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terça-feira, maio 03, 2011

A segunda morte de Bin Laden

Uma história muito mal contada... e perigosa

A infografia do lado direito foi mostrada pela imprensa americana como prova da morte de Osama Bin Laden. Basta olhar para a foto da esquerda para perceber a grosseira falsificação e a impostura.

A segunda morte de Bin Laden é uma encenação manhosa que deve suscitar as maiores preocupações entre as pessoas de paz. Pode estar em curso uma operação especial em larga escala visando, num primeiro momento, subir as cada vez mais desfavoráveis sondagens sobre a performance de Barack Obama, mas num segundo momento, que pode ocorrer ainda este ano, algo bem mais sinistro: criar o pretexto para desencadear uma guerra nuclear contra o Paquistão, ou mesmo antecipar uma guerra contra a China, que a ocorrer seria a terceira guerra mundial que muitos antevêem como inevitável. No imediato, há mesmo quem suspeite que a guerra financeira do dólar contra o euro possa dar em breve um salto qualitativo a partir deste episódio.

Quando vi a história quase caricata do anúncio daquela que será a segunda morte de Osama Bin Laden (ver as declarações da certamente bem informada, e tragicamente assassinada, Benazir Bhutto) coloquei os seguintes cenários possíveis:
  1. Bin Laden terá sido de facto morto no dia 1 de maio (hora americana). Mas se foi, porque não exibiram o corpo, o troféu, de forma convincente, como é da mais elementar prudência na arte da guerra? Porque decidiram atirar o corpo do homem ao mar, com o argumento pífio de que não quiseram infringir a norma religiosa muçulmana sobre enterros? Não o enterraram, pois não? Atiraram-no ao mar! Basta comparar a fotografia oficialmente divulgada pelo governo americano do suposto cadáver de Osama bin Laden, para se perceber que não passa duma grosseira infografia.
  2. Bin Laden foi morto pela segunda vez, ou seja, não foi morto. E neste caso, estamos perante uma operação de ilusionismo bélico, e de uma manobra cujo alcance falta conhecer em toda a sua extensão. No imediato, serve para melhorar a imagem deteriorada do presidente de um império falido, ferido no seu orgulho, e portanto perigoso. Serve para retirar tropas do teatro de guerra no Afeganistão, e possivelmente preparar uma guerra contra o Paquistão. Servirá, quem sabe, para justificar uma provocação terrorista sem precedentes. Há quem fale mesmo num ataque nuclear à Alemanha (ler o Telegraph de 26 de abril último), com base numa suposta bomba nuclear que Osama bin Laden teria em seu poder, e que seria desespoletada caso fosse morto pela CIA...



As teorias da conspiração proliferam, mas nem todas são teorias da conspiração (escutar esta entrevista sobre a segunda morte de bin Laden).

Há, constatada a mais do que provável falsidade da segunda morte de bin Laden, legítimas e fundadas razões para tentar perceber o que pretendem os Estados Unidos com mais esta operação dos seus serviços secretos, em clara violação do direito internacional.

A troca de cadeiras na CIA e no Pentágono (Panetta no Pentágono, Petraeus na CIA), anunciada em 27 de abril, tem que estar relacionada com esta operação. Robert Gates não gostou do que viu, ou do que lhe pediram, e resolveu sair. Temos pois os homens certos nos lugares certos... mas para fazer o quê?

terça-feira, setembro 02, 2008

Eurasia adiada - 5

O novo império do Oriente
derrota olímpica, implosão americana e debandada europeia - explosivo!
Here are the principles, in the words which President Medvedev used in an interview with the three main Russian TV channels (translated by the BBC Monitoring Service).

1. International law

"Russia recognises the primacy of the basic principles of international law, which define relations between civilised nations. It is in the framework of these principles, of this concept of international law, that we will develop our relations with other states."

2. Multi-polar world

"The world should be multi-polar. Unipolarity is unacceptable, domination is impermissible. We cannot accept a world order in which all decisions are taken by one country, even such a serious and authoritative country as the United States of America. This kind of world is unstable and fraught with conflict."

3. No isolation

"Russia does not want confrontation with any country; Russia has no intention of isolating itself. We will develop, as far as possible, friendly relations both with Europe and with the United State of America, as well as with other countries of the world."

4. Protect citizens

"Our unquestionable priority is to protect the life and dignity of our citizens, wherever they are. We will also proceed from this in pursuing our foreign policy. We will also protect the interest of our business community abroad. And it should be clear to everyone that if someone makes aggressive forays, he will get a response."

5. Spheres of influence

"Russia, just like other countries in the world, has regions where it has its privileged interests. In these regions, there are countries with which we have traditionally had friendly cordial relations, historically special relations. We will work very attentively in these regions and develop these friendly relations with these states, with our close neighbours."

Asked if these "priority regions" were those that bordered on Russia he replied: "Certainly the regions bordering [on Russia], but not only them."

And he stated: "As regards the future, it depends not just on us. It also depends on our friends, our partners in the international community. They have a choice."

Em Atlanta, 1996, a China não figurava no pódio dos três países mais medalhados das Olimpíadas. Em Sydney, 2000, apareceu no terceiro lugar. Em Atenas, 2004, surgiu em segundo. Em Pequim, 2008, subiu ao primeiro lugar do ouro, ficando a 10 medalhas dos EUA no total de subidas ao pódio. Em 2012, na cidade de Londres, aposto 1000 Yuans que ultrapassará todos os países do mundo no ouro e no número total de medalhas.

Os chineses trabalham com objectivos e metas bem definidos. Uma dessas visões de longo prazo, descrita por Zhou Enlai, em 1975, pouco antes de morrer, e logo retomada por Deng Xiaoping, em 1978, assim que chegou aos comandos da China pós-maoista, chama-se As Quatro Modernizações (Agricultura, Indústria, Tecnologia e Defesa). O propósito declarado desta programação foi transformar a China numa grande potência económica até ao início do século 21. Objectivo atingido! Menos conhecida publicamente, mas fundamental, nomeadamente para a adaptação que o Ocidente terá que sofrer, foi a decisão de elevar a China ao primeiro lugar do pódio das grandes potências mundiais no prazo de 50 anos, i.e., até 2025. Não tenho dúvidas que o objectivo será conseguido. Falta agora aos americanos e europeus tirarem as devidas ilações desta deslocação tectónica do centro de gravidade civilizacional.

Ao contrário do que vem sucedendo nos Estados Unidos e na União Europeia, países em geral atolados numa multinacional orgia de dívidas públicas e privadas, que têm vindo a ser protegidas (pelo menos até que os russos começaram a pôr ordem no Cáucaso e no Cáspio), pelo saco azul japonês chamado carry-trade, pelas ilhas piratas que guardam todo o dinheiro negro do mundo (algumas delas sob suserania da decadente coroa britânica) e pela cada vez menos convincente hegemonia militar euro-americana, as potências emergentes do século 21 (China, Rússia, Índia, Irão, Brasil e África do Sul) apostam em três factores competitivos, virtualmente imbatíveis, para a sua meteórica ascensão económica. O efeito prático desta emergência estratégica espontânea será desfigurar muito rapidamente o actual figurino da globalização à moda da Europa-América. Ora os três factores são estes:
  1. nacionalização, ou re-nacionalização, dos seus extraordinários recursos estratégicos minerais, energéticos e alimentares;
  2. modernização tecnológica das economias e dos processos de trabalho apoiada numa quase inesgotável mina de recursos humanos cada vez mais qualificados, disciplinados, ambiciosos e relativamente baratos;
  3. imposição de um proteccionismo económico, comercial e financeiro draconiano (a não convertibilidade de muitas moedas "fracas" dos países emergentes é um truque que funciona lindamente!)
Bastou à China entender como chegou o Japão onde chegou em pouco mais de 30 anos de proteccionismo feroz, para copiar a receita e passá-la aos demais países em desenvolvimento. No fundo, a receita é simples: manter o preço do trabalho em níveis muito competitivos; vender barato; competir agressivamente nas compras de energia, matérias primas e alimentos; comprar caro, ou de preferência, não comprar, se não algumas poucas extravagâncias e luxos para os muito ricos; desvalorizar sistematicamente a moeda nacional face ao cabaz das principais moedas-fortes mundiais (USD, Euro, Libra Esterlina e Franco Suiço); emprestar dinheiro a juros muito baixos (ou mesmo sem juros!) aos exportadores nacionais e aos importadores estrangeiros; comprar dívida pública aos países ricos; aproveitar todas as oportunidades para adquirir empresas, tecnologias e recursos em saldos. Em suma, proceder paulatinamente a uma verdadeira transfusão dos chamados fundamentos da economia entre as potências decadentes e as potência emergentes. Se bem repararam, nas Quatro Modernizações da China, a Defesa vem em último lugar. É que não se pode querer pão, manteiga e armas ao mesmo, por tempo indeterminado. Quem o pretende fazer acaba por exaurir os respectivos recursos, por se tornar um vizinho agressivo e finalmente por falir. Tem sido assim a ascensão e queda de todos os impérios conhecidos. Vale a pena ler, sobre este crucial tema dos nossos dias, o extraordinário estudo de Paul Kennedy, The Rise and Fall of the Great Powers - Economic Change and Mlitary Conflict from 1500 to 2000. Acabei de o reler durante as férias.

No momento em que os Estados Unidos e o seu satélite europeu acabam de debandar do episódio funesto da Geórgia (uma operação montada e guiada no terreno pelos Estados Unidos e por Israel), perdendo assim uma importante partida no Grande Jogo da Eurásia, prosseguido até agora nos termos imperiais teorizados por Zbigniew Brzezinski (ler os seus dois fundamentais livros The Grand Chessboard e Second Chance), a União Europeia fica entalada entre duas opções, uma boa e outra suicida:
  • ou distanciar-se prudentemente do amigo da onça americano, lançando-se na defesa autónoma dos seus interesses regionais (pois é disso que se trata!), procurando assim um novo espaço de manobra e diálogo com a Rússia, o Irão e a China;
  • ou deixar-se morrer na sua dourada mas decrépita Torre de Babel, dirigida por anões e vassalos corruptos de toda a espécie, sob os efeitos mortais da conspiração permanente de algumas das mais sinistras forças do vampirismo capitalista ocidental, dispostas a lançar o mundo numa Terceira Guerra Mundial, exclusivamente em nome da sua infinita soberba e avareza.
A União Europeia, do ponto de vista estratégico, ainda não existe, como ficou provado à saciedade pelos seus comportamentos erráticos nas invasões do Afeganistão e do Iraque, na capitulação efectiva da Europa face aos ditames do Sionismo euro-americano, na provocação sem nome à Sérvia (e à Rússia) na questão do Cosovo, nos jogos de provocação anti-chineses durante a preparação dos Jogos Olímpicos, e agora, no comportamento ridículo face ao reajustamento inevitável da segurança junto às fronteiras da Rússia. A tentativa americana e sionista de bloquear os flancos da Rússia e da China fracassou estrondosamente.

Apesar da fabricação mediática constante da imprensa e das televisões dominantes (a raiar a demência deontológica no caso dos média portugueses), gostaria de sublinhar o seguinte:
  1. Quem desenhou e provocou a crise da Geórgia, medindo mal a passada (está claro!), foram os Estados Unidos e Israel -- Putin já deu a entender que pode exibir ao mundo as criaturas que andaram a treinar, dirigir operações e aterrorizar os alanos da Ossétia do Sul;
  2. Quem pretende isolar a Rússia da Europa Ocidental (e a União Europeia da Rússia) são os Estados Unidos da pandilha criminosa Bush-Cheney e Israel, acolitados pelo caniches "trabalhistas" da rainha das Ilhas Britânicas e das Ilhas piratas de Guernsey e Jersey;
  3. No que diz respeito à legitimidade da resposta russa à tentativa de limpeza étnica promovida pelos fantoches georgianos junto dos agora estados independentes da Ossétia do Sul e da Abcácia, a Rússia, assim como os novos estados do Cáucaso, têm neste momento o apoio implícito da maioria dos países com assento na ONU, pelo que ninguém ouviu nenhum país, além dos Estados Unidos, da União Europeia e de alguns polacos, ucranianos e checos, condenar o novo status quo (nem mesmo Israel!);
  4. A posição conjunta assumida pela União Europeia na reunião de ontem, 1 de Setembro, depois das habituais confusões de interesses, dependências, projectos e protagonismos narcisistas, foi uma não-posição e mais uma lamentável exposição pública da actual fraqueza política da União Europeia;
  5. Os fiascos sucessivos do imperialismo ocidental no Afeganistão, Iraque, Palestina, Líbano e Geórgia irão certamente acelerar o potencial de atracção económica, política e cultural da constelação de países da Shanghai Cooperation Organization (SCO), junto de importantes países, como a Índia, o Irão, o Iraque (daqui a três ou quatro anos), o Paquistão, a Mongólia, o Brasil, a Venezuela, Nigéria, Angola e África do Sul;
  6. Finalmente, é preciso divulgar o cerne da declaração da SCO sobre a crise na Geórgia, para bem compreender o envolvimento efectivo desta associação antitética da OCDE na decisão russa de travar de uma vez por todas o cerco descarado da NATO às principais reservas de petróleo e gás natural do planeta e a concomitante tentativa de limitar a mobilidade da Rússia, da China e em geral da Eurásia central e oriental nas suas naturais zonas de vizinhança:
    "The member states of the SCO express their deep concern in connection with the recent tension around the issue of South Ossetia, and call on the relevant parties to resolve existing problems in a peaceful way through dialogue, to make efforts for reconciliation and facilitation of negotiations.

    The member states of the SCO welcome the approval on 12 August 2008 in Moscow of the six principles of settling the conflict in South Ossetia, and support the active role of Russia in promoting peace and cooperation in the region." -- SCO.
Não é preciso ser muito esperto para perceber o significado destas palavras. A China e as repúblicas do Mar Cáspio dão total carta branca à Rússia para responder a quem iniciar hostilidades no Cáucaso, bem como para promover activamente a paz e a cooperação regional, secundarizando displicentemente a própria existência da Geórgia no seu actual formato de estado vassalo dos Estados Unidos. O taco-a-taco (tit for tat) a que temos assistido desde a derrota fulminante da provocação americana-israelita, levada a cabo pelo proxi georgiano, é a prova esclarecedora de que a China apoia totalmente a Rússia na recuperação da sua mobilidade estratégica essencial. Mas para ser totalmente claro, nas suas intenções, o grupo dos seis (Rússia, China, Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão e Uzebequistão) pormenorizou o seu pensamento através do comentário informal do actual presidente do Cazaquistão, a mais rica república do Cáspio, com 25,6% de população russa:
"I am amazed that the West simply ignored the fact that Georgian armed forces attacked the peaceful city of Tskhinvali. Therefore my assessment is as follows: I think that it originally started with this. And Russia's response could either be to keep silent, or to protect their people and so on. I believe that all subsequent steps taken by Russia have been designed to stop the bloodshed of ordinary residents of this long-suffering city. Of course there are many refugees, many homeless. Guided by our bilateral agreement on friendship and cooperation between Kazakhstan and Russia we have provided humanitarian aid: 100 tonnes have already been sent. We will continue to provide assistance together with you.

Of course, there was loss of life on the Georgian side - war is war. The resolution of the conflict with Georgia has now been shifted to some indeterminate time in the future. We have always had good relations with Georgia. Kazakhstan’s companies have made substantial investments there. Of course those that have done this want stability there. The conditions of the plan that you and [President of France Nicolas] Sarkozy drew up must be implemented, but some have begun to disavow certain points in the plan. However, I think that negotiations will continue and that there will be peace -- there is no other alternative. Therefore, Kazakhstan understands all the measures that have been taken, and Kazakhstan supports them. For our part we will be ready to do everything to ensure that everyone returns to the negotiating table. -- Nurusultan Nazarbayev (Presidente do Cazaquistão), in President of Russia, Official Web Portal.

Por fim, uma nota que não deixa de ser curiosa, e que pode prenunciar uma divisão de tarefas entre a China e a Rússia na presente exploração das dificuldades cada vez maiores dos Estados Unidos e da Europa em lidar com as suas próprias decadências. Enquanto a Rússia recupera o seu lugar de super-potência militar, indisposta a aceitar por mais tempo a tagarelice imperial estado-unidense, a China vai tornando a sua voz económica cada vez mais grossa perante uma América hiper-endividada e que dá preocupantes sinais de não querer pagar aos seus credores internacionais. É o que se chama um casamento de interesses feliz e oportuno. Mesmo que não seja para sempre, que importa?
Freddie, Fannie Failure Could Be World 'Catastrophe,' Yu Says. By Kevin Hamlin.

Aug. 22 (Bloomberg) -- A failure of U.S. mortgage finance companies Fannie Mae and Freddie Mac could be a catastrophe for the global financial system, said Yu Yongding, a former adviser to China's central bank.

"If the U.S. government allows Fannie and Freddie to fail and international investors are not compensated adequately, the consequences will be catastrophic," Yu said in e-mailed answers to questions yesterday. "If it is not the end of the world, it is the end of the current international financial system."



REFERÊNCIAS

Vladímir Putin à CNN sobre a agressão georgiana:
Even during the years of the Cold War, the intense confrontation between the Soviet Union and the United States, we always avoided any direct clash between our civilians and, most certainly, between our military.

We have serious reasons to believe that there were U.S. citizens right in the combat zone. If that is the case, if that is confirmed, it is very bad. It is very dangerous; it is misguided policy

But, if that is so, these events could also have a U.S. domestic politics dimension.

If my suppositions are confirmed, then there are grounds to suspect that some people in the United States created this conflict deliberately in order to aggravate the situation and create a competitive advantage for one of the candidates for the U.S. presidency. And if that is the case, this is nothing but the use of the called administrative resource in domestic politics, in the worst possible way, one that leads to bloodshed. -- in Transcript: CNN interview with Vladimir Putin.

Russia remains a Black Sea power
"If the struggle in the Caucasus was ever over oil and the North Atlantic Treaty Organization's (NATO's) agenda towards Central Asia, the United States suffered a colossal setback this week. Kazakhstan, the Caspian energy powerhouse and a key Central Asian player, has decided to stand shoulder-to-shoulder with Russia over the conflict with Georgia, and Russia's de facto control over two major Black Sea ports has been consolidated."

"... With the independence of South Ossetia and Abkhazia, what matters critically for Moscow is that if the West now intends to erect any new Berlin Wall, such a wall will have to run zig-zag along the western coast of the Black Sea, while the Russian naval fleet will always stay put on the east coast and forever sail in and out of the Black Sea.

"The Montreal Convention assures the free passage of Russian warships through the Straits of Bosphorous. Under the circumstances, NATO's grandiose schemes to occupy the Black Sea as its private lake seem outlandish now. There must be a lot of egg on the faces of the NATO brains in Brussels and their patrons in Washington and London." -- M K Bhadrakumar, in Asia Times Online.

Punishing Russia could prove costly
By Mikhail Molchanov
South Ossetia had never been a part of Georgia until Joseph Stalin separated the Ossetian homeland into two parts and attached the northern part to Russia, while giving the South to Stalin's native Georgia. -- in Asia Times Online.

Russian pipeline to Asia

MOSCOW, Aug 31 (Reuters) - Prime Minister Vladimir Putin said on Sunday that Russia's first oil pipeline to Asia must be completed without delay, underlining Russia's energy clout just hours before European Union leaders meet to discuss Georgia. -- in Wiredispatch.

Russia's Gazprom Suspends Gas Deliveries to Europe Due to Repairs
Gas transportation through the Yamal-Europe pipeline will be suspended as of 1600 on 2 September until 2200 on 3 September due to repairs, a Gazprom report reads. -- in redOrbit.
Let's talk about World War III
By Nikolai Sokov

It is time to seriously contemplate World War III. The most important elements are already in place. Just as so many experts on the Caucasus have predicted, the region has become a power keg and the main source of great-power rivalry.

Obviously, disagreements between great powers go far beyond this region and, in fact, conflicts and war in the Caucasus are rather insignificant in their grand games and calculations. Yet the United States, the North Atlantic Treaty Organization (NATO), and Russia all have important symbolic stakes there - there are promises to local players and fears that abandoning them might hurt reputation and global standing.-- in Asia Times online.

OAM 425 02-09-2008 15:59 (última actualização: 03-09-2008 01:32)

sexta-feira, agosto 15, 2008

Eurasia adiada - 4

Guerra Fria?

15-08-2008. "Infelizmente, depois do que aconteceu, é improvável que os ossetianos e abecazes consigam viver dentro do mesmo Estado que os georgianos" -- Dmitry Medvedev (Estadao.com.br).

15-08-2008. "Esperamos que os responsáveis russos reconheçam que um futuro de cooperação e de paz será benéfico para todas as partes. A guerra fria terminou." -- George W. Bush (AFP).

15-08-2008. Poland has signed a preliminary deal with the US on plans to host part of its new missile defence shield. Under the agreement, the US will install 10 interceptor missiles at a base on the Baltic coast in return for help strengthening Polish air defences. -- BBC.
A probabilidade de um isolamento internacional da Rússia é quase nula (1) e tem uma explicação simples: o próximo maior mercado do mundo não se chamará Europa, nem Estados Unidos, mas Ásia -- e está a chegar!

O PIB da China, segundo Albert Keidel, ultrapassará o dos EUA em 2035 e duplicá-lo-á em 2050. Para atingir estas metas, Pequim conta naturalmente com o petróleo e o gás natural do Irão e do Mar Cáspio, para o que criou uma aliança alternativa à NATO, chamada The Shanghai Cooperation Organization (SCO), da qual fazem parte a China, a Rússia, o Cazaquistão, o Quirguistão, o Tajiquistão e o Uzbequistão. A Índia e o Irão são dois dos países observadores que em breve poderão juntar-se ao novo clube de milionários.

Entretanto, à hora que escrevo esta crónica, a orgulhosa China leva 12 medalhas de ouro olímpicas de vantagem sobre os Estados Unidos. Os símbolos contam!

Por sua vez, o preço do petróleo continuará a subir a uma média dificilmente inferior a 30% ao ano, apesar da queda pronunciada das últimas semanas (2). Isto significa que em Agosto de 2009 o barril de crude não deverá custar menos do que 144 USD, em Agosto de 2010, 187 USD, em Agosto de 2010, 243 USD, etc. Países como Portugal têm um futuro imediato bem difícil (3).

Até 2010, Estados Unidos e Europa andarão às voltas com as suas respectivas recessões, pouco dispostos a alimentar mais aventuras militares inconsequentes (4).

A probabilidade de uma paragem da globalização e subsequente divisão do mundo em dois hemisférios proteccionistas é pois mais alta do que estamos preparados para admitir neste momento. À medida que o casino dos chamados mercados de derivados começar a destruir a economia ocidental, a necessidade de um novo Tratado de Tordesilhas tornar-se-à evidente para todos.

Estados Unidos e Europa têm que mudar de vida quanto antes, tornando-se mais eficientes no uso da energia, menos consumistas e mais produtivos. Para aí chegar terão que abandonar alguns famosos instrumentos outrora cruciais ao seu exercício imperial, mas que já hoje são caros e irrelevantes, ou caminham para a falência: G8, FMI, Banco Mundial e Organização Mundial de Comércio. Para poder retomar a paridade estratégica que está a caminho de perder, Estados Unidos e Europa só dispõem de uma alternativa: voltar ao proteccionismo comercial, ainda que seguindo modelos selectivos, porventura originais.

A retórica americana e europeia sobre a Geórgia e a independência da Ossétia e da Abcácia não passa de uma terrível hipocrisia. Depois de tudo o que fizeram no Cosovo, no Afeganistão e no Iraque, e deixaram fazer na Palestina, depois do modo indecoroso como a União Europeia tolerou aos Estados Unidos toda a espécie de crimes (5), ou permitiu, sem um reparo, o acosso imperial permanente da Rússia pós-soviética, Washington e Bruxelas não têm qualquer autoridade para condenar a acção punitiva de Moscovo contra uma "democracia cor-de-rosa" que, na realidade, nada mais é do que um tentáculo dos Estados Unidos. Talvez por isto mesmo, Washington tenha tamanha dificuldade em engolir a ensaboadela que inesperadamente está a levar.

Tanto na Rússia, como na China, ou na Coreia, e não apenas, portanto, no vasto mundo muçulmano, cresce uma revolta surda contra os Estados Unidos. São sobretudo os mais jovens que protagonizam esta crescente hostilidade cultural. As suas acções de guerrilha electrónica revelam, aliás, o imenso potencial de crítica e agressividade em gestação.
Online grassroots communities have united and set up websites in Russian offering software available for download to initiate DDOS attacks. The Georgian government's website was hacked on Monday, with the front page replaced with images of Adolf Hitler. Georgian hackers have retaliated with their own cyber attacks on Russian websites, but as in the physical world they have been largely out-gunned and bloggers who have attempted to post photos of the advance of the Russian military machine have rapidly found their own websites under counter fire. -- Georgia under web fire. By Martin J Young, in Asia Times.
Numa palavra, a estratégia da supremacia imperial praticada pelos Estados Unidos faliu e só poderá dar desgostos a quem a seguir. A Europa de Leste foi entalada pela sua própria estupidez e pela falta de tino e capacidade de decisão da União Europeia. O cretinismo político dos polacos e dos checos conduziu ambos os países a um beco sem saída. Poderá Bruxelas fazer alguma coisa? Ou iremos, pelo contrário, assistir à implosão definitiva do Tratado de Lisboa? Durão Barroso, para já, está a banhos algures no Algarve. Eu também vou para lá, até ao fim do mês!

Deixo aos que me lêem, três leituras recomendáveis, a propósito da decadência irreversível dos paradigmas militares e diplomáticos da América.

Geopolitical Chess: Background to a Mini-war in the Caucasus. By Immanuel Wallerstein.

15-08-2008. It is perfectly true, as everyone observed at the time, that the Yalta rules were abrogated in 1989 and that the game between the United States and (as of 1991) Russia had changed radically. The major problem since then is that the United States misunderstood the new rules of the game. It proclaimed itself, and was proclaimed by many others, the lone superpower. In terms of chess rules, this was interpreted to mean that the United States was free to move about the chessboard as it saw fit, and in particular to transfer former Soviet pawns to its sphere of influence. Under Clinton, and even more spectacularly under George W. Bush, the United States proceeded to play the game this way.

There was only one problem with this: The United States was not the lone superpower; it was no longer even a superpower at all. The end of the Cold War meant that the United States had been demoted from being one of two superpowers to being one strong state in a truly multilateral distribution of real power in the interstate system. Many large countries were now able to play their own chess games without clearing their moves with one of the two erstwhile superpowers. And they began to do so. -- in Geopolitical Chess: Background to a Mini-war in the Caucasus, by Immanuel Wallerstein.

The Limits of Power: The End of American Exceptionalism. By Andrew Bacevich.

Iraq and Afghanistan remind us that war is not subject to reinvention, whatever Bush and Pentagon proponents of the so-called Revolution in Military Affairs may contend.

War's essential nature is fixed, permanent, intractable, and irrepressible. War's constant companions are uncertainty and risk. "War is the realm of chance," wrote the military theorist Carl von Clausewitz nearly two centuries ago. "No other human activity gives it greater scope: no other has such incessant and varied dealings with this intruder ... " - a judgment that the invention of the computer, the Internet, and precision-guided munitions has done nothing to overturn.

So the first lesson to be taken away from the Bush administration's two military adventures is simply this: War remains today what it has always been - elusive, untamed, costly, difficult to control, fraught with surprise, and sure to give rise to unexpected consequences. Only the truly demented will imagine otherwise.

The second lesson of Iraq and Afghanistan derives from the first. As has been the case throughout history, the utility of armed force remains finite. Even in the information age, to the extent that force "works", it does so with respect to a limited range of contingencies.

Although diehard supporters of the "war on terror" will insist otherwise, events in Iraq and Afghanistan have demonstrated definitively that further reliance on coercive methods will not enable the United States to achieve its objectives. Whether the actual aim is to democratize the Islamic world or subdue it, the military "option" is not the answer.

The Bush Doctrine itself provides the basis for a third lesson. For centuries, the Western moral tradition has categorically rejected the concept of preventive war. The events of 9/11 convinced some that this tradition no longer applied: old constraints had to give way. Yet our actual experience with preventive war suggests that, even setting moral considerations aside, to launch a war today to eliminate a danger that might pose a threat at some future date is just plain stupid. It doesn't work.

History has repeatedly demonstrated the irrationality of preventive war. If the world needed a further demonstration, Bush provided it. Iraq shows us why the Bush Doctrine was a bad idea in the first place and why its abrogation has become essential. For principled guidance in determining when the use of force is appropriate, the country should conform to the just war tradition - not only because that tradition is consistent with our professed moral values, but also because its provisions provide an eminently useful guide for sound statecraft.

Finally, there is a fourth lesson, relating to the formulation of strategy. The results of US policy in Iraq and Afghanistan suggest that in the upper echelons of the government and among the senior ranks of the officer corps, this has become a lost art.

Since the end of the Cold War, the tendency among civilians - with Bush a prime example - has been to confuse strategy with ideology. The president's freedom agenda, which supposedly provided a blueprint for how to prosecute the "war on terror", expressed grandiose aspirations without serious effort to assess the means required to achieve them. Meanwhile, ever since the Vietnam War ended, the tendency among military officers has been to confuse strategy with operations.

Here we come face-to-face with the essential dilemma with which the United States has unsuccessfully wrestled since the Soviets deprived us of a stabilizing adversary. The political elite that ought to bear the chief responsibility for crafting grand strategy instead nurses fantasies of either achieving permanent global hegemony or remaking the world in America's image. Meanwhile, the military elite that could puncture those fantasies and help restore a modicum of realism to US policy fixates on campaigns and battles, with generalship largely a business of organizing and coordinating materiel.

The four lessons of Iraq and Afghanistan boil down to this: Events have exposed as illusory American pretensions to having mastered war. Even today, war is hardly more subject to human control than the tides or the weather. Simply trying harder - investing ever larger sums in even more advanced technology, devising novel techniques, or even improving the quality of American generalship - will not enable the United States to evade that reality.

As measured by results achieved, the performance of the military since the end of the Cold War and especially since 9/11 has been unimpressive. This indifferent record of success leads some observers to argue that we need a bigger army or a different army.

But the problem lies less with the army that we have - a very fine one, which every citizen should wish to preserve - than with the requirements that we have imposed on our soldiers. Rather than expanding or reconfiguring that army, we need to treat it with the respect that it deserves. That means protecting it from further abuse of the sort that it has endured since 2001.

America doesn't need a bigger army. It needs a smaller - that is, more modest - foreign policy, one that assigns soldiers missions that are consistent with their capabilities. Modesty implies giving up on the illusions of grandeur to which the end of the Cold War and then 9/11 gave rise. It also means reining in the imperial presidents who expect the army to make good on those illusions. When it comes to supporting the troops, here lies the essence of a citizen's obligation.

-- Andrew Bacevich, professor of history and international relations at Boston University, retired from the US Army with the rank of colonel. This piece is adapted from his new book, The Limits of Power: The End of American Exceptionalism (Metropolitan Books, 2008). He is also the author of The New American Militarism, among other books. In Asia Times.


Second Chance
. By Zbigniew Brzezinski (actual conselheiro de Barak Obama...)

Given America's growing global indebtedness (it now borrows some 80 percent of the world's savings) and huge trade deficits, a major finantial crisis, especially in an atmosphere of emotionally charged and globally anti-American feeling, could have dire consequences for America's well-being and security. The euro is becoming a serious rival to the dollar and there is talk of an Asian counterpart to both (6). A hostile Asia and a self-absorbed Europe could at some point become less inclined to continue financing the U.S. debt.

(...)

At the onset of the global era, a dominant power has therefore no choice but to pursue a foreign policy that is truly globalist in spirit, content, and scope. Nothing could be worse for America, end eventually the world, than if American policy were universally viewed as arrogantly imperial in a postimperial age, mired in a colonial relapse in a postcolonial time, selfishly indifferent in the face of umprecendented global interdependence, and culturally self-righteous in a religiously diverse world. The crisis of American superpower would then become terminal.

-- in Second Chance: Three Presidents and the Crisis of American Superpower, 2007.



NOTAS
  1. Ou será que a China também poderá estar interessada numa nova "cortina de ferro" entre a Rússia e a Europa (Alemanha)? - Ler China seeks Caucasian crisis windfall.
  2. A subida repentina do preço do crude para níveis bem superiores às previsões mais pessimistas, ao longo da primeira metade de 2008, conduziu a uma espiral inflacionista, que apressou a esperada recessão americana e europeia e provocou depois uma inevitável, embora pontual, destruição da procura dos produtos petrolíferos. Sabendo-se o peso que a especulação tem tido nesta fuga precipitada do casino imobiliário para as matérias primas industriais e alimentares, percebe-se melhor o dramatismo das oscilações. O mundo, sobretudo a Europa e os Estados Unidos, estão metidos numa camisa de sete varas: a chegada, cada vez mais evidente, do pico petrolífero, empurra os preços da energia para cima; mas a espiral inflacionista das "commodities", por sua vez, arruína a economia, levando à quebra dezenas de bancos, milhares de empresas e milhões os orçamentos familiares. Ou seja, a primeira consequência previsível do pico petrolífero é o regresso, porventura em doses nunca sofridas, da estagflação.
    August 16 2008. "...our future affair with oil may be within an overall trend of declining supply and rising demand, with volatility of prices from the anxiety of the market in which demand surges higher over supply. But the prices will be intermittently buffeted up and down by the fluctuations of economic growth and its levels of fluctuating demand for oil. As investors vie for advantage, they too will aggravate the gyrating price trends." -- James Leigh, Rollercoaster of oil prices: between a rock and a hard place", Energy Bulletin.

  3. O bloco central do betão, protagonizado ao mais alto nível por António Vitorino ("socialista") e Ângelo Correia ("social-democrata"), está em guerra antecipada contra Manuela Ferreira Leite e Cavaco Silva. Mas são estes que vão ganhar a partida, sobretudo se tiverem, no momento certo, os generais com a inteligência táctica e a voz grossa necessárias para colocar nos eixos a clientela anafada que ao longo das últimas décadas se encarregou de colocar Portugal numa trajectória de falência potencial.
  4. Este meu optimismo deve ser moderado por outros pontos de vista, nomeadamente sobre a articulação entre o actual colapso da economia americana e a solução bélica proposta por alguns estrategas dos EUA (Republicanos e Democratas!) O bloqueio do Estreito de Ormuz será, segundo esta perspectiva, a fuga militar perfeita da aliança EUA-Reino Unido-França-Israel às presentes dificuldades económicas, e a resposta antecipada ao ascenso da China. Nesta perspectiva, a fabricada crise da Geórgia, serve apenas como manobra de diversão, para isolar a Rússia e preparar psicologicamente o Ocidente para o ataque em larga escala, em preparação, contra o Irão. Recomendo, a propósito, a leitura de dois artigos: Putin Walks into a Trap, de Mike Whitney, e Wag the Dog: How to Conceal Massive Economic Collapse, assinado por Ellen Brown.

    O de Mike Whitney começa assim:
    August 14, 2008. The American-armed and trained Georgian army swarmed into South Ossetia last Thursday, killing an estimated 2,000 civilians, sending 40,000 South Ossetians fleeing over the Russian border, and destroying much of the capital, Tskhinvali. The attack was unprovoked and took place a full 24 hours before even ONE Russian soldier set foot in South Ossetia. Nevertheless, the vast majority of Americans still believe that the Russian army invaded Georgian territory first. The BBC, AP, NPR, the New York Times and the rest of the establishment media has consistently and deliberately misled its readers into believing that the violence in South Ossetia was initiated by the Kremlin. Let's be clear, it wasn't. In truth, there is NO dispute about the facts except among the people who rely the western press for their information. Despite its steady loss of credibility, the corporate media continues to operate as the propaganda-arm of the Pentagon. -- in Global Research.

    Por sua vez, Ellen Brown escreve:
    The underlying problem is little discussed but impossible to repair – a one quadrillion dollar derivatives scheme that is now imploding. Banks everywhere are facing massive writeoffs, putting the whole banking system on the brink of collapse. Only public bailouts will save it, but they could bankrupt the nation. -- in Global Research.

  5. O Tribunal Penal Internacional (que os EUA não reconhecem, obviamente!) deveria ter colocado os Estados Unidos e meia Europa no banco dos réus a partir do momento em que o Iraque foi militarmente atacado, invadido e ocupado sem nenhum pretexto válido. Deveria ter emitido mandatos de captura contra o senhores Bush, Cheney e Rumsfeld, no momento em que o mundo teve conhecimento das torturas e humilhações infligidas na prisão militar americana de Abu Ghraib, no campo de concentração de Guantanamo (Cuba) ou nos recentemente divulgados campos de concentração americanos para jovens e crianças, em pleno Iraque (vídeo). No entanto, parece que o TPI não passa de mais uma instância impotente da justiça internacional, forte com os fracos, e fraca com os fortes.
  6. 17-08-2008. Mais cedo do que se esperava, aí está a internacionalização do Yuan. É a consequência directa da falência dos dois gigantes semi-estatais que seguravam os riscos bancários no casino imobiliário americano: Fannie Mae e Freddie Mac. Estes mamutes financeiros colapsaram (enquanto outros --Lehman Brothers, etc.-- vão na mesma direcção) e estão agora na unidade de cuidados intensivos da Casa Branca. Uma das maneiras de impedir a falência declarada é passar a factura aos consumidores americanos sob a forma de inflação, outra, é imprimir mais umas toneladas de dólares sem valor. Mas a que terá alguma credibilidade junto dos países ricos (China, Singapura, Rússia ou Emiratos Árabes Unidos) é a troca de uma parte da imensa dívida americana por pedaços de terra que se vejam: a Formosa, o Irão, ou o Tibete, por exemplo! Apesar do latir de Sarkozy, os europeus terão que abandonar de vez as suas revoluções cor-de-rosa falidas na antiga Europa de Leste, sob pena de mergulharem numa depressão sem fim. Ler estes 3 artigos: U.S. likely to recapitalize Fannie, Freddie (Reuters); Analysts expecting large loss from Lehman (Herald Tribune), e China mulls first offshore currency market The Finantial Express).

OAM 421 15-08-2008 19:02 (última actualização: 18-08-2008 13:40)

terça-feira, agosto 12, 2008

Eurasia adiada - 2

O regresso da Rússia

12-08-2008 10:15. O Presidente russo Dmitri Medvedev anunciou hoje a decisão de pôr fim à operação russa na Geórgia, segundo as agências de notícias russas.

"O objectivo da operação, de impor a paz, foi cumprido. A segurança das tropas de paz e de cidadãos russos está garantida", adiantou Medvedev, segundo a agência russa Interfax.

Medvedev fez o anúncio durante uma reunião com o ministro da Defesa, Anatoli Serdiukov, e o Chefe do Estado-Maior do exército russo, Nikolai Makarov. "O agressor sofreu baixas significativas. As suas forças armadas estão desorganizadas", explicou. -- Expresso.

A Rússia deu por terminada a sua acção de defesa da independência, mais do que histórica e justificada, da Ossétia do Sul. Após a saída airosa dos americanos de um teatro por eles desenhado e de uma guerra suja por eles provocada, e depois dos protestos hipócritas da NATO e do gatinhar ridículo da União Europeia, o garnisé de Paris teve oportunidade de exibir uma vez mais a sua inócua pequenez.

Os Estados Unidos, Israel e a NATO instigaram os idiotas que dirigem os destinos da Geórgia a desencadearem um genocídio na Ossétia do Sul (e Abcácia, caso a primeira ofensiva passasse impune), em nome dos interesses petrolíferos do Reino Unido, dos Estados Unidos, de Israel, do Japão, da Turquia, da França e da Itália. Ou seja, em nome dos accionistas do pipeline conhecido por BTC, que liga Baku (capital e maior porto do Azerbeijão, no Mar Cáspio) ao porto turco de Ceyhan, passando pela capital georgiana Tbilisi (Tíflis, em russo). O tiro saiu-lhes inesperadamente pela culatra. Pior do que isso: a União Europeia fica, a partir desta exposição ao ridículo, numa posição extremamente frágil perante, não apenas a Rússia, mas sobretudo face à generalidade dos países que há exactamente 17 anos, perante a implosão da União Soviética, acreditaram que a Europa e o "mundo livre" lhe trariam mais pão, saúde, felicidade e paz. O que estes povos hoje sabem é que perderam tudo o que de bom a União Soviética lhes dera (emprego, educação, saúde e paz), e do Ocidente livre e democrático apenas receberam a destruição das suas economias, emigrações em massa, estados e governos inteiramente corruptos e agora, à medida que a União Europeia definha e entra num longo período de recessão, leis punitivas contra os imigrantes, xenofobia, desemprego estrutural, inflação, desmantelamento das leis sociais e super-exploração. Saudades do império soviético? Não diria tanto. Mas a saudade de uma grande Rússia, politicamente moderna, próspera, militarmente renovada, ávida de gente nova que reponha os seus depauperados níveis demográficos, certamente! Ora essa grande Rússia sabe que tem pouco mais de uma década para se realizar. O sinal da Ossétia pode muito bem ser o início de uma viragem decisiva nas relações entre a Rússia e os países vizinhos, que da União Europeia só podem esperar más notícias, enquanto da Rússia podem ambicionar quase tudo, a começar por uma nova cultura de liberdade. Se Berlim e Paris desperdiçaram uma vez mais a possibilidade de liderar a Eurásia, pois que sejam os Russos a fazê-lo. Para nós, portugueses, é uma excelente oportunidade para nos virarmos de novo para o mar!

A disputa em torno dos preciosos recursos petrolíferos do Médio Oriente, com particular destaque para o Iraque, o Curdistão, o Irão e a vasta região do Mar Cáspio tem-se vindo a agravar desde a primeira invasão do Iraque pelo pai do actual presidente dos Estados Unidos.

Vistos à distância, todos os conflitos que se lhe seguiram, nomeadamente na Palestina (onde Israel tem procurado reduzir a pó, de forma criminosa, qualquer possibilidade de criação e reconhecimento internacional de um estado Palestiniano), formam o padrão cada vez mais claro de uma guerra global que, a qualquer momento, poderá derivar para uma III Guerra Mundial. A diferença entre guerra global e guerra mundial é, na minha perspectiva, a seguinte: enquanto uma guerra global é, no essencial, uma guerra de proxis, feita de episódios sucessivos e/ou simultâneos de guerra convencional, e assimétrica, onde os principais protagonistas utilizam exércitos, forças irregulares e países terceiros para prosseguirem um grande jogo estratégico, a guerra mundial envolve directamente os protagonistas numa confrontação maciça dos respectivos povos, economias e arsenais bélicos.

A tentação americana, inglesa e israelita é seguramente a de precipitar a passagem da guerra global em curso para uma guerra mundial. O problema é que uma tal decisão implicará necessariamente o uso de armas nucleares. As guerras não se ganham no ar, a menos que o terror nuclear entre em acção. É por isso que os americanos não ganharam o Vietnam, não ganharam o Iraque e não irão ganhar o Afeganistão. O mesmo é verdade para a tentativa sionista de erradicar os povos da Palestina. Para ganhar uma guerra convencional são necessárias forças terrestres de combate e de ocupação prolongada. Se os países definidos como inimigos forem países populosos, como a Rússia, ou a China, então o problema torna-se praticamente insolúvel, salvo se for aplicada uma qualquer "solução final"! Ora, também por questões de ordem demográfica, já para não falar das motivações morais, o Ocidente perderia qualquer guerra mundial por si desencadeada. Isto é verdade hoje, e será uma evidência esmagadora daqui a dez ou quinze anos. Assim sendo, se existe empate técnico no grande jogo de estratégia em curso, a única alternativa decente é começarmos a pensar no mundo como uma entidade única, cujos desafios a todos dizem respeito e só poderão ser resolvidos na base de princípios inovadores e activos de harmonia e cooperação. Talvez seja a hora de trocar Carl von Clausewitz por Confúcio.




REFERÊNCIAS

Reportagens televisivas que não verá na subserviente televisão portuguesa (pelo menos enquanto durar a crise)

Embaixador russo denuncia apoio americano à aventura militar da Geórgia
Os Estados Unidos terão apoiado a operação militar da Geórgia contra a auto-proclamada república separatista da Ossétia do Sul que provocou a intervenção do exército russo. A informação é avançada pelo embaixador russo junto da ONU, Vitaly Tchurkine. -- RTP.

Rússia rejeita as criticas por parte da OTAN em relação à operação militar
11-08-2008. A Rússia considera que a OTAN , com sua experiência de bombardeiros na ex-Jugoslávia, é o organismo menos adequado para criticar a operação russa de imposição da paz na Ossétia do Sul. O secretário geral da Aliança Jaap de Hoop Scheffer, destacou ontem que a Rússia “violou a integridade territorial da Geórgia e usou Força militar enorme” no território da Ossétia do Sul.

“Estamos dispostos a escutar a opinião das entidades defensora dos direitos humanos mas não a de um bloque militar”, diz uma nota emitida por representação permanente perante a Aliança. Se a OTAN se empenha em ensinar a Rússia, ela “irá obrigada a recordar-lhe o suposto sentido da medida à hora de usar a força contra o povo e Exército da Sérvia , quando os benefícios democráticos se levavam mediante a destruição dos cidades sérvios , bombardeiros de Belgrado, liquidação de pontos e outras infra-estruturas do país”.

Na noite entre 7 e 8 agosto as tropas georgianas invadiram a autoproclamada república da Ossétia do Sul e bombardearam com artilharia a capital, Tsikhinvali, quase destruindo totalmente a cidade, causando mais de 2 mil vítimas mortais e mais de 30 mil refugiados. Para defender a população , a maioria da qual é da cidadania russa , o contingente russo de paz , com ajuda do 58 Exército e outras tropas efetuou as ações militares adequadas. -- Pravda.

Putin: Promotor deve investigar crimes de guerra
08/11/2008. Na sua reunião com Presidente Dmitry Medvedev no Domingo, o Primeiro-ministro da Federação Russa, Vladimir Putin, disse que o Promotor da Justiça deve investigar os crimes de guerra perpetrados pelo lado georgiano em Ossétia Sul, onde 40.000 civis foram forçados a fugir das suas casas e onde cerca de 2.000 foram chacinados pelo bombardeamento georgiano e acções de limpeza étnica. -- Pravda.

Contextualizando o conflito Rússia-Geórgia
O governo mafioso da Geórgia, apoiado e armado pelo imperialismo estado-unidense, agrediu dia 8 de Agosto a República da Ossétia do Sul. Este conflito tem implicações sérias para o oleoduto Baku-Tíflis-Ceyhan (BTC), que transporta petróleo do Cáspio para mercados ocidentais. O BTC custou US$3 mil milhões e é possuído em 30% pela British Petroleum (1).

A Geórgia tem um papel importante na geopolítica dos pipelines. O país, em si próprio não tem reservas significativas de petróleo ou de gás natural. No entanto, o seu território é uma peça chave para o escoamento da produção da Bacia do Cáspio. Na verdade, é o único caminho prático que evita tanto a Rússia como o Irão.

Os 1770 km do oleoduto BTC entraram em serviço há apenas um ano. Através dele são bombeados diariamente mais de 1 milhão de barris, desde Baku (no Azerbaijão) até Yumurtalik (na Turquia). Ali é carregado em super-petroleiros a fim de ser transportado para os EUA e a Europa. Cerca de 249 km da rota do BTC passa através da Geórgia e parte dele, apenas 55 km, na Ossétia do Sul.

O Ocidente, os EUA em particular, atiçaram a guerra regional. A cimeira da NATO em Bucareste, este ano, pressionou a Geórgia e a Ucrânia a aderirem à Aliança. A medida foi bloqueada por países europeus mas a NATO comprometeu-se a oferecer aos dois países a condição de membro da Aliança numa fase posterior. Esta oferta foi encarada por Moscovo como um desafio. Desde então a Rússia tornou claro, por atitudes e acções, que fará tudo o que estiver ao seu alcance para impedir a expansão da NATO nos seu flanco Sul.

O conflito tem implicações sérias para o relacionamento da Rússia com os EUA e o Ocidente em geral. O conflito pode propagar-se à Abkhazia, que pretende separar-se da Geórgia. Tanto a Ossétia do Sul como a Abkhazia têm mais razões para se tornarem repúblicas independentes do que o "país" que a NATO criou artificialmente no Kosovo.

Após a intervenção da Força Aérea russa e do bloqueio naval à Geórgia, iniciado a 10 de Agosto pela frota russa do Mar Negro, o agressor georgiano apressou-se a pedir um cessar fogo. O bloqueio naval destina-se a impedir a Geórgia de receber mais armamento dos países da NATO. Por outro lado, aviões russos bombardearam a base militar de Vazania, no arredores da capital georgiana e próxima do oleoduto BTC e a frota russa do Mar Negro bombardeou o terminal petrolífero do porto de Poti.

[1] Os accionistas do BTC Co. são: BP (30.1%); AzBTC (25.00%); Chevron (8.90%); Statoil (8.71%); TPAO (6.53%); Eni (5.00%); Total (5.00%), Itochu (3.40%); INPEX (2.50%), ConocoPhillips (2.50%) e Amerada Hess (2.36%). (fonte: BP) -- Pravda.

War in the Caucasus: Towards a Broader Russia-US Military Confrontation? By Michel Chossudovsky
During the night of August 7, coinciding with the opening ceremony of the Beijing Olympics, Georgia's president Saakashvili ordered an all-out military attack on Tskhinvali, the capital of South Ossetia.

The aerial bombardments and ground attacks were largely directed against civilian targets including residential areas, hospitals and the university. The provincial capital Tskhinvali was destroyed. The attacks resulted in some 1500 civilian deaths, according to both Russian and Western sources. "The air and artillery bombardment left the provincial capital without water, food, electricity and gas. Horrified civilians crawled out of the basements into the streets as fighting eased, looking for supplies." (AP, August 9, 2008). According to reports, some 34,000 people from South Ossetia have fled to Russia. (Deseret Morning News, Salt Lake City, August 10, 2008)

... Let us be under no illusions. This is not a civil war. The attacks are an integral part of the broader Middle East Central Asian war, including US-NATO-Israeli war preparations in relation to Iran.

... Russian forces are now directly fighting a NATO-US trained Georgian army integrated by US and Israeli advisers. And Russian warplanes have attacked the military jet factory on the outskirts of Tbilisi, which produces the upgraded Su-25 fighter jet, with technical support from Israel. (CTV.ca, August 10, 2008)

When viewed in the broader context of the Middle East war, the crisis in Southern Ossetia could lead to escalation, including a direct confrontation between Russian and NATO forces. If this were to occur, we would be facing the most serious crisis in US-Russian relations since the Cuban Missile crisis in October 1962. -- in Global Research.

In Russia-Georgia Conflict, Balkan Shadows, By Robert McMahon
August 11, 2008. Circumstances in two separatist Georgian border regions—South Ossetia in the north and Abkhazia in the northwest—brought Russia and Georgia into open conflict (RFE/RL) this month. Yet beyond the immediate triggers, some analysts see two international developments in the past six months as major catalysts for Russia's biggest military campaign outside its borders since the fall of the Soviet Union. And the fighting could have consequences far beyond Georgia's borders for the West and Russia.

The first catalyst was recognition of Kosovo's February declaration of independence (NYT) by the United States and European powers. Vladimir Putin, then Russia's president and now its powerful prime minister, had warned for years of the danger of recognizing Kosovo without Serbia's agreement. After it occurred, James Traub writes in the New York Times, "Mr. Putin responded by leveling a blow at America's Caucasus darling." Putin set in motion moves to recognize South Ossetia and Abkhazia, and stepped up patrols of Russian forces—ostensibly peacekeepers—in those regions. Russia expert Dmitri Simes of the Nixon Center told a CFR meeting late last year that Western recognition of Kosovo would have to be followed by a "quid pro quo in the Caucasus or where we are [is] a new era in international relations" between Russia and the West.

Now, just days into Russia's offensive, writes the Financial Times' Quentin Peel, the events in Georgia have become "Russia's Kosovo," including Russian portrayals of President Mikheil Saakashvili as a dangerous rogue in the mold of Serb leader Slobodan Milosevic. An analysis from the Russian news agency RIA Novosti described Saakashvili as unstable but a master propagandist. Soon after fighting broke out in South Ossetia, Russian Foreign Minister Sergei Lavrov was voicing concern over Georgian "ethnic cleansing (Reuters)" of the region, conjuring a term from 1990s Bosnia and Kosovo.

A second international catalyst for Russia's offensive in Georgia was a decision at NATO's Bucharest summit in April. The alliance, in a bow to Russia, declined to consider Georgia and Ukraine right away for a Membership Action Plan, or MAP. But a NATO statement pledging to reconsider the two countries' bids in December infuriated the Kremlin (FT). Russia followed that decision by stepping up moves to upgrade its relations with the two breakaway Georgian regions, which it already provided with crucial economic support. Analysts have linked the strong Russian reaction with a growing feeling of isolation as countries on its periphery join Western institutions. That is now coupled with newfound Russian "prosperity and self-confidence and geopolitical entitlement" that give it an opportunity to reverse this trend, says CFR Senior Fellow Stephen Sestanovich in a new interview.

... Much depends on whether the August military campaign represents a turning point for Russian foreign policy. Former top Clinton administration officials Ronald D. Asmus and Richard Holbrooke write that this moment could be the end of an era (WashPost) in Europe when "spheres of influence were supposed to be replaced by new cooperative norms." CFR Adjunct Fellow Jeffrey Mankoff's recent profile of Russia's foreign policy elite notes that the "neo-imperialist" camp, keen for Russia to challenge the West for leadership, appears well positioned to grow in influence. -- in Council on Foreign Relations.

Russia marks its red lines, By F William Engdahl
August 13, 2008. What is playing out in the Caucasus is being reported in the United States media in an alarmingly misleading light, making Moscow appear the lone aggressor after it sent troops into the breakaway Georgian region of South Ossetia following a Georgian offensive on that territory.

The question is whether President George W Bush and Vice President Dick Cheney are encouraging Georgian President Mikheil Saakashvili to force the next US president to back the North Atlantic Treaty Organization (NATO) military agenda of the current Bush administration. Washington may have badly misjudged the possibilities, as it did in Iraq, and there are even possible nuclear consequences.

The underlying issue is the fact that since the dissolution of the Warsaw Pact in 1991, one after another former member as well as former states of the Soviet Union have been coaxed and in many cases bribed with false promises by Washington into joining the counter organization, NATO.

Rather than initiate discussions after the 1991 dissolution of the Warsaw Pact about a systematic dissolution of NATO, Washington has steadily converted NATO into what can only be called the military vehicle of an American global imperial rule, linked by a network of military bases from Kosovo to Poland to Turkey to Iraq and Afghanistan. -- in Asia Times Online.

US & Israel Created Georgia War With Russia, Bt Elaine Meinel Supkis
Georgia wishes to drag everyone into this business. The US is very tempted to join in because this means the military/industrial complex can make more money. The Iraqis and Afghanis are not armies, they are civilians fighting the US military death machine. But RUSSIA can shoot down our jets, sink our ships and do other massive damage! Whoopee for our Daddy Warbucks from Cheney on down! They rub their hands with glee. This will be an übermassive opportunity to make big bucks. Forget the nickel and dime business of building crummy structures in Iraq with bad wiring and flimsy doors! Just one jet shot down and the stock for Boeing will go through the roof! Imagine that.

The idea this can launch WWIII and end up with all of us dead doesn't occur to these monsters licking their chops over the idea of the US plunging deep into a very destructive war! They only see the profits. - in Elaine Meinel Supkis, "War and Peace".


OAM 414 12-08-2008 14:06 (última actualização 13-08-2008 10:24)