quarta-feira, janeiro 19, 2011

Bolha fatal

Comissão Europeia aposta no gás de xisto
Shale gas is the subprime mortgage of the energy sector” — Jeff Rubin.



Protests spread over first European shale gas well

While the EU is looking at ways to diversify its energy supply, a new report has called for a moratorium on shale gas operations in the UK, just a month before mining company Cuadrilla hopes to launch its first “flare”.

(…) “With shale gas exploration you need to crack the rock underground using special chemicals and drill horizontally and continuously. Parts of the chemicals could get into underground drinking water sources,” he said.

(…) A European Commission representative gave a broadly positive reaction to the news.

“We believe that shale gas is an opportunity,” Marlene Holzner, spokesperson for EU Energy Commissioner Günther Oettinger, told EurActiv. “We need gas and gas demand will increase over the years so if we’re able to extract this gas, it will help us to rely less on imports.” — in EurActiv, 2011-01-18.

Compreende-se o desespero do Reino Unido e da Noruega depois de se ter tornado público e notório o declínio rápido das suas reservas de petróleo. Compreende-se o desespero dos países frios da União Europeia à medida que vão percebendo a sua dramática dependência do gás natural russo para se aquecerem em Invernos cada vez mais gélidos e intempestivos. O petróleo de Brent chegou hoje aos 97,09 USD.

Os países e as pessoas estão cada vez mais endividados, numa conjuntura de crise sistémica do Capitalismo, numa conjuntura de verdadeiro saque fiscal das populações europeias, e numa conjuntura de destruição de emprego e empobrecimento como não se via na Europa há décadas. Como se isto não bastasse, os grandes piratas da economia ocidental, que atraíram milhões de pessoas, centenas de milhar de empresas, centenas de cidades e dezenas de estados para falência, tentam agora desesperadamente colocar em marcha mais uma bolha especulativa.

A primeira tentativa falhada, depois do colapso imobiliário, foi a do nado-morto mercado mundial de créditos de carbono, que se havia pendurado habilmente nos movimentos anti aquecimento global. A segunda, foi e continua a ser a especulação em volta das dívidas soberanas, colocadas “no mercado” (para citar as palavras do nosso Pinóquio das arábias), como mais um produto de especulação financeira. Esta bolha vai esvaziar em breve, seja pela acção preventiva e ajuizada de Angela Merkel, seja pelo abandono progressivo do dólar, por parte dos principais países produtores de matérias primas e produtos manufacturados. Perante horizonte tão negro, o especulador dos especuladores, e criador do veneno chamado Credit Default Swap, J. P. Morgan & Co., acaba de fazer ressuscitar uma história com barbas, de que já se ouvira falar por cá em 2009: a suposta riqueza da Europa em gás de xisto (ou shale gas). Este milagre da especulação que algum corrupto lobby de Bruxelas acaba de lançar para o ar, além de consumir quantidades criminosas de água, de ameaçar com infiltrações potencialmente fatais terrenos, aquíferos e as próprias instalações urbanas existentes, sabe-se de ciência feita que é uma não solução, economicamente ruinosa, e com uma taxa de declínio duas vezes mais rápida do que a do gás natural convencional. Tal como o petróleo betuminoso, e o petróleo de profundidade, das ditas camadas pré-sal (com que a GALP e a Petrobras gostam de empolar as suas cotações em bolsa), o gás de xisto não dá para o que custa produzi-lo. Logo, é mais uma lebre para nos distrair, enquanto o Titanic da prosperidade económica, social e cultural do Ocidente caminha para uma irremediável decadência.
Unconventional Gas in Europe - Opportunities and Risks
By Alexandros Petersen, 6th January 2011

Bullish predictions are being made about a revolution in unconventional gas in Europe; yet, Europe’s threshold for larger-scale shale gas development still remains uncertain, with a range of obstacles – from environmental concerns to economic viability - balancing out the various incentives to move forward.  Unconventional gas, such as shale and tight gas, has had a dramatic impact on the US gas market, increasing energy security and steering prices downward as production and resources have headed in the opposite direction.  By 2008, shale alone accounted for 9.5% of all US gas production and by 2009, according to some estimates, 20% of US gas supply came from this source. Following these successes, Europe is now being aggressively explored for its suitability in terms of unconventional gas production as it hopes to follow in the footsteps of its transatlantic partner.  There has been a significant uptick in activity and dealmaking focusing on European shale in just the last six months. However, the picture in Europe is very different from the United States and, from an economic perspective, the play may not bear fruit.

É o gás de xisto a tal bala de prata que levará os Estados Unidos e a Europa a superar a profunda e longa crise em que se encontra? “If shale gas is a game changer, then why are all the major producers looking for oil??” — pergunta e responde Jeff Rubin. Vale a pena ouvi-lo na entrevista que deu no passado dia 13 de Janeiro ao canal BNN video.


POST SCRIPTUM
Para quem estiver interessado em colocar este tema na agenda da cidadania pró-activa, recomendo o portal web Gasland, de Josh Fox. E ainda a consulta deste insidioso PDF da Statoil (companhia norueguesa estatal de petróleos) sobre o futuro radiante do shale gas.

Sem comentários: