O presidente da Assembleia-Geral da ONU acusa Israel de genocídio, enquanto o quase imbecil secretário-geral da mesma organização permanece nas suas inúteis e hipócritas ladainhas protocolares.
Sejam quais forem os nossos preconceitos sobre este conflito, o mais provável é estarmos mal informados sobre as suas origens e significado, e sofrermos de fortes inclinações para tolerar os crimes de guerra de Israel, submetidos que somos diariamente à propaganda pró-sionista que domina boa parte da desgraçada imprensa escrita e audiovisual portuguesa. Outra circunstância do condicionamento psicológico das nossas mentes distraídas é a chantagem emocional de que continuamos a ser objecto em torno do holocausto. O sionismo alimenta-se das vítimas do holocausto nazi como se de um maná se tratasse para a sua causa política. Ora isto sim, é um desrespeito intolerável pelas vitimas do anti-semitismo genocida do III Reich!
Não houve um holocausto, houve vários, durante a Segunda Guerra Mundial. E o ponto é este: nenhum holocausto passado autoriza os judeus de hoje a infligirem outro holocausto, seja a quem for!
O que Israel pretende e tem feito tudo para conseguir, é expulsar todos os árabes e filisteus da Palestina, transformando esta terra historicamente multi-étnica e multi-religiosa num bunker judeu governado por uma casta de fundamentalistas do judaísmo (os sionistas), cuja força advém não apenas do poderosamente armado e termonuclear Estado de Israel, mas sobretudo do verdadeiro estado-hidra em que se transformou o sionismo mundial, com particulares ramificações nos Estados Unidos e na Europa — mas já não na Rússia, nem na Ásia.
Todas as ofensivas terroristas do Estado de Israel (ditas militares) visam, em primeiro lugar, as populações civis, e só depois a desarticulação física (aliás impossível) dos povos em armas que pretende expulsar da Palestina. Gaza encontra-se submetida a um cerco medieval e a uma invasão pelo terror das bombas (nomeadamente de fragmentação!) em larga escala, completamente ilegal à luz das convenções modernas sobre a guerra. Esta barbarização da violência de Estado é um retrocesso civilizacional muito grave, e augura o pior. Em particular porque Israel não está a ganhar esta guerra, mas a perdê-la a uma velocidade só aparentemente invisível.
A Europa, na sua submissão canina aos falcões de Washington (para que muito tem contribuido o burro lusitano, José Manuel Durão Barroso), acabará por pagar um preço bem alto pela sua falta de estratégia, oportunismo e cobardia.
Na semana em que uma qualquer tenaz do petróleo ou do gás natural apertar a sério a Babélia europeia, saberemos então o preço do nosso desconhecimento sobre as causas das coisas e distracção face ao comportamento dos políticos que elegemos sem nada lhes perguntar, nem exigir. Os Estados Unidos estão a caminho de uma nova era de isolamento defensivo, pelo que deixarão em breve de servir de ama-seca dos europeus. Será o fim da omni-NATO sonhada pelos estrategas do New American Century, e até do apoio sem limites ao terrorismo de Estado israelita. O continente americano e os mares adjacentes serão, a partir de agora, a prioridade absoluta de Washington. E a Eurásia, um sonho... russo, sobre o qual Putin y Hu Jintao já celebraram discretamente os necessários acordos!
A completa imbecilidade política da Europa de Blair e Durão Barroso face ao seu mais importante vizinho estratégico, a Rússia, em matérias tão cruciais quanto a independência forçada do estado falhado do Cosovo, o apoio às operações da CIA na Georgia, que conduziram à guerra com a Rússia, a autorização de colocação de radares e mísseis americanos nas fronteiras russas, etc., vai começar a ser paga com juros. O garrote do gás, que prossegue, é uma amostra do que virá. Imagine-se o humor negro da situação quando um Irão provocado e uma OPEP mais radicalizada pelo desespero mundial em volta da escassez petrolífera, optarem por mexer também nas torneiras do gás argelino, ou impuserem uma cartelização feroz dos preços do crude no limiar, por exemplo, dos 100 euros. Que fará a Europa, lá para 2012, sujeita então aos perigos inimagináveis de uma hiperinflação, sobretudo depois de desmamada por uma América demasiado aflita com a sua própria insolvência económico-financeira? Vamos exibir o comprimento dos nossos pirilaus atómicos? Perante quem? A Rússia? Parece-me que o problema está bem exposto, não?
Referências
Immanuel Wallerstein, "Chronicle of a Suicide Foretold: The Case of Israel"
Última hora: O Qatar, detentor das terceiras maiores reservas mundiais de gás natural, depois da Rússia e do Irão, anunciou o corte de relações com Israel, na sequência da agressão criminosa deste país à Faixa de Gaza. Sarkozy e Brown dizem que querem ampliar o Conselho de Segurança da ONU. Faltam-lhes, porém, os dentes para fazerem de anfitriões!
Qatar, Mauritania cut Israel ties
16-01-2009 (Aljazeera) — Qatar and Mauritania have suspended economic and political ties with Israel in protest against the war in Gaza, Al Jazeera has learned.
The move announced on Friday followed calls by Bashar al-Assad, the Syrian president, and Khaled Meshaal, the exiled leader of Hamas, for all Arab nations to cut ties with Israel.
Addressing leaders at an emergency Arab summit in Doha, the Qatari capital, al-Assad declared that the Arab initiative for peace with Israel was now "dead".
He said Arab countries should cut "all direct and indirect" ties with Israel in protest against its offensive in Gaza.
OAM 514 16-01-2009 00:20 (última actualização: 16-01-2009 20:21)
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