João Galamba, porta-voz do PS, afirmou esta quarta-feira que o caso de José Sócrates “envergonha qualquer socialista, sobretudo se as acusações vierem a confirmar-se”. É, assim que, esta quarta-feira, o segundo dirigente socialista - depois de Carlos César aos microfones da TSF - a falar em vergonha relativamente ao processo que envolve o antigo primeiro-ministro.
Disse que é o “sentimento de qualquer socialista” ao ver um “ex-primeiro-ministro e secretário-geral do PS” a ser “acusado de corrupção e branqueamento de capitais”. “Obviamente envergonha qualquer socialista, sobretudo se as matérias da acusação vierem a confirmar-se”, acrescentou ainda na rubrica Esquerda-Direita, na SIC Notícias.
E se Carlos César também falou em vergonha em relação à polémica em torno de Manuel Pinho, João Galamba diz-se perplexo: “Estamos sobretudo perplexos com a revelação pública de um ministro de um Governo do PS que recebia mensalmente verbas quando disse que tinha cessado toda e qualquer relação com o BES. Gerou perplexidade em toda a gente”.
A maioria absoluta cor-de-rosa não está garantida—ou está mesmo longe de estar garantida. Por via destas dúvidas, o PS já abriu a porta a uma coligação com o Bloco (li-o nas palavras do cardeal Santos Silva). Vamos, pois, provavelmente, ter uma Geringonça reforçada. Mas para aí chegarmos será preciso assegurar que o pássaro Sócrates não saia da gaiola, e que se perceba rapidamente, sobretudo nas hostes do PS e arredores, que o antigo primeiro ministro já só dispõe de um exército de sombras.
Ou seja, começou uma espécie de noite das facas longas em versão português suave. Manuel Pinho será porventura a primeira rola a ser abatida.
Só falta saber até onde irá a matança. Estamos a ver como começa, mas não sabemos ainda como vai acabar.
Post scriptum:
A evolução dos preços do petróleo em 2018 poderá arrumar rapidamente com a esperança de António Costa numa maioria absoluta. Por isso, na minha opinião, decidiu antecipar a minha recomendação de 2015: casar com Francisco Louçã—pois um bloco central à maneira antiga não é possível, nem recomendável.
O novo plano da EDP Distribuição baixa o "capex" anual de 128 para 92 milhões de euros, numa redução justificada com o tempo de austeridade, a redução do consumo e a qualidade da rede existente em Portugal.
A EDP quer cortar em 28% o investimento na rede de distribuição de electricidade, segundo o Plano de Desenvolvimento e Investimento na Rede de Distribuição (PDIRD) para 2015-2019, já entregue à Entidade Reguladora.
A eletricidade vai subir 3,3% para quase três milhões de clientes. Para os cerca de 500 mil novos beneficiários da tarifa social agora criada pelo Governo, a variação será de -14%.
O ministro da Economia defendeu ontem que com a construção de dez novas barragens em Portugal é possível “conseguir produzir energia mais barata”. Manuel Pinho apresentou em Lisboa o Plano Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroeléctrico, cujo objectivo é aumentar a produção de electricidade para 7000 megawatts (Mw) até 2020. Com este projecto vai ser possível utilizar 70 por cento do potencial hídrico do País.
Enquanto a cotação da EDP cai desde 2008 e a sua dívida financeira total se vai tornando impagável (cerca de 16 mil milhões de euros, e responsabilidades totais de 21.991.972.000€, não indo o valor da empresa —equity— além de 11.528.561.000€), cortesia dos amigalhaços da Goldman Sachs que a troco de umas massas para o governo cor-de-rosa do Pinóquio Sócrates, perdão, para as novas barragens de elevado potencial hidroelétrico, impingiram à EDP e ao país um negócio eólico furado que António Mexia engoliu alegremente (a GS já sabia que os subsídios ao mercado especulativo do vento, nos EUA, e subsequentemete na Europa, iriam acabar), vem agora ameaçar o esforçado ministro Jorge Moreira e o país com apagões: cortas-me na receita dos CMEC e eu deixo de fazer manutenção da rede em baixa.
Ou seja, a chantagem da EDP é simples de entender: sem rendas (excessivas) ameaçam deixar cair a manutenção da rede. Ou seja, se esta chantagem não for desmontada e travada, teremos apagões pela certa, mais dia menos dia!
Ora uma chantagem é, creio, uma quebra de confiança contratual. Razão bastante para anular um contrato leonino, cozinhado, convém recordar, pelo Pinho do BES ("Manuel Pinho promete energia mais barata", 05-10-2007) e do governo cor-de-rosa do Pinóquio Sócrates.
Talvez fosse bom alguém explicar isto mesmo aos chineses.
Estes, que olham para Portugal como uma plataforma de entrada na Europa e no Atlântico, iriam certamente compreender a palava do ministro, tenha este a coragem para a proferir, mandando entretanto calar o compadre Catroga e o traste de Belém!
A nacionalização imediata da EDP não é necessariamente a melhor solução, até porque a EDP tem uma dívida criminosa.
O que sim deve ser feito é eliminar imediatamente as rendas excessivas e melhorar o conceito da tarifa social (tarifa mínima=consumo mínimo garantido per capita), suportando o estado e as empresas fornecedores de energia esta tarifa social numa proporção a negociar, equilibrada e justa.
O governo deve agir em defesa dos cidadãos e determinar o que acha justo.
Aos chineses caberá avaliar se continuam ou não interessados no negócio, pois não falta capital à procura de ativos com rendimento garantido!
Como se disse, o estado chinês poderá facilmente acomodar esta alteração... e se não...
Pelos vistos, as expectativas contratuais do governo chinês, do cabotino Mexia e do compadre Catroga valem mais que as expectativas de milhões de portugueses a quem o Estado cobrou impostos, taxas e descontos em nome de pensões e reformas futuras que, este governo, desde 2011, tem vindo a confiscar. Será que a corja do PSD, do CDS e do PS não percebem o barril de pólvora que estão a alimentar com esta falta de equilíbrio na distribuição dos sacrifícios?
Como um dia escrevemos, graças à Troika ainda não chegámos à Ucrânia, nem mesmo ao Zimbabué!
O sinal desta advertência a Portugal vai direitinho para a China e é claro como água: não se metam com os ativos estratégicos da Europa!!!
Como se tem explicado, o embuste das barragens foi uma operação meticulosamente executada pela EDP e pelo BES depois da Goldman Sachs ter impingido as ventoinhas da Horizon Wind Energy à EDP, quando já sabia que os subsídios às eólicas iriam diminuir e depois acabar. Aparentemente, José Sócrates, já então com os cofres públicos vazios, precisava urgentemente de dinheiro que não aumentasse o défice. A solução veio pelas mãos da Goldman Sachs, António Mexia e Manuel Pinho, sob a forma de centenas de milhões de euros de pagamentos por conta das barragens futuras!
Como neste vídeo de 2009 se percebe, Mexia bate no cotovelo de Pinho e, a propósito da construção da futura barragem do Sabor exclama: "Está quase!"
Especulação com moeda chinesa ameaçada pelo Banco Central da RPC
Desvalorização agressiva da moeda chinesa trava especulação cambial, mas faz disparar a colossal dívida da EDP quando convertida em yuans.
Yuan Turns Worst Emerging Carry Trade on PBOC’s Actions By Lilian Karunungan and Yumi Teso, Bloomberg, Feb 27, 2014 9:05 AM GMT+0000
The yuan has gone from being the most attractive carry trade bet in emerging markets to the worst in the space of two months as central bank efforts to weaken the currency cause volatility to surge.
[...]
The trades involve borrowing funds in a nation with low interest rates to purchase higher-yielding assets elsewhere.
China Currency Plunges Most In Over 5 Years, Biggest Weekly Loss Ever: Yuan Carry Traders Crushed
Submitted by Tyler Durden on 02/27/2014 23:18 -0500, ZeroHedge.
...What is more notable is that the move, while certainly intending to shake out the carry traders bent on riding the USDCNY ever lower, is starting to appear borderline erratic. As a reminder, and as we posted yesterday before the FT picked up the story earlier today, there is a lot of pain in store for those betting on a stronger Yuan, because while the move may not seem dramatic (by USDTRY standards), the reality is that the carry trade positions have massive leverage associated with them, with the pain level on $500 billion in existing carry trades beginning to manifest once the Yuan enters the 6.15-6.20 gap and becomes acute once the European Knock-In zone of 6.20 is crossed (see first chart below) and rising exponentially from there. In fact as we explained, should the renminbi break past 6.20 per dollar, which it is very close to right now, banks would be forced to call in collateral, accelerating the Yuan plunge, at which point the drop would become self-sustaining. The pain from that point on is around US$4.8 billion in total losses for every 0.1 above the average EKI.
Afinal de contas, mesmo com rendas excessivas, a verdade é que a crise económica e financeira em curso e as suas graves repercussões num país de piratas e desmiolado como Portugal, que se traduzem numa dívida pública, empresarial e doméstica insustentável, e na consequente quebra de rendimentos e consumo a partir do momento em que os credores impõem a repressão orçamental e fiscal aos devedores, está a contribuir para o rápido colapso da própria bolha energética especulativa em que a empresa dirigida pelo cabotino Mexia se meteu e meteu o país — com a colaboração de uma vasta simbiose de indigentes políticos e de banqueiros corruptos e ignorantes.
Negócio da China na EDP
27 Fevereiro 2014, 19:10 por Agostinho Pereira de Miranda - Jornal de Negócios.
...se a Galp, o BES ou uma qualquer outra empresa portuguesa quiserem investir no setor energético chinês não podem esperar as garantias legais que a CTG tem na EDP. Daí a pergunta: como foi possível à empresa chinesa ter conseguido fazer o investimento na EDP através de uma "shelf company" sediada no Luxemburgo? A Parpública, o ministério das Finanças e os seus consultores perceberam o que Portugal ia perder com esse artifício jurídico? Fizeram alguma coisa para o contrariar? Parece que alguém estava a dormir aos comandos desta operação de venda.
A China terá conseguido blindar a sua posição de quase-monopólio no fornecimento de energia elétrica em Portugal quando comprou a posição dominante na EDP com a colaboração dos testas de ferro do Bloco Central encarregados do chorudo negócio. Mas de nada lhe valerá se, por um lado, o yuan continuar a cair, e se, por outro, como já está a acontecer, os portugueses deixarem de consumir, deixarem de pagar as contas, e regressarem às candeias de azeite e de petróleo, bem como à queima de pinheiros e eucaliptos, já não para falar da produção de energia off-the-grid!
Na realidade, Mexia, Sócrates e Manuel Pinho (o dos chifres) caíram ou quiseram cair na armadilha montada pela Goldman Sachs quando esta impingiu à EDP as ventoinhas da Horizon Wind Energy, em 2007, por 2,15 mil milhões de dólares. Quem financiou a operação? Que gabinetes de advogados indígenas estiveram metidos na operação? Onde estavam os deputados e os economistas da tugalândia? Quem transporta desde então uma dívida e um serviço de dívida que não param de crescer? A Goldman Sachs sabia que os subsídios à energia eólica iriam acabar, e acabaram nos Estados Unidos em janeiro de 2014! O argumento das cláusulas contratuais já se evaporou na América. Que veio o senhor Sr. Cao Guangjing, do Comité Central do PC Chinês, fazer a Portugal? Protestar? Exigir? Mas como e porquê se a cratera cresce sobretudo na América, e não certamente em Portugal? Pretenderá o senhor Cao enganar o seu governo? É que a nós, portugueses, não engana!
Washington
— Historic subsidies propping up US wind energy ended on January 1 and
Congress refused to renew them, despite supporters arguing that the aid
has made renewable power cheaper than coal.
The United States has
subsidized wind-sourced electricity since 1992 to promotes the use of
green energy and crack America's dependence on the fossil fuels blamed
for climate change.
Last year, billions of dollars in wind
production tax credits, or PTCs, amounted to some 2.3 cents per kilowatt
hour for an industry that has struggled to compete against oil and gas.
But
winds of change are blowing. The repeatedly renewed credits expired at
the end of 2013, along with many other renewable energy benefits.
Wind
energy is now an industry that can "stand on its own," argued Senator
Lamar Alexander and other anti-tax-credit lawmakers last month.
Deixo um conselho à EDP e ao senhor Cao Guangjing das Três Gargantas, e membro do PC Chinês: parem imediatamente as obras das barragens do Sabor e do Tua, engulam o prejuízo, e não se fala mais nisso. A alternativa sair-vos-à muito mais cara. Façam bem as contas!
O colapso da América XI Europa pode afogar-se nos resgates cada vez mais frequentes de instituições financeiras falidas
Dear Marcy Kaptur, please come to Lisbon!
Manuel Pinho diz que acabou o mundo tal como conhecíamos
30-09-2008 (Diário Económico). "Hoje é o dia que marca o princípio de uma nova era". Foi assim que o ministro da Economia, Manuel Pinho, reagiu ontem, no encerramento da cerimónia de entrega dos prémios da revista Exame às melhores e maiores empresas nacionais, ao chumbo do "Plano Paulson", o plano de emergência da administração Bush que previa injectar no sistema financeiro norte-americano 700 mil milhões de dólares.
Para Manuel Pinho, o mundo tal como conhecíamos até agora acabou. "Durante 10 a 15 anos vivemos num mundo de prosperidade assente em quatro motores: num sistema de financiamento eficiente; na inovação; na expansão do comércio, o que trouxe para a nossa área de influência países como a China, Índia ou Rússia; e na energia barata para todos. Pois bem, esse mundo acabou", disse o ministro, mas alertando que este era um cenário que já se previa.
"Quando os cinco maiores bancos norte-americanos dão 12 mil milhões de dólares em prémios aos seus funcionários isso não é saudável. Quando se exporta mais para a Suiça do que para a China, já se estava a prever o que ia acontecer", comentou.
Sócrates assegura que famílias portuguesas com poupanças podem estar tranquilas
30.09.2008 - 15h40 Lusa/ Público. O primeiro-ministro, José Sócrates, afirmou hoje que as famílias portuguesas com poupanças podem estar tranquilas apesar do actual quadro de crise – cuja responsabilidade atribui a Washington – e elogiou a capacidade de resistência das instituições financeiras nacionais.
... Em contraste com as críticas que fez às autoridades de Washington, Sócrates defendeu que "os governos europeus mostraram já uma determinação total para dar confiança aos seus cidadãos". "As poupanças dos europeus estão garantidas. É por isso essencial que os Estados Unidos aprovem rapidamente uma solução para acabar com uma desconfiança que mina a confiança no sistema financeiro internacional", reforçou.
No actual quadro de crise, Sócrates advogou que "a Europa já pagou um preço".
"Há um ano que estamos a pagar esse preço, com restrições no crédito e com o crédito mais caro. É altura para os Estados Unidos intervirem", acrescentou. Numa mensagem ideológica, o chefe do Governo português sustentou que a presente crise "também demonstrou que o sistema europeu de regulação dá mais garantias" do que "os comportamentos pouco prudentes" dos Estados Unidos.
Ferreira Leite diz que palavras de serenidade de Sócrates vieram tarde
30.09.2008 - 20h37 (Lusa/ Público). A presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, lamenta que o primeiro-ministro não tenha vindo mais cedo deixar uma palavra de serenidade perante a crise nos mercados internacionais e criticou declarações de responsáveis do Governo que “diabolizaram” o sistema financeiro.
Em conferência de imprensa, na sede nacional do PSD, em Lisboa, Manuela Ferreira Leite defendeu que “o sistema financeiro é essencial para o progresso económico e não pode ser posto em causa” e que “a primeira prioridade das autoridades deve ser o restaurar da confiança”.
A presidente do PSD disse subscrever, por isso, a ideia transmitida hoje pelo primeiro-ministro de que os portugueses podem estar tranquilos em relação aos seus depósitos bancários. O discurso do primeiro-ministro só “podia ir nesse sentido, só que veio tarde”.
A gesticulação retórica do Governo e da Oposição portugueses, no rescaldo da hecatombe financeira de anteontem em Wall Street, era o mínimo que poderíamos esperar dos zombies que deambulam pelo círculo estreito e gorduroso da gamela orçamental lusitana. Ainda por cima numa altura em que, lá como cá, cheira a eleições. Era o que faltava se nada dissessem! Disseram, como seria de esperar, o previsível. Por um lado, a clique governamental aproveitou para imputar subtilmente as dificuldades dos portugueses aos desvarios "liberais" da América, como se Clinton e os Democratas estivessem isentos de culpa. Há uma mudança de paradigma, balbucia o motorista do BES (Manuel Pinho.) Já demos! -- repete socratintas. Do lado da Oposição, Manuela Ferreira Leite, pelos vistos atada às ignorâncias profundas dos sound bites emitidos pelo spin doctor do Abrupto (Pacheco Pereira), meteu os pés pelas mãos e veio a terreiro defender-se da tentativa governamental de colar as convicções do PSD à praxis desvairada dos piratas de Wall Street e da Casa Branca. Ou seja, caiu na esparrela! Em vez de ler os clássicos da teoria económica (Malthus, Adam Smith, Ricardo, Marx, Polanyi, Keynes, Schumacher, ...), ou alguns economistas actuais muito recomendáveis, como Stiglitz ou Ann Pettifor, ou ainda as palavras sábias do senador republicano Ron Paul sobre o declínio da América e a ruína do US dólar, leu infelizmente as prosas intragáveis de João Carlos Espada. Porque não lê Sarkozy, MFL?
Já toda a gente, menos alguns jornalistas e os corretores do PSI20, começou a perceber que a crise americana não é apenas uma crise americana, nem sobretudo se esgota na verborreia ilusória sobre o famigerado Subprime, segundo a qual o colapso do modelo económico-financeiro da Euro-América se teria ficado a dever a uns desgraçados sem dinheiro que se puseram a comprar vivendas com créditos temerários 100% financiados por uma turma de vigaristas sem lei nem ordem.
A ponta do icebergue que irrompeu com a famosa crise do Subprime é isso mesmo: a ponta de um icebergue que ameaça rebentar com o modelo económico parasitário que foi sendo paulatinamente montado nos Estados Unidos e na Europa, ao longo dos últimos 30 anos, e que pode ser resumido assim:
deslocalização da produção industrial para o Oriente;
terciarização descompensada das economias ocidentais;
atomização e precarização dos saberes profissionais;
obsolescência programada dos produtos;
alienação ideológica das massas através da reificação do consumo;
dependência e intensificação energéticas das economias ocidentais;
envelhecimento populacional e crises demográficas;
destruição das células familiares como unidades de resistência social;
deterioração dos termos de troca entre os países ocidentais desenvolvidos e os países produtores de energia e de matérias primas;
endividamento estrutural da Euro-América face ao Japão e às economias industriais emergentes;
transformação suicida dos processos de endividamento em economias virtuais e veículos de especulação financeira (muito semelhantes aos velhos e ilegais esquemas piramidais de enriquecimento ilícito.)
transferência maciça da liquidez soberana dos grandes países consumidores para os grandes países produtores.
O momento que a América e a Europa estão neste momento a atravessar pode ser resumido desta forma: os países ricos, quer dizer, que possuem gigantescas capacidades produtivas instaladas e em operação, ao mesmo tempo que detêm as maiores reservas de ouro e monetárias do planeta, exibindo ainda excedentes comerciais e financeiros, deixaram de querer subsidiar o colapso financeiro da América, e mostram-se aparentemente dispostos a descolar das velhas economias imperiais. Nesta circunstância a Europa não tem outra saída que não seja segurar a moeda americana e nacionalizar, se for preciso, todo o sistema bancário europeu! Nisso estamos, perante o ar aparvalhado dos adeptos fanáticos da "mão invisível" do mercado. Pelo vistos, trata-se de uma mão completamente imprevisível!
Les banques européennes très exposées
30-09-2008 (Courrier International). La presse européenne s'inquiète de voir les banques du Vieux Continent fragilisées à leur tour. Mais le pire n'est pas à venir, si l'on en croit l'économiste italien Mario Deaglio.
... Selon le quotidien britannique, la situation est d'autant plus inquiétante que les banques européennes, très exposées aux actifs "toxiques" liés aux crédits immobiliers américains, possèdent également "des montagnes de créances douteuses liées aux marchés de l'immobilier britannique, espagnol, français, néerlandais, scandinave et est-européen". Et, pour ne rien arranger, "les marchés européens du crédit [interbancaire] sont pratiquement paralysés".
"Si les Etats européens ont pu jusqu'à présent éviter que la faillite d'un établissement ne se transforme en risque systémique, les appels en faveur d'un plan de sauvetage concerté se font de plus en plus nombreux", constate Le Temps. Le quotidien suisse rappelle que Nicolas Sarkozy a réitéré, le 29 septembre, son projet d'un sommet pour la refondation du système financier international.
Esta citação mereceu um comentário muito instrutivo, que me foi enviado na tarde de 30 de Outubro, por uma economista, antiga diplomata e querida amiga canadiana, que reproduzo com a devida vénia:
Este artigo do Courrier International contextualiza bem o problema. Mas o que mais me chama a atenção são as noticias que a seguir destaco, no dia em que o Euro passou de 1,60$ há 3 meses atrás, para 1,40$ à hora que escrevo, sendo a maior queda desde 2001. Creio que esta queda brutal se ficou dever à injecção de 2 mil milhões de YEN pelo Banco do Japão, mas também aos apelos da Comissão Europeia, e de Angela Merkl, para que os Estados Unidos assumam um "global stewardship in the economic crisis".
Quem pede a outro que assuma um "global stewardship", está a admitir que não pode fazê-lo. Dá que pensar, não dá?
No entanto, a imprensa portuguesa preferiu destacar o seguinte:
A Comissão Europeia lamentou hoje que o Congresso norte-americano tenha rejeitado o plano de resgate financeiro proposto pela Administração Bush, atribuindo aos EUA parte da responsabilidade pela crise financeira mundial. (Público)
Os espanhóis do El País sempre são mais realistas:
Segundo a edição online do diário espanhol "El País", Bruxelas pede aos norte-americanos para assumirem as suas responsabilidades porque a Europa “está a fazer que lhe toca".
Comparar os destaques e comentários do Público e do El País a este respeito é muito engraçado. Como impagável é saber o que disse Sócrates (segundo o Jornal de Negócios de hoje):
"Quero tranquilizar os portugueses quanto às suas poupanças. O sistema financeiro português tem mostrado boa resistência e boa saúde, mas isso não dispensa que os EUA façam o que têm que fazer para resolver um problema que eles próprios criaram. Não fazer nada não é solução”, afirmou o primeiro-ministro.
Ainda sobre as operações de salvamento dos bancos europeus, em curso há vários meses, e que se vêm acumulando rapidamente nos últimos dias, com punções brutais nas disponibilidades financeiras dos principais bancos centrais europeus e do BCE, preocupa-me o que possa vir a suceder à banca helvética. Começam a surgir no ar receios sobre o futuro de bancos como o UBS. Enquanto os bancos da União Europeia são salvos por consórcios de Reservas nacionais e/ou de Bancos Centrais da União, pergunta-se o que acontecerá a um banco europeu em quebra situado fora da "rede" de protecção da União?!
Finalmente, para mim, o mais grave de tudo, no que se refere à sorte imediata da Europa, é o congelamento total do crédito Inter-bancário. O comportamento neurótico da banca faz-me lembrar aquela história dos esquilos obcecados com as suas bolotas, não as trocando com nenhum outro da mesma espécie: "squirrels hoarding their acorns, and not wanting to loan to one another". Eu nunca vi as taxas Euribor assim!
01 Semana 4,8390%
01 Mês 5,0500%
03 Meses 5,2770%
06 Meses 5,3770%
12 Meses 5,4950%
Esbateu-se quase totalmente a diferença entre Euribor a 1 mês e Euribor 1 ano!
Isto indica INCERTEZA E VOLATILIDADE total. A esta incerteza soma-se a queda do Euro -- que cai tão fortemente agora porque já se sabe que o BCE vai enfim baixar em breve a taxa de juro de referência (para os 4% ou 3,75%) --, bem como uma taxa Euribor perto de 6%. Isto é muito grave! Não é Estagflação, é depressão pura e dura, como não conhecemos nunca durante as nossas vidas. Só alguns dos nossos avós passaram por coisa semelhante. Refiro-me aos que viviam na cidade, pois no campo safaram-se bem, como dizia o meu avô materno. -- CMT