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sábado, junho 07, 2025

Para onde cairá a Rússia depois de Putin?

 


Germany's Merz says some US lawmakers have 'no idea' of the scale of Russia's rearmament. 

By Friederike Heine and Andreas Rinke 

Reuters. June 6, 2025 3:10 PM GMT+2Updated a day ago


Vamos por partes. A Rússia de Moscovo e Putin quer reconstituir o antigo império czarista que Estaline manteve e expandiu na sequência da derrota da Alemanha em 1945. Vê neste fim estratégico a única via para impor à Europa central e ocidental um futuro entendimento estratégico global capaz de travar as ambições da China e dos Estados Unidos. Uma Rússia irrelevante seria uma porta aberta para a entrada da China na Europa. Uma espécie de regresso dos mongóis, nascidos em Pequim!

Tendo esta perspetiva presente, a invasão da Ucrânia serviria, em teoria, simultaneamente, os interesses de toda a Eurásia dominantemente cristã (apesar do Grande Cisma) relativamente ao novo Tratado de Tordesilhas que norte-americanos e chineses querem estabelecer na segunda metade deste século, por tempo indeterminado, e já  agora face ao novo Islão radical e fundamentalista. Mas como, perguntar-se-à? 

Respondo: restabelecendo o poderio militar do que foi a URSS, e do que foi o império czarista. Com ou sem vitória de Vladimir Putin (de preferência, sem), a Federação Russa e a Rússia de Kiev sairão desta guerra civil como duas poderosas forças militares e tecnológicas.

Acontece que o desiderato esplanado por Putin na sua visita a Lisboa, em 2007, de algum modo degenerou em sucessivas campanhas militares e policiais de terror intoleráveis contra aqueles que gostaria de ver como aliados principais na longa caminhada para uma Eurásia toda poderosa entre a China e a América—um imenso poder continental e marítimo finalmente coerente. Como é evidente, esta seria a maior dissuasão dos sonhos imperiais da China e dos Estados Unidos que o século 21 tem vindo a revelar.

Se a velha ideia da grande ilha que domina o mundo, de Halford Mackinder, faz sentido, nomeadamente como travão a um novo Tratado de Tordesilhas, depois do estabelecido entre Portugal e Castela-Aragão no dealbar do século XVI, e da Conferência de Ialta de 1945, a verdade é que a sua capital não poderá estar em Moscovo, nem em Berlim, nem sequer em Bruxelas, mas em Lisboa!

Vladimir Putin talvez esteja ainda a tempo de compreender isto, estancando unilateralmente a hemorragia da invasão da Ucrânia, retirando as suas tropas e desocupando todo o território ucraniano, incluindo a Crimeia, ainda que com garantias de acesso civil e militar ao Atlântico e ao Mediterrâneo, e garantias culturais e linguísticas às comunidades russófilas que vivem na Ucrânia. Não sei. Tudo dependerá da lucidez das elites russa e ucraniana. Sei, porém, que ambos os países teriam muitíssimo a ganhar com a paz e o início de um processo de reconciliação, sobretudo se a Ucrânia aderisse ao mesmo tempo à União Europeia e à NATO. Que melhor via de acesso teria Putin para regressar ao seu antigo desiderato de uma aproximação estratégica às democracias europeias?

Vendo a guerra da Ucrânia numa perspetiva mais ampla, eu diria que está a ser aproveitada para a criação de uma força militar estratégica e tática euroasiática formidável, capaz de travar as ambições imperiais americana e chinesa.

É nesta lógica, ainda que apresentada sob o disfarce de um rearmamento europeu contra Moscovo, que se poderá perceber a urgência do novo chanceler alemão, bem como do holandês que dirige neste momento a NATO. A guerra é sempre um teatro de sombras...

O que acabo de escrever não é uma fantasia, nem um cenário, mas uma hipótese de leitura, através  do denso nevoeiro da guerra, das forças tectónicas geoestratégicas atualmente em movimento.

Última nota e aviso ao futuro presidente Gouveia e Melo: Portugal deve manter uma certa equidistância entre Moscovo e Kiev, ainda que apoiando preferencialmente o país agredido. Não deve pôr-se em bicos de pés. Deve, sim, ser uma Suíça geopolítica no decisivo jogo imperial em marcha.


LINK

https://www.reuters.com/business/aerospace-defense/germanys-merz-says-some-us-lawmakers-have-no-idea-scale-russias-rearmament-2025-06-06/

quinta-feira, março 06, 2025

Democratizar a Rússia, a bem, ou a mal

A scared mouse is a potential threat
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Me+DALL.E


Não são factos (ver transcrição abaixo), é uma cartilha da propaganda russa, que contém algo de verdade, para a mentira ser convincente.


Trump tenta impingir de forma sibilina, no meio das suas diatribes e decisões terroristas, esta cartilha russa ao mundo, mas o que os americanos querem é entrar pela Ucrânia dentro, agora que a Rússia está virtualmente ferida de morte.

Continuar a destruir as refinarias, depósitos de combustível, munições, bases aéreas, equipamento militar e desgraçados recrutados à força para morrerem descalços ou de canadianas na linha de contato, seria encurralar perigosamente a corja de Moscovo. Putin contou numa entrevista ‘autobiográfica’ uma famosa anedota sobre o rato encurralado. O rato, neste caso, é ele.

O objetivo americano foi, nas palavras claras do anterior Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin III, enfraquecer a Rússia ao ponto de deixar de servir Pequim no horizonte de 2030. Este objetivo foi atingido durante a presidência de Biden, graças a uma integração perfeita entre os comandos militares ucranianos e o apoio norte-americano, quer em equipamento militar e munições, quer no sistema de informações altamente sofisticado que permitiu aos ucranianos e ao Pentágono ter uma visão em tempo real do teatro de guerra, e um sofisticado controlo e comando das operações militares (apoiado pelo Starlink de Elon Musk e empresas de Inteligência Artificial, como a Palantir Technologies). O apoio europeu foi importante, mas teve uma função auxiliar. O objetivo estratégico de reduzir a Rússia à sua importância demográfica, económica e militar real, foi traçado pelos Estados Unidos a seguir ao colapso da União Soviética. Estas coisas não se improvisam. Por outro lado, a Rússia, ao negar-se a retirar as consequências do colapso do império soviético cometeu um erro de cálculo fatal. Dirão alguns que Moscovo quis ligar-se organicamente à Europa democrática, e que este desiderato foi sabotado pelos Estados Unidos, com o apoio de uma subserviente Europa. É uma teoria por demonstrar...

É preciso não esquecer que alguns analistas militares atentos afirmam que a tomada da Formosa por Pequim está desenhada para 2027-28 e conta com o apoio da Rússia, no domínio da diplomacia, da contra-informação, da ciber-guerra e da guerra assimétrica em geral.

A prioridade americana tem sido, pois, anular esta aliança, destruindo a economia e a capacidade militar russas antes, precisamente, de 2027. Estamos em 2025, e este objetivo foi objetivamente alcançado. Que a Ucrânia fique temporariamente sem 20% do seu território, mas com a capacidade (juntamente com a Turquia e os países Balticos) de controlar o acesso russo aos mares Negro e Báltico (as únicas passagens com que a Rússia conta para aceder aos grandes mares) é um dano colateral perfeitamente aceitável e, a prazo, reversível.

Os europeus já perceberam a manobra americana, protagonizada por Trump, e estão, de facto, a preparar-se para disputar uma presença forte na Ucrânia e na Rússia do pós-guerra e, à cautela, fazer da Europa numa fortaleza económica, financeira, tecnológica e militar. Será seguramente uma corrida de doidos contra o tempo. Teremos, pois, austeridade social e economia de guerra. Até ver...



PROPAGANDA RUSSA (By Ricardo Gomes)
Que um fact-check poderá facilmente desmontar

🔥 𝗔 𝗚𝗨𝗘𝗥𝗥𝗔 𝗡𝗔 𝗨𝗖𝗥𝗔̂𝗡𝗜𝗔: 𝗙𝗔𝗖𝗧𝗢𝗦 𝗘 𝗙𝗢𝗡𝗧𝗘𝗦 𝗣𝗔𝗥𝗔 𝗢𝗦 𝗡𝗘𝗚𝗔𝗖𝗜𝗢𝗡𝗜𝗦𝗧𝗔𝗦 🔥
📢 Cansado de ouvir sempre a mesma narrativa distorcida sobre a guerra? Aqui estão os factos que a mídia esconde – com fontes verificáveis. 📖👇
1️⃣ A GUERRA NÃO COMEÇOU EM 2022 – MAS EM 2014
⚠️ Fato: A guerra na Ucrânia não começou com a invasão russa, mas sim em 2014, após um golpe de Estado apoiado pelos EUA.
🔹 O presidente eleito Viktor Yanukovych foi derrubado depois de recusar um acordo com a UE.
🔹 A famosa chamada de Victoria Nuland ("F* the EU")** revela que os EUA já tinham escolhido o novo governo ANTES de Yanukovych cair.
🔹 O novo governo baniu a língua russa em algumas regiões, causando revolta no Donbass.
📌 Fontes: Wikileaks, The Guardian, Reuters, NSA recordings.
2️⃣ OS 14.000 MORTOS QUE O OCIDENTE IGNOROU
⚠️ Fato: Entre 2014 e 2021, mais de 14.000 pessoas morreram no Donbass devido a bombardeamentos ucranianos.
🔹 A OSCE documentou ataques a escolas, hospitais e bairros civis feitos pelo exército ucraniano.
🔹 Onde estava a ‘indignação mundial’ quando isso acontecia?
📌 Fontes: Relatórios da OSCE (2014-2021), ONU, Amnistia Internacional.
3️⃣ A NATO PROMETEU NÃO SE EXPANDIR – E MENTIU
⚠️ Fato: Os EUA garantiram a Gorbachev que a NATO nunca avançaria para o Leste.
🔹 Desde 1991, a NATO expandiu-se 15 vezes, colocando bases na fronteira russa.
🔹 Em 2008, a NATO declarou que a Ucrânia e a Geórgia poderiam aderir à aliança, ignorando os avisos da Rússia.
📌 Fontes: Arquivos desclassificados da NSA, declarações de George Kennan e Henry Kissinger.
4️⃣ O ACORDO DE PAZ DE 2022 QUE O OCIDENTE SABOTOU
⚠️ Fato: A guerra poderia ter terminado em março de 2022, mas foi sabotada pelos EUA e Reino Unido.
🔹 Ucrânia e Rússia negociaram a paz em Istambul – Ucrânia aceitaria neutralidade e a Rússia retiraria tropas.
🔹 Mas Boris Johnson foi a Kiev e ordenou que Zelensky rejeitasse o acordo.
🔹 Resultado? Milhares de vidas ucranianas sacrificadas para satisfazer os interesses do Ocidente.
📌 Fontes: Financial Times, Washington Post, declarações de negociadores ucranianos.
5️⃣ ZELENSKY: HERÓI OU DITADOR?
⚠️ Fato: Zelensky não é o ‘líder democrático’ que te venderam.
🔹 Baniu 11 partidos de oposição, incluindo o maior partido pró-paz.
🔹 Fechou canais de TV independentes, transformando a mídia num órgão de propaganda.
🔹 Adiou eleições indefinidamente – sem previsão de devolver o poder ao povo.
📌 Fontes: Human Rights Watch, Parlamento Europeu, Transparency International.
6️⃣ QUEM LUCRA COM A GUERRA?
⚠️ Fato: Os EUA e a NATO estão a enriquecer, enquanto a Ucrânia é destruída.
🔹 A indústria militar americana está a bater recordes de lucros.
🔹 Os EUA vendem gás à Europa a preços absurdos, explorando a crise.
🔹 As terras agrícolas da Ucrânia estão a ser compradas por corporações ocidentais.
📌 Fontes: Financial Times, The Economist, Comissão Europeia.
7️⃣ PUTIN QUER INVADIR A EUROPA? MITO TOTAL!
⚠️ Fato: Se a Rússia mal consegue lidar com a Ucrânia, como vai invadir a Europa inteira?
🔹 A NATO tem um orçamento militar 12 VEZES maior do que a Rússia.
🔹 Putin NUNCA ameaçou invadir países da NATO – essa narrativa foi criada para justificar mais gastos militares.
📌 Fontes: RAND Corporation, Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS).
🔥 CONCLUSÃO: O QUE REALMENTE ACONTECEU? 🔥
✔️ A NATO e os EUA provocaram a guerra com a sua expansão agressiva.
✔️ A Ucrânia foi usada como um peão para enfraquecer a Rússia.
✔️ A paz foi rejeitada pelo Ocidente, porque a guerra serve os interesses americanos.
✔️ Os EUA e a NATO lucram com a destruição da Ucrânia, enquanto os ucranianos pagam o preço.
⚠️ Se depois disto ainda negas estes factos, então não és um analista sério – és apenas mais um papagaio da propaganda ocidental.
🔎 INVESTIGA! NÃO ENGULAS NARRATIVAS PRONTAS!
📢 PARTILHA para que mais pessoas saibam a verdade!
🔥 Não deixes que a mídia te engane. A história está a ser escrita agora – e a verdade já começa a vir à tona. 🔥

segunda-feira, fevereiro 10, 2025

Renováveis e indústria pesada

Insisto: o mundo caminha para uma crise energética sem precedentes. Não há suficiente carvão, petróleo, gás natural, urânio, e rios disponíveis para suportar a procura mundial de energia. 

Ou seja, em algum momento, o declínio já visível do consumo mundial de energia per capita dará lugar a um dominó catastrófico de colapsos económicos, demográficos, sociais, políticos e culturais. 

Racionalizar esta perspetiva será sempre um exercício psicológico demasiado doloroso. Preferimos, portanto, procrastinar as necessárias decisões difíceis e acreditar no mito das energias renováveis. Esta energia, na realidade, sempre existiu, mas então, quando dependíamos apenas do Sol, do vento, dos rios e da queima de árvores, éramos pobres, vivíamos com muito menos...

Significa isto que devemos abandonar as novas tecnologias de produção de energia, eólica, solar, nuclear?

Não. Na realidade, em regiões inteiras do planeta, onde escasseiam já o carvão, o petróleo e o gás natural, e onde não há mais rios para domesticar, não há mesmo alternativa às chamadas energias renováveis! 

Acontece, porém, que este novo paradigma significa o declínio, entre outras, das indústrias pesadas, e portanto uma mudança radical no estilo de vida humana na Terra, sobretudo nas sociedades industriais e pós-industriais desenvolvidas. A dificuldade objetiva, na Europa e nos Estados Unidos, em produzir projéteis de artilharia em quantidade suficiente para derrotar rapidamente Vladimir Putin, veio revelar uma mudança que, na realidade, já ocorrera há algum tempo,  mas que só agora começamos lentamente a perceber: a era da abundância industrial morreu.

A guerra de drones contra tanques, aeronaves e infantaria motorizada que prossegue na Ucrânia veio demonstrar, quer as fragilidades materiais do Ocidente (onde o pico do petróleo ocorreu há mais tempo), quer o colapso a curto prazo da vantagem petrolífera temporária da Rússia. As primeiras semanas da nova presidência americana, e a invasão não provocada e criminosa da Ucrânia pela Rússia, mostram à saciedade até que ponto o fim da abundância das energias fósseis está a mergulhar as sociedades humanas numa espiral de violência assustadora. Como a aniquilamento termonuclear mútuo não traz vantagem a ninguém, outras formas de assédio e guerra tenderão a emergir depois de terminada a barbárie que neste momento continua a sacrificar milhares de pessoas diariamente na Ucrânia. Para este fim macabro as grandes potências têm em mente uma única preocupação: capturar e controlar as principais reservas mundiais de petróleo, gás natural, carvão, urânio e metais raros, pois sabem que sem estes recursos as respetivas sociedades cairão rapidamente no abismo. Dilema mais evidente é difícil de vislumbrar...

Não tardaremos a ver o colpaso, por exemplo, do turismo mundial de massas. Seja porque não será em breve tolerável continuar a subsidiar o combustível do transporte aéreo, seja porque o declínio do poder médio de compra nas sociedades ricas se acentuará inexoravelmente no decurso deste século.

Oxalá me engane!

Recomendo, por fim, a leitura de mais um artigo certeiro de GAIL TVERBERG, de que publico alguns excertos.

Without enough oil, people may need to stay closer to home.

(...)

The Garden of Eden, mentioned in the Bible's Book of Genesis, seemed to have some of the characteristics of Southeast Asian countries today. If "warm and wet" was a solution in the early days, it may still be a solution in the future.

(...)

While Southeast Asia shares most of the world's energy problems, this region seems better positioned to handle the energy shortfalls ahead of many other areas. Southeast Asia's warm, wet climate is helpful, as is its coal supply, particularly in Indonesia. Many people in this part of the world are used to living in cramped quarters — three generations in a large one-room home, for example. Abundant forests provide a renewable source of energy. Religious traditions help provide order. These factors may work together to allow the economies of these countries to continue to some extent, even as much of the rest of the world pushes in the direction of collapse.

(...)

While China's rapid growth has been impressive, it is hard to maintain. Southeast Asia's slower growth curve, which is still rising, is easier to maintain. If it starts to fall, it will hopefully be slower.

(...)

Coal is an inexpensive heat and electricity source and essential for making steel. The Industrial Revolution around the world started with the use of coal, and coal is still heavily used in manufacturing. While the wealthy countries of the world talk a great deal about carbon dioxide and climate change, the poorer countries—including those in Southeast Asia—continue to use coal to the extent it is available.

Worldwide, China is number one in coal production (93.10 exajoules), according to the 2024 Statistical Review of World Energy. India is in second place, with an output of 16.65 exajoules. Indonesia is close behind in third place, with coal production of 15.73 exajoules. The advantage of Indonesia is that its population (281,000) is much lower than that of India (1.4 billion), so its coal benefit relative to population is much greater than that of India.


Figure 1 shows that Southeast Asia produces little oil. This oil production (blue line) peaked in 2000 and has fallen since then. Countries worldwide share this pattern: oil production starts falling once the easily extracted oil is removed.


Figure 2 shows that once natural gas production (blue line) began to decline, Southeast Asian natural gas consumption (orange line) flattened out and even declined slightly. Natural gas exports also started to fall, beginning more than a decade before the peak in production was reached. Some of the natural gas exports are liquefied natural gas exports under long-term contracts. These cannot easily be cut back because of inadequate output.

Ler artigo completo aqui.

sexta-feira, novembro 22, 2024

António José Seguro ou um Almirante?

Foto: Rita Chantre/Global Imagens (editado)

António José Seguro assume estar a ponderar candidatura a Belém DN

António José Seguro, candidato presidencial, seria um sinal de esperança para o decadente PS, mas não tem condições para chegar a Belém.

Prefiro um almirante que saiba de submarinos e de guerra! 

E que a corja partidária passe por um período de quarentena e desinfestação. 

Para tal, precisamos dum presidente não partidário, de preferência militar, que perceba até que ponto a duração do país depende de uma renovação radical do nosso poder naval, em particular no que se refere ao que é hoje o 'mar português': mar territorial, a zona económica exclusiva, incluindo a zona contígua ao mar territorial, e a plataforma continental. Isto é o mais importante, com o decorrente desenvolvimento de conhecimento fundamental, tecnologias e projetos económicos estratégicos associados. AInda na área militar, é fundamental desenvolver nichos militares de excelência, por exemplo, no setor das tropas especiais e aviação costeira.

As discussões sobre energia e infraestruturas (aeroportos e ferrovia, nomeadamente) foram ultrapassadas nestes últimos três anos, pela invasão russa da Ucrânia, pelas ambições cada vez mais agressivas da China comunista e pelo terrorismo fundamentalista islâmico. 

Temos um mix energético razoavelmente equilibrado, que fornece um produto essencial a preços comparativamente competitivos, cuja segurança relativamente às fontes intermitentes nos é garantida pela energia nuclear espanhola e francesa.

 Por outro lado, o setor ferroviário deve orientar-se para as ligações internas onde estas forem competitivas (nomeadamente nas principais regiões urbanas do país), e para os eixos internacionais prioritários: Corunha-Faro (Corunha, Santiago, Vigo, Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, Sanarém, Lisboa, Setúbal, Faro) e Lisboa-Madrid. As ligações internacionais deverão, porém, obedecer a critérios de interoperabilidade eficientes e competitivos, e devem ser desenhados à partida em função da concorrência existente na Europa neste domínio.

Os dados digitais e a eletrónica são o petróleo de hoje e do próximo futuro. 

Por sua vez, o carvão, o petróleo, o gás natural e a energia nuclear, da era industrial ,vão continuar, embora sob condicionamentos crescentes e a par do crescimento exponencial das energias renováveis não poluentes que não roubem aos equilíbrios ecológicos e à produtividade económica os solos ricos em água e matéria orgânica.

Em suma, é preciso uma pequena revolução democrática para mudar o nosso paradigma indolente e populista de desenvolvimento. Prioridade absoluta: segurança e defesa do 'mar português', com tudo o que esta prioridade implica nos setores estratégicos militar, económico, cognitivo e cultural.

Nota: a nova Árvore das Patacas, que é o turismo português, deve ser acarinhada, dando lugar a uma especialização que não existe, que evite a todo o custo a destruição dos destinos turísticos pela massificação e pela homogenia comercial e cultural. Precisamos, neste domínio, de diferença!

segunda-feira, novembro 18, 2024

A próxima grande guerra na Europa

A C-P + DALL.E, War, 2023

More than 70% of young respondents in Western Europe see terrorism as the biggest threat to European security, followed by concerns about cyberattacks, natural disasters due to climate change, and Russia. Furthermore, almost half of them believe their country will be directly involved in an armed conflict within the next ten years. Yet, all that being said, young people do not view security and defence as a structural concern given the absence of an imminent threat to their own countries. Other issues and policies, such as healthcare and education, are perceived as having a greater relevance for their daily lives.  
Next-Generation Security 
This research program analyses the European youth's perceptions of the security and defence landscape and its future. 
ie UNIVERSITY, Segovia, Spain 
@ieuniversity


A Rússia de Putin é uma autocracia medievo-industrial, assassina por herança histórica, incapaz de evoluir, salvo se voltar a ser ocupada, embora desta vez por um poder mais civilizado, a Europa, em vez de um da mesma laia, a China...

A probabilidade de uma guerra alargada entre a Europa e a Rússia, com botas europeias nos campos de batalha, e assistência norte-americana à distância, parece evidente a um número crescente de europeus.

Assim sendo, valem os velhos provérbios: mais vale prevenir do que remediar; há que pôr as barbas de molho; em tempo de guerra não se limpam espingardas; quem vai para o mar avia-se em terra...

Este cenário mais do que provável terá implicações profundas em Portugal, desde logo quando for intimado a subir o orçamento da defesa para os 3%. Os oportunistas, incompetentes, corruptos e indigentes populistas que desgraçadamente nos governam só irão mexer-se quando forem ferrados, e bem ferrados, pelos credores.

terça-feira, setembro 03, 2024

Como acabar com a agressão russa contra a Ucrânia?

 

Civilians killed and cars destroyed in Russian missile strikes on Kyiv, 10 October 2022 (Wikipedia)

As defesas aéreas da região de Moscovo, a mais bem defendida da Rússia, falharam clamorosamente contra uma onda de pouco mais de 150 drones ucranianos no passado dia 1 de setembro de 2024. Este teste ajudará os ucranianos em futuros ataques, e deveria desde já levar os Estados Unidos a reverem as restrições inaceitáveis sobre o uso do seu armamento em território russo.

Por outro lado, os terroristas islâmicos, do ISIS e da banda Kadyrov (leia-se: as colónias muçulmanas) preparam-se para uma mais do que provável desintegração da Federação Russa. 

Mais do que uma vitória ucraniana contra Moscovo, o que está em marcha é uma segunda implosão no seio de decrépito império medieval moscovita.

A urgência de acabar com a aventura criminosa de Vladimir Putin tem, pois, ramificações muito perigosas, que o mundo democrático, a China, a Índia e até a Turquia e a Arábia Saudita terão que cercear, para a sua própria segurança.

Um plano de paz para a região deveria, creio, assentar em dez premissas:

1 - resignação de Vladimir Putin;

2 - retirada da Rússia de todas as terras ocupadas na Ucrânia, incluindo a Crimeia;

3 - constituição de um corredor desmilitarizado com 100 Km de largura ao longo de toda a fronteira entre a Rússia e a Ucrânia, vigiado por uma força militar de paz multinacional, da qual façam parte os Estados Unidos, a China, a União Europeia, o Brasil, a Índia, a Turquia e a Arábia Saudita;

4 - reparação dos danos causados pela invasão militar não provocada da Ucrânia, com recurso, nomeadamente, à riqueza criminosa dos oligarcas russos acumulada em bancos e paraísos fiscais ocidentais;

5 - julgamento dos responsáveis pelos crimes de guerra cometidos e documentados;

6 - aceitação por parte da Rússia de inspeções periódicas a todo o seu arsenal militar nuclear;

7 - imposição de um limiar às despesas militares russas totais na ordem dos 1,5% do seu PIB;

8 - perda do estatuto de membro permanente do Conselho de Segurança da ONU de que a Federação Russa atualmente goza;

9 - levantamento progressivo e seletivo das sanções comerciais e financeiras à Rússia;

10 - definição de um roteiro de democratização da Rússia, cujo seguimento permitirá o estabelecimento de futuros tratados de cooperação e desenvolvimento com os países da NATO.


[EN]

How do we end the Russian aggression towards Ukraine?

Air defences of the Moscow region, the best defended in Russia, failed resoundingly against a wave of just over 150 Ukrainian drones. This test will help the Ukrainians in future attacks and should now lead the United States to review the unacceptable restrictions on the use of its weapons on Russian territory.

On the other hand, Islamic terrorists, ISIS and Kadirov band (read: Muslim colonies) are preparing for a more than likely disintegration of the Russian Federation. 

More than a Ukrainian victory against Moscow, what is underway is a second implosion within the decrepit Moscow medieval empire.

The urgency of putting an end to Vladimir Putin's criminal adventure, therefore, has very dangerous ramifications, which the democratic world, China, India and even Turkey and Saudi Arabia will have to curtail for their safety.

We need a ten points peace plan for the region:

1 - Resignation of Vladimir Putin;

2 - Russia's withdrawal from all occupied lands in Ukraine, including Crimea;

3 - Creation of a demilitarised corridor 100 km wide along the entire border between Russia and Ukraine, monitored by a multinational military peacekeeping force, which includes the United States, China, the European Union, Brazil, India, Turkey and Saudi Arabia;

4 - Repairing damage caused by the unprovoked military invasion of Ukraine, using, in particular, the criminal wealth of Russian oligarchs accumulated in Western banks and tax havens;

5 - Trial of those responsible for committed and documented war crimes;

6 - Russia's acceptance of periodic inspections of its entire nuclear military arsenal;

7 - Imposing a threshold on total Russian military expenditure in the order of 1.5% of its GDP;

8 - The Russian Federation will lose its current status as a permanent member of the UN Security Council;

9 - Progressive and selective lifting of commercial and financial sanctions on Russia;

10 - Definition of a roadmap for Russia's democratization, which will allow the establishment of future cooperation and development treaties with NATO countries.

domingo, fevereiro 27, 2022

A Rússia depois do martírio ucraniano

 

JOHN CUNEO — Visual metaphors for beginners.
(Not sure this is a guy who is worried about sanctions)
@johncuneo3

Depois da guerra da Ucrânia a Rússia ou será um súbdito da China ou um futuro membro da União Europeia. As ambições assassinas de Putin não têm futuro.

“Mais de 3 mil pessoas foram presas na Rússia desde o começo da ofensiva na Ucrânia, incluindo 467 neste sábado, por se manifestarem contra a guerra, informou a ONG de defesa dos direitos humanos OVD-Info.” (lista de detidos aqui)

A questão de Putin e da Rússia é simples de perceber: viram o seu império leninista-estalinista, a URSS, fundada em 1922, ruir por dentro, ao fim de 69 anos de existência (1922-1991). 

A ex-União Soviética foi, na realidade, um epifenómeno e uma página breve na existência da Rússia. Uma vez extinta, por implosão, e sem causas externas diretas, toda a conversa de Moscovo sobre zonas de influência e pergaminhos imperiais sobre os povos que se libertaram rapidamente da pata moscovita, não faz qualquer sentido. Os países que se libertaram da Rússia (e apesar das cicatrizes de meio século de corrupção, ditadura e paranóia securitária) querem naturalmente paz, democracia e prosperidade, ou seja, tudo o que a Rússia nunca soube nem sabe o que é. 

Os próprios russos que não constituem a guarda pretoriana do Kremlin, e até uma parte da elite palaciana de Putin, aspiram a pertencer a uma Europa chic e com liberdades jurídicas asseguradas. Veja-se, a título de exemplo, o caso da Barbie que recentemente publicou e apagou (por ordem do papá, claro) um hashtag contra a invasão da Ucrânia. 

A filha do porta-voz de Putin (o dandy Peskov), de nome Elizaveta Dmitrievna (@lisa_peskova), é o que se chama uma beauty russa com todos os tiques da sofisticação urbanita e mediática ocidental. A sua página no Instagram parece saída dos livros de estilo dos filmes de James Bond, ou das mais recentes hipérboles da cultura pop tardia americana e europeia. No entanto, esta pérola da elite moscovita foi também estagiária de Aymeric Chauprade, um deputado nacionalista francês do Parlamento Europeu, ex-iminência parda da presidente da Front Nationale, Marine Le Pen, e um declarado defensor da anexação da Crimeia por parte da Rússia em 2014. Este especialista em 'realismo geopolítico' foi ainda vice-presidente do efémero grupo parlamentar europeu chefiado por Nigel Farage.

Elizaveta Dmitrievna é fundadora e vice-presidente da Foundation for the Development of Russian-French Historical Initiatives, uma organização russa presidida por um ex-legionário, ex-militar e antigo assistente parlamentar de Jean-Marie Le Pen e Aymeric Chauprade, de nome Pierre Malinovsky. 

A agressão militar de Putin está a custar aos russos, a maioria dos quais vive com grandes dificuldades, 20 mil milhões de dólares por dia (ver Nota). A resposta económico-financeira que a Europa e os Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, e muitos outros países estão a dar ao perigoso assassino Vladimir Putin é importante na medida em que tolhe a capacidade da Rússia financiar uma guerra tão cara e com tamanho desgaste psicológico e social. O sangue e os traumas dos milhões de ucranianos que nesta hora sofrem, choram e rezam pelo seu país (pois muitos deles rezam) não será em vão. A sua coragem e determinação são o ponto crítico da vitória ou derrota de Putin. A oposição interna na Rússia à loucura de Putin, também. Nem que seja um post (logo apagado) da filha do porta-voz do senhorio do Kremlin.

Dmitry Peskov e Lisa Peskova
@lisa_peskova

NOTA

O PIB da Rússia é inferior ao do Benelux. O PIB per capita do Benelux é 5x maior do que o da Rússia. O território do Benelux tem 75 mil Km2, o da Rússia 17 milhões. É só fazer as contas...

A Rússia é hoje um país economicamente menor, com uma superfície desproporcionada, em boa parte despovoada de seres humanos, armado até aos dentes, e com um arsenal nuclear construído durante a Guerra Fria, que só poderá servir para acabar com a humanidade. Nunca para dar qualquer superioridade efetiva aos criminosos de Moscovo.

A Rússia tem apenas 144 milhões de habitantes, e a decrescer; o Brasil, por exemplo, tem 212 milhões, e a crescer...

A Rússia, ou se junta à Europa ocidental (que as suas elites, aliás, adoram), ou será capturada pela China, que já há alguns anos começou a ocupar aldeias russas abandonadas nas imediações das suas fronteiras.

A China é um país de mais de 1,4 mil milhões de seres humanos, mas a envelhecer rapidamente. O seu pico demográfico já terá sido atingido, prevendo-se que perderá mais de 400 milhões de almas até ao fim deste século. Por outro lado, não tem recursos suficientes para alimentar a sua população. Prospera através da sobre-exploração da sua força de trabalho e dum sistema de produção altamente competitivo, mas muito poluente, ou seja, em última instância, autofágico. Se um dia a Rússia cair na suas mãos, será a China e não a Rússia a ditar os preços do gás natural e demais matérias primas que importa da Rússia. E muito provavelmente pagará com yuans, não com dólares, nem euros...

Putin é uma espécie de urso enjaulado, perigoso e que deixou de raciocinar. Esperemos que a elite que o rodeia, apesar de tão desmiolada e corrupta, acorde a tempo.


#standwithukraine

domingo, outubro 10, 2021

Aukus, the new global tif-for-tat game in town

The units that could be involved in the upcoming Carrier Strike Group 2021 deployment. ukdj

In an Instagram post, the Dutch MoD said (translated):

“HNLMS Evertsen is in dry dock for maintenance before the ship departs with the # UKCarrierStrikeGroup21. With this international fleet association, the Evertsen will soon be heading towards Asia” — in ukdj.

O Brexit, em minha modesta opinião, foi uma decisão estratégica. Os objetivos do Reino Unido parecem-me hoje claros:

1) manter completo controlo sobre o seu sistema financeiro; 

2) restabelecer/fortalecer a aliança com os Estados Unidos; 

3) intensificar as relações de vantagem mútua com alguns dos antigos grandes territórios coloniais britânicos (sobretudo a Austrália, Nova Zelândia, Canadá, Índia e a África anglófila: Nigéria, Etiópia, África do Sul, Tanzânia, Kénia e Uganda, que hoje já representam mais de 500 milhões de pessoas, mas que mais do que duplicarão a população chinesa em 2050, tendo a África anglófila em meados deste século cerca de doi mil e oitocentos milhões de almas;

4) travar o expansionismo económico, e agora também político e militar, da China, estabelecendo as necessárias alianças para alcançar este objetivo;

5) preparar-se para uma eventual guerra contra a China.

Sobre a poeira que é lançada diariamente contra o Reino Unido a propósito do Brexit, uma breve desmontagem de argumentos:

—paraísos fiscais temos todos, a Suíça, o Luxemburgo, Malta, Andorra, Portugal e a Espanha, os Estados Unidos, a França, a própria Alemanha (neste caso, chama-se BCE); o problema está em distinguir quem usa o seu sistema financeiro para enriquecer o país, de quem o usa apenas para esmifrar o povo que governa, ou sonha com impérios medievais... A Alemanha, ao que parece, não desiste de regressar ao Sacro Império. Quer dominar:

1) a banca—através da livre circulação de capitais intra-comunitária sob o comando do Bundesbank, de que o BCE é uma espécie de Cavalo de Tróia, 

2) o comércio—através da livre circulação de bens, boa parte dos quais com grande incorporação de importações extra-comunitárias, nomeadamente da Ásia e da China em particular, 

3) a burocracia—através de Bruxelas,

4) a produção industrial e pós-industrial—criando regras em Bruxelas que não cumpre mas obriga os outros a cumprir (exemplo: a simbiose energética, industrial e comercial com a Rússia, China, Irão e Brasil, enquanto força, ou corrompe outros a cairem na armadilha das energias renováveis sem verdadeiros backups—necessariamente dependentes de energias fósseis) e, finalmente, 

5) os fluxos migratórios na Europa—nomeadamente como forma de rebentar com os preços do trabalho europeu (demasiado altos) e obter novas fontes de alimentação do seu sistema social. 

Em suma, os alemães, sobretudo os alemães, esticaram a corda. Os ingleses encaixaram (enquanto viram vantagem no negócio) o tremendo impacto negativo deste processo de "integração", sobretudo na indústria e nas populações trabalhadoras menos qualificadas. Porém, perante a iminência de a Alemanha engolir a City Londrina e controlar os paraísos fiscais de Sua Majestade, alguém acabaria por mexer os cordelinhos para roer a corda da nova Pax Europeia, parindo o Brexit. Apesar do ruído, nada garante que a Inglaterra seja um novo Titanic. Por outro lado, se o balanço se revelar claramente positivo para os britânicos, outros países poderão seguir-lhe as pisadas. Desde logo, a Holanda, com a agitação que uma tal decisão induziria entre os flamengos.

Como se sabe, os holandeses, sem pedir licença à Alemanha, e muito menos a Bruxelas, juntaram-se à nova frente aliada anti-China: o Aukus. Querem mais sinais de crise na União Europeia? Já agora, se houver uma guerra entre as principais potências atlânticas e a China, de que lado se colocará o país da quinas? 

É provável que a guerra acabe por não acontecer, e a China ao perceber o que lhe poderá acontecer, resolva proteger o país com mais trinta novas muralhas, como sempre fez no passado. Importa, todavia, preparar o nosso país face a uma tal eventualidade, para o que creio haver duas prioridades claras: 

1) Atlantismo reforçado: afirmar a perante o mundo uma aliança de séculos com o Reino Unido, sublinhar ter sido (et pour cause) Portugal um dos países signatários da Aliança Atlântica, apesar de viver então sob uma ditadura, e intensificar estratégias e projetos de cooperação com os países da lusofonia, sobretudo com o Brasil , Angola, Cabo Verde, São Tomé Príncipe e Guiné-Bissau. Em Moçambique, Portugal deverá concertar com este país e com a África do Sul uma cooperação reforçada na economia, na educação e na defesa.

2) Manter uma posição de neutralidade e diplomacia ativa (honest broker) na presente crise entre a potência hegemónica e seus aliados, e as pretensões precipitadas da China. Para tal, Portugal deve exigir à China (sim, exigir, diplomaticamente, à China) o respeito pelos acordos relativos ao estatuto de Macau. E mais, deve convencer o Senhor Xi de que o fortalecimento da posição portuguesa em Macau é do interesse de ambos os países, mas sobretudo de grande interesse para a paz mundial, entornado que foi o caldo em Hong Kong.

sábado, agosto 19, 2017

Terrorismo ou guerra?

Mapa do novo califado por que luta o Daesh

A radicalização é geral, e os novos fascismos espreitam, à direita, mas também à esquerda.


In this Second American Civil War, whose side are you on? — Pat Buchanan (18/8/2017)

O autoproclamado Estado Islâmico, em mais um declarado ato de guerra e terror, assassinou duas cidadãs portuguesas no decurso do massacre de Barcelona. Qual é a posição do estado português? Qual é a posição do governo português? Qual é a posição do parlamento português? Qual é a posição do PCP? Qual é a posição do Bloco de Esquerda? Qual é a posição do Partido Socialista? Temos o direito de saber, e os visados têm a obrigação de explicar. Razão teve Passos Coelho ao avisar-nos sobre a imprudência esquerdista de deixar entrar no país 'qualquer um' (1).

Em 2001, em nome da identidade religiosa, e da proibição do culto de ídolos e imagens, os talibãs destruíram as estátuas dos Budas de Bamiyan. Parecia então uma reminiscência medieval. Não era :(

Os soldados do dito Estado Islâmico declararam guerra aos infiéis (nós) e vão aterrorizando e assassinando todos os inimigos que podem (nós). Reclamam, por exemplo, a reconquista da Península Ibérica.

Que resposta lhes devemos dar?

Deixar de ensinar a história da formação do reino de Portugal? Manter uma posição cobarde em nome de uma postura politicamente correta, abdicando da nossa própria identidade e história? Em suma, fingir que não se passa nada, ou pior ainda, que a responsabilidade pelos catorze civis portugueses assassinados pelos terroristas islâmicos desde 2001 é, afinal, nossa?!

Em que lado da barricada estão, afinal, as esquerdas?

In Durham, North Carolina, our Taliban smashed the statue of a Confederate soldier. Near the entrance of Duke University Chapel, a statue of Lee has been defaced, the nose broken off. 
Wednesday at dawn, Baltimore carried out a cultural cleansing by taking down statues of Lee and Maryland Chief Justice Roger Taney who wrote the Dred Scott decision and opposed Lincoln's suspension of the right of habeas corpus. 
Like ISIS, which smashed the storied ruins of Palmyra, and the al-Qaida rebels who ravaged the fabled Saharan city of Timbuktu, the new barbarism has come to America. This is going to become a blazing issue, not only between but within the parties. 
—in “America’s Second Civil War”, Pat Buchanan | Posted: Aug 18, 2017 12:01 AM 

Será que a fraude eleitoral, a corrupção, os atropelos grosseiros do estado de direito, a violência policial e militar, em suma, as ditaduras, para as esquerdas radicalizadas do século 21, só serão coisas más e condenáveis se forem de 'direita'? É nisto que agora acreditam? É nesta lavagem cerebral que querem mergulhar as nossas consciências? Porque não são capazes de criticar Nicolás Maduro?

Este padrão de cinismo e comportamento generalizou-se infelizmente desde dos Estados Unidos ao Brasil, passando pela Venezuela, e alastra como uma nova sarna na Europa.

O drama do regresso às ideologias anti-humanistas e ao apoio em surdina das ditaduras em nome da razão leninista, estalinista e trotskysta é que, se nada fizermos entretanto, quando acordarmos para a realidade poderá já ser tarde demais.

O fantasma de uma segunda República de Weimar parece pairar no horizonte.

A divisão das sociedades, entre bons e maus, politicamente corretos e xenófobos racistas, esquerda e direita, fez já enormes estragos psíquicos e culturais em inúmeras sociedades ocidentais. Esperemos, a este respeito, que António Costa arrepie rapidamente caminho!

O pior, por fim, é que uma crise destas proporções era esperada há já umas boas décadas.

O fim da bonança petrolífera implicará menos uso e consumo de energia per capita. Este declínio energético gera, por sua vez, um crescimento económico real tendencialmente próximo de zero, e raramente acima dos 3%. A queda do crescimento extraordinário que marcou a história da humanidade ente 1870 e 1970 conduziu-nos, trinta anos depois dos avisos feitos pelo Clube de Roma, ao fim do sonho americano e, em geral, ao fim das democracias apoiadas por fortes classes médias, industriais, comerciais e profissionais. Este é o cerne do problema!

O endividamento doméstico, empresarial e público é uma das consequências fatais do período pós-petrolífero. A retórica sobre uma sociedade sustentável sem petróleo não passa de uma ilusão piedosa, capaz, ainda assim, de enriquecer escandalosamente alguns especuladores.

O petróleo é hoje exageradamente caro para quem o compra e importa, e demasiado barato para acudir aos custos exponencialmente crescentes da sua produção.

As empresas petrolíferas, tais como os países que há décadas vivem quase exclusivamente dos rendimentos do petróleo, estão à beira da falência, endividando-se cada vez mais. A luta pelo último barril, tal como a luta pelo último atum selvagem, agudiza-se sem remédio. As sociedades, como navios à beira dum naufrágio, lutam desesperadamente por manter-se à tona, aligeirando nomeadamente a carga considerada menos valiosa. Podemos, pois, imaginar que sentido fazem os assassínios de caráter, os argumentos desesperados e os insultos trocados entre os protagonistas desta tragédia anunciada. Nenhum.

A guerra pela sobrevivência já começou. Acreditarmos na ideia fabricada de que o terrorismo que atacou as Ramblas de Barcelona não é um claríssimo ato de guerra, tentando a todo o custo esconder a sua natureza islâmica radical, só pode alimentar ilusões fatais.

Por outro lado, se estamos em guerra, devemos procurar conhecer o seu contexto, as suas causas profundas e as suas regras, pois doutro modo não saberemos defender-nos, e muito menos negociar a paz e preparar o futuro.

NOTAS

  1. A expressão de Passos Coelho no Pontal ('qualquer um'), que ativou de imediato a saliva pavloviana de João Galamba, refere-se obviamente à necessidade de um maior escrutínio na entrada de imigrantes, refugiados e turistas em Portugal, por razões estritas de segurança num teatro global marcado por uma guerra assimétrica (vulgo, terrorismo) sem precedentes. O Canadá deixa entrar no seu país qualquer um? Quantos luso-descendentes oriundos dos Açores foram expulsos dos Estados Unidos pelas Administrações de Bush e de Obama em resultado de condenações por atividades criminosas? Qual o impacto destas expulsões no sistema prisional e na tranquilidade açorianas? Porque não falamos dos assuntos sérios de forma séria?
    A Rússia, a China ou a Venezuela deixam entrar qualquer um? Basta tentar, para ver que não deixam. Francisco Louçã que o diga, pois consta que é persona non grata em Pequim.

    Nesta discussão exacerbada, como noutras, estamos a pagar infelizmente o divisionismo político e ideológico introduzido em Portugal por António Costa e a corja socratina que o acompanha ao agarrar-se ao poder através de uma aliança espúria com partidos desmiolados que ainda defendem a ditadura do proletariado. Ao decretarem a divisão do país entre portugueses de esquerda e portugueses de direita, os partidos da Geringonça prestaram um péssimo serviço ao país e aos seus concidadãos. Espero bem que eleitorado acorde e corrija o entorse democrático forçado pelos oportunistas que tomaram o poder sem os votos necessários. Se esta correção eleitoral democrática não ocorrer em breve, só poderemos resvalar para uma degradação sem pecedentes dos equilíbrios sociais e ideológicos dos últimos quase 40 anos de democracia. Marcelo Rebelo de Sousa terá que estar particularmente atento às tendências divisionistas em curso. O exemplo dos Estados Unidos é mais do que elucidativo sobre o que poderá acontecer em qualquer país que resolva radicalizar as democracias em direção ao populismo. Como todos sabemos, os comportamentos populistas de direita e de esquerda são simétricos, com sinais simbólicos antagónicos, mas de natureza idêntica. Em Weimar, na Alemanha pré-nazi, a degradação económica e financeira levou à proliferação do chamado lumpenproletariat. Hoje temos uma subclasse média em formação, em resultado da implosão em curso das classes médias profissionais. Tal como a expansão do lumpenproletariado pariu o fascismo e o social-fascismo, também a degradação económica, social e cultural das classes médias é hoje o cadinho onde os novos velhos radicalismos fascistas e social-fascistas já brotaram e crescem em irracionalismo e número de forma muito preocupante. As ditaduras que bailam nos sonhos dos chefes-populistas são pesadelos experimentados a que não queremos regressar!
Atualizado em 20/8/2017 13:00 WET

quinta-feira, setembro 10, 2015

O Ocidente ainda não percebeu que deixou de ditar as regras

Chinese missiles are seen on trucks as they drive next to Tiananmen Square and the Great Hall of the People during a military parade on September 3, 2015 in Beijing, China.
(Original Photo: Kevin Frayer/Getty Images/ edited)

A guerra do gás continua a aumentar a parada belicista no Médio Oriente e no Mediterrâneo. A projeção da crise de refugiados em direção à Europa, e o colapso das exportações alimentares comunitárias para a Rússia, são o preço inicial que esta Europa desmiolada começa a pagar por causa dos idiotas que a dirigem, de cócoras para Washington.

Portugal deve tomar uma posição diplomática de distanciamento da deriva belicista euro-americana, e enveredar pela adoção imediata de uma posição de neutralidade no que começa a parecer-se cada vez mais com uma escalada bélica que pode revelar-se incontrolável.

Somos pequeninos? Somos. E por isso mesmo podemos e devemos assumir uma postura útil e pedagógica, nos antípodas das afirmações aventureiras do senhor do PS que hoje administra um banco falido chamado Banif!

Russia sends ships, aircraft and forces to Syria: U.S. officials
Reuters, Business | Wed Sep 9, 2015 11:49am EDT

Russia has sent two tank landing ships and additional aircraft to Syria in the past day or so and has deployed a small number of forces there, U.S. officials said on Wednesday, in the latest signs of a military buildup that has put Washington on edge.

The two U.S. officials, who spoke to Reuters on condition of anonymity, said the intent of Russia's military moves in Syria remained unclear.

Will China Invade Alaska, Canada? Will Russia?
The theory of 65-year cycles points to a critical moment in China's evolution
Observer, By Bernie Quigley | 09/03/15 1:02pm

Because the Chinese have been studying the cycles. From generational theorists William Strauss and Neil Howe, they have learned that political/cultural cycles last only 65 years, and then they collapse, cycles first observed by Taoist monks and Roman philosophers. And China is exactly 66 years advanced since the Chinese Communist Revolution of 1949. In terms of generational cycles, China is on the eve of destruction. (In terms of the Strauss/Howe theory, so are we.)

The Chinese have been studying Western theories and economic cycles like the Elliott Wave, which suggests that the life cycle of a dominant currency has its limitations, and the American dollar cycle has ended. They have been studying economist Harry Dent, investment gurus Jim Rogers, Marc Faber and libertarian Ron Paul, seen often here only in the shadows, and understand that America is at a full economic transition, potentially a catastrophic cultural turning.

They have been reading Nicholson Baker’s day-by-day account, Human Smoke: The beginnings of WWII, the End of Civilization. They understand fully without Western sentimentality or illusion what comes next at the end of the economic cycle: Total war.

One remark to Bernie's post: you should metric the 65 years cycle, not from 1949 on, but 1960 on, which would lead China strategic calculus to 2025. That is within a decade... The explanation for this suggestion is simples: before 1960 China had to import all the oil it needed, namely from Russia, after 1960 China became a self-sufficient oil producer... until 2015, when its Daqing oil peaked, like it peaked in USA in 1973...

So before 2030, as Donella Meadows and the team that worked with her on the The Limits to Growth predicted, the entire worl will be in big trouble.

quarta-feira, fevereiro 04, 2015

Guerra e Gás (IV)

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A corrida dos gasodutos—afinal o petróleo desce por causa do gás!


As guerras, as sanções, as tensões, as degolações espetaculares, em suma, o Inferno que temos visto no Médio Oriente desde as guerras no Afeganistão e no Iraque marcam o início do grande conflito estratégico do século 21: a luta pelo gás natural.

Estão em causa os acessos e o fornecimento de gás natural à Europa, mas também à China, à Índia e ao Paquistão. As maiores reservas encontram-se na Rússia, Irão, Qatar, Turquemenistão, EUA, Arábia Saudita, Iraque, Venezuela, Nigéria, Argélia, em suma, nos sítios do costume.

Neste momento a Rússia compete com os projetados gasodutos Árabe e Islâmico na primazia do fornecimento à Europa — pretendendo chegar à Europa através da Turquia e da Grécia. A guerra de secessão em curso na Ucrânia é imprevisível e poderá acabar na redução drástica da passagem de gás russo por aquele país.

Por outro lado, parece que a Arábia Saudita resolveu dar uma ajudinha à estratégia de Obama e dos caniches europeus, promovendo os interesses estratégicos do Qatar/Irão, mas também de Israel do Egito e os seus próprios na corrida dos gasodutos. O jogo é perigoso, pois Putin pode recordar aos alemães o que lhes sucedeu em Estalinegrado quando intentaram conquistar a Rússia.

Saudi Oil Is Seen as Lever to Pry Russian Support From Syria’s Assad
By MARK MAZZETTI, ERIC SCHMITT and DAVID D. KIRKPATRICKFEB. The New York Times, 3, 2015

WASHINGTON — Saudi Arabia has been trying to pressure President Vladimir V. Putin of Russia to abandon his support for President Bashar al-Assad of Syria, using its dominance of the global oil markets at a time when the Russian government is reeling from the effects of plummeting oil prices.

Saudi Arabia and Russia have had numerous discussions over the past several months that have yet to produce a significant breakthrough, according to American and Saudi officials. It is unclear how explicitly Saudi officials have linked oil to the issue of Syria during the talks, but Saudi officials say — and they have told the United States — that they think they have some leverage over Mr. Putin because of their ability to reduce the supply of oil and possibly drive up prices.

“If oil can serve to bring peace in Syria, I don’t see how Saudi Arabia would back away from trying to reach a deal,” a Saudi diplomat said. An array of diplomatic, intelligence and political officials from the United States and the Middle East spoke on the condition of anonymity to adhere to protocols of diplomacy.

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Sobre este mesmo tema n'O António Maria

domingo, janeiro 25, 2015

Que fazem militares americanos na Ucrânia?

Quem explica o que se passa neste vídeo?


Still de um vídeo sobre o massacre de Mariupol, Ucrânia

Afinal os americanos, fardados de ucranianos, estão mesmo com as mãos na massa ucraniana! Que dirão agora os paspalhos de Londres, Bruxelas, Berlim e Paris?

Zero Hedge:

“Out Of My Face Please” - Why Are US Soldiers In Mariupol?
Amid the devastation of yesterday's Mariupol artillery strikes which killed or wounded dozens, which was promptly blamed by both sides on the "adversary" - and has been proclaimed by both 'sides' (more on that later) as more violent than before the truce - an 'odd' clip has emerged that appears to provide all the 'proof' a US intelligence officer would need to surmise that US military boots are on the ground in Ukraine. As the following clip shows, a Ukrainian journalist approaches what she thinks is a Ukrainian soldier (since he is wearing a Ukrainian military uniform and is carrying an AK) and asked him as they run through the battlezone, "tell me, what happened here?" His response, which requires no translation, speaks for itself.

With daily reportage of the 'invasion' of Russian military forces into Ukraine territory (admittedly unconfirmed by NATO), this clip raises many questions about American involvement in the ongoing conflict - most of all, was the US involved in the "staging" the Mariupol massacre, and if so it is clear who should be blamed (and isolated).

Of course, US troops, or at least mercs, on the ground, should not be a total surprise, since just 2 months ago, we discussed the hacked US documents that revealed the extent of undisclosed US "lethal aid" being given to the Ukraine army. What was apparently left unleaked was the part of the US aid also includes US-speaking soldiers. The only question is whether US taxpayers are paying their wages.

Fragmento do vídeo que prova o envolvimento de americanos na guerra civil da Ucrânia

Reportagem completa