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segunda-feira, abril 27, 2009

TAP 4

Jamé e Gaúcho, um par de serviçais
easyJet e Ryanair empurram TAP para a falência, por criminosa inépcia do governo! E ninguém vai preso?



TAP
Dívida acumulada: 2 467 milhões de euros (activos: 2 261 M€);
Défice em 2008: 320 milhões de euros;
Custo da inviável PGA (Grupo BES), impingida politicamente à TAP: 140 milhões de euros;
Número de trabalhadores por avião: 156,3 (Alitalia: 122,9; média da Ryanair, easyJet e Air Berlin: 37,5);
Load factor: 2005 = 72,3%; 2008 = 63,8% (easyJet = 85%)
Origem do tráfego aéreo nacional: Europa: 80% (Península Ibérica: 30%); Brasil, Venezuela, Angola e Cabo Verde: 14,5%
Futuro da TAP: falência e possível incorporação, com menos 3 a 5 mil trabalhadores, na Lufthansa ou na Air France. As hipóteses angolana e chinesa estão cada vez mais longínquas (apesar dos correios que não páram de viajar entre cá e lá...)

A easyJet é hoje a primeira companhia em número de voos e transporte de passageiros no aeroporto de Faro, a segunda na Portela, a terceira no aeroporto Sá Carneiro, e a quarta... no Funchal, onde ao fim de seis meses de operações arrancou 100 mil passageiros à TAP usando o mesmo género de combustível que esta (o jet fuel) — imagine-se!

Prevendo-se que possa voar proximamente entre o Porto e o Funchal, a easyJet irá certamente aplicar à insustentável transportadora aérea lusitana a mesma tenaz fatal que em tempos usou para esvaziar a TAP nas ligações entre as duas maiores cidades portuguesas e Genebra.

No espaço de um ano a TAP poderá perder 30-40% da sua quota madeirense, começando-se pois por perguntar se continua a fazer sentido o Estado português subsidiar os residentes do arquipélago com receitas do Orçamento de Estado, quando existe oferta capaz de competir com esses mesmos preços subsidiados. Antes da liberalização, uma viagem Funchal-Lisboa-Funchal para residentes custava 222,63 euros e para não-residentes, Lisboa-Funchal-Lisboa, custava 431,63 euros. Simulando esta noite no sítio da easyJet preços para uma viagem Lisboa-Funchal-Lisboa, entre 14 e 18 de Maio próximo, o bilhete custaria 120,98 euros (taxas incluídas.)

Ou seja, a TAP, cujas receitas anuais provenientes do arquipélago da Madeira (e do Orçamento de Estado) andarão à volta dos 163.565.000 euros (correspondentes a um movimento médio anual de 500 mil passageiros), já perdeu nos últimos seis meses qualquer coisa como 32.713.000 euros. E a situação irá certamente agravar-se nos próximos doze meses. Quando tiver perdido para a easyJet 30% do mercado, o prejuízo será, pelo menos, de 49.069.500 euros; e quando a perda concorrencial subir para os 40%, o prejuízo subirá aos 65.426.000 euros.

A implementação da política europeia de "céu aberto" é uma mole que irá estrangulando paulatinamente as grandes companhias de bandeira que não souberam reconverter-se a tempo, nomeadamente estabelecendo estratégias de fusão inteligentes e competitivas.

A lógica do transporte aéreo baseada nos hubs está a dar rapidamente lugar à lógica das ligações ponto-a-ponto. As pessoas estão fartas de perder tempo e de gastar dinheiro em aeroportos (1). As companhias Low Cost deram-lhes razão, criando uma dimensão inteiramente nova do transporte aéreo. Numa primeira fase, aplicaram o conceito de viagem económica ligando directamente o ponto de partida inicial ao ponto de chegada final nos grandes espaços regionais (Estados Unidos e Europa), usando aviões com capacidades compreendidas entre os 120 e os 215 passageiros. Assim que esta fase esteja ganha, as Low Cost irão atacar o mercado dos voos intercontinentais, socorrendo-se nomeadamente dos Boeing 787, desenhados para transportar entre 217 e 250 passageiros, e por conseguinte ideais para as futuras ligações ponto-a-ponto de longo curso: Luanda-Lisboa, Lisboa-Nova Iorque, Lisboa-São Paulo, Xangai-Lisboa, etc.

As perspectivas do transporte aéreo, passada a depressão que entretanto atirará para a falência dezenas de companhias aéreas nos próximos dois a cinco anos, é pois evidente: haverá algumas dezenas de grandes hubs intercontinentais, mas a maioria dos futuros aeroportos serão plataformas de baixo custo, situadas em boas interfaces multimodais, destinadas às redes crescentes das ligações ponto-a-ponto. Em Portugal, tais ligações far-se-ão basicamente a partir de cinco aeroportos: Portela-Montijo, Sá Carneiro, Faro, Funchal e Ponta Delgada. É ainda expectável que mais de 30% dos passageiros da rota aérea entre as capitais ibéricas passem a viajar de AVE-LAV assim que a bitola europeia permita viajar a 250-350 Km/h entre Lisboa e Madrid.

Ou seja: o aeroporto da Ota em Alcochete é um nado-morto. Tão nado-morto quanto o aeromoscas de Beja, que antes mesmo de começar a parir, enterrando 32 milhões de euros do escasso erário público, sob a condução do genial criador de elefantes brancos, Augusto Mateus, aqui mesmo condenámos ao estado de zombie. O inenarrável Mário Lino, surdo aos meus avisos, acaba de borrar a sua enésima gravata com molho de marisco, entoando hinos neorealistas ao futuro da TAP, da ANA, da TTT do seu nostálgico Barreiro e de Alcochete.

A minha pergunta é uma só: quando é que prendemos estes fere-pátrias da latino-americana orquestra socratina? É que em nome do emprego e do desenvolvimento que José Sócrates recita como uma ladainha de telenovela, esta turma de neoliberais esfomeados não tem feito outra coisa que não seja servir o senhor Ricardo Salgado e a descerebrada indústria imobiliária que arrasou boa parte das cinturas verdes das principais cidades do país. E agora, que comemos?!

Receita barata para o aperto, há muito recomendada pela blogosfera:
  1. Mantenham a Portela onde está e façam obras decentes naquele local, expropriando algumas margens se for necessário;
  2. Transfiram a Alta de Lisboa para Chelas;
  3. Ponham a Base Aérea do Montijo em stand-by;
  4. Reservem Alcochete para dias melhores;
  5. Construam a ferrovia mista de bitola europeia, entre Pinhal Novo e Badajoz, para o LAV Lisboa-Madrid, garantindo que o mesmo servirá para transportar passageiros e mercadorias (de contrário, será um desastre económico);
  6. Mandem parar a nova linha férrea de bitola ibérica que os aluados do MOP querem construir entre Évora e Badajoz;
  7. Aumentem o número de comboios na Ponte 25 de Abril;
  8. Vão apurando os estudos para as ferrovias de bitola europeia, para comboios de Velocidade Elevada, entre Porto e Vigo e Porto-Aveiro-Vilar Formoso-Salamanca, sincronizando a coisa com Espanha, claro está;
  9. Recupere-se o controlo público de algumas monopólios, duopólios e oligopólios de onde o Estado não pode continuar arredado, sob pena de acabar com o país!
  10. Em suma, ponhamos termo à perigosa fuga em frente da pandilha que ameaça implodir Portugal.

POST SCRIPTUM
  1. A correcção da desastrosa política de obras públicas e transportes do governo socratino exige que se faça a história desta entorse técnico-orçamental. Veremos então que há pelo menos dois genes patogénicos. O primeiro, chama-se Joaquim Ferreira do Amaral —responsável, com Cavaco Silva, pela destruição da rede ferroviária nacional e pela germinação do Bloco Central do Betão. O segundo, chama-se João Cravinho —responsável, com António Guterres, pela desastrosa estratégia aeroportuária então definida, cujo único objectivo oculto (porventura dos mesmos Cravinho e Guterres) fora preparar o cenário de rendas perpétuas a dever à burguesia burocrática nacional (BES, BCP, Mota-Engil, Teixeira Duarte e quejandos) e que, na óptica de quem estimulou a estratégia, deveria suceder ao fim do ciclo da rodovia de luxo. No meio ficou a balbúrdia da coisa mais necessária e que ninguém cuidou: a imperiosa necessidade de recuperar e adaptar a rede ferroviária nacional ao novo quadro comunitário do transporte eléctrico sobre carris — em nome da eficiência energética, da tecnologia e do equilíbrio social. O facto de este dossier estar nas mãos de um perfeito apparatchic, chamado Carlos Fernandes (MOPCT/RAVE), é a prova provada de que o governo socratino se está nas tintas para os combóios.

  2. Chegou-me aos ouvidos esta manhã que o par de serviçais do BES, devidamente assessorado pelo motorista do mesmo banco em comissão de serviço governamental, vão projectar lucros de 8 milhões de euros para a TAP em 2009!

    Em vez de falarem verdade e prepararem os trabalhadores da empresa para a dura realidade que aí vem, estes irresponsáveis resolveram fazer um número de magia barata. Se for como ouvi, espero que os partidos da Esquerda tenham a coragem de desmontar mais este embuste.

    Por causa da Ota, enterraram a TAP, e por causa da TAP querem agora enterrar os trabalhadores — mas de mansinho, alimentando ilusões piedosas, até que o próximo governo fique com a batata quente.

NOTAS
  1. Além de que um hub é a melhor plataforma para distribuir um qualquer vírus, como a pandemia de gripe suína que desde ontem inunda os canais informativos parece provar


OAM 579 28-04-2009 01:52

sexta-feira, junho 27, 2008

TAP



Motivo de despedimento

O presidente da TAP, através da agência de comunicação que serve a empresa, encharcou hoje os meios de comunicação social com os efeitos dramáticos da subida do preço do petróleo nos resultados previsivelmente negativos do exercício de 2008. Anunciou 102 milhões de euros de prejuízo, e disse que se a loucura dos preços do crude continuasse, a TAP poderia perder até ao fim do ano 150 milhões de euros... ou mais! Consequência: os aumentos de salários não negociados em anterior convenção colectiva teriam que esperar, a famosa distribuição de lucros extraordinários de 2007 teria que ser repensada, e alguns dos Slots (i.e. voos de e para determinados destinos, com dia e hora fixadas) seriam cancelados após a época alta de Agosto.

Esta manobra de intoxicação mediática tem, porém, dois problemas:
  1. Esconde o facto de, ainda em 11 de Abril passado, a mesma agência de comunicação que promoveu hoje a aparição aflita do gaúcho Fernando Pinto, dando más novas ao país, ter fabricado uma entrevista vergonhosa para a SIC com sinais diametralmente opostos. A TAP anunciava então (há escassos dois meses, sublinhe-se) "resultados históricos de 32,8 milhões de euros." A jovem estagiária, olhando atentamente para a cábula, anunciava: "os lucros (da TAP) aumentaram 350% relativamente a 2006" (Ena!). E o gaúcho Pinto acrescentava, naquele seu tom de mula monocórdica: "os melhores resultados de sempre na história da TAP"... (Ena!)
  2. Por outro lado, a manobra de contra-informação omite de forma completamente desonesta o impacto da concorrência das companhias de baixo custo (Low Cost) nas importantes perdas de mercado da TAP, quer na Portela, quer sobretudo nos aeroportos do Porto e de Faro. A TAP foi aliás praticamente varrida de Faro, e está a ser varrida do Porto a grande velocidade. Porque será que o gaúcho não mencionou hoje, nem contabilizou hoje tão evidentes perdas? Eu se fosse accionista, quereria saber...
Mas o mais grave de tudo isto é a forma como o Administrador Delegado da TAP, empresa do Estado português, pretende agora alijar as suas directas responsabilidades no que toca à forma absolutamente imprudente como geriu o dossiê dos combustíveis da empresa. Se ouvirem a entrevista à SIC com atenção repararão que Fernando Pinto, a certa altura, afirma não ter segurado as suas compras de Fuel, não tendo assim operado, como deveria ter operado, no mercado de futuros. A justificação que deu é extraordinária: as informações que então detinha apontavam para uma descida a curto prazo do preço do petróleo. Em 11 de Abril! Quem foi que lhe deu semelhantes conselhos? A TAP fez o orçamento de 2008 contando com o petróleo a 70 dólares, quando já toda a gente do metier sabia que o crude chegaria, pelo menos, aos 100 USD, em 2008. Hoje, a meio do ano, o barril ultrapassou a barreira dos 140 dólares. Isto é, apenas o dobro do valor que serviu de referência ao orçamento da TAP para este ano! Em qualquer empresa privada do mundo, este simples facto seria suficiente para despedimento com justa causa. Que vai agora fazer o governo do Senhor Sócrates? Dar cobertura a tamanho desleixo? Se o fizer, que andará a esconder dos contribuintes?

As grandes empresas de aviação há muito que estão a segurar as suas compras de combustível. A Air France-KLM, por exemplo, segurou a compra de 78% do seu consumo de Fuel até Março de 2009, com base em preços de $70 e $80 o barril. Quando o petróleo chegou aos $120, a companhia francesa-holandesa poupou $35 por barril efectivamente comprado!

Vale a pena ler o que sobre este tema escreveu Caroline Brothers no Herald Tribune do passado dia 10:

European Airlines Press Fuel-Price Edge

... The airline industry's biggest lobbying group, the International Air Transport Association, or IATA, has said that every dollar increase in the price of oil costs a cumulative $1.6 billion for airlines.

Crude oil prices, which have more than doubled over the past year, had their biggest gains ever Friday, with light sweet crude jumping nearly $11 to a record high of $138.54 a barrel on the New York Mercantile Exchange.

... Air France-KLM has hedged 78 percent of its fuel consumption through March 2009, at $70 to $80 a barrel, Jean-Cyril Spinetta, the chairman and chief executive of the airline, said last month. Through that policy of hedging fuel four years in advance, the company saved about $35 a barrel when oil was at $120 a barrel.

A team of 10 people work full time on hedging oil prices for Air France-KLM, Pierre-Henri Gourgeon, finance director of the company, said Monday. Gourgeon added that the company could not pass the full cost of fuel price increases over to its customers. Instead, it is investing about $1 billion a year in new, more fuel-efficient aircraft, to which savings from fuel price hedging contribute significantly.

But that does not mean that Air-France-KLM has not felt a pinch. The company has already seen demand slow on its trans-Atlantic routes, Gourgeon said, though its European routes have not suffered. "Rather than decrease capacity we will adjust our growth plan slightly," he said.

Other European airlines have also taken the hedging route. British Airways hedged 72 percent of its fuel needs for the first half of the financial year and 60 percent for the second half. Lufthansa has hedged 83 percent of its fuel requirements through the end of 2008 and said that it saved euro 109 million, or $172 million, last year by doing so.

Even low-cost carriers like Air Berlin, easyJet and Ryanair are hedging, with Ryanair recently reversing a longstanding avowal to never do so.

But some European airlines are less protected. According to the French bank BNP Paribas, the Spanish carrier Iberia Lineas Aereas de Espana has insured 47 percent of its 2008 fuel requirements, while Aer Lingus of Ireland has hedged 36 percent. The troubled Austrian Airlines has hedged only 20 percent of its 2008 fuel needs and is reportedly under pressure to find a "strategic alliance" with a stronger carrier, most likely Lufthansa or Air France-KLM. -- By Caroline Brothers, Posted on: Tuesday, 10 June 2008, 06:00 CDT, Herald Tribune.

A situação da TAP vai tornar-se rapidamente insustentável, primeiro porque o petróleo vai chegar aos $150 ou aos $170 até ao fim deste ano; segundo, porque as companhias easyJet, Ryan Air e Air Berlin, entre outras, vão continuar a roubar passageiros à transportadora nacional; terceiro, porque o tráfego com o Brasil vai sofrer inevitavelmente uma quebra -- do lado brasileiro, devido à excessiva valorização do Euro; do lado português, devido à penúria do reino. Tudo isto era previsível, e sobre isto mesmo a blogosfera não se cansou de chamar a atenção de quem nos lê.

Há escassos dois meses a comunicação social portuguesa ainda comia tudo o que a Líbano Monteiro lhe enfiava pelo tubo catódico dentro. Agora, bom agora, só mesmo se a filha do Edu (RMVS dixit) acudir, é que a TAP se salva! Entretanto, sobram motivos para a rescisão do contrato entre a transportadora aérea nacional e o incompetente gaúcho que a tem governado nos últimos anos.

PS: ainda a propósito dos devaneios de Fernando Pinto, vale a pena ver esta reportagem da TVI sobre o aproveitamento de aeródromos militares para companhias Low Cost, onde surpreendentemente se descobre a nova vocação do gaúcho aos comandos da TAP: moço de shopping! Reportagem TVI.

OAM 382 26-06-2008, 23:15 (última actualização: 01-07-2008 15:24)