segunda-feira, março 30, 2015

Executar hipotecas imobiliárias? Nem pensar!



Susan Rodolfi at her home in Miami in February. Credit Ryan Stone for The New York Times


Se ao menos a nossa esquerda tivesse neurónios!


Aconteceu na América: milhares de execuções de hipotecas têm prescrito por excesso de demora nos processos judiciais. Ao fim de 5 anos sem pagar rendas milhares de norte-americanos não só não serão expulsos das suas casas, como não terão que pagar as rendas em falta. A isto devemos chamar SUBLIMAÇÃO DO CAPITALISMO, uma metamorfose bem mais deliciosa e elegante do que as ditaduras capitalistas de estado, russa ou chinesa. Algo que deveríamos ensinar à Caixa Geral Depósitos, sempre muito forte com os fracos, e rastejante com os fortes. Idem para a restante banca corrupta que temos!

Num estado de direito, o Direito, se for bem usado, serve para muita coisa, nomeadamente para evitar os colapsos sociais. Tem sido assim que, por exemplo, apesar da globalização, o Japão continua a ser o país comercialmente mais protecionista do planeta.

Basta saber trabalhar com as leis, estúpido!

Foreclosure to Home Free, as 5-Year Clock Expires

By MICHAEL CORKERYMARCH 29, 2015

MIAMI — In September, Susan Rodolfi celebrated an unusual anniversary: five years of missed mortgage payments.

She is like a ghost of the housing market’s painful past, one of thousands of Americans who have skipped years of mortgage payments and are still living in their homes.

Now a legal quirk could bring a surreal ending to her foreclosure case and many others around the country: They may get to keep their homes without ever having to pay another dime.

The reason, lawyers for homeowners argue, is that the cases have dragged on too long.

There are tens of thousands of homeowners who have missed more than five years of mortgage payments, many of them clustered in states like Florida, New Jersey and New York, where lenders must get judges to sign off on foreclosures.

However, in a growing number of foreclosure cases filed when home prices collapsed during the financial crisis, lenders may never be able to seize the homes because the state statutes of limitations have been exceeded, according to interviews with housing lawyers and a review of state and federal court decisions.

Read more @ The New York Times


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Para quem fica o lombo do BES?

Fosun poderá ganhar a corrida pelo Novo Banco


A entrada da China no sistema financeiro português é bom para o equilíbrio das alianças estratégicas que o país deve manter e potenciar ao longo desta curva apertada da globalização. O reforço da posição espanhola ou catalã não convém nada e deve ser evitada. O investimento chinês vem na continuidade da estratégia anuncida por Hu Jintao quando visitou Lisboa.

Quanto às indemnizações dos que foram enganados pelo GES/BES é assunto que compete ao Fundo de Resolução, ao Governo e ao banco mau.

Fosun favorita à compra do Novo Banco. Preço pode atingir eur5,2 mil milhões mas sem riscos de litigância - Expresso.pt


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Maminhas de empresária

15 mar 2015-Juliana Isen.
Photo: Amauri Nehn/ Rio News

Maminhas de direita contra a Presidenta Dilma. 


Contra? Mas é uma prova de amor!

Voyeur 1

“Ser direita é não gostar do PT”, diz empresária que tirou roupa em protesto

Juliana colocou dois adesivos nos mamilos e tirou a camiseta diante de dezenas de policiais, que olharam impassíveis. Aos gritos de “Fora Dilma, Fora PT, quero um País melhor, sem corrupção”, ela caminhou seminua pela mais icônica avenida da principal cidade do País, posou para fotógrafos e curiosos e ainda hoje, duas semanas após a manifestação, fatura com a atitude incomum.

Por Ana Flávia Oliveira -iG São Paulo | 30/03/2015 06:00 - Atualizada às 30/03/2015 13:16

Voyeur 2

15.mar.2015 - A socialite Juliana Isen roubou a cena durante o protesto na Av. Paulista contra o governo neste domingo. A loira fez topless e cobriu os mamilos com adesivos pró-impeachment de Dilma Rousseff, fez barulho com a corneta de outros manifestantes, gritou perto de policiais militares e rodopiou com a bandeira brasileira Amauri Nehn/Photo Rio News

Leia mais em Zip Net


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Costa visita Beijing. Quem paga?


 O regresso da tríade Macau?


O secretário-geral do PS, António Costa, desloca-se à China na primeira quinzena de abril de 2015. Apesar da desinformação oportunamente posta no jornal do mano de que teria cancelado a visita e da incompreensível omissão do delegado da Lusa em Macau, José Costa Santos. Já agora, seria interessante descobrir quem paga a viagem de António Costa e comitiva.

O motivo da urgente deslocação poderá ser o financiamento eleitoral do Partido Socialista que consta ter os cofres depauperados. Tratava-se de uma visita secreta, que, no entanto, vazou e o embaraça...

in Do Portugal Profundo, 30/3/2015

Este sujeitinho —ANTÓNIO COSTA— é mesmo um sargento-ajudante de Sócrates, perdão, da tríade de Macau, ou seja, de Almeida Santos, Vitalino Canas, António Vitorino, perdão, de Mário Soares!

Leiam só o que a criatura disse aos amigos chineses:

«Em Portugal, os amigos são para as ocasiões, e numa ocasião difícil em que muitos não acreditaram que o país tinha condições para enfrentar e vencer a crise, a verdade é que os investidores chineses disseram ‘presente’, vieram, e deram um grande contributo para que Portugal pudesse estar na situação em que está hoje, bastante diferente daquela em que estava há quatro anos».

Lembram-se dos faxes de Macau e do livro banido de Rui Mateus? Lembram-se das personagens cor-de-rosa da Casa Pia sobre as quais o Costa já não pôde fazer nada? Conhecem a empresa GEOCAPITAL, do Stanley Ho e Ferro Ribeiro, do Novo Aeroporto de Macau, das andanças por Cahora Bassa, dos negóciso com a EDP do Mexia, do fiasco da Alta de Lisboa que deveria ter podido contar com os terrenos do Aeroporto da Portela para ser o que estava combinado, ou da nuvem negra da ex-VEM, onde andou metida a GEOCAPITAL, e que entretanto mudou de nome, para TAP Maintenance & Engineering, responsável principal da ruína da TAP? Ora comecem lá a juntar as pontas, a que podem somar ainda os negócios do Espírito Santo Salgado com o Benfica, os Mellos, o GES/BES, a Mota-Engil, o anjo ds Avenida da Liberdade chamado Violas, ou a mais recente sacanice na Fontes Pereira de Melo, cortesia da parelha Costa-Salgado e do LBO António de Sousa, e verão o lindo molho de bróculos que sai.

Querem votar no regresso dos piratas ao poder? Votem, mas depois não se queixem!


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Os aviários de António Costa

António Costa exibe tiques agressivos mal disfarçados

Um demagogo sem imaginação e uma agenda mal escondida 


Mesmo sabendo que não gostavas,
empenhei o meu Anel de Rubi,
pra' te levar ao concerto que havia no Rivoli.

—in Anel de Rubi, Rui Veloso

Casa cheia? Qualquer grupo e teatro amador enche o Rivoli. Maioria para satisfazer a vontade dos portugueses? Quais portugueses? Não sabe António Costa que as maiorias parlamentares são, na verdade, minorias, se tivermos em atenção que pouco mais de 50% dos votantes inscritos votam? Por exemplo, a atual maioria, PSD+CDS, foi eleita com apenas 29,2% dos votos do eleitorado. Em suma, não sabe o fiel de Sócrates, que todos nós sabemos que as turmas de deputados não passam de claques sem autonomia mental, atentas e obrigadas à lógica concentracionária dos partidos arregimentados? Os partidos desta partidocracia insolvente pouco mais são do que agências de emprego e defensores sindicais e neo-corporativos dos rendeiros, devoristas e burocratas que entopem o país. Se não mudarmos este estado de coisas, se não libertarmos a democracia deste espartilho populista, a descida aos infernos da irracionalidade, do oportunismo e da corrupção continuará à nossa frente como a via direta para a decadência e o colapso.

Quem são os aviários de que António Costa fala? O Livre? O PDR? Os únicos aviários partidários que conheço são os partidos que tomaram de assalto o regime há 40 anos, e produzem desde então o mesmo tipo de galináceos.

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Henrique Neto pode chegar a Belém

Henrique Neto
FOTO MANUEL DE ALMEIDA/ LUSA in Expresso

O Ron Paul português?


Antes de comentarmos a entrevista ao candidato presidencial Henrique Neto, por José Gomes Ferreira, no Negócios da Semana (SIC-N), convém anotar e refletir, a talhe de foice, os resultados das eleições legislativas intercalares regionais da Madeira (RTP-N): 50,28% dos eleitores abstiveram-se, votaram em branco (0,87%), e votaram nulo (3,40%), parte dos quais, presume-se, no PDR.

O PSD renovou a maioria absoluta e afastou o espetro de Jardim, a banhos no Porto Santo. O CDS continua a ser a segunda força partidária, mas em queda. No setor cor-de-rosa e vermelho, PCP e Bloco deram corpo a um desastre bem eloquente da falência política e sobretudo cultural desta esquerda oportunista, agarrada ao mel do regime. Nem com todos os dirigentes nacionais em campanha pelo arquipélago conseguiram o mais ténue sinal de que as coisas serão muito diferentes nas Legislativas de outono.

Nota final: um partido espontâneo de cidadãos, Juntos Pelo Povo, arrancou 10,34%. Por pouco não ultrapassou o Partido Socialista, que concorreu coligado com mais três siglas inócuas (11,41%). JPP ficou a um deputado do PS e a dois do CDS-PP.

Esta excursão ao arquipélago cor-de-laranja serve sobretudo para colocar algumas hipóteses relativamente às próximas duas eleições nacionais: as Legislativas de 2015 e as Presidenciais de 2016:
  1. os níveis de abstenção serão elevados (30-40%);
  2. a atual maioria poderá renovar a maioria se, até ao verão, conseguir mostrar ao país que estamos melhor do que quando Sócrates entregou o país aos credores;
  3. o PS dificilmente ganhará as Legislativas com maioria absoluta, e sem esta, António Costa dificilmente formará um governo, pois o Livre não existe, o Bloco, apesar de Mariana Mortágua, vai de mal a pior, o PCP não sai donde está, Marinho Pinto não arrancará votos suficientes para dar maioria ao PS, e acabará por coligar-se com o PSD e o CDS, negociando o imprescindível passaporte para crescer;
  4. não creio que António Guterres se candidate às presidenciais, António Vitorino é um facilitador maçónico sem condições para exercer qualquer cargo político-partidário relevante (ainda recentemente foi cooptado para administrador dos CTT), Sampaio da Nóvoa é uma enteléquia universitária desconhecida dos eleitores, o PCP apresentará, como sempre, o seu candidato, idem para o Bloco. Imagino que Santana Lopes avance com a sua candidatura dentro de algumas semanas, entalando de vez o comentador Marcelo, abrindo, por outro lado, as portas a Passos Coelho para este impor então o seu candidato, ultrapassando as manobras do aracnídeo de Belém.
  5. Tudo pesado, não vejo porque razão Henrique Neto não pode aspirar ao cargo de próximo presidente da república. Está na altura de os empresários, intelectuais, autarcas e cidadãos que jamais votarão na nomenclatura voraz e sem emenda que nos trouxe até aqui, de começarem a viabilizar e dar a força à candidatura verdadeiramente independente deste empresário socialista que não hesitou em criticar o então todo poderoso primeiro ministro José Sócrates.
  6. Sobre as objeções à idade avançada do candidato, diria apenas que é um ano mais novo que o célebre senador Ron Paul, candidato estrela das últimas eleições presidenciais americanas.
Henrique Neto é razoavelmente conhecido dos portugueses, em virtude das suas numerosas aparições na televisão, de que a entrevista dada ao Negócios da Semana (27.03.2015) foi um eloquente exemplo, onde sempre fala com franqueza, desassombro e contenção sobre os problemas do país e sobre as fraquezas e insuficiências da nossa classe político-partidária. É direto, claro e vai quase sempre ao essencial. A sua experiência de vida, e o conhecimento que tem dos partidos, mas sobretudo a sua ambição de melhorar a eficiência do país, fazem dele um candidato ideal para o tempo que atravessamos, um tempo de desilusões sucessivas, de descrédito completo da classe política, e de premonição de mudança. Disse, e bem, a José Gomes Ferreira, que o que é preciso fazer cabe em duas folhas de papel: em vez de opacidade, navegação à vista, improviso e naufrágio, precisamos de nos aviar em terra sobre três temas essenciais: recursos humanos, logística e informação. E precisamos ainda de trazer os cidadãos para o exercício concreto da democracia, pois a democracia, boa ou má, é coisa sua e não do caciquismo partidário vigente que nada de bom trouxe ao país.

As coisas não podem ficar como dantes — pensa Henrique Neto. Mas para que à esperança suceda a mudança é preciso, por exemplo, colocar em Belém um presidente que não seja mais um fantasma partidário do regime esgotado que hoje temos.

A encruzilhada em que se encontram os partidos do sistema —todos os partidos do sistema— é tal que este empresário socialista, filho de uma família operária da Marinha Grande que se fez a pulso, poderá bem protagonizar o paradigma de decência e frontalidade em que os portugueses quererão porventura reconhecer-se nos próximos cinco anos. Há uma metamorfose em curso, mas para que esta corra bem teremos que saber olhar em direção a novos horizontes.

O PS socratino, de que António Costa é o sargento-ajudante e putativo testa de ferro, lançou meia dúzia de canídeos às canelas de Henrique Neto. Desajeitados como são, não fizeram mais do que exibir as fraquezas crescentes dessa coisa informe em que se tornou o Partido Socialista depois do golpe de estado que afastou António José Seguro.

Para já, Henrique Neto é o meu candidato.


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sexta-feira, março 27, 2015

Foi o betão, Piketty!

in The Economist

Um puto de 26 anos, Matthew Rognlie, confirma ideia de Marx sobre a queda tendencial da taxa de lucro, desmontando assim a mais recente "narrativa" sobre a rentismo capitalista.


A luta de classes entre o capital e o trabalho talvez explique parte do empobrecimento da classe média, mas não porque o capital tenha ganho vantagem escandalosa sobre quem produz, mas antes e surpreendentemente, segundo demonstra o artigo que promete desbancar o volumoso Capital in the Twenty-First Century, porque houve transferências multi-milionárias e efetivamente escandalosas de rendimentos da classe média para uma elite de especialistas, gestores empresariais e financeiros, advogados de topo e políticos que, em benefício próprio, aproveitando vantagens de conhecimento, e de poder, interferiram de forma pesada na redistribuição dos rendimentos do trabalho.

Por outro lado, grande parte das vantagens obtidas pelo capital, desde meados da década de 1970 para cá, deveu-se ao crescimento imparável do setor da construção, ou seja, do mercado imobiliário, e não propriamente da engorda de um qualquer setor rentista do capital. Assim, quando o setor imobiliário se transformou numa bolha, rebentou (colapso do Lehman Brothers, Fannie Mae e Freddie Mac, etc.), e os cacos ficaram suspensos no interior de uma nova bolha de juros negativos e liquidez contabilística, o desemprego disparou forçosamente como a principal consequência social de uma implosão económica de proporções gigantescas, provocando um efeito de dominó no resto da economia.

Uma economia global baseada em capital intensivo —necessário ao financiamento, cada vez mais caro, da produção de energia, do capital fixo e do próprio trabalho, produtivo e não produtivo— tende a erodir as suas próprias qualidades. A oferta agregada mundial já não é capaz de satisfazer a procura agregada global a preços compatíveis com os rendimentos do trabalho. Ao excesso de procura, numa primeira fase, responde-se com inflação. Mas a inflação faz subir todos os preços, e o efeito, assim que a monetização das dívidas acumuladas para suportar a corrida inflacionista começa a comer todas as poupanças e o capital pela via da morte deflacionista, a procura cai estruturalmente, e todos os efeitos parecem então confluir para a destruição do próprio modelo de sustentação do capitalismo financeiro tal como o conhecemos até hoje.

O paper de Matthew Rognlie é um estudo preciso e precioso. Não se alarga em considerações, como as que acabo de expender. O Economist deu fé do mesmo, et pour cause! Não deixa de ser mais um dardo fatal dirigido ao peito dos maniqueístas de esquerda.

NIMBYs in the twenty-first century
The Economist, Mar 25th 2015, 12:08 by C.R. | LONDON

SINCE the publication of "Capital in the Twenty-First Century", Thomas Piketty has won many plaudits for his work on inequality. The book has so far sold more than 1.5m copies. Its arguments have been praised by Nobel-prize winners and politicians alike. Last year it won the Financial Times's business book of the year award, despite the newspaper's attempts to poke holes in the book's data and arguments. On March 25th Prospect magazine put Mr Piketty atop its World Thinkers list for 2015 (alongside Yanis Varoufakis, Greece's leather-jacket wearing finance minister, Naomi Klein and Russell Brand, it should be noted). But a new challenge to Mr Piketty's book has just appeared, and from an unexpected direction.

On March 20th Matthew Rognlie (pictured), a 26-year-old graduate student at the Massachusetts Institute of Technology, presented a new paper at the Brookings Papers on Economic Activity. Although the paper began its life as a 459-word online blog post comment, several reputable economists regard it as the most serious and substantive critique that Mr Piketty's work has yet faced.

Matthew Rognlie, MIT Department of Economics

Deciphering the fall and rise in the net capital share
BPEA Conference Draft, March 19–20, 2015
Matthew Rognlie, MIT Department of Economics [pdf]

The story of the postwar net capital share is not a simple one. It has fallen and then recovered—with a large long-term increase in net capital income from housing, and a more volatile contribution from the rest of the economy. Outside of housing, it is difficult to explain the observed path of the net capital share via returns on the underlying assets.

[...]

Beyond housing, the results in this paper (if anything) tentatively suggest that concern about inequality should be shifted away from the split between capital and labor, and toward other aspects of distribution, such as the within-labor distribution of income. [Conclusion]

[e...]

There is greater support in the data for narratives that emphasize cyclical and trend variation in market power. [Abstract]


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