Mostrar mensagens com a etiqueta Estação Central de Lisboa. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Estação Central de Lisboa. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, fevereiro 24, 2012

Burros lusitanos substituem "TGV"

O (in)Seguro seminarista do PS passa os dias a falar de crescimento. Ideias? Zero!! 

Só os imbecis poderão apostar numa alteração do plano ferroviário espanhol em marcha, ou que estes esperem indefinidamente pelas araras lusitanas.
—El AVE a Galicia es una prioridad para nuestro Gobierno. Nos hemos encontrado con que faltan por pagar del AVE gallego más de 8.000 millones. Es un proyecto vital, como lo es la «Y» vasca. Nuestro compromiso es que llegue el AVE a Galicia y pagarlo. ABC, 21 fev 2012.
 A relíquia do Partido Socialista que sobrou do desastre socratino nem sequer é capaz de defender uma coisa óbvia para estimular o nosso crescimento: a nova rede ferroviária de bitola europeia, muito avançada em Espanha, mas que é também uma das principais prioridades estratégicas da União. Estamos à espera de quê? Que seja a senhora Merkel a dar uma ordem?

As novas ligações (Lisboa-Badajoz, Porto-Vigo e Aveiro-Salamanca) não só deveriam estar mais do que assentes, estudadas e inscritas nos planos do Estado português, como, no caso da ligação Poceirão-Caia, já deveria estar a ser construída a todo o gás!

A ligação Poceirão-Caia, na realidade e se houver competência e juízo, deveria ligar a estação madrilena da Atocha a Entrecampos, ou melhor ainda, à nova Gare Central de Lisboa, que o apeadeiro da Expo '98 nunca poderá ser, mas a que o buraco da Feira Popular poderia dar um lugar efetivamente central, competitivo e com um forte impacto na requalificação urbana da zona. As análises de quem tem vindo a estudar estes temas de forma desinteressada estão feitas (VER DIAGRAMA e esta breve história da grande ponte sobre o Tejo), e concluem que a Ponte 25A pode servir perfeitamente para que os comboios de alta velocidade entre Lisboa e Madrid cumpram os horários essenciais à sua rentabilidade. O Poceirão, por sua vez, será o nó de ligação para o transporte de mercadorias de e para Espanha e resto da Europa, com especial ênfase nas ligações aos portos de Setúbal e Sines.

Não é preciso ter dois cérebros para entender que a nova era do transporte ferroviário que aí vem é uma oportunidade industrial e tecnológica para o nosso país, sobretudo porque os nossos vizinhos espanhóis são já uma das principais potências industriais e tecnológicas neste novo segmento da economia mundial. Os impactos serão diretos —desenvolvimento de um segmento industrial e de inovação tecnológica associado à nova era do transporte ferroviário— e indiretos — na competitividade que obviamente induzirá no importantíssimo setor das exportações.

O desnorte governamental, sobretudo por efeito dos cobradores de rendas locais, continua a ser preocupante e potencialmente fatal.

Portugal arrisca-se a tornar-se uma espécie de ilha ferroviária europeia. Antes de 2020 a Espanha ligará ao resto da Europa a sua nova rede de Alta Velocidade (a maior da Europa, e a segunda maior do mundo, depois da China) através de dois corredores: o Atlântico e o Mediterrânico.

Em Portugal, se continuarmos a discutir o "TGV", o resultado será inexorável: ficaremos sem acesso ferroviário a Espanha e ao resto da Europa, ou seja, mais de 80% das nossas exportações terão que passar a viajar de barco, a pé ou em cima de burros —pois em 2020 os transportes rodoviários e aéreos vão custar uma nota! Espero que então, se uma tal infelicidade nos cair em cima (como muitas outras já caíram, fruto da cleptocracia instalada) mandem calar os Sousa Tavares desta aldeia ignara e indecorosa, ou que os ponham a carregar os passageiros e as mercadorias ao lombo, como durante milénios foi prática comum, e ainda se usa em muitas paragens deste planeta desigual.

Espanha, apesar da crise e do desemprego, não se acomoda, não empata, nem assobia para o ar. Faz!

Vamos lá ver se a nova rapaziada governamental continua a pastar, sem ideias, e não prepara a próxima cimeira ibérica, como tem sido a regra. Ou se, pelo contrário, estuda de uma vez por todas o RTE-T, o plano avançado de projetos e a obra realizada pela Espanha, e sai da desconversa mafiosa que conduziu até à vergonha de andarmos a dizer aos espanhóis que não temos dinheiro, quando o que não temos é vergonha, e em vez desta temos, isso sim, muita corrupção!
El departamento de Ana Pastor pretende que el ejecutivo comunitario modifique los corredores que aprobó el pasado mes de octubre e incorpore nuevas plataformas multimodales de Castilla y León, que sumará 14, situadas en todas las provincias. El Ministerio ya ha planteado convertir en centro logístico de la red europea a Ávila y Arévalo, Burgos, Aranda de Duero y Miranda de Ebro, Segovia, Soria, Palencia, El Bierzo, Zamora y Benavente.

... Precisamente, Ana Pastor ha expresado su compromiso de instalar el ancho de vía internacional (UIC) en los corredores de alta velocidad para evitar el aislamiento de la red nacional. Por ello, Fomento mantiene el compromiso de adaptar los actuales corredores, que forman parte de la red básica –no global-, a los estándares europeos. Es decir, extenderá el ancho UIC (Unión Internacional de Ferrocarriles), la señalización y comunicación interoperable y el sistema de electrificación a 25.000 kilovatios. LeoNotícias.com.
Ou seja, depois de a Espanha migrar toda a sua rede ferroviária básica para o standard europeu, Portugal, ou acompanha, ou transforma-se numa espécie de Berlengas ferroviária :(

El servicio ferroviario Barcelona-Toulouse se duplica
Alimarket Transporte (TRANSmarket)

La ruta comenzó el pasado mes de junio con una única salida los sábados. Utiliza ancho internacional (UIC) y está orientada principalmente al tráfico marítimo de importación y exportación con origen/destino en las regiones de Midi-Pyrénées y Aquitania. Además, los mismos promotores de este servicio están trabajando en la puesta en marcha de otros con Europa orientados al tráfico marítimo.

Já agora: quando é que a nossa indigente imprensa convencional trata este tema com a isenção, o destaque e urgência que merecem? Talvez olhando para o que acaba de suceder ao diário Público espanhol, que hoje suspendeu a edição em papel, surja alguma luz nas cabecinhas do senhor Belmiro de Azevedo e do senhor Pinto Balsemão.

IMPORTANTE!

Nueva Propuesta de Red Española para la Red Transeuropea del Transporte, Madrid 15 de febrero de 2012 (PDF).

NOTA

É preciso evitar construir uma estação ferroviária sumptuosa e desnecessária (a não ser para os bolsos da corja betoneira de sempre) em Évora —como a que foi idealizada pelos piratas do Sócrates! Isto para evitar termos uma gare às moscas, como às moscas estão os 38 milhões de euros derretidos no aeroporto de Beja, o tal que iria atrair as Low Cost e exportar tomate e carapaus frescos para a Europa —ideia genial do não menos genial-todo-o-serviço Augusto Mateus!

POST SCRIPTUM

A incúria e incompetência parlamentares do PCP e do Bloco nesta, como noutras matérias concretas do que deveria ser a praxis política, são notórias e lamentáveis. Denotam, em suma, a decadência inexorável destes partidos e a necessidade urgente de os renovar ou substituir.

Atualização: 24 Fev 2012 18:26

quinta-feira, setembro 11, 2008

Alta Velocidade 2

Delírio dum burocrata distraído

António Fonseca Ferreira: Alta Velocidade é demasiado importante para ser deixada apenas ao cuidado da RAVE

"...o território libertado na Portela quando o aeroporto for desactivado é o único espaço em Lisboa com condições para construção de um moderno Parque Empresarial, de negócios, investigação e desenvolvimento, com área suficiente para lhe associar um singular parque urbano ambiental. Ter a estação ferroviária de Alta Velocidade nesse novo território valorizado é criar sinergias poderosas que se vão reflectir ao longo de todo o traçado da Alta Velocidade." -- António Fonseca Ferreira (Link 1.)

O autor do texto citado é nem mais nem menos do que o Presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, isto é, a mesma criatura que andou não sei quantos anos a promover a excelência dum novo aeroporto na Ota. Este personagem cinzento, posto onde está para fazer o que lhe mandam, veio agora polemizar com um colega institucional: a RAVE. Quem lhe encomendou o sermão? Eu acho que foi João Cravinho, esse desesperado ex-ministro do PS que deixou a renovação da Linha do Norte a meio e apadrinhou as mal fadadas SCUT. Os comboios Alfa, por sinal, continuam sem correr à velocidade para que foram desenhados e construídos. Cravinho, porém, continua a querer o seu nome numa lápide aeroportuária ou ferroviária qualquer.

Mas voltemos ao exercício literário de Fonseca Ferreira (Link 2).

Para justificar o injustificável -- acabar com o aeroporto da Portela e especular com os respectivos terrenos, para depois ajudar a financiar o anunciado NAL de Alcochete -- o presidente da CCR-LVT, descobriu, depois de ler as teorias estimulantes, mas falsas (1), de Richard Florida, sobre a importância das "classes criativas" (The Rise of Creative Class) e dos factores "boémio" e "gay" no desenvolvimento das mega-regiões (The Rise of the Mega Region), que Lisboa é afinal uma megalopolis, do Casino de Tróia (Setúbal) até à Torre de Hércules (Corunha). Caramba! Esta enorme Lisboa tem 9,9 milhões de habitantes e um LRP (Light-Based Regional Product) de mais de 110 mil milhões de dólares. Na realidade, é a segunda grande região da Ibéria, depois de Barcelona-Lyon e à frente de Madrid.

Desta constatação fantástica segue-se um corolário saloio: Portugal não é, não senhor, um país bipolar. Da Corunha a Setúbal é tudo alfacinha, ou melhor, couve galega (é um facto!) Logo, é preciso dar prioridade à ferrovia de Alta Velocidade entre Lisboa e o Porto (ou melhor, Vigo, ou por outra, Corunha), sendo que o importante, desde já, é localizar a nova estação da capital portuguesa na... Portela! Quanto à estação do Porto, logo se verá. Relativamente ao trajecto, estações e apeadeiros, temos tempo para decidir. O importante agora é explicar que isto é muita areia para a camioneta da RAVE! E por isso, o importante é decidir já o destino da futura estação do TGV, na Portela, onde haverá mais um Tagus Park (desta vez chefiado pelo Carlos Zorrinho), cheio de génios e empresas cotadas no PSI 20, muito verde e montes de malta criativa. Todos perfumados e bem vestidos.

A chatice é que a Portela está a 114 metros de altitude, e o senhor Ferreira não nos explica como raio irá levar os comboios de passageiros e mercadorias, da cota zero, ou mesmo 60, até ao planalto da Portela. Ao colo? Ao seu colo? E como tenciona interligar a sua visão da Alta Velocidade (que não é a da RAVE, já se sabe) com a Via de Cintura Interna, por onde corre a maioria do tráfego ferroviário urbano e suburbano de Lisboa?

Sabem quem vai fazer mais um estudo, agora para a nova "cidade ferroviária" da Portela? Ofereço um Pastel de Belém a quem adivinhar. Até lá deliciem-se com esta entrevista do Colbert Report a Richard Florida ;-)

Post scriptum - Vale a pena passar os olhos pelo PDF (Link2) elaborado por Fonseca Ferreira, na medida em que há um ponto estratégico ali defendido que merece alguma reflexão: há ou não uma questão de prioridade entre a ligação Lisboa-Madrid e a ligação Lisboa-Porto-Valença-Corunha? Eu já escrevi que não, pela simples razão que ambos os itinerários estão decididos e em construção do lado espanhol. Portugal não tem nada que optar nesta matéria. Tem é que lançar rapidamente os projectos concretos para cumprir a sua parte do compromisso! A ligação Pinhal Novo-Caia (uns 600 milhões de euros) é a que oferece menos problemas de projecto e execução rápida, além de custar 1/10 ou menos do que a ligação Lisboa-Porto-Valença (uns 7 mil milhões de euros!) É por isso que esta ligação deve arrancar imediatamente, enquanto a linha atlântica poderá ter que aguardar o tempo suficiente para reunir as condições económicas e de engenharia financeira que a tornem viável. E para isso é preciso, em primeiro lugar, um bom projecto técnico, feito com pés e cabeça, e não PDFs sexy, mas levianos, de burocratas imprestáveis. Finalmente, como Rui Rodrigues tem repetido à saciedade, o que está em causa não são ligações Lisboa-Madrid versus Lisboa-Corunha, mas sim a integração de Portugal numa rede ibérica, e europeia alargada, de Alta Velocidade. Será que os burrocratas e João Cravinho não irão jamais entender esta realidade elementar?!



NOTAS
  1. O lento declínio da América começa precisamente na mesma década de 60 que Richard Florida identifica como a do início do rápido desenvolvimento do que ele chama "classe criativa", e que coincide com o início dos impactos negativos das transferências de indústrias produtivas, das ajudas financeiras (Plano Marshall, etc.) e dos investimentos americanos para continentes com mão de obra barata e sem direitos sociais: América Latina, Ásia, África.

    Os Estados Unidos, depois da Segunda Guerra Mundial, tornaram-se progressivamente uma potência estratégica global, procurando assim controlar a emergência inexorável dos outros actores internacionais de peso: a Europa da Guerra Fria, a URSS, o Japão e a China.

    A inflação e o crescente endividamento americanos, disfarçados pelo sistema de câmbios flutuantes que substituiu a convertibilidade da moeda americana em ouro (Bretton Woods, 1944-73; fim da convertibilidade do USD, 1971; Bretton Woods II, 2001), permitiram aos Estados Unidos três coisas: viver alegremente acima das suas possibilidades, à custa do resto do planeta; substituir as suas poderosas indústrias primárias e transformadoras por uma presença crescente de economias de serviços e de conhecimento (de onde nasceria a tal "classe criativa" saudada por Richard Florida); e, finalmente, desenvolver um imenso complexo industrial-militar, do qual está pendurada boa parte da actividade inventiva americana (do computador ao vídeo portátil, da Internet à tecnologia GPS).

    No entanto, à medida que o peso da desmaterialização da economia americana, o consumismo desmiolado, o desemprego ou o emprego inútil, e as dívidas (orçamental, comercial e externa) aumentam, os Estados Unidos precipitam-se para um colapso de proporções inimagináveis. O contrário, em suma, do que o tele-académico originário de Newark propõe na sua utopia criativa habitada por boémios, artistas, cientistas, gays e lésbicas.


OAM 431 11-09-2008 20:22

Powered by ScribeFire.

terça-feira, abril 22, 2008

Por Lisboa 15

Futura localização Central TGV de Lisboa, Opção A
Futura localização da Estação Central de Lisboa: Opção A (solução concentrada subterrânea e em altura).

Meu caro António Costa, seja realista!

Os lisboetas já terão que pagar o namoro (caríssimo!) entre Santana Lopes e Frank Gehry. Não endivide mais a pobre cidade com novo namoro, agora entre si e o desleixado Calatrava. O apeadeiro de comboios chamado Gare do Oriente custou 250 milhões de euros. Você anuncia agora, com pompa e circunstância, que quer gastar mais 86 milhões em algo irreparável e que nunca deixará de ser um apeadeiro. Porquê? Para quê? À custa de quem? Com o petróleo a roçar os 120 dólares (mais de 150 daqui a um ano), concentre-se, por favor, em soluções inteligentes, práticas, rápidas e baratas. Os euricos não dão para mais!!

Você e os lunáticos que o rodeiam querem, pelos vistos, destruir o Porto de Lisboa, uma bagatela com mais de mil anos de serviços prestados ao país, à Europa e ao Mundo. De facto, seria essa a consequência imediata da combinação entre o fim da estação ferroviária e do molhe de acostagem de navios de Santa Apolónia e a construção da desnecessária e estuporada ponte Chelas-Barreiro. Esta ponte, a ser construída, aumentaria o assoreamento do Mar da Palha para níveis economicamente incomportáveis, ao mesmo tempo que comprometeria a manobra, estacionamento e amarração dos grandes navios de passageiros e mercadorias (neste momento em construção, por serem a resposta ao encarecimento imparável dos combustíveis). Por outro lado, as rações que alimentam indústrias pecuárias importantíssimas para o país, e aportam diariamente ao cais de Santa Apolónia com destino à zona do Oeste, teriam que ser desviadas para Setúbal ou Sines! O estuário do Tejo perderia assim grande parte do seu valor e potencial económico futuro. E como é evidente, a lógica deLux dos levianos que o rodeiam não descansariam enquanto não ocupassem todo o porto de Lisboa com hotéis, pizzarias, barras dinâmicas de Sushi (para comer o último atum do mediterrâneo!), discotecas, ginásios, saunas e muitas Experimentas inúteis pelo meio. O monstro que promete sair da pouca massa cinzenta que o assessora, caro Presidente, é realmente assustador. Faça uma pausa, suplico-lhe, e respire! Aproveite para pensar um minuto pela sua própria cabeça. Não é assim tão difícil. Se desejar, eu e alguns cidadãos atentos e responsáveis estamos dispostos a almoçar consigo, para lhe mostrar detalhadamente como e porquê, se persistir na actual direcção, não só falhará os objectivos anunciados (lembre-se do pobre Santana!), como porá em causa o seu futuro político, que estimo possa ainda vir a ser brilhante.

Futura localização Central TGV de Lisboa, Opção B
Futura localização da Estação Central de Lisboa: Opção B (a melhor solução para a ex-Feira Popular).

De momento, não fazem falta nem novo aeroporto, nem nenhuma terceira ponte sobre o Tejo a oeste da Vasco da Gama!

A Portela deve ser preparada, porque pode ser preparada, para resistir mais 20 anos sem problemas de maior. Precisa de ampliar o Taxiway, precisa de mais mangas, precisa de um sistema de gestão de bagagens actual e eficiente. E precisa, antes de tudo o resto, de ver integralmente substituída a turma de inúteis até agora encarregue de o gerir. No limite, deverá ser previsto o uso de alguns terrenos imediatamente adjacentes às actuais pistas, podendo e devendo expropriar-se uma fatia da falida Alta de Lisboa para melhor atingir este desiderato possível e desejável. Feito isto, o aeroporto da Portela seria especialmente dedicado às companhias ditas de bandeira e aos voos executivos. Se alguém lhe vier com a historieta do aeródromo de Tires, diga-lhes que não passa de uma balela e apenas serve para treino de maçaricos.

Ao mesmo tempo, e isso é sobretudo coisa do governo, há que adaptar a base aérea do Montijo para as companhias de Low Cost (1). Estas precisam apenas do que lá está (uma infraestrutura barata), com adaptações e modernizações mínimas. Coisa para estar resolvida em dois anos no máximo. Os militares deveriam ir, como já estão a ir... para o aeromoscas de Beja!

Finalmente o TGV, ou melhor o AVE.

Pois bem, a solução técnica já existe e já foi usada em Espanha: os comboios circulam de Madrid até ao Pinhal Novo em carris de bitola standard (ou europeia), e no Pinhal Novo adaptam o rodado à bitola ibérica dos carris da ponte 25 de Abril (2), terminando tranquilamente as suas viagens na Estação Central de Entrecampos, um magnífico edifício ou conjunto de edifícios situados no terreno municipal da Feira Popular, ou se se preferir, no terreno que a própria CP dispõe junto à actual estação Roma, mais acanhado mas ainda assim mais do que suficiente. Lógico, sustentável e de muito rápida concretização.

Repare que não lhe estou a levar um tostão por este conselho, quando na verdade, pelas tabelas ocultas que se praticam nas empresas de vão-de-escada que trabalham para o seu partido e para o seu parceiro do Bloco Central, isto custaria, pelas minhas contas (só a ideia!) uns 500 mil euros. Mas mais importante do que a minha bondade (que conta com o apoio de inúmeras almas cheias de sabedoria, apaixonadas e de boa vontade) é a sustentabilidade extraordinária da solução que lhe proponho. Tenho a certeza de que tudo o resto que tem sido aventado por aí não passa, no fundo, de estratagemas de sangria do erário público. Como calcula, um crime inaceitável nos tempos que correm. E sobretudo naqueles que nos esperam!

Sabe, meu caro presidente, porque é que a Marina do Parque das Nações se deixou transformar num pudim de lama? Pois por uma simples razão: porque foi privatizada! Sendo privada, não há quem queira pagar a dragagem do local. Seria isto o que aconteceria a toda a margem norte do Tejo, ao longo do actual porto de Lisboa, se o mesmo deixasse de ser rentável, ou fosse privatizado pelos lunáticos que o mal-aconselham. Conselho amigo!



NOTAS
  1. Se não for activado rapidamente o aeródromo do Montijo para as companhias de baixo custo, podem ter a certeza, senhores edis da região de Lisboa e Vale do Tejo, que as alternativas Low Cost irão direitinhas para o aeroporto Sá Carneiro, na Maia, e para o remodelado aeroporto de Badajoz. Esqueçam qualquer hipótese de a Ryanair, da easyJet, da Airberlin, e das Low Cost españolas, se sobreviverem até 2015, de virem a operar na putativa cidade aeroportuária imaginada pelo lunático Mateus -- autor genial do aeromoscas de Beja!
  2. Com a imparável alta dos preços dos combustíveis já começou a diminuir significativamente a utilização das pontes 25 de Abril e Vasco da Gama. E ainda a procissão vai no adro! Ou seja, cada vez mais pessoas procurarão a Fertagus, os Cacilheiros e os Catamarans para cruzar o Tejo e o seu grande estuário. A Fertagus precisa urgentemente de adquirir mais 9 comboios (UQEs), para poder passar dos actuais 80 mil passageiros transportados/dia para 120 mil, ou seja, menos 33 mil veículos a entrar na capital! Para isso precisa de investir uns 45 milhões de euros - uma ninharia que seria co-financiada sem qualquer obstáculo pelo QREN se este não estivesse na mão de uma dúzia de piratas. Além do mais, os 3,5 milhões de euros deitados à rua (sob a forma de indemnização suplementar à Lusoponte!) por cada borla de Agosto, em nome da mais pura demagogia, seria suficiente para pagar os nove novos comboios da Fertagus em pouco mais de uma década. Ou seja, o problema só não se resolve porque a sórdida política dos interesses e a corrupção continuam a sabotar uma medida de gestão que beneficiaria grandemente quem começa a deixar de usar o automóvel para se mover entre as duas margens. Esta simples medida beneficiaria Lisboa, pela diminuição muito significativa do número de automóveis que hoje pastam em cima dos passeios e curvas da cidade, e diminuiria grandemente a factura energética e as penalizações pelas excessivas emissões de CO2 que a desorganizada e ineficiente economia portuguesa produz anualmente. Quem tem medo de agir, compra um cão!

OAM 348 22-04-2008, 18:47