretudo na música e na moda as mulheres tomaram as rédeas da sua exposição erótica e do seu próprio negócio corporal. Num certo sentido, podemos dizer que o feminismo atingiu aqui o seu zénite, assumindo os direitos e o controlo da exposição do corpo, da intimidade e das narrativas, incluindo o universo e o negócio da pornografia.

Estamos no século 21. Um século mais implosivo do que explosivo, marcado pelo regresso futurista, em modo Twitter e Instagram, de fantasmas do passado. O sexismo parece começar a ceder a um pós-feminismo envolvido em causas sociais e morais agudas, umas feministas e outras mais abrangentes, ou focadas nas novas vítimas da violência e exploração sem limites: os conflitos geo-políticos que usam o ultraje e a violência medieval contra as mulheres como agenda de terror mediático, ou a pedofilia.

Um bom artigo sobre este tema:

Who's Afraid of Post-Feminism? What It Means To Be A Feminist Today
Jenna Goudreau, Forbes, 12/13/2011

Recently explored in New York magazine’s “The Rebirth Of The Feminist Manifesto,” the new-media feminists and “lady-centered blogosphere” have created a new vocabulary: Womanist, girrl, mujerista, women’s liberationist, anti-oppression activist.

“I consider myself a hip-hop feminist,” says Latoya Peterson, 28, editor of the blog Racialicious. “The term ‘feminist’ is complicated for me, largely for reasons of race and class.” But the underlying beliefs are ever present: “Ultimately, the idea is an equitable society–and everyone should be able to get behind that.”

“What women will sometimes do is say ‘I’m no feminist but…’ and then everything that comes out of her mouth is rip-roaring, furious feminism!” laughs longtime activist Morgan. “The bottom line: I don’t care if a woman wants to call herself ‘squirrel,’ as long as she fights for herself and other women.”

Atualização: 9 mar 2015 09:30


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domingo, março 08, 2015

BCE: expansão quantitativa para quem?

«My unconventional argument is that the Fed is much more concerned about financial stability than they let on», says James Bianco.

Dia 9 de março as bolsas vão disparar na Europa. E na economia real?


The ECB and national central banks of the Eurosystem will start buying bonds on Monday, March 9 as part of the public sector purchase programme (PSPP). ECB
Se o que Mario Draghi anunciou no dia 5 de março servir apenas para ensopar dívidas soberanas, estimular a especulação bolsista e enriquecer os já muito ricos, espera-o provavelmente, a ele, mas também à eurocracia no seu conjunto, e aos governos nacionais, uma surpresa, isto é, o início de um processo de sincronização das lutas sociais, culturais e políticas contra a destruição da classe média.

Ou seja, se a expansão quantitativa do BCE tiver os mesmos efeitos que teve nos EUA, e no Japão, os 99% que se vão sentir roubados já têm representação política... nos novos extremos da ação partidária...

«Draghi is going to make the same mistake as the Fed»
Finanz und Wirtschaft, 10:17 - März 6th 2015

James Bianco, President of Bianco Research, cautions about the unintended consequences of the new European stimulus program and doesn’t think that the Federal Reserve is going to raise interest rates this year.
[...]

Christoph Gisiger, Chicago —  You have been one of the first in the investment community to correctly predict that QE2 is going to heat up the stock market. Is this also true for the European QE-program which is starting this month?

Sure, just look at the German Dax. It’s up 17% this year whereas the S&P 500 is up 2%. A lot of European stocks have really taken off in the wake of the European QE. It’s going to do the same thing that it did in the US: It’s going to drive asset prices higher. Except now, they are driving yields to negative. They are driving them below zero to get people to go out in the risk curve. So by pushing up asset prices ECB president Draghi is going to make the same mistake as the Fed.

How come?

The program will push up asset prices but it won’t necessarily create jobs and GDP growth. And to that end it will create more strife within the central bank. In the US as an outgrowth of that, culturally we had the Occupy Wall Street movement and we created the phrase «the one percent». So the wealthy own equities and assets and they are benefiting from QE. And that is going to create a lot of unhappiness because if you are not in the one percent you do not own a lot of assets. You are relying on a middle class job and you really are suffering.

Here is my new favorite example: The website TrueCar pointed out that average cars that cost 33’000 $ or less last year in total number of unit sales went up 4%. Cars that cost 50’000 $ were up 30% and cars that cost 70’000 $ or more were up 50% in sales. So if your business is selling 120’000 $ electric cars like Tesla you had a fantastic year. But if your business is selling 22’000 $ Toyota Corollas it was a very, very difficult year for you.

What are the consequences of that?

If Europe is not careful they are going to wind up with the same problem. This program does very, very well for the wealthy in the rich sections of Rome or Madrid.  But in the suburbs where the poor live it is going to create a lot of tension.


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sábado, março 07, 2015

A água-furtada do Costa

O prédio onde residiu António Costa até ser eleito SG do PS

Mais depressa se apanha um mentiroso que um coxo


Pela lei, e se tudo o que podemos ler na investigação Do Portugal Profundo sobre António Costa é verdade —e parece ser verdade— o putaivo candidato cor-de-rosa a primeiro ministro, e ainda alcaide da capital, deveria perder o seu mandato de novo Secretário Geral do PS, e terá várias perguntas a responder, a quem gosta dele, a quem não gosta dele e, eventualmente, à administração fiscal e aos tribunais. O alerta é público desde ontem e, se a comunicação social não pegar no caso, porque se enamorou uma vez mais por uma caricatura da esquerda, as Finanças e o Tribunal Constitucional têm obrigação de tomar boa nota e investigar o que, por enquanto, é sobretudo um conjunto de estranhíssimas coincidências e factos pouco transparentes.

Helena Roseta, que floresce invariavelmente nas vésperas eleitorais, anda muito preocupada com a falta de rigor ético de António Costa e dos partidos sentados no parlamento. Na sua opinião, já todos deveriam, como ela, ter assinado uma petição pública para a demissão do primeiro ministro por este se ter revelado um cidadão relapso, ainda que sem dívidas ao estado nem, nas palavras de Pedro Passos Coelho, ter andado alguma vez metido em negócios partidários obscuros—presumo que com bancos, grupos económicos e clubes de futebol.

Ora eu fiquei muito mais intrigado com o modo espavorido como António Costa fugiu, na semana que passou, de uma jornalista que lhe queria fazer uma ou mais perguntas, presumo que apenas sobre o relapso Passos Coelho—mas nunca se sabe...

A verdade é que o homem pareceu-me verdadeiramente em pânico. Disso dei conta num comentário sobre a montanha de moralismo subitamente erguida em volta de umas prescrições de dívidas à segurança social (entretanrto saldadas) e de umas execuções fiscais que foram igualmente saldadas, obviamente com os juros devidos devidamente pagos, do então cidadão Pedro Passos Coelho, então sem cargos político-partidários, hoje primeiro ministro de Portugal.

O desespero das tríades cor-de-rosa que capturaram o PS é tal —segundo sucessivas sondagens António Costa não convence— que resolveram desencadear uma ofensiva desesperada contra a atual coligação no poder. A reação algo prudente da classe partidária é compreensível, na medida em que temeram, e bem, que uma vez aberta a Caixa de Pandora, iria saltar trampa a grande velocidade, e muita gente sairia salpicada, se não mesmo, completamente borrada deste ato deseperado do Pinóquio e companhia.

A montanha de mérdia, pelos vistos, pariu mais um rato!

Do Portugal Profundo (alguns extratos)

Nas declarações (...) entregues no Tribunal Constitucional, enquanto presidente da CMLisboa, António Costa apresentou os seguintes rendimentos anuais brutos:

Trabalho dependente (presidente da CMLisboa)
  • - em 1-6-2009 (referente ao ano de 2008): 73.175,47 euros.
  • em 30-3-2010 (referente a 2009): 73.518,21 euros.
  • em 4-9-2013 (referente ao ano de 2012): 56.259,60 euros.
  • em 8-9-2014 (referente ao ano de 2013): 63.457,96 euros.
Trabalho independente (não indicada origem)
  • em 1-6-2009 (referente ao ano de 2008): 76.250,00 euros.
  • em 30-3-2010 (referente ao ano de 2009): 76.250,00 euros.
  • em 4-9-2013 (referente ao ano de 2012): 93.750,00 euros.
  • em 8-9-2014 (referente ao ano de 2013): 91.875,00 euros.
Nestes anos mencionados, os rendimentos totais brutos de António Costa são:
  • em 2008: 149.425,47 euros.
  • em 2009: 149.768,21 euros.
  • em 2012: 150.009,50 euros.
  • em 2013: 155.332,96 euros.

Mas sujeitos a uma taxa de imposto para esses montantes, o rendimento líquido cai para cerca de metade, ainda que possa o imposto ser um pouco mais mitigado pelos descontos.

A declaração em falta

Conforme estipula a alínea a do § 2 do n.º art.º  Lei n.º 4/83, de 2 de abril (Lei de controlo público da riqueza dos titulares de cargos políticos), António Costa, enquanto secretário-geral do Partido Socialista, desde 22-11-2014, devia entregar no Tribunal Constitucional uma «Declaração de rendimentos, património e cargos sociais dos titulares de cargos políticos e equiparados», até 60 dias consecutivos do início do seu mandato como líder do PS.

Portanto, António Costa devia cumprir esse dever legal até 23 de janeiro de 2015. António Costa não tinha entregue a necessária declaração de rendimentos no Tribunal Constitucional, até ontem, 5-3-2015, quinta-feira.

Ora, estabelece o número 1 do artigo 3.º da lei 4/83:

    «Em caso de não apresentação das declarações previstas nos artigos 1.º e 2.º, a entidade competente para o seu depósito notificará o titular do cargo a que se aplica a presente lei para a apresentar no prazo de 30 dias consecutivos, sob pena de, em caso de incumprimento culposo, salvo quanto ao Presidente da República, ao Presidente da Assembleia da República e ao Primeiro-Ministro, incorrer em declaração de perda do mandato, demissão ou destituição judicial, consoante os casos, ou, quando se trate da situação prevista na primeira parte do n.º 1 do artigo 2.º, incorrer em inibição por período de um a cinco anos para o exercício de cargo que obrigue à referida declaração e que não corresponda ao exercício de funções como magistrado de carreira.»

Se assim é, António Costa estará a desobedecer à Lei 4/83 há cerca de mês e meio.

NOVOS DADOS (Do Portugal Profundo), 8/3/2015 17:11

Pós-Texto 2 (21:38 de 7-3-2015): As explicações de Costa ao CM

António Costa foi questionado pelo CM (edição de hoje, 7-3-2015, p. 9) sobre o atraso na declaração de rendimentos a que estaria obrigado apresentar, até 60 dias consecutivos, após a sua eleição como secretário-geral do PS. Ou seja, até 23 de janeiro de 2015. Segundo disse ao CM, «fonte do gabinete de imprensa do PS» (não tem nome?) respondeu que António Costa irá entregar «a nova declaração nos próximos dias, já que esteve a aguardar um documento do Registo Predial». Costa pretenderá juntar uma certidão do registo predial da compra, por sua mulher, de um apartamento.

Incumpriu a Lei n.º 4/83 porque não tinha uma certidão?!... Não podia mencionar o apartamento sem essa certidão? Não tem esses dados na escritura do apartamento ou a referência da matriz nas Finanças?... Se sua mulher não tinha completado a compra, não precisava mencionar o apartamento; se já tinha escriturado essa compra, não parece que precisasse de certidão para escrever essa compra no Capítulo II (Património imobiliário) da declaração de rendimentos... A alegação que apresenta não consta do articulado da Lei n.º 4/83. E Costa parece ter-se esfarrapado ainda mais na justificação do que com a desobediência da lei.

...

Atualização: 8/3/2015 17:12

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IGCP: controlo de danos

Cristina Casalinho, presidente do IGCP desde 2014

Precisamos de 70% de mulheres aos comandos do país, e não 30!


Simpatizo com esta economista e mulher desde que comecei a ler as suas análises económico-financeiras na qualidade de economista-chefe do BPI. Arguta, subtil e ponderada, creio que terá sido uma excelente escolha para substituir o azarado Rato, que em má hora migrou do IGCP para o Titanic de Ricardo Salgado.

A sua função é contribuir decisivamente para uma boa gestão da calamitosa dívida pública portuguesa, com mais ou menos ajuda dos senhores do universo financeiro global: Rotshchild, Goldman Sachs, FMI, BCE, etc.

É uma tarefa dificílima, dada a situação em que nos encontramos:

  • — uma dívida soberana em volta dos 128% do PIB (a 6ª mais elevada do mundo, segundo a CIA)
  • uma dívida externa, contabilizada em 2011, na ordem dos 223% do PIB (posição 23 em 190 países)
  • mas, curiosamente, as receitas fiscais em % do PIB (37%) estão longe do esforço fiscal de países comunitários como a Dinamarca (49%), Bélgica—exceto os eurocratas que lá vivem (46,8%), França (44,8%), Itália (42,6%), ou Alemanha (40,6%), mas mais perto do paraíso fiscal que é o Luxemburgo (36,5%), em grande parte porque continuamos a ter uma economia rentista à solta. 
  • Curiosa, também, é a posição de meio da tabela (posição 10) que Portugal ocupa numa comparação relevante de 24 países sobre os níveis de riqueza financeira líquida familiar e pública. Estes dois últimos indicadores explicam claramente as tentações dos rendeiros, devoristas e dos partidos da esclerótica esquerda no avanço do fascismo fiscal sobre a poupança familiar. Antes de votar convém olhar bem para a tabela que se segue, e para o que um novo governo do PS certamente significaria em termos de assalto agravado aos bolsos dos contribuintes e aos seus bens, na forma de uma acrescida repressão fiscal sobre a propriedade imobiliária, urbana e rústica.

In Zero Hedge, "The Debto of Nations"


Mas vamos ao que disse Cristina Cristalinho

Portugal: taxas de juro da dívida pública a caminho do zero... Quem compra?

O BCE vai ensopar até setembro de 2016, 20 a 25% do total da dívida (soberana) europeia, e desta forma atrasar por mais alguns anos o colapso financeiro da Europa. O colapso social, esse segue na unidade de cuidados intensivos dos programas de financiamento público do desemprego, criação de emprego virtual (formação profissional, etc.) e apoio de emergência ao rendimento mínimo de milhões de pessoas e famílas em toda a Europa (RSI, bancos alimentares, IPSS, etc.)

É neste panorama extremamente complicado que a nova presidente do IGCP se move e move os precários equilíbrios financeiros do país.

Da entrevista realizada pelo Dinheiro Vivo a Cristina Casalinho, e que vale a pena ler na íntegra:
DV: A manutenção das taxas como estão agora já seria bom para o país?

Cristina Casalinho: Eu acho que elas ainda vão descer um pouco mais.

DV: Um pouco mais significa?

CC: Eu não vou avançar mas acho que ainda há espaço para elas caírem.

DV: Mas sempre acima dos 1,5%?

CC: Não vou avançar com patamares porque de certeza que vou falhar. Ainda recentemente estávamos entre nós, no IGCP, a conversas sobre onde é que víamos os patamares no final deste trimestre e do próximo, e tenho a dizer que foram todos pulverizados.

(...)

DV: Na estratégia de financiamento para este ano, o IGCP estima um encaixe de cerca de 2500 milhões de euros com produtos de retalho, muito menos do que obteve em 2014. Com a decisão de baixar os juros dos certificados, o IGCP abandonou o papel de incentivar a poupança das famílias?

CC: Não. Uma das coisas que se aprendeu com a crise é que se deve diversificar o mais possível em investimentos e em investidores, e uma das coisas que é valorizada é ter uma base de investidores local e doméstica diversificada, e bastante bem fidelizada. A ideia é continuar a fazer com que os aforradores portugueses tenham interesse em subscrever os títulos disponibilizados pelo IGCP para a distribuição no retalho.

DV: Mas a verdade é que as taxas baixaram?

CC: É verdade que as taxas baixaram muito significativamente. Mas também temos de ver que estávamos a falar em taxas de juro, as taxas dos certificados de aforro, por exemplo, remuneravam, num título que ia dos três meses até um máximo de dez anos, com uma taxa no primeiro ano de 3,05%, enquanto que os Certificados do Tesouro Poupança Mais, que é um título a cinco anos, remunerava em termos médios, 4,20%. Este tipo de remuneração está completamente desajustada. Continuamos a achar que as remunerações são atraentes. Ainda por cima com as quedas mais recentes das taxas de juros, este tipo de produtos ganhou um pouco mais de atratividade.


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