Península Ibérica mais próxima da China
O resto da Europa, especialmente, França e Reino Unido, não deixaram boas memórias na China. Os americanos provocam continuamente. A imprensa inglesa e americana é hostil.
Xangai, Torre Xangai, da empresa Gensler (São Francisco) |
“Si China va mal, el mundo sufrirá las consecuencias” — CHENG SIWEI, Presidente do Foro Financeiro Internacional.
A recente visita a Portugal do presidente Hu Jintao, e a visita a Espanha, já este ano, do vice-presidente e indigitado sucessor de Hu Jintao, Li Keqiang, na sequência das quais a China tornou claro que não deixará cair o euro, nem a Europa, por mais insistente que seja a ofensiva americana, inglesa e israelita contra a União Europeia, são eventos da maior importância, mas a que a desmiolada imprensa de cócoras que temos não tem dado a atenção devida, entretendo-se antes com o folclore montado pelo Clube de Bilderberg e pelo pessoal do Nobel.
A China não só decidiu comprar títulos das dívidas soberanas da Grécia, Portugal e Espanha, como, sobretudo em Espanha, anunciou, pela voz do provável sucessor de Hu Jintao, toda uma estratégia de cooperação económica, tecnológica e cultural com a Península Ibérica. Compreende-se. A Espanha é a quarta economia da Europa (e o nosso maior credor, investidor externo e parceiro comercial) e tem uma vasta experiência no Sudeste Asiático e na América Latina, à qual acresce naturalmente a experiência que Portugal tem não só nestas mesmas paragens, como ainda em África. Ambos os países, Portugal e Espanha, são países atlânticos e mantêm em geral boas relações com as suas antigas colónias. Entre estas ex-colónias há países há muito independentes, como o Brasil, o Chile e a Argentina, e há outros que o são há menos de quarenta anos, como Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau e Timor. Quase todos, porém, possuem importantíssimas reservas naturais, essenciais ao respectivo desenvolvimento, mas também necessárias ao crescimento rápido e em larga escala de países como a China.
Vale pois a pena dar a devida importância ao artigo publicado pelo actual vice-presidente da China no El País, de que só consegui encontrar a versão inglesa publicada pelo jornal chinês English.news.cn. Nele se aponta o caminho que a China irá percorrer durante o seu previsível consulado à frente dos destinos da mais populosa nação do planeta e segunda economia mundial — a qual, segundo o Economist, até 2019, ultrapassará os Estados Unidos.
Para termos uma noção dos problemas e das oportunidades que esta cooperação ibero-chinesa comporta, bastará referir este dado: a China irá transferir para o meio urbano, até 2020, qualquer coisa como 200 milhões de almas. Serão cerca de 400 novas cidades com 500 mil habitantes cada!
China and Spain: A brighter future through win-win cooperation
English.news.cn 2011-01-03 19:06:23
by Li Keqiang
BEIJING, Jan. 3 (Xinhuanet) -- "China and Spain: A brighter future through win-win cooperation", published by the Spain's newspaper "ElPaís", was written by Chinese Vice Premier Li Keqiang.
“Every year, over 10 million farmers are moving into cities, and the trend may well last for years. It will generate tremendous investment and consumption demand, and will turn China into one of the biggest emerging markets in the world.”
“...China is a solid champion of green economy. Many of the concepts and technologies that originated in developed countries, like circular economy, clean energy, low-carbon technology and sustainable development, have been more and more accepted by the Chinese business community and the general public, and have been applied in many aspects of their work and life.”
“China's development will bring enormous opportunities of cooperation to Spain and other countries in Europe and beyond.”
“There is much for China to learn from Spain's development experience and practices. At the same time, China, with its huge population and big market, will bring Spain tremendous business opportunities. Looking ahead, China-Spain cooperation is bound to grow in both width and depth. To divide something by 1.3 billon may be discouraging. But it is definitely encouraging and even exciting to multiply something by 1.3 billion. If each of the 1.3 billion people in China would buy a bottle of olive oil or taste a few glasses of wine, the demand will outrun Spain's annual supply. And if only a few in every hundred Chinese would travel to Spain every year, no hotel room in Spain will be left vacant. And for Spain’s transport, telecommunications, banking and insurance sectors, some of their biggest future customers would be Chinese. China supports Spain in the series of economic and financial adjustment measures Spain has adopted, and is convinced of the certainty of full recovery of the Spanish economy. China is willing to explore, together with Spain, the positive and effective forms of cooperation. China is a responsible long-term investor, both in the European financial market and in the Spanish financial market. China has confidence in Spain's financial market. It has purchased Spanish Treasury bonds and will buy still more.”
Só não entende quem não quiser.
POST SCRIPTUM — a TAP iniciou em Outubro passado ligações aéreas entre Lisboa e Pequim-Xangai, em regime de codeshare com a Air China. Tarde, mas acordou!
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